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Rodrigo Vianna

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“Não há um partido com a nossa cara”

17 de Junho de 2013, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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por Letícia Ortiz

Os R$ 0,20 foram a gota d’água. O copo e a nossa paciência transbordaram. As reivindicações se nacionalizaram, se internacionalizaram, tomaram conta das ruas, das redes sociais, dos jornais (mesmo a contragosto de alguns), do Congresso, das conversas…

A maioria são jovens, estudantes, pacíficos. Isso já foi constatado, no entanto, a nós se juntam muitos outros. Isso também já foi constatado.

As dúvidas agora são sobre as nossas causas, nossas bandeiras, nosso rumo. Talvez não tenhamos essas respostas agora, mas estamos nos mobilizando.

Nossas causas são diversas porque tem muito a ser construído. Queremos fazer política, mas não temos partido porque desde muito ninguém nos representa, ninguém conseguiu compreender e atender as demandas de uma sociedade em transformação. Não há um partido com a nossa cara. Os que um dia foram, sentimos que perderam sua essência, os que podem ser, não são ainda.

O Brasil nunca foi melhor do que é hoje, mas está longe, muito longe do que queremos que ele seja, do que sabemos que ele pode ser.

E estamos nos mobilizando. Não de agora. O movimento pelas causas homossexuais está aí na luta já há algum tempo batendo de frente com ‘Marcos Felicianos’ e uma ala conversadora que parece não admitir que a sociedade se transforma e a lei tem que a acompanhar (ao invés de tentar encaixar a sociedade à força em uma lei sem conformidade com a vida social). O movimento pelos direitos das mulheres também está na luta, exasperado com absurdos como o Estatuto do Nascituro. As reivindicações por qualidade e acessibilidade aos transportes públicos são históricas. A população sempre clama por segurança, educação e saúde e a evidência disso é que as campanhas eleitorais sempre se focam nesses temas. Os movimentos por sustentabilidade e proteção ao meio ambiente também já estava aí, assim como aqueles que querem proteger os animais. O movimento negro nunca saiu de pauta. Corrupção? Eu ainda lembro do Dia do Basta, protestos contra a corrupção que aconteceram ano passado em 42 cidades brasileiras e muitos outros.

O que acontece agora é que nos unimos. A gota d’água serviu de pretexto, de ponto de partida. A época (paralelamente aos eventos internacionais) serviu como fator de pressão.

Muitos de nós já tínhamos acordado. Agora só conseguimos mais força, mais visibilidade, mais apoio, mais coragem, mais união.

Temos causas. Temos objetivos. Nosso objetivo é representatividade. É a defesa das minorias. É sermos escutados. É vermos as melhorias REAIS (não promessas) na educação e na saúde. É podermos sair nas ruas sem medo. É poder confiar que as autoridades, que os nossos eleitos, cumpriram seu papel. Que não morreremos em boates por negligência e falta de fiscalização. É garantir que as pessoas tenham condições de ir e vir para o trabalho, para a escola, para a faculdade. Que a polícia cumpra seu papel social e não nos oprima. Enfim, como eu disse, temos causas, sim muitas, mas isso é por que tem muita coisa errada.

A maioria de nós não é contra o sistema. Só queremos que o sistema seja um reflexo da realidade do país e pare de tentar barrar a evolução social (vide Feliciano, bancada conservadora, Estatuto do Nascituro, PEC 37, …)e aja no sentido de melhorá-la.

Prefiro acreditar que dessa vez haverá mudança, para melhor, e não retrocesso. Prefiro acreditar que temos esse poder de mudar as coisas.

Para onde vamos? Em frente.

* Letícia Ortiz, 20 anos, é estudante universitária


Fonte: http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/a-gota-dagua.html

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