Em qualquer roda de bate-papo fica evidente o descontentamento geral com os atuais vereadores da capital. Todo mundo ainda está bastante indignado, principalmente graças a farra com a grana de publicidade de João Derosso e ex-esposa, ou o vereador que extorquia funcionários públicos via cartão qualidade, ou o excesso de protecionismo dentro conselho de ética da casa e até a CPI ridícula que absolveu de forma vergonhosa os responsáveis pelo desvio de mais de R$ 35 milhões.
Nem era para menos, só com o caso Derosso e seus R$ 35 milhões surrupiados dos cofres da cidade, dava para contratar e pagar os próximos quatro anos de salários de nada menos que 174 médicos, mais de um para cada unidade de saúde da cidade. E isso, levando em consideração o salário inicial mais alto pago para médicos da prefeitura, que é de pouco mais que R$ 4 mil/mês.
Na grande maioria das vezes estas discussões são acaloradas, inflamadas pela indignação ou até cheias de um ódio quase irracional para com nossos nobres vereadores eleitos. Alguns sugerem a cadeia, outros a pena de morte para crimes de corrupção, uma boa parte quer que os políticos exerçam seus mandatos de graça, só utilizem atendimento e tratamentos médicos do SUS ou ainda, que todos os filhos de políticos sejam obrigados a estudar em escolas públicas. Tenho um grande amigo que extrapola, sugere sem titubear um “matátudto”, tudo sem nenhuma exceção, para ele, nenhum político presta.
Claro que nestas discussões acaloradas dificilmente chega-se a uma conclusão coerente. Estes argumentos apresentados pela grande maioria dificilmente resolveriam ou amenizariam nossos problemas com a classe política, mas se serve como consolo, servem como desabafo.
E toda esta “indignação” popular, parece restringe-se apenas as rodinhas de bate-papo, fora delas o cidadão comum, o eleitor não está muito preocupado com o processo político e eleitoral. É muito raro encontrar alguém que não seja militante de algum partido, realmente ciente da grande responsabilidade que é escolher um vereador.
Nas conversas deste Polaco metido a escrevedor, normalmente aparecem citações do tipo:
- “Ah, vou votar em Fulano, pois ele me prometeu umas manilhas para fechar esta valeta.”
- “Se Cicrano quer meu voto que me dê o material para fazer o muro da minha casa.”
A pior.
- “Meu pastor mandou eu votar em Beltrano, ele é pastor, obreiro ou qualquer coisa do tipo é temente a deus a vai fazer o trabalho de Jesus na câmara municipal.”
E assim vai…
Apesar de toda indignação, o cidadão comum, aquele que não faz parte de nenhuma das rodinhas de militantes partidários, sindicalistas ou movimentos sociais. Este cidadão comum, parece não se dar conta que é constantemente seduzido por aqueles mesmos candidatos que traíram sua confiança, que escondem e protegem os verdadeiros responsáveis pelas grandes tretas com o dinheiro público, dinheiro que não é do prefeito, ou dos vereadores, dinheiro que é nosso e deveria ser revertido em benefícios para nós e não para engordar a conta bancária da namorada gostosa do presidente da câmara, ou comprar patrocínios de empreiteiras, ou comprar softwares nas coxas feitos por sabe-se lá quem a um custo muito superior aos valores de mercado.
O eleitor comum nem se dá conta que ao optar em um nome para ser seu vereador, muitas vezes opta por um candidato inexpressivo, que não tem grandes chances, pode claro, atingir uma boa votação em sua região, mas estes preciosos votos dificilmente renderão um mandato para seu candidato escolhido. Por outro lado, estes preciosos votos serão muito bem vindos pelas coligações, estas mesmas coligações que são comandadas por boa parte dos atuais vereadores e das quais eles são os verdadeiros beneficiados. Estes outros candidatos são nada mais que meros coadjuvantes, cabos eleitorais que fazem todo o duro trabalho de campo e que muitas vezes, nem recebem nadinha por isso, só o sonho e esperança de um dia ser vereador da cidade de Curitiba, ou fazer uma “moral” com o cacique do partido para garantir alguma coisa depois das eleições.
Sim, sei que parece um absurdo, mas quando você escolhe seu vereador, diferente de quando escolhe um prefeito, você não escolhe uma pessoa, escolhe sim uma coligação, um partido.
Então, se o leitor também está indignado com os atuais rumos da política municipal, não adianta pisirica nenhuma escolher um candidato novo, com passado limpo e todo aquele blábláblá moralista. Se este candidato “novo” é da mesma coligação que está repleta dos vereadores candidatos que conseguiram transformar nossa câmara numa verdadeira zona de meretrício do mais fuleiros.
É amigo, escolher um vereador não é uma tarefa das mais fáceis. E se fosse, pode ter certeza que nossa câmara municipal não estaria hoje assim, tão desmoralizada.
Na dúvida, faça como o Polaco, não escolha ninguém, escolha um partido, um número e vote nesta legenda, qualquer uma delas, não importa e, de preferência, numa legenda que você tenha certeza absoluta de que será de oposição ao atual grupelho de vereadores profissionais que sugam os recursos da cidade há gerações.
Polaco Doido
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