O fim-de-semana em São Paulo teve a final do Campeonato Paulista e a 9ª edição da Virada Cultural. A cobertura da mídia paulista mostra sua estratégia seletiva (e eletiva?).
Na Vila Belmiro, domingo, antes do confronto final entre Santos e Corinthians, houve briga generalizada. Pancadaria, prisões, feridos… Na capa da “Folha, o que se viu sobre o jogo foi Paulinho do Corinthians beijando a taça e comentários sobre o desempenho das equipes. Menção e imagens da batalha campal? Somente nas páginas internas. Compreensível. Afinal, a notícia principal era o vigésimo sétimo título paulista corinthiano.
Na capital, a Virada Cultural reuniu 4 milhões de pessoas, em mais de 900 eventos que ocuparam as ruas com cultura e diversidade, principalmente no centro da cidade, durante 24 horas. Foi a primeira Virada da gestão de Fernando Haddad, que compareceu com a família e assistiu no meio do público ao show dos Racionais MC’s, domingo à tarde.
O contingente policial foi maior que nas edições anteriores, o que estranhamente não evitou um número superior de ocorrências registradas, incluindo arrastão, morte e furtos. Houve questionamentos sobre a ação da Polícia Militar, que propositalmente teria deixado de cumprir seu papel durante o evento. Mas a manchete da Folha destacava apenas violência e morte. A foto de capa mostrava um rapaz gritando pendurado num poste, filmando o show dos Racionais.
Claro, a violência merecia destaque. Foi um fato, principalmente durante a noite. Mas eu estive na Virada no domingo, durante o dia. E o que vi foi alegria na rua e dezenas de atividades culturais simultâneas.
Ao contrário do futebol, a notícia principal sobre a Virada – na velha mídia seletiva – não foi o fato de uma multidão ter ocupado as ruas, nem os shows que atraíram milhares de pessoas. A “Folha” – como, de resto, os demais jornais, rádios e TVs – se enclausurou na pauta que interessa à classe média paulistana: medo, insegurança, violência. Jornalismo seletivo? Ou eletivo?
Se Serra fosse o prefeito, seria assim?A resposta, todos nós sabemos. (Rodrigo Vianna)
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