“Porque incluímos, porque elevamos a renda, porque ampliamos o acesso ao emprego, porque demos acesso a mais pessoas à educação, surgiram cidadãos que querem mais e que têm direito a mais” (Dilma, sobre as manifestações pelo Brasil).
Ontem, com o povo ainda na rua, muitos de nós (aqui na internet) cobrávamos o posicionamento da presidenta sobre as manifestações. Ficou claro que Dilma fez bem em esperar a poeira baixar. Era preciso ter uma noção de conjunto, saber como os atos de rua terminariam.
Nessa terça-feira, Dilma falou. Foi uma fala pouco mais do que protocolar – pelo menos no estilo. Sóbria, “técnica” demais (e com aquele ar de quem está no pedestal, falando de cima pra baixo: “porque incluímos…”). Ainda assim, com pontos positivos – no limite do que é esse governo. Dilma não saiu a falar em nome da “ordem”. Ao contrário, louvou a manifestação democrática. Mais que isso: sublinhou que os poderes constituídos devem prestar muita atenção ao rumor que vem das ruas.
Claro, fez a concessão aos setores mais centristas que compõem a base do governo, e questionou os “atos minoritários e isolados de violência contra pessoas, contra o patrimônio público e privado.” Mas não fez disso o ponto central de sua fala. Não. Dilma falou como uma presidenta social-democrata, moderada.
Certamente, são palavras que não ecoam junto aos setores mais à esquerda que estavam nas ruas. Mas, de alguma forma, Dilma tenta dialogar com a velha base petista – num momento em que o edifício do lulismo sofre abalos consideráveis na economia e, agora, também na política. Dará certo? Confira…
da EBC/Agência Brasil
Um dia depois das manifestações que levaram mais de 200 mil pessoas às ruas de várias cidades do país, a presidenta Dilma Rousseff disse que a mensagem direta das ruas é por maior participação e contra a corrupção e o uso indevido do dinheiro público. “O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população”, disse Dilma, durante apresentação do novo marco regulatório para o setor de mineração, ao avaliar as manifestações de ontem.
A presidenta disse que é preciso louvar o caráter pacífico dos atos públicos de ontem e o tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. “Infelizmente, porém, é verdade, aconteceram atos minoritários e isolados de violência contra pessoas, contra o patrimônio público e privado, que devemos condenar e coibir com vigor”, observou, ressaltando, no entanto, que os incidentes não ofuscam o espírito pacífico das pessoas que foram às ruas reivindicar seus direitos.
Dilma disse que as vozes das ruas precisam ser ouvidas e ultrapassam os mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos e das entidades de classe. Segundo ela, os que foram ontem às ruas deram uma mensagem clara, sobretudo aos governantes. “Essa mensagem direta das ruas é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito a participação. Essa mensagem direta das ruas mostra a exigência de transporte público de qualidade a preço justo. A mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário. Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público”, avaliou.
Dilma citou um cartaz que viu ontem nas imagens das manifestações onde estava escrito “Desculpe o transtorno, estamos mudando o país” e disse que seu governo está ouvindo as vozes por mudanças e comprometido com a transformação social. Segundo ela, as exigências da população mudam conforme o Brasil melhora.
“Porque incluímos, porque elevamos a renda, porque ampliamos o acesso ao emprego, porque demos acesso a mais pessoas à educação, surgiram cidadãos que querem mais e que têm direito a mais”, disse a presidenta, afirmando que todos estão diante de novos desafios. “As vozes das ruas querem mais cidadania, mais saúde, mais educação, mais transporte, mais oportunidades. Eu quero aqui garantir que o meu governo também quer mais e que nós vamos conseguir mais para o nosso país e para o nosso povo”.
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