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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Médicos alemães pesquisam relação entre discriminação social e inteligência

2 de Janeiro de 2013, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Estudos indicam que notas mais baixas de filhos de imigrantes podem estar relacionadas a danos cognitivos causados por preconceito e exclusão. Foto: Deutsche Welle

Cor de pele diferente é igual a origem diferente, que é igual a características humanas diversas: essa equação representa um equívoco muito comum.

“Ela sempre foi simples demais para ser verdade”, diz Andreas Heinz, diretor da clínica de psiquiatria e psicoterapia do Hospital Universitário Charité, em Berlim. Ele balança a cabeça, divertido, ao contar sobre a médica de seus filhos: de pele e olhos escuros, ela tem um filho “selvagem”, considerado criança-problema na escola.

“Para a maioria das pessoas, estava logo claro: o pai devia ser turco ou árabe”, lembra. A suposta origem estrangeira era usada como possível justificação todos os problemas comportamentais do menino. “Só que o pai é médico e alemão”, rebate Heinz.

Há algum tempo, voltaram à moda as teorias que relacionam o desempenho econômico de determinado país ao rendimento de seus habitantes em testes de QI, o qual, por sua vez, seria determinado pelas características genéticas comuns.

A suposta relação entre inteligência e etnia passou a ser discutida acaloradamente em programas de entrevista, cadernos de cultura e conversas de bar dois anos atrás, depois do lançamento do controverso livro Deutschland schafft sich ab (A Alemanha se extingue a si mesma, em tradução livre).

Em sua obra, o político social-democrata berlinense Thilo Sarrazin prediz para o país um futuro sombrio, devido a seu pouco sucesso na área da educação e à incapacidade de integrar os imigrantes turcos e muçulmanos. Sarrazin atribui o rendimento escolar das crianças com tais origens – de fato, mais fraco – à suposta herança do “equipamento intelectual de seus progenitores”.

Importância do fator social

“De fato, os genes desempenham um papel central no desenvolvimento da inteligência”, concorda o médico Andreas Heinz. No entanto, ele destaca que um grande número de estudos também prova uma influência “bastante dominante” do meio ambiente sobre a capacidade intelectual dos indivíduos.

O desempenho de pessoas de origens e meios sociais distintos em testes de inteligência depende, portanto, do ambiente humano à sua volta. Estudos realizados nos Estados Unidos na década de 70 demonstraram que crianças negras adotadas por famílias brancas registraram uma melhora significativa em seus testes de QI, comparadas a outras crianças brancas e negras.

Segundo o recenseamento Mikrosensus 2011, os descendentes de imigrantes correspondem a 62% dos habitantes da Alemanha sem segundo grau concluído, e apenas cerca de 20% dos que obtêm o Abitur, certificado que dá acesso à universidade.

“Diferentes pesquisadores procuraram muitas vezes as causas para esse fato nas especificidades étnicas ou culturais, sobretudo de turcos e árabes”, critica o especialista em ensino Coskun Canan, da Universidade Humboldt, de Berlim.

No entanto, examinando-se de perto os descendentes de turcos, constata-se que a falta de conclusão do segundo grau é mais frequente entre os de mais idade. Embora o rendimento escolar dos mais jovens siga sendo inferior ao daqueles sem histórico de imigração, ele é bem melhor do que o da geração de seus pais.

As jovens nascidas na Alemanha são o principal motor dessa melhoria nas estatísticas educacionais: cerca de um terço delas alcança a universidade ou a habilitação para uma carreira técnica, e a tendência é ascendente. É certo que, entre as mulheres sem origens estrangeiras, quase a metade alcança um grau educacional superior, mas aqui as gerações anteriores também já apresentavam um perfil educacional mais elevado.

“As alemãs descendentes de famílias turcas são o carro-chefe de todo o grupo”, comenta Coskun Canan, “acreditamos que elas vão puxar os homens junto consigo”. Os homens de origem turca, que tendem a estagnar no tocante à ascensão educacional, precisarão correr atrás das mulheres, se quiserem se casar dentro do próprio grupo étnico.

