Por Igor Felippe, no Escrevinhador
A Folha de S. Paulo reservou duas páginas ao presidente Lula nesta quarta-feira (9/4).
A página 4 tratou da entrevista do ex-presidente aos blogueiros.
A número 5 apresenta a opinião de “interlocutores ouvidos pela Folha” sobre reunião de Lula e a presidenta Dilma Rousseff, na semana passada.
Nesse encontro, o petista teria pedido mudanças na economia para o governo retomar a credibilidade que estaria perdida.
A matéria principal da página 4 rendeu a manchete “Lula diz que economia podia estar melhor e cobra Dilma”.
Ou seja, o editor da Folha privilegiou uma frase vazia, já que nessa vida tudo pode ser melhor, para tratar de um tema que colocaria em choque Lula e Dilma (como o jornal reforça na página posterior).
A matéria destacou também que Lula declarou que não será candidato (dando ênfase de forma auto-referente a pesquisa do Datafolha) e que defende a regulação dos meios de comunicação.
A matéria no pé da página, que rendeu uma manchete sobre a CPI da Petrobrás, tratou também do mensalão, da indicação de Joaquim Barbosa para o STF e da relação do deputado André Vargas com um doleiro.
Foi isso que a Folha conseguiu pescar das três horas da entrevista de Lula a nove blogueiros.
O apoio de Lula à convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para fazer a reforma do sistema político e outras tantas declarações não foram dignas de registro.
A Folha dispensar esse tipo de tratamento ao ex-presidente é comum, mas o diabo mora nos detalhes, como diz o ditado…
No pé da página 4, do lado direito, tem uma notinha que, objetivamente, não traz nenhum fato novo.
Vejam que a Folha destaca uma resolução do TSE, que apresenta as regras das eleições, que foi publicada em fevereiro.
Por que noticiar isso agora?
O contexto que o jornal apresenta é o seguinte: Lula dá uma entrevista a blogueiros, retornando ao debate político, e faz críticas à presidenta Dilma, que está mal nas pesquisas e sem credibilidade com o mercado.
A Folha afirma aos leitores, com base em uma resolução, que Lula poderá substituir Dilma na chapa até 20 dias antes da eleição, apesar do petista garantir que não será candidato.
Dessa forma, a Folha evidencia seu mais sincero pensamento: Lula não é digno de confiança e suas palavras não valem nada.
Twitter: @igorfelippes
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