Padre Paulo Ricardo, para quem não lembra, é aquele mesmo que em 2012 excomungou, ou reservou um quartinho no inferno, para todos os 55.752.529 brasileiros, católicos ou não, que em outubro de 2010 votaram em Dilma Rousseff para a presidência da república. (aqui)
Apesar da fala mansa e da carinha de bom moço, Padre Paulo Ricardo é uma pessoa perversa e intelectualmente desonesta que se aproveita da fé e da religiosidade das pessoas para espalhar seus ideais panfletários políticos e eleitorais.
O padreco é um palestrante muito assíduo na TV canção Nova e utiliza-se desta exposição midiática para destilar seu veneno contra os não assumidamente católicos, feministas, os sem terra e demais militantes de movimentos sociais e principalmente, contra todos aqueles que se manifestem favoravelmente a respeito de qualquer dos ideais da esquerda.
Em um de seus vídeos mais recentes (disponível no final da postagem), o padreco destila todo seu ódio e preconceito contra o que ele considera como Mente Revolucionária.
Segundo Paulo Ricardo, a Mente Revolucionária é uma mente defeituosa, doente, nascida da rebeldia e cuja única cura é a conversão, “uma conversão para a obediência”. Onde, depois de convertida, a mente revolucionária aceitará tudo passivamente. Aceitará a escravidão, a injustiça, a fome, a miséria, a violência, o genocídio, as guerras, a exploração dos mais fracos pelos mais fortes e tantos outros males que afligem as sociedades modernas.
Ainda segundo Paulo Ricardo, qualquer um, que pretenda fazer qualquer coisa no sentido de minimizar o sofrimento humano estaria, em tese, se considerando um deus na tentativa de alterar uma realidade divina com o objetivo de criar nesta Terra um paraíso que só poderia ser alcançado depois da morte, no céu acompanhado do verdadeiro deus e de seus anjos e santos.
Ou seja, segundo o padre Paulo Ricardo, a mente revolucionária é doente, simplesmente porque almeja algo impossível.
É mais do que evidente de que aquilo que Paulo Ricardo chama de Mentes Revolucionárias, na verdade pode ser traduzido como feministas, esquerdistas, sem terras, socialistas, comunistas ou similares. Afinal, 99% dos pronunciamentos do padreco têm estes elementos como principal alvo de suas críticas.
Mas ele se engana profundamente.
Não, estas mentes revolucionárias não pretendem assumir o papel de deus. Primeiro porque, apesar de toda a fé existente na humanidade, deus ainda é uma figura mitológica, portanto completamente irrelevante numa realidade secular. Estas Mentes Revolucionárias são pessoas reais que quando ameaçadas, injustiçadas, agredidas ou esquecidas, não se limitam a pedir e esperar por uma intervenção divina. Não mesmo, eles tiram o corpo e a mente da inércia e tomam atitudes reais com a finalidade de alterar uma realidade que as incomoda profundamente.
Segundo, que nenhum deles quer criar um paraíso na terra. Afinal o paraíso, segundo Dante, cheio de anjinhos, santos e almas boazinhas, é um lugarzinho chato paracaralho. As mentes revolucionárias só querem uma vida melhor para elas, para seus descendentes e para seus semelhantes e isso, com certeza não é pecado e nem deve desagradar ao deus judaico-cristão.
Acontece que por trás da fala mansa e da carinha de bom moço do padre, seus discursos tem como objetivo estimular o ódio contra os movimentos e militantes da esquerda. Não é à toa que seus vídeos e frases são lugar comum em sites e comunidades da direita raivosa e reacionária brasileira. Porém, no afã de atacar desonesta e ininterruptamente seus desafetos ideológicos, como que se estivesse munido de uma metralhadora giratória, o padreco atira para todos os lados e acaba acertando também em seus ídolos, mestres e santos.
Se não, vejamos:
Não fosse a Mente Revolucionária de Josemaria Escrivá, não haveria uma revolução no modo de se professar a fé católica. Não teríamos a criação da Opus Dei e a igreja católica teria um santo a menos.
Não fosse a Mente Revolucionária de Santo Agostinho, não haveria uma revolução no modo de se pensar a fé. Quiçá, nem mesmo o que conhecemos hoje como teologia. Nosso amigo, padre Paulo Ricardo, poderia ser hoje um padeiro, um frentista ou um professor de física quântica.
Não fosse a Mente Revolucionária de São Paulo, os ensinamentos contidos nos evangelhos estariam ainda restritos à comunidade judaica e a imensa maioria de nós ocidentais nem saberia que um dia, na palestina, viveu um cara chamado Jesus Cristo e, muito provavelmente, os religiosos ocidentais de hoje cantariam louvores a Thor, Odin, Zeus ou Mitra.
E, principalmente, não fosse a Mente Revolucionária de Jesus Cristo, não teríamos seu único mandamento: “Amai-vos uns aos outros.” E o próprio Cristo, o filho do criador e criador feito carne, seria só mais um entre incontáveis personagens esquecidos pela história.
Pois é, Padre Paulo Ricardo, apesar de sacerdote, filósofo e professor utiliza-se da batina e de uma suposta teologia, como escudo e palanque para seus discursos panfletários reacionários de direita. É, em suma, um desonesto intelectual, um Olavo de Carvalho de batina.
Mas tudo isso é apenas a opinião irrelevante de um mero Polaco Doido de Curitiba. Ao leitor, cabe assistir ao vídeo e chegar a suas próprias conclusões.
Polaco Doido
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