Estereótipos com vida própria

“Contudo, preconceitos também desenvolvem vida própria”, adverte Coskun Canan. Uma vez colocadas no mundo, assertivas como “turcos são refratários à integração” geralmente levam os que são assim descritos a, pouco a pouco, adaptar-se a elas. Os sociólogos denominam esse efeito stereotype threat – ameaça através de estereótipos.

Quando um professor não espera do aluno de origem turca o mesmo rendimento que dos outros, está sabotando as chances de desenvolvimento desse estudante. “Se, por exemplo, a criança se encontrar entre os conceitos escolares ‘satisfatório’ e ‘bom’, o professor possivelmente só lhe dará uma nota satisfatória”, explica Canan.

Ou, se o professor acredita que o aluno não conseguirá mesmo chegar à Realschule, que dá uma qualificação mais alta, então, ao entrar no nível médio, ele só obterá uma recomendação para a menos promissoraHauptschule. Deste modo, estereótipos são perpetuados por todos os envolvidos, e potenciais permanecem sem ser explorados.

Exclusão pode causar alterações cerebrais e genéticas

“Tais vivências de discriminação possivelmente se refletem diretamente no nível neurológico, e podem prejudicar as capacidades cognitivas de forma permanente”, afirma Andreas Heinz. Experimentos com animais mostraram que a exclusão causa estresse e deixa marcas no cérebro.

“Pode-se medir isso perfeitamente, no modelo animal”, aponta Heinz. Quando um espécime agressivo assedia a cobaia, o sistema hormonal libera substâncias relacionadas ao estresse, como a serotonina, responsável pela comunicação entre os hormônios, mas também associada à depressão.

Os níveis do hormônio dopamina, ligado ao aprendizado, são também fortemente alterados. Isso pode resultar em modificações cerebrais, possivelmente até mesmo herdáveis pelas gerações seguintes.

Heinz e sua equipe pesquisam atualmente no Hospital Charité se mecanismos semelhantes ocorrem da mesma forma no cérebro humano. Ele pretende determinar se o estresse social também desencadeia certas reações bioquímicas nos seres humanos.

Será que, deste modo, genes responsáveis pelo grau de inteligência são ativados ou bloqueados? Será que a exclusão acaba por manter o rendimento intelectual dos atingidos abaixo de seu potencial genético? Seria essa reação ao estresse até mesmo hereditária? O psiquiatra Heinz acredita isso seja possível.

Uma coisa é certa, desde já: a exclusão social através de expectativas negativas é danosa. Por isso, deve-se incentivar tudo o que favoreça o desenvolvimento da inteligência, desde a competência linguística até a alimentação saudável. “A pior coisa que pode acontecer, é ser classificado na gaveta dos incapazes”, alerta Andreas Heinz.

(Publicado no Deutsche Welle)



Saudades de 1964

1 de Janeiro de 2013, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Madureira, o principal jornalista da turma 
Por Leandro Fortes - Em 1º de março de 2010, uma reunião de milionários em luxuoso hotel de São Paulo foi festejada pela mídia nacional como o início de uma nova etapa na luta da civilização ocidental contra o ateísmo comunista e a subversão dos valores cristãos. Autodenominado 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, o evento teve como anfitriões três dos maiores grupos de mídia nacional: Roberto Civita, dono da Editora Abril, Otávio Frias Filho, da Folha de S.Paulo, e Roberto Irineu Marinho, da Globo.

O evento, que cobrou dos participantes uma taxa de 500 reais, foi uma das primeiras manifestações do Instituto Millenium, organização muito semelhante ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), um dos fomentadores do golpe de 1964 (quadro à pág. 28). Como o Ipes de quase 50 anos atrás, o Millenium funda seus princípios na liberdade dos mercados e no medo do “avanço do comunismo”, hoje personificado nos movimentos bolivarianos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales. Muitos de seus integrantes atuais engrossaram as marchas da família nos anos 60 e sustentaram a ditadura. Outros tantos, mais jovens, construíram carreiras, principalmente na mídia, e ganharam dinheiro com um discurso tosco de criminalização da esquerda, dos movimentos sociais, de minorias e contra qualquer política social, do Bolsa Família às cotas nas universidades.


