A hora da verdade para Lula e o PT
Novembre 29, 2012 22:00 - no comments yetPor Ricardo Kotscho
"Por que o bloguista inexplicavelmente não conta nada sobre Rosemary e o possível envolvimento do ex-presidente Lula em algumas operações ilícitas? Aonde está a sua imparcialidade de jornalista?", pergunta o leitor Fernando Aleador, em comentário enviado às 04h57 desta sexta-feira.
Tem toda razão o leitor.
Demorei para escrever e dar esta resposta porque, para mim, estes últimos foram os dias mais difíceis da minha já longa carreira, posto que os fatos envolvem não só velhos amigos meus, como é do conhecimento público, mas um projeto político ao qual dediquei boa parte da minha vida.
Simplesmente, não sabia mais o que dizer. Ao mesmo tempo, não podia brigar com os fatos nem aderir à guerra de extermínio de reputações e de desmonte da imagem do ex-presidente Lula e do PT que está em curso nos últimos meses.
A propósito, escrevi no começo de novembro um texto que se mostrou premonitório sob o título "O alvo agora é Lula na guerra sem fim", quando o STF consumou a condenação dos ex-dirigentes do PT José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares.
De uma hora para outra, a começar pelo julgamento do mensalão, até chegar às revelações da Operação Porto Seguro, o que era um projeto vitorioso de resgate da cidadania reconhecido em todo o mundo levou um tiro na testa e foi jogado na sarjeta das iniquidades.
"O que me intriga é saber por que agora, por que assim e por que tamanha insistência. É claro que o esforço para acabar com a corrupção é legítimo e louvável, mas não terminaram recentemente de sangrar o PT até a entrada do necrotério? Quem estaria sedento por mais?", pergunta-se a colunista Barbara Gancia, na edição de hoje da Folha, e são exatamente estas as respostas que venho procurando para entender o que está acontecendo.
Talvez elas estejam na página A13 do mesmo jornal, em que se lê: "FHC acusa Lula de confundir interesses públicos e privados". Em discurso num evento promovido pelo PSDB no Jóquei Clube de São Paulo, na quinta-feira, o ex-presidente pontificou, mesmo correndo o risco de falar de corda em casa de enforcado:
"Uma coisa é o governo, a coisa pública, outra coisa é a família. A confusão entre seu interesse de família ou seu interesse pessoal com o interesse público leva à corrupção e é o cupim da democracia".
Sem ter o que propor ao eleitorado, após sofrer três derrotas consecutivas nas eleições presidenciais, e perder até mesmo em São Paulo na última disputa municipal, o PSDB e seus alíados na mídia e em outras instituições nacionais agora partem para o vale-tudo na tentativa desesperada de eliminar por outros meios o adversário que não conseguem vencer nas urnas.
Nada disso, porém, exime o ex-presidente Lula e o PT de virem a público para dar explicações à sociedade porque não dá mais para fazer de conta que nada está acontecendo e tudo se resume a uma luta política, que é só dar tempo ao tempo.
A bonita história do partido, que foi fundamental na redemocratização do país, e a dos milhões de militantes que ajudaram a levar o PT ao poder merecem que seus líderes venham a público, não só para responder a FHC e às denúncias sobre a Operação Porto Seguro publicadas diariamente na imprensa, mas para reconhecer os erros cometidos e devolver a esperança a quem acreditou em seu projeto político original, baseado na ética e na igualdade de oportunidades para todos.
Chegou a hora da verdade para Lula e o PT.
É preciso ter a grandeza de vir a público para tratar francamente tanto do caso do mensalão como do esquema de corrupção denunciado pela Operação Porto Seguro, a partir do escritório da Presidência da República em São Paulo, pois não podemos eternamente apenas culpar os adversários pelos males que nos afligem. Isso não resolve.
Mais do que tudo, é urgente apontar novos caminhos para o futuro, algo que a oposição não consegue, até porque não há alternativas ao PT no horizonte partidário, para uma juventude que começa a desacreditar da política e precisa de referências, como eu e minha geração tivemos, na época da luta contra a ditadura.
Conquistamos a democracia e agora precisamos todos zelar por ela.
Liberdade de Expressão não combina com oligopólio da Comunicação
Novembre 29, 2012 22:00 - no comments yetO patrocínio privado de campanha eleitoral é democrático?
Novembre 29, 2012 22:00 - no comments yetDurante esta semana o Tribunal Superior Eleitoral disponibilizou em seu site a consulta de prestações de contas de todos os candidatos que concorreram à última eleição municipal.
Você pode verificar os dados disponíveis aqui: http://inter01.tse.jus.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2012/abrirTelaReceitasCandidato.action
A publicação destas cifras é uma iniciativa bastante louvável do TSE, porém… Ainda muito longe do que poderíamos classificar como transparente.
Estes números mostram que as disputas eleitorais ainda são uma disputa muito mais de poderes econômicos rivais do que um debate de idéias e, salvo raríssimas exceções, como aconteceu na escolha do prefeito de Curitiba, ganha quem tem mais dinheiro disponível.
