Prestes apoiou o professor Florestan Fernandes em 1986

por Florestan Fernandes Jr.

Conheci Luiz Carlos Prestes numa tarde nos anos 1980, no escritório da casa de meu pai, na zona sul de São Paulo. O “Cavaleiro da Esperança” era um homem baixo, com uma voz grave, e já bem envelhecido.

O encontro foi marcado para oficializar o apoio pessoal de Prestes à candidatura de Florestan (PT-SP) para deputado constituinte (eleição de 1986). Na época, erradamente, fiquei com receio desse apoio, achava que Prestes por ter sido ligado ao comunismo soviético poderia afastar os jovens de esquerda da campanha de meu pai.

Prestes era um mito, foi figura importante da história do país, talvez por isso todos queriam conhecê-lo pessoalmente. Até quem estava do “outro lado”.

Lembro de uma conversa que tive,certa vez, com o general Octavio Costa – um dos homens fortes da ditadura, foi o responsável pelo discurso de posse de Médici. O general me contou que – logo após a Anistia – pediu a um amigo comum que marcasse um encontro com o líder comunista. O militar de direita queria conhecer o velho comunista, que também tinha sido um militar do Exército basileiro.

Costa e Prestes se encontraram. E – por esse gesto – o primeiro acabou punido pelos companheiros de farda, e se tornou persona non grata no Clube Militar. “Eu fui sem qualquer constrangimento, sem a menor inibição. Ele tinha sido uma personalidade em toda a minha vida…Dias depois da visita, li na coluna do Zózimo, num dos grandes jornais do Rio – Quem diria? O general Octavio Costa, aquele ex-assessor de Relações Públicas do presidente Médici, foi visitar Luís Carlos Prestes. Razão tinha o presidente Figueiredo quando dizia – O general Octavio Costa não é um bom soldado.”

Hoje faz 33 anos do retorno definitivo de Prestes ao Brasil, onde viria a falecer no Rio de Janeiro no dia 7 de março de 1990.

No fim de sua vida, Luiz Carlos Prestes rompeu com o PCB, e aliou-se a Leonel Brizola - a quem apoiaria na eleição presidencial de 1989. No segundo turno daquela eleição, Prestes subiu ao palanque de Lula no gigantesco comício no centro do Rio. Foi uma de suas últimas aparições públicas.