Há muitos comediantes no grupo. No seminário de 2010, o “democrata” Arnaldo Jabor arrancou aplausos da plateia ao bradar: “A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo?” Isso, como? A resposta é tão clara como a pergunta: com um golpe. No mesmo evento brilhou Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta. Como se verá ao longo deste texto, há um traço comum entre vários “especialistas” do Millenium: muitos se declaram ex-comunistas, ex-esquerdistas, em uma tentativa de provar que suas afirmações são fruto de uma experiência real e não da mais tacanha origem conservadora. Madureira não foge à regra: “Sou forjado no pior partido político que o Brasil já teve”, anunciou o “arrependido”, em referência ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o velho Partidão. Após a autoimolação, o piadista atacou, ao se referir ao governo do PT de então: “Eu conheço todos esses caras que estão no poder, eram os caras que não estudavam”. Eis o nível.

O símbolo do Millenium é um círculo de sigmas, a letra grega da bandeira integralista, aquela turma no Brasil que apoiou os nazistas. Jabor e Madureira estão perfilados em uma extensa lista de colaboradores no site da entidade, quase todos assíduos frequentadores das páginas de opinião dos principais jornais e de programas na tevê e no rádio. Montado sob a tutela do suprassumo do pensamento conservador nacional e financiado por grandes empresas, o instituto vende a imagem de um refinado clube do pensamento liberal, uma cidadela contra a barbárie. Mas a crítica primária e o discurso em uníssono de seus integrantes têm pouco a oferecer além de uma narrativa obscura da política, da economia e da cultura nacional. Replica, às vezes com contornos acadêmicos, as mesmas ideias que emanam do carcomido auditório do Clube Militar, espaço de recreação dos oficiais de pijama.

Meio empresa, meio quartel, o Millenium funciona sob uma impressionante estrutura hierárquica comandada e financiada por medalhões da indústria. Baseia-se na disseminação massiva de uma ideia central, o liberalismo econômico ortodoxo, e os conceitos de livre-mercado e propriedade privada. Tudo bem se fosse só isso. No fundo, o discurso liberal esconde um frequente flerte com o moralismo udenista, o discurso golpista e a desqualificação do debate público. Criado em 2005 com o curioso nome de “Instituto da Realidade”, transformou-se em Millenium em dezembro de 2009 após ser qualificado como Organização Social de Interesse Público (Oscip) pelo Ministério da Justiça. Bem a tempo de se integrar de corpo e alma à campanha de José Serra, do PSDB, nas eleições presidenciais de 2010. Em pouco tempo, aparelhado por um batalhão de “especialistas”, virou um bunker antiesquerda e principal irradiador do ódio de classe e do ressentimento eleitoral dedicado até hoje ao ex-presidente Lula.


Lamounier – O figurino dos anos 1960 no século XXI

O batalhão de “especialistas” conta com 180 profissionais de diversas áreas, entre eles, o jornalista José Nêumanne Pinto, o historiador Roberto DaMatta e o economista Rodrigo Constantino, autor do recém-lançadoPrivatize Já. A obra é um libelo privatizante feito sob encomenda para se contrapor ao livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., sobre as privatizações nos governos de Fernando Henrique Cardoso que beneficiaram Serra e seus familiares. E não há um único dos senhores envolvidos com as privatizações dos anos 1990 que hoje não nade em dinheiro.

Os “especialistas” são todos, curiosamente, brancos. Talvez por conta da adesão furiosa da agremiação aos manifestantes anticotas raciais. A tropa é comandada pelo jornalista Eurípedes Alcântara, diretor de redação da revista Veja, publicação onde, semanalmente, o Millenium vê seus evangelhos e autos de fé renovados. Alcântara é um dos dois titulares do Conselho Editorial da entidade. O outro é Antonio Carlos Pereira, editorialista de O Estado de S. Paulo.

Alcântara e Pereira não são presenças aleatórias, tampouco foram nomeados por filtros da meritocracia, conceito caríssimo ao instituto. A dupla de jornalistas representa dois dos quatro conglomerados de mídia que formam a bússola ideológica da entidade, a Editora Abril e o Grupo Estado. Os demais são as Organizações Globo e a Rede Brasil Sul (RBS).

