Por Maura Silva
Da Página do MST
Mais de mil pessoas se reuniram nesta terça-feira (4), no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (MASP), na Avenida Paulista, em manifestação de apoio à convocação de uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política.
O ato organizado por movimentos organizações sociais também serviu como resposta às recentes investidas de setores conservadores junto aos grandes meios de comunicação de pautar de uma forma distorcida o debate em torno da reforma do sistema político.
Para Thiago Pará, militante do Levante Popular da Juventude, o ato é uma maneira de
dar sustentação e apoio a proposta que começou a ser construída em 2013 por mais de 450 organizações que compõem a campanha do Plebiscito por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político.
“Queremos mostrar para a sociedade que existem setores que apóiam e lutam pela soberania exercida nas urnas e nas ruas. O atual congresso não admite um plebiscito, eles querem um referendo que é o que reduz a participação popular”, ressalta o militante.
Para ele, durante anos o Congresso não foi capaz de fazer transformações que alterassem de maneira significativa a vida do povo, “por isso, o que querem nos oferecer é uma contra reforma política”, conclui.
“Nosso objetivo é nos manter mobilizados mesmo após o fim da eleição. Entendemos que mobilização popular é a maneira que a população tem para cobrar da presidente Dilma e, principalmente, do Congresso Nacional, o acompanhamento das demandas dos movimentos sociais, que são as demandas do povo brasileiro”.
Para a ex-candidata à presidência da república pelo Partido Socialista e Liberdade (PSOL), Luciana Genro, que também esteve presente no ato, as carreiras governamentais devem ser encaradas como uma militância em defesa de ideias e causas. Para ela, é preciso que a política deixe de ser encarada como uma carreira de ascensão social.
“O sistema política está viciado, os parlamentares eleitos por esse sistema não tem interesse em mudá-la. Por isso, a presença do povo nas ruas é tão importante. Com a mobilização popular se muda a correlação de forças dentro do Congresso. Eu fui deputada e vi isso de perto: quando existe pressão popular, a opinião dos deputados se modifica completamente”, acredita.
Questionada sobre a polêmica criada em torno das formas de consulta popular (referendo ou plebiscito), Luciana diz não acreditar que a tática utilizada por alguns partidos políticos para confundir a população, em especial o PSDB, obtenha sucesso.
“Quando o povo recebe informações de qualidade ele sabe decidir muito bem. O problema é que os meios de comunicação no nosso país não informam, pelo contrário, só distorcem, como é o caso da revista Veja. Uma demanda pela reforma política abre um amplo processo de discussão na sociedade civil. A partir dessa demanda conseguiremos, nas ruas, informar a população de maneira clara e objetiva”, finaliza.
Apenas o início
Para Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP), os interesses dos que se beneficiam do atual sistema político só será vencido com muita luta e mobilização.
“O papel dos movimentos populares é estar nas ruas. Não são as eleições que promovem as verdadeiras mudanças, essas mudanças só são feitas com o povo nas ruas. A estrutura capitalista continua montada, o nosso papel é romper com essa estrutura”, salienta.
Na Câmara, um decreto legislativo que convoca uma assembleia constituinte exclusiva para a reforma política já foi apresentado ao legislativo. Se o projeto for aprovado, os eleitores irão às urnas para dizer ‘sim’ ou ‘não’ à seguinte questão: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?”
O advogado Ricardo Gebrim, da Consulta Popular e integrante do Comitê Nacional da Campanha do Plebiscito, ressalta que esse é o início de uma série de atos que estão acontecendo em todo o país. “A campanha vai crescer muito mais a partir de agora. Nosso encontro é na rua, com o apoio da população que vamos conseguir o plebiscito oficial”.
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