E no quesito poder econômico, a última eleição deixou muito clara a tremenda disparidade entre os vários grupos políticos concorrentes
Quanto arrecadou cada um deles? (oficialmente):
7º | R$ 11.856,83 | Avanilson Araújo (PSTU) |
6º | R$ 20.068,00 | Bruno Meirinho (PSOL) |
5º | R$ 25.650,00 | Alzimara Bacellar (PPL) |
4º | R$ 858.414,81 | Rafael Greca (PMDB) |
3º | R$ 1.237.646,96 | Gustavo Fruet (PDT) |
2º | R$ 8.446.225,01 | Ratinho Jr. (PSC) |
1º | R$ 14.329.748,51 | Luciano Ducci (PSB) |
Essa diferença de arrecadação é tão gritante, que se somadas todas as receitas dos candidatos do PSTU, PSOL, PPL, PMDB, mais o vitorioso PDT, obtém-se pouco mais de ¼ do total arrecadado pelo milionário candidato do PSC e seu despudorado paitrocínio de mais de R$ 8 milhões!
Fazendo a mesma comparação com a arrecadação do atual prefeito, com toda máquina da prefeitura e do governo do estado. Para cada real arrecadado por PSTU, PSOL, PPL, PMDB e PDT , o PSB de Ducci, arrecadou nada menos que R$ 6,65.
A campanha de Ducci arrecadou inacreditáveis, R$ 14.329.748,51 e com toda esta grana nem chegou a disputar o 2º turno.
São números que assustam.
A soma da arrecadação de todos os candidatos é de quase R$ 25 milhões!
São R$ 25 milhões torrados em propaganda, cavaletes, carreatas e outras babaquices eleitorais…
R$ 25.000.000,00 É MUITA GRANA DESPERDIÇADA!!!!
Isso oficialmente, sem contar ainda os “caixa 2” que levam esta cifra para a estratosfera.
R$ 25 milhões oficiais só em Curitiba, e nos outros 5 mil e tantos municípios brasileiros?
Claro que estes “patrocinadores” de campanha não distribuem toda esta grana só por que foram com a cara do candidato, porque apóiam suas propostas, porque acreditam que este candidato é melhor opção disponível.
Longe disso. Este patrocínio é nada mais que um investimento de alto risco. Afinal se o candidato ganha, os atuais contratos serão mantidos, novos contratos serão assinados e o investimento na campanha dará um retorno substancial durante o mandato do candidato vencedor.
E é justamente neste financiamento privado de campanhas eleitorais que nascem todos os casos de corrupção.
Já se passou da hora de acabar com este tipo de “financiamento” eleitoral. As disputas eleitorais devem ser justas e igualitárias, guardadas as devidas proporções. Mas como fazer uma campanha justa e igualitária se alguns candidatos são mais iguais que outros?
Acabar com o financiamento privado e determinar um financiamento público exclusivo já seria um bom começo.
Assim, pelo menos, as eleições jogariam muito menos dinheiro no ralo, nós eleitores não teríamos que aturar tanto cavalete e carreatas. O candidatos se preocupariam muito mais com seu eleitores que com seus potenciais patrocinadores e o período eleitoral deixaria de ser este festival de propaganda para tornar-se realmente num período de debates de idéias e não somente na disputa entre qual dos candidatos é o mais bonito, mais carismático, mais rico ou mais “preparado.”
Polaco Doido
Quem manda no Brasil
Novembre 28, 2012 22:00 - no comments yetArtigo sugerido por Cido Araújo
Há uma enorme diferença entre governar e deter o poder.
O PT governa o país desde 2003, depois de vencer três eleições presidenciais em seguida.
Apesar disso, não detém o poder.
Ele continua a ser exercido pela mesmas forças que o partido derrotou nas urnas - grandes empresários, latifundiários, banqueiros, militares etc etc.
São esses os personagens que, paradoxalmente, se beneficiam do governo do PT, que criou um verdadeiro mercado de consumo no país, mas fazem de tudo para defenestrá-lo do Palácio do Planalto.
São eles que movem essa guerra sem trégua, sem limites, com batalhas às vezes à luz do dia, mas quase sempre travadas nos subterrâneos da República.
Essas forças nunca permitirão que um governo trabalhista, social-democrata, se consolide no Brasil, tome o poder no Brasil.
Essas forças preferem arruinar o país a vê-lo sob o controle de outras pessoas fora de seu círculo, de sua classe.
Nunca capitularão, nunca permitirão que o Brasil se transforme numa verdadeira República, numa democracia, num país moderno e justo.
Nunca permitirão que as terríveis desigualdades sociais que destróem o futuro do país terminem.
Nunca permitirão que haja Justiça para todos, sem distinção - e não apenas para alguns, os seus inimigos.
Essas forças podem até permitir que o PT, ou outro partido assemelhado, ganhe mais uma eleição presidencial.
Desde que tudo o que importa mesmo continue nas mãos de quem realmente manda.
O resto é perfumaria.
Fonte: http://cronicasdomotta.blogspot.com.br/2012/11/quem-manda-no-brasil.html