por Antônio Francisco Magnoni, da UNESP*
Os tucanos paulistas falam grosso contra o suposto “financiamento federal” dos blogueiros que garantem alguma diversidade no debate político nacional. No entanto, não dizem que são eles os grandes financiadores – ou mecenas - do PIGMídia paulista e nacional.
É por isto que os oligopólios midiáticos – tão furibundos com o o Governo Dilma e com a esquerda em geral – não disseram quase nada sobre os sete bilhões de reais de orçamento que a UNESP, a USP e a UNICAMP (e também a FAPESP – agência de pesquisa paulista) ”devolveram” ao Governo Alckmin no final de 2012. Tecnicamente, o dinheiro permanece em “caixa”, para ser utilizado pelas universidades quando necessário. A aparência é de que está “sobrando” dinheiro.
Tal bolada – dormindo preguiçosamente nos cofres públicos de São Paulo – significa dois anos inteiros de orçamento do CNPq, organismo federal que financia a maior parte da pesquisa nacional em toda a rede pública de universidades estaduais, federais e até instituições privadas.
A concentração de recursos em SãoPaulo (e a má aplicação deles) demonstra que o Estadomais ricodo país coloniza economicamente o resto do país, e mesmo assim não consegue desenvolver um sistema de educação público satisfatório. O ensino fundamental e médio paulista produz uma profusão de analfabetos diplomados… As três ricas universidades não contratam todos os professores e técnicos administrativos necessários, não atualizam laboratórios e tampouco adotam políticas reais de ampliação de vagas e de inclusão dos mais pobres.
O jornal “Estadão” deu uma nota “discreta” sobre o caso. E o curioso: até Alckmin teria ficado irritado com a falta de apetite dos reitores (nomeados por ele) para aplicar o dinheiro. Aqui, um trecho da matéria do “Estadão”:
“Os números foram apresentados em janeiro ao governador Geraldo Alckmin. Segundo aliados, ele reagiu com irritação, por julgar que as instituições deveriam investir mais em infraestrutura e na ampliação de projetos (…)
Alckmin teria ficado incomodado com o fato de que dirigentes das instituições costumam brigar por cada centavo de seus orçamentos. O dinheiro, no entanto, fica parado, sob a alegação de que a maior parte está comprometida com despesas já assumidas. A reserva também serviria para cobrir eventuais quedas de receita em decorrência de variação da arrecadação do ICMS.
Por seu tamanho, a USP recebe a maior fatia do repasse do imposto (5,029%). É também a universidade com o maior colchão financeiro: fechou 2012 com R$ 3,4 bilhões em caixa (acumulados ao longo dos anos). É uma sobra que quase se equivale ao orçamento anual da instituição. Para 2013, ele é de R$ 4,3 bilhões, dos quais 93% vão para gastos com pessoal.”
No momento em que todos dizem que “a educação é a salvação”, seria preciso por o dedo na ferida da educação paulista e cutucar também a troika de reitores do tucanato. Devolver verba de educação sem atender a demanda social é um escândalo, um crime de lesa-pátria.
* Antônio Francisco Magnoni é professor no Departamento de Comunicação Social /Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação - campus Bauru (SP) da UNESP (Universidade Estadual Paulista)
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