por Rodrigo Vianna

É fato que Dilma venceu por margem estreita. 3 milhões de votos.

Mas na Democracia é assim: a vitória podia ser até por um voto.

A direita midiática quer emparedar Dilma com esse discurso do “país dividido”.

A presidenta fala em diálogo, porque sabe que entre os eleitores de Aécio a maioria não é histérica – e quer um país melhor, não aposta no caos.

Mas preste muita atenção nas manchetes e nas “análises” na velha mídia. Querem transformar a vitória em derrota.

O interessante é que o ataque ao governo brasileiro surge também de fora do país.

A imagem que reproduzimos na abertura deste texto mostra duas capas do jornal conservador argentino “Clarín”:

- uma mostra a vitória de Bush (por margem ainda mais estreita que Dilma); nesse caso, o que se diz é que a vitória dá a Bush força para avançar com seus programas;

- a outra mostra a vitória de Dilma por margem estreita, e diz que ela governará um país dividido.

É uma operação ainda sutil – que visa não deslegitimar a vitória, mas criar a imagem de um governo fraco.

Há uma articulação internacional da direita. Isso não é novidade. A SIP (Sociedade que reúne os velhos jornais das Américas) há muito tempo cumpre o papel de articular o programa conservador, contra os governos que reduzem a desigualdade no Continente: Venezuela, Equador, Bolívia, Brasil, Argentina, Uruguai.

O interessante é notar que certa oposição midiática no Brasil já não se prende a sutilezas, e caminha para uma oposição “venezuelana”. A direita brasileira é venezuelana: prega golpe, impeachment, quer que o povo desconheça o resultado eleitoral.

No Brasil, a oposição é venezuelana. O governo é liberal e moderado.

Dilma, mesmo falando e praticando o diálogo, terá que ser menos moderada nos próximos meses. Vai enfrentar uma onda de desestabilização que tem bases no Brasil e encontra respaldo também na direita midiática de todo o Continente.

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