Por Dj CorteCertu*, especial para Blog Escrevinhador
Na minha infância, pra me defender, eu era o pretinho que ria da própria condição, fazia de tudo pra passar desapercebido. Pra não ser zoado por causa da minha cor, escolhi ser o neguinho engraçado, o moleque que não incomodava e tentava ser incolor.
Não entendia nada sobre racismo, apenas sentia o preconceito e percebia que as pessoas preferiam pretos assim. Eu estava onde achavam que eu deveria estar: sem me conhecer e sem reconhecer os meus.
O rap me tirou desta posição que o Pelé insiste em dizer que é a melhor forma pra combater o racismo.
Esconder a realidade para forjar harmonia é uma arma utilizada por vários grupos da nossa sociedade.
Uns, por falta de informação e conhecimento, utilizam como forma de defesa. Outros, por conhecerem bem as engrenagens que movem o país, utilizam como forma de dominação.
Nada é tratado de maneira mais profunda.
Para a maioria, o racismo tem o poder de existir sem racistas. O racismo sempre está lá fora.
Tente conversar sobre racismo no ambiente de trabalho e verá que muitos apenas vão lutar pra mostrar que não são racistas. Não ser racista é o começo, mas não basta para acabar com o racismo.
* Editor do Portal Central Hip-Hop/BF Oficial e colunista do Brasil de Fato SP
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