52. A dualidade política entre duas forças principais marca a nossa história desde os tempos do Mato Grosso uno. No entanto, como têm apontado as análises do PCdoB-MS, já há algum tempo emerge um novo quadro de forças, mais multipolar e fragmentado, não necessariamente favorável ao campo progressista.
53. A eleição de Zeca do PT para o governo em 1998 rompeu a bipolaridade que opunha os ex-governadores Wilson Barbosa Martins (PMDB) e Pedro Pedrossian (PTB), mas inaugurou outra, entre o PMDB, de André Puccinelli, e o PT, iniciada nas acirradas eleições para a prefeitura da capital em 1996 e que só arrefeceu nas eleições de 2010.
54. As eleições de 2012, sobretudo na capital, acentuaram o esgotamento dessa polarização. A vitória de Alcides Bernal (PP) e o desempenho de Reinaldo Azambuja (PSDB), que quase chegou ao segundo turno, marcando a ruptura dos tucanos com o PMDB peemedebistas, aliados desde os anos 90, foram os elementos principais dessa guinada que culminou na eleição do próprio Reinaldo Azambuja para o governo em 2014.
55. O golpe político que cassou o mandato do prefeito de Campo Grande em Março de 2014, capitaneado pelos que comandaram a prefeitura em períodos anteriores, principalmente pelo PMDB, mas também com a participação do PSDB, abalou as estruturas políticas da capital, repercutindo no estado. O que se seguiu foi uma situação de instabilidade política e administrativa da capital.
56. Mais recentemente, a Operação “Lama Asfáltica”, da PF, mostrou um suposto esquema de fraude em licitações envolvendo empresários e lideranças políticas, aprofundando o desgaste do PMDB, iniciado com a derrota de 2012 em Campo Grande, e de seus aliados, assim como o seu desdobramento, a Operação “Coffee Break”, do Gaeco, que investiga suposta compra de votos de vereadores para a cassação do mandato de Bernal. O PSDB, mesmo com a probabilidade de envolvimento nos casos, tem sido blindado pela mídia local.
57. O PCdoB entende que tais acontecimentos desnudam o caráter perverso do financiamento de candidatos e partidos por empresas, alimentando o círculo vicioso da corrupção e colocando nas mãos do poder econômico a definição dos resultados das eleições. O STF barrou o financiamento empresarial, mas muito ainda precisa ser feito.
58. Por sua vez, a derrota do PT nas eleições para o governo em 2014, bem como o crescimento do antipetismo, principalmente em Campo Grande, além das dificuldades de construir sua unidade interna e das defecções, colocaram o PT numa situação muito difícil no momento e que pode repercutir negativamente nas eleições municipais de 2016.
59. Se o PMDB e o PT passam por um momento de desgaste, o PSDB busca aumentar sua força política própria e se prepara para as eleições de 2016 nos principais municípios, principalmente no interior, como mostram seus movimentos em Dourados, Três Lagoas e Corumbá. Na capital, os tucanos têm mais dificuldades, devido à situação peculiar de Campo Grande, que projeta um cenário mais pulverizado para o ano que vem.
60. Ainda que vivam momentos distintos, PMDB, PT e PSDB são hoje os três principais pólos partidários de MS. Mais atrás, PDT, PSB, DEM e PR são partidos expressivos politicamente. Outros emergem e podem emergir na cena política sul-mato-grossense.
61. O financiamento empresarial de candidatos em 2016 mostrou a grande influência dos setores econômicos estratégicos presentes no estado nos resultados eleitorais. Não que isso seja novidade, mas desta vez foi muito mais forte que no passado. As transformações ocorridas no estado têm mudado o perfil dos trabalhadores e também das elites. Estas não são um bloco homogêneo, pois dentro das mesmas emergem frações de classes com interesses conflitantes entre si.
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