O Millenium possui uma direção administrativa formada por dez integrantes, entre os quais destaca-se a diretora-executiva Priscila Barbosa Pereira Pinto. Embora seja a principal executiva de um instituto que tem entre suas maiores bandeiras a defesa da liberdade de imprensa e de expressão – e à livre circulação de ideias –, Priscila Pinto não se mostrou muito disposta a fornecer informações a CartaCapital. A executiva recusou-se a explicar o formidável organograma que inclui uma enorme gama de empresas e empresários.

Entre os “mantenedores e parceiros”, responsáveis pelo suporte financeiro do instituto, estão empresas como a Gerdau, a Localiza (maior locadora de veículos do País) e a Statoil, companhia norueguesa de petróleo. No “grupo máster” aparece a Suzano, gigante nacional de produção de papel e celulose. No chamado “grupo de apoio” estão a RBS, o Estadão e o Grupo Meio & Mensagem.

Há ainda uma lista de 25 doadores permanentes, entre os quais, se incluem o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga e o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do falecido empresário José Alencar da Silva, vice-presidente da República nos dois mandatos de Lula. O organograma do clube da reação possui também uma “câmara de fundadores e curadores” (22 integrantes, entre eles o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o jornalista Pedro Bial), uma “câmara de mantenedores” (14 pessoas) e uma “câmara de instituições” com nove membros. Gente demais para uma simples instituição sem fins lucrativos.

Uma das atividades fundamentais é a cooptação, via concessão de bolsas de estudo no exterior, de jovens jornalistas brasileiros. Esse trabalho não é feito diretamente pelo instituto, mas por um de seus agregados, o Instituto Ling, mantido pelo empresário William Ling, dono da Petropar, gigante do setor de petroquímicos. Endereçado a profissionais com idades entre 24 e 30 anos, o programa “Jornalista de Visão” concede bolsas de mestrado ou especialização em universidades dos Estados Unidos e da Europa a funcionários dos grupos de mídia ligados ao Millenium.

Em 2010, quando o programa se iniciou, cinco jornalistas foram escolhidos, um de cada representante da mídia vincula-da ao Millenium: Época (Globo), Veja (Abril), O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo e Zero Hora(RBS). Em 2011, à exceção de um repórter do jornal A Tarde, da Bahia, o critério de escolha se manteve. Os agraciados foram da Época (2), Estadão (1), Folha (2), Zero Hora (1) e revista Galileu (1), da Editora Globo. Neste ano foram contemplados três jornalistas do Estadão, dois da Folha, um da rádio CBN (Globo), um daVeja, um do jornal O Globo e um da revista Capital Aberto, especializada em mercado de capitais.

Para ser escolhido, segundo as diretrizes apresentadas pelo Instituto Ling, o interessado não deve ser filiado a partidos políticos e demonstrar “capacidade de liderança, independência e espírito crítico”. Os aprovados são apresentados durante um café da manhã na entidade, na primeira semana de agosto, e são obrigados a fazer uma espécie de juramento: prometer trabalhar “pelo fortalecimento da imprensa no Brasil, defendendo os valores de independência, democracia, economia de mercado, Estado de Direito e liberdade”.


Mainardi: sua covardia o levou a se esconder em Veneza

O Millenium investe ainda em palestras, lançamentos de livros e debates abertos ao público, quase sempre voltados para assuntos econômicos e para a discussão tão obsessiva quanto inútil sobre liberdade de imprensa e liberdade de expressão. Todo ano, por exemplo, o Millenium promove o “Dia da Liberdade de Impostos” e organiza os debates “Democracia e Liberdade de Expressão”. Entre os astros especialmente convidados para esses eventos estão Marcelo Tas, da Band, e Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, ambos de Veja. Humoristas jornalistas. Ou vice-versa.

O que toda essa gente faz e quanto cada um doa individualmente é mantido em segredo. Apesar da insistência de CartaCapital, a diretora-executiva Priscila Pinto mandou informar, via assessoria de imprensa, que não iria fornecer as informações requisitadas pela reportagem. Limitou-se a enviar nota oficial com um resumo da longa apresentação reproduzida na página eletrônica do Millenium sobre a missão do instituto. Entre eles, listado na rubrica “código de valores”, consta a premissa da transparência, voltada para “possibilidade de fiscalização pela sociedade civil e imprensa”. Valores, como se vê, bem flexíveis.

