por Altamiro Borges, no Blog do Miro
Após sofrer duros revezes em vários nações da América Latina, a oligarquia local – com apoio aberto ou enrustido dos EUA e a cobertura da mídia colonizada – volta a mostrar suas garras no continente. Em alguns países, ela aposta escancaradamente na desestabilização da economia e no caos político, como na Venezuela e na Argentina. Em outros, ela tenta superar a sua divisão e apresenta candidatos “jovens”, com o discurso da “inovação”, para atrair eleitores. Neste domingo (23), a “nova direita” do Equador obteve importantes vitórias eleitorais nas disputas para as três principais cidades do país – inclusive na capital, Quito, além de Guayaquil e Cuenca.
O próprio presidente Rafael Correa, que chegou ao poder em 2007, reconheceu a derrota. Ele realçou a vitória do partido governista na maioria das cidades, mas apontou o revés em Quito como um forte obstáculo ao avanço da chamada “revolução cidadã” – que combina medidas de distribuição de renda, maior incentivo à participação democrática da sociedade e uma política externa mais independente. O atual prefeito de Quito, que tem 2,2 milhões de habitantes, também admitiu o revés. “Reconhecemos e estamos encarando diretamente os resultados”, afirmou Augusto Barrera.
Mauricio Rodas, de 39 anos, venceu o pleito com 58% dos votos. Ele é o principal expoente da “nova direita” do Equador. Formado nos EUA e proveniente de uma família abastada, ele prega a redução do papel do Estado, a diminuição dos impostos e medidas de estímulo ao setor privado. Eleito pela coalizão Suma-Vive, uma aliança de partidos de centro e direita, ele pediu uma “transição ordenada” na prefeitura e felicitou Augusto Barrera por “reconhecer democraticamente” o resultado. “Quito não é apenas de uma cor, é de todas as cores. Hoje venceu a dignidade”, afirmou aos seus seguidores.
Já em Guayaquil, com 2,3 milhões de habitantes, o prefeito Jaime Nebot foi reeleito com 60% dos votos, contra 38% de Viviana Bonilla, candidata de Rafael Correa, segundo as projeções da boca de urna. Em Cuenca, terceira cidade do Equador, com 712 mil habitantes, a oposição de direita venceu com Marcelo Cabrera, que derrotou o atual prefeito, Paul Granda, do partido governista. Antes dos resultados, o presidente equatoriano já havia advertido para os riscos. “A revolução está ameaçada pelo assédio de toda a direita unida – que tem financiamento nacional e internacional -, por assessores estrangeiros e por uma campanha suja impressionante”. Seu temor, agora, está confirmado!
Segundo o sítio Opera Mundi, Mauricio Rodas “foi integrante da juventude social-cristã do Equador, força política de direita que elegeu León Febres Cordero (1984-1988), acusado por uma comissão da verdade de ter instalado um regime de torturas, desaparecimentos forçados e terrorismo de Estado. O político recebe orientações de Moisés Naim, membro da NED (Fundação Nacional para Democracia dos EUA), da Junta Diretiva do Banco Mundial e ex-ministro da Indústria e Comércio de Carlos Andrés Perez, na Venezuela, conhecido por levar a cabo um governo neoliberal. A ponte aconteceria por meio do ‘think thank’ Ethos, baseado no México e fundado por Rodas em 2008″.
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