Do SPressoSP
Levantamento do Instituto Sou da Paz baseado em dados do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade da Secretaria Municipal da Saúde apontou que 93% das pessoas que morreram em supostos tiroteios com a Polícia Militar em São Paulo nos últimos dez anos moravam na periferia.
O bairro onde ocorreram a maioria das mortes cometidas por policiais é Sapopemba, na zona leste, com 52 casos, seguido por Brasilândia (zona norte – 48 casos), Capão Redondo (zona sul – 35 casos), Cidade Tiradentes (zona leste – 33 casos) e Itaquera (zona leste – 31 casos).
O estudo ainda demonstrou que o número das chamadas “resistências seguidas de morte” cresce de acordo com gênero, idade e raça das vítimas. Enquanto apenas 37% da população se declara como negros ou pardos, 54% do total de mortos em confronto com a polícia na capital paulista pertenciam a estas raças. O Instituto Sou da Paz ainda verificou que 99,6% das vítimas são homens e que 60% possuem entre 15 e 24 anos.
Cruzando os dados do levantamento, o perfil dos mortos pela polícia em São Paulo fica bem definido. São jovens, negros ou pardos, que moram nos bairros da periferia paulistana.
Débora Silva Maira, representante do grupo Mães de Maio, criado em 2006 por parentes de jovens assassinados pela PM após ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), comentou o levantamento.
“Os dados coletados pela ONG são incontestáveis. A gente sabe que o jovem quando não é negro, ele é afrodescendente. É o terrorismo do Estado aplicado contra a periferia, a higienização da pobreza. E o pobre não tem direito a justiça. A defensoria pública não tem perna para andar devido à alta demanda. Foi na periferia que meu filho foi exterminado, foi na periferia que os filhos das Mães de Maio foram exterminados. Nós afirmamos que os 7% restantes, aqueles mortos por policiais fora das periferias, também são jovens”, afirmou Débora.
Desmilitarização da polícia
O grupo Mães de Maio está recolhendo assinaturas para um petição pública pela desmilitarização das polícias em todo o Brasil. A iniciativa também tem o apoio da Rede Nacional de Familiares e Amigos de Vítimas da Violência do Estado.
A petição é um desdobramento da audiência pública sobre o extermínio de jovens que vem ocorrendo no estado de São Paulo, realizada na última quinta-feira, 25, onde entidades de defesa dos direitos humanos, movimentos sociais e representantes do Ministério Público Federal exigiram o fim da Polícia Militar, além de apoiarem o pedido do Procurador Federal da República, Matheus Baraldi, de troca do comando da PM paulista.
Débora defendeu a desmilitarização das polícias. “A segurança pública não deve ser reformulada, ela deve ser extinta, é um modelo opressor e exterminador”, disse na audiência.
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