do Opera Mundi
O premiê grego Antonis Samaras, do partido de centro-direita Nova Democracia, decidiu no começo da semana, sem aprovação parlamentar, pelo encerramento da rede estatal de rádio e televisão ERTe demitiu cerca de 2,7 mil funcionários. A polícia foi enviada para derrubar a transmissão da rede durante a madrugada, mas jornalistas ocuparam o edifício e mantiveram a programação na internet.
Uma greve geral de jornalistas de rádio e TV começou nesta terça (12/06) pela manhã. Trabalhadores de jornais impressos vão aderir a partir de amanhã. Os dois partidos membros da coalizão governista, PASOK e Esquerda Democrática, declararam que vão derrubar a medida no parlamento grego, mas a situação jurídica da rede ERT e de seus funcionários é incerta.
Segundo a rádio grega Radio Bubble, o governo grego publicou um ato legislativo de emergência ontem pela manhã para garantir a base legal para o fechamento da ERT. O dispositivo dá a ministros o poder de fechar agências estatais e demitir funcionários com uma única canetada. A avaliação do caso pelo parlamento só pode acontecer daqui a quatro meses.
Jornalistas de redes estatais de rádio e TV europeias, como a RTVE, na Espanha, e a RTP, em Portugal, decidiram cruzar os braços em solidariedade aos gregos demitidos ontem. “Não queremos para nós uma RTP encerrada. Somos todos gregos”, anunciaram os funcionários da rede portuguesa.
A decisão de fechar a ERT, segundo o governo grego, abre caminho para a criação, a partir do dia 29 de agosto, de uma nova emissora pública de rádio, TV e internet, que já tem nome: NERIT (Nova rádio, internet e TV helênica). Ela terá entre 1 mil e 1,2 mil funcionários – menos da metade do corpo da rede fechada ontem.
A deputada grega Anni Podimata, do partido de centro-esquerda PASOK e parte da coalizão governista, lamentou a decisão unilateral. “A morte súbita da rede pública de rádio e TV confirma a morte lenta da democracia, e este é um problema europeu”, afirmou.
15 mil em dois anos
Em abril deste ano, o governo grego anotou uma meta para os próximos dois anos: demitir 15 mil funcionários públicos. A medida apenas reverbera diretrizes do FMI (Fundo Monetário Internacional), da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, a troika, impostas em seus memorandos para reestruturação da economia grega.
Mas na semana passada o próprio FMI admitiu, em relatório sobre as medidas de austeridade na Grécia, graves falhas na condução da crise. Para o órgão, as diretrizes foram duras demais, e os resultados muito piores do que se previa. O país está em recessão há cinco anos e o desemprego está chegando aos 30% da população.
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