Por Vitor Nuzzi, da Rede Brasil Atual
O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, reafirmou publicamente hoje (17) o apoio da direção nacional do PDT à candidatura do petista Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo. “Ontem, a executiva nacional decidiu por unanimidade que o PDT apoia o lado certo”, afirmou o ministro, durante plenária de sindicalistas em apoio a Haddad. Ele enfatizou que participava do evento, em seu horário de almoço, como vice-presidente nacional do partido.
O posicionamento do PDT nacional e de Brizola Neto contraria a seção paulistana do partido e de seu candidato no primeiro turno, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que aderiram à candidatura do tucano José Serra. O ministro também citou seu avô, Leonel Brizola, para exemplificar a postura do partido: “Nós, do PDT, como diria o Brizola, jamais nos deixaríamos enganar em uma eleição como a de São Paulo”.
Participaram do encontro, na sede do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, na Liberdade, região central, representantes de seis centrais sindicais: CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT. Os presidentes da Força, Paulinho, e da UGT, Ricardo Patah, estão apoiando Serra. Mas os secretários-gerais das entidades – João Carlos Gonçalves, o Juruna, e Francisco Canindé Pegado, respectivamente – declararam voto no petista.
Brizola Neto destacou a presença de outros pedetistas no encontro, “mostrando seu apoio ao lado certo” na campanha paulistana. “A sua candidatura (referindo-se a Haddad) representa um processo de desenvolvimento que se iniciou com a vitória do presidente Lula e continuou com a vitória nas urnas da presidenta Dilma. Significa o alinhamento de São Paulo, em sintonia com um projeto de desenvolvimento nacional”, afirmou, para em seguida criticar “esses que estão aí do outro lado e ousam ressuscitar (Serra) para a vida nacional, usando de novo a prefeitura de São Paulo”.
Para o pedetista, Serra representa um governo que foi prejudicial ao país. “Éramos o país dos rentistas e dos especuladores.” Além de Brizola, o ministro citou também Getúlio Vargas e João Goulart para afirmar que “o PDT não poderia se calar em uma eleição com o caráter nacional que tem a eleição de São Paulo”. Segundo ele, os projetos educacionais desenvolvidos pelo PT – citando a gestão de Haddad no Ministério da Educação e os CEUs (Centro Educacionais Unificados) desenvolvidos por Marta Suplicy quando prefeita paulistana – como “um programa que une os nossos partidos e as nossas histórias”.
Assim, acrescentou, “São Paulo vai mostrar para o Brasil que os trabalhadores não se deixam enganar. Eles (tucanos) tiveram sua vez”. Brizola Neto afirmou ainda que Haddad pode contar com o apoio “dos autênticos trabalhistas de todo o Brasil”.
Na saída, o vice-presidente do PDT disse respeitar a posição de Paulinho, presidente estadual do partido, e que não existe nenhum clima de caça às bruxas. “O que a gente está constatando é que é uma decisão praticamente individual do Paulinho. O PDT, para manter a sua coerência histórica, não poderia ter dúvida de que lado está. Há um confronto entre dois projetos indistintos.”
Plural
Juruna diz que a divergência de opiniões é normal. “Você não vai exigir que o Ramalho, que é do PSDB, apoie o Haddad”, comentou, referindo-se a um dos vice-presidentes da Força, Antonio de Sousa Ramalho, que é secretário sindical do partido tucano. “Acho que isso fortalece a central”, afirmou o secretário-geral, que é filiado ao PDT, mas não faz parte da direção do partido.
O mesmo raciocínio foi exposto por Pegado, que apoiou Haddad já no primeiro turno. “Estatutariamente, nós nos declaramos uma central pluripartidária. Qualquer dirigente sindical pode escolher o candidato que melhor apresente as suas bandeiras. Isso é um processo natural, sem desgaste nenhum”, disse o secretário-geral da UGT, cujo presidente é filiado ao PSD do prefeito Gilberto Kassab. Já Pegado atualmente não tem filiação partidária.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, a decisão da executiva do PDT em favor de Haddad significa um “desprestígio evidente” para a instância local do partido, liderada por Paulinho. “Ele deveria ter articulado essa posição. Sem dúvida, é um sinal de enfraquecimento”, comentou.
O cutista afirmou que o candidato do PSDB é um político que, quando ocupava cargos públicos, nunca recebeu as centrais sindicaisnem negociou com representantes dos trabalhadores. “Serra não é apoiado por nós porque não gosta de trabalhador. Ele gosta de elite. Ele não quer ser prefeito de São Paulo, quer utilizar a prefeitura para fazer a oposição a Dilma e a Lula.” O dirigente também reivindicou a Haddad que, eleito prefeito, mantenha uma mesa permanente de negociação com o funcionalismo.
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