por Rodrigo Vianna
Seis meses atrás, escrevi: os tucanos querem transformar Eduardo Campos (fortalecido nas eleições municipais de 2012) em linha auxiliar do PSDB; mas é mais fácil os tucanos virarem linha auxiliar do neto de Arraes.
O quadro começa a se delinear…
O site 247 noticia que Serra e Campos tiveram mais um encontro “secreto”. O segundo encontro em poucas semanas. Serra teria acertado sua ida para o MD – o novo (?) partido criado por Bob Freire, com a fusão de PPS e PMN. O MD vai apoiar Eduardo Campos à presidência. Também iriam para o MD Cristóvam Buarque e Pedro Taques, do PDT. Até Randolfe (PSOL) teria sido sondado…
Serra, especula-se, seria o candidato do tal MD a governador de São Paulo. Contra Alckmin. Serra daria um palanque forte a Campos no estado mais populoso do Brasil. E daria o troco nos adversários internos no PSDB. O tucanato alckmista acaba de derrotar Serra na disputa pela presidência do PSDB em São Paulo. O vereador Andrea Matarazzo (serrista) foi escorraçado pela turma de Alckmin.
Serra, assim, serviria de linha auxiliar para Eduardo Campos – e arrastaria para o projeto do pernambucano outros desgarrados do demo-tucanismo.
Num quadro desses, difícil imaginar uma eleição fácil para Dilma, como especulam alguns petistas. Dilma tem 70% de popularidade. Ok. Mas Lula tinha índice parecido em 2010. E Dilma teve que amargar segundo turno.
2014 deve vir com a economia relativamente arrumada, sem desemprego. Mas também sem crescimento robusto. O empresariado estaria ressabiado com Dilma, louco para encontrar um novo ancoradouro. Serra pode ser mais do que um palanque em São Paulo. Ele seria o fiador de Eduardo Campos junto à burguesia paulista.
Aécio enfrentaria, assim, um quadro complicado. Teria o apoio decidido de Alckmin (que precisa formar uma trincheira forte pra enfrentar o PT). Mas com Serra ao lado de Campos, o candidato tucano perderia muitos votos paulistas.
Eu apostaria numa eleição em dois turnos em 2014.
Aécio – apesar de tudo – será bem votado em Minas. Terá votos em São Paulo, no Paraná, e contará com votos do tucanato dispersos pelo Brasil. É candidatura para 15% a 20% dos votos.
Eduardo Campos sairia forte de Pernambuco, e poderia se transformar no Plano B da burguesia que desconfia dos arroubos juvenis de Aécio e está ressabiada com o tal “centralismo” de Dilma. Também é candidatura para 15% a 20% dos votos.
Se colocarmos na balança Marina (com ou sem a “Rede” oficializada; até porque ela poderia sair candidata por outra legenda) e outros franco-atiradores, devemos imaginar que os outros candidatos podem, sim, somar algo em torno de 50% ou 55% dos votos válidos.
Dilma terá dificuldades para fechar a eleição em um turno só. Se o adversário dela for Aécio, fica mais fácil a petista vencer. Se for Eduardo, pode-se dar um quadro de todos contra Dilma no segundo turno. E mais: a militância que ajudou a empurrar Dilma em 2010 não parece tão animada com a presidenta. Sabe que ela é melhor do que os adversários conservadores. Mas a militância está ressabiada também…
E Lula? Há quem veja o ex-presidente ativo demais. Dando sinais de que, numa “emergência”, aceitaria voltar ao palco principal. No PT, muita gente torce por isso.
Mas vai acontecer? A essa altura, parece improvável… Mas não impossível.
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