Por María Martín, em El País Brasil
O segundo protesto contra a Copa do ano foi marcado pela enorme presença policial, uma tropa de pelo menos 1.000 agentes, que superou ao número de manifestantes.
A marcha, de aproximadamente mil pessoas segundo a polícia e umas 3.000 segundo os manifestantes que a transmitiram ao vivo, saiu da Praça da República, no Centro, por volta das 18h. Em apenas uma hora estourou a primeira bomba, lançada pela polícia. A intenção das forças de segurança de impedir atos de vandalismo acabou frustrando um protesto que começou de forma pacífica, com tambores, gritos contra os gastos excessivos na Copa, contra a brutalidade policial e a qualidade dos serviços públicos.
Antes de qualquer depredação –uma agência bancária foi atacada posteriormente- os chamados agentes-ninja, com conhecimento de artes marciais chamados por primeira vez para atuar em um protesto, aproveitaram uma brecha no bloco e entraram para prender os manifestantes mascarados. O clima tenso obrigou a muitos outros participantes a se afastarem da marcha.
A polícia deteve um grupo de cerca de 50 manifestantes, que foi obrigado a se sentar no chão e acabou rodeado por quatro fileiras de policiais com mais de uma centena de agentes. Depois foram trasladados, algemados com lacres ‘enforca-gato’, em vários ônibus até as delegacias da região. O número total de detidos não foi divulgado ainda, mas as primeiras informações apontam 100 pessoas, entre elas cinco jornalistas e um professor da Universidade de São Paulo (USP).
Passadas as 19h, o ato se dava por terminado. Um cordão policial interditou a Rua Coronel Xavier de Toledo, impedindo a passagem, inclusive da imprensa.
Com a intenção de esvaziar o protesto de hoje, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), intimou no mesmo horário do ato a 40 participantes habituais das manifestações. Muitos deles nunca tinham sido presos e denunciaram a coincidência no Facebook. A Secretaria de Segurança confirmou os depoimentos e informou que, apesar da coincidência, outras intimações foram programadas para os próximos dias. A pasta não reconheceu que as intimações fazem parte de uma estratégia e disse que desde junho já foram intimados 80 manifestantes. Em um só dia, a metade desse número foi convocada para esclarecimentos.
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