A ética tucana e a ameaça de morte ao jornalista da Folha de S. Paulo
por Renato Rovai, no SPpressoSP
O repórter André Camarante, da Folha de S. Paulo, está vivendo fora do Brasil por conta das ameaças que sofreu em decorrência da reportagem: “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”.
O Coronel Paulo Telhada é o personagem principal da matéria. Ele acaba de ser eleito vereador pelo PSDB. Seu ídolo político: José Serra. “Entrei no PSDB por lealdade a Serra”, afirmou.
Se você quiser entender melhor as ameaças vale a pena ler a entrevista que a jornalista Eliane Brum, da Época, fez com o repórter.
O fato é que agora Telhada é uma das mais novas e fortes lideranças que o tucanato paulistano faz emergir das urnas. Ele foi o quinto mais votado da cidade, com 89.053 votos, e ainda conseguiu ver eleito o ex-comandante geral da Polícia Militar de São Paulo, Coronel Álvaro Camilo, que comandou as operações do Pinheirinho e da Cracolândia.
Recentemente o governador Geraldo Alckmin deu uma declaração que expressa um pouco da lógica deste novo PSDB: “Quem não reagiu está vivo”. A frase poderia ser o slogan desta nova face do partido que nasce das urnas paulistanas.
Uma nova face do partido que ignora completamente o fato de um jornalista estar vivendo foragido do seu país por conta das ameaças sofridas por um membro do partido. Nem Alckmin e nem Serra deram uma declaração sequer sobre o caso.
Ao contrário, Serra teve a coragem de dizer que vai pautar o debate deste segundo turno da eleição municipal pela questão da ética. Que ética é essa que aceita como natural que um jornalista seja ameaçado de morte por um vereador eleito pela sua chapa e tenha de viver fora do país? Que ética é essa que leva um governador a dizer que “quem não reagiu está vivo”?
É a ética da barbárie, que naturaliza chacinas e ameaças de morte. Pelo código desta novíssima ética se o jornalista ameaçado fosse um morador de periferia, provavelmente estaria morto.
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