Por Ramon de Castro, para Rádio Vermelho
João Vicente Goulart participou de uma entrevista coletiva organizada pelo Instituto Barão de Itararé, em São Paulo, capital, nesta quinta-feira (10). Dentre os assuntos discutidos ganharam destaque as defesas de João pelas conquistas da aprovação do Marco Civil da Internet e do avanço para o fim do financiamento privado das campanhas políticas eleitorais.
Na coletiva que recebeu apenas blogueiros e veículos da mídia alternativa, João Franzin, organizador do evento, fez a abertura em nome da Agência Sindical. Franzin também é jornalista da TV Comunitária de São Paulo, onde faz o programa Câmera Aberta Sindical, e declarou que é importante a dedicação de todos os segmentos da área sindical e da mídia alternativa para contar a história e resgatar a figura do ex-presidente João Goulart, pois tentaram destruir sua imagem, já que os golpistas consideram que só a história deles pode ter personagens.
Em suas palavras iniciais, João Vicente Goulart disse que a mídia de 1964 e a atual em essência são iguais, a diferença é que hoje existe a mídia alternativa na internet. “Jango não tinha esse fator a seu favor para desmascarar a mídia da época”, disse. “A grande conquista da internet é a desmoralização dessa classe dominante”, indagou.
Vicente disse que nas palestras que faz fica surpreso com o interesse da juventude sobre o contexto do golpe militar de 1964, que não foi só contra Jango, mas contra o povo brasileiro. “Precisamos lutar contra essa onda de formação de opinião pública, pois é uma vergonha que 11 famílias controlem 90 por cento da mídia”, cobrou. “É importante reforçar os meios alternativos de comunicação, assim como é necessário promover a reforma políica e a reforma da mídia.”, salientou.
Falando sobre mídia, o ex-deputado foi questionado sobre a aprovação do Marco Civil da Internet e mostrou ser favorável a nova lei. “É um grande instrumento para mantermos a liberdade na internet”, contou. E fez uma comparação aos anos de chumbo. “O Jango só tinha um jornal a seu favor, se tivéssemos essa liberdade de hoje a história podia ser diferente”, falou.
Também perguntado sobre a reforma política, João defendeu o fim do financiamento privado das campanhas políticas eleitorais e foi além. “Hoje os políticos tem interesse em agradar primeiro seus financiadores e por isso, também, defendo o fim do voto obrigatório, já que vivemos numa democracia e a pessoa não precisa dessa obrigatoriedade”, disse. “Isso acabaria com os coronéis do voto de cabresto que ainda existem principalmente no nordeste brasileiro”, completou.
Ainda sobre as conquistas dos governos de esquerda nos últimos 11 anos, João Vicente Goulart comemorou especialmente a criação da Comissão Nacional da Verdade. “A CNV trouxe um grande ganho para o campo político e em dezembro deste ano deve ser entregue um relatório para pedir a revisão da lei de anistia”, falou. “É também uma vitória da presidenta Dilma, graças a ela temos comissões da verdade desde o congresso até as universidades”, enfatizou.
João Vicente Goulart fez uma revelação sobre o projeto arquitetado pelo comunista Oscar Niemeyer em homenagem a Jango e que foi aprovado recentemente para ser construído em Brasília. “Foi uma luta de sete anos para conseguir a aprovação do Memorial da Liberdade e Democracia Presidente João Goulart”, falou.
Sobre a investigação da possível morte por envenenamento de Jango, ao contrário do que muitos pensam, Vicente gostaria que não fosse verdade. “Eu peço a Deus todos os dias que tenha sido por morte natural, mas as evidencias que apontam para o envenenamento são tantas que essa investigação é uma missão de dignidade”.
Aos que ainda pensam que a ditadura deveria voltar, João disse que gostaria de um debate franco com essas pessoas. “A ditadura foi o período de maior achatamento salarial da história do Brasil e saltamos na dívida externa de US$ 1 bilhão para US$ 100 bilhões ao final do regime militar”, contou. “Sem mencionar as torturas, censura prévia e todo tipo de falta de liberdade da época que já deveriam acabar de vez com essa ideia dos que apoiam a ditadura”, finalizou.
Atualmente João não pensa em voltar aos palanques, mas continua a luta pela justiça social através do Instituto João Goulart, o qual é presidente. Depois da coletiva, foi a vez da esposa do ex-deputado, Veronica Theml Fialho, e diretora do Instituto João Goulart, dar seu depoimento emocionada. “Esse é um ano de muitas vitórias e como disse minha sogra, Maria Thereza, as pessoas ainda querem saber a história de Jango”, disse.
Veronica também contou um pouco sobre os projetos do instituto. “Nossa ideia é de que se proibirem os ‘rolezinhos’ nos shoppings, queremos que sejam feitos no espaço do Instituto João Goulart”, salientou.
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