por Alberto Alzueta no Opera Mundi

Os dois maiores membros do Mercosul, Brasil e Argentina, sem dúvida cometeram erros de relacionamento com os sócios menores, Paraguai e Uruguai. Em muitas oportunidades, foram induzidos por interesses de multinacionais, outras vezes por descuidos, e não poucas vezes por miopia, falta de visão estratégica e em longo prazo.

Mas, no caso especifico do Paraguai, bastaria citar as duas hidrelétricas construídas com os seus grandes vizinhos para verificar que a oferta de energia disponível, somada à mão de obra, menor burocracia e conectividade pelos rios, poderá trazer, num futuro próximo, uma soma de benefícios jamais alcançados até o momento.

Além do poder de barganha que as negociações de energia representam, o novo desenvolvimento agrícola ganadero  no Paraguai permitirá somar a sua produção interna à porcentagem de cultivo de 25% dos grãos mundiais, produzidos por Brasil e a Argentina, podendo se tornar dentro do Mercosul, um peso importante nas negociações internacionais, ao passo que sua produção, isolada, não poderia ser negociada de outra forma que a tradicional.

Outro fator importante é o acesso aos portos marítimos brasileiros e argentinos do qual Paraguai dispõe.

Talvez a pergunta principal seja: Quais benefícios poderia ter o Paraguai com a Aliança do Pacífico? O Paraguai não tem uma indústria que necessite de proteção. As tarifas para os produtos importados não são para proteger a indústria nacional, mas integram a receita de seu orçamento fiscal.

Países articulam acordos comerciais principalmente para canalizar sua produção interna, não para as negociações de importação. Estas são a moeda de troca para as exportações de seus produtos, e é justamente por conta dos produtos agrícolas que o Paraguai precisa de parceiros robustos para negociar em conjunto.

O Paraguai tem como vizinhos dois grandes mercados para consumir itens produzidos num complexo industrial bem estruturado. A grande atração do mercado paraguaio é exatamente poder entrar nestes grandes mercados, Brasil e Argentina, tradicionalmente bastante fechados ao comércio exterior e com custo logístico muito baixo.

Desassociar-se do Mercosul traria, com certeza, muitos prejuízos ao Paraguai, que não seriam compensados pela associação aos países do Pacífico. Estes países têm, assim como o Chile, baixas tarifas de importação que facilitariam as exportações, já que as tarifas extrazona brasileiras e argentinas certamente inibiriam bastante as relações comerciais da região.