Josué Gomes e Gerdau também não atenderam aos pedidos de entrevista. O silêncio impede, no caso do primeiro, que se entenda o motivo de ele contribuir com um instituto cuja maioria dos integrantes sistematicamente atacou o governo do qual seu pai não só participou como foi um dos mais firmes defensores. E se ele é contra, por exemplo, a redução dos juros brasileiros a níveis civilizados. O industrial José Alencar passou os oito anos no governo a reclamar das taxas cobradas no Brasil. A turma do Millenium, ao contrário, brada contra o “intervencionismo estatal” na queda de braço entre o Palácio do Planalto e os bancos pela queda nos spreads cobrados dos consumidores finais.

No caso de Gerdau, seria interessante saber se o empresário, integrante da câmara de gestão federal, concorda com a tese de que a tentativa de redução no preço de energia é uma “intervenção descabida” do Estado, tese defendida pelo instituto que ele financia. Gerdau e Josué se perfilam, de forma consciente ou não, ao Movimento Endireita Brasil, defensor de teses esdrúxulas como a de que os militares golpistas de 1964 eram todos de esquerda.

O que há de transparência no Millenium não vem do espírito democrático de seus diretores, mas de uma obrigação legal comum a todas as ONGs certificadas pelo Ministério da Justiça. Essas entidades são obrigadas a disponibilizar ao público os dados administrativos e informações contábeis atualizadas. A direção do instituto se negou a informar à revista os valores pagos individualmente pelos doadores, assim como não quis discriminar o tamanho dos aportes financeiros feitos pelas empresas associadas.

A contabilidade disponível no Ministério da Justiça, contudo, revela a pujança da receita da entidade, uma média de 1 milhão de reais nos últimos dois anos. Em três anos de funcionamento auditados pelo governo (2009, 2010 e 2011), o Millenium deu prejuízos em dois deles.

Em 2009, quando foi certificado pelo Ministério da Justiça, o instituto conseguiu arrecadar 595,2 mil reais, 51% dos quais oriundos de doadores pessoas físicas e os demais 49% de recursos vindos de empresas privadas. Havia então quatro funcionários remunerados, embora a direção do Millenium não revele quem sejam, nem muito menos quanto recebem do instituto. Naquele ano, a entidade fechou as contas com prejuízo de 8,9 mil reais.

Em 2010, graças à adesão maciça de empresários e doadores antipetistas em geral, a arrecadação do Millenium praticamente dobrou. A receita no ano eleitoral foi de 1 milhão de reais, dos quais 65% vieram de doações de empresas privadas. O número de funcionários remunerados quase dobrou, de quatro para sete, e as contas fecharam no azul, com superávit de 153,9 mil reais.

Segundo as informações referentes ao exercício de 2011, a arrecadação do Millenium caiu pouco (951,9 mil reais) e se manteve na mesma relação porcentual de doadores (65% de empresas privadas, 35% de doações de pessoas físicas). O problema foi fechar as contas. No ano passado, a entidade amargou um prejuízo de 76,6 mil reais, mixaria para o volume de recursos reunidos em torno dos patrocinadores e mantenedores. Apenas com verbas publicitárias repassadas pelo governo federal, a turma midiática do Millenium faturou no ano passado 112,7 milhões de reais.



Nomes de artistas que colaboraram com a ditadura são revelados em documento

1 de Janeiro de 2013, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Durante a ditadura militar no Brasil, alguns artistas viraram colaboradores do regime – seja por simpatizarem com os governos militares ou por pura covardia – passando informações sobre o que acontecia no meio artístico e participando de atos realizados nos quarteis.

No documento em anexo produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), classificado como informe interno e confidencial, o CIE reclama que alguns veículos intitulados pelos militares de “imprensa marrom” (tal qual O Pasquim) estariam fazendo campanhas contra alguns artistas amigos e colaboradores da ditadura.

O informe difundido para outros órgãos da repressão política sugere que esses artistas “amigos da ditadura” sejam blindados, protegidos.
(Vídeo) Roberto Carlos mostra sua consideração ao ditador chileno Augusto Pinochet


No documento emitido pelo Centro de Informações do Exército são revelados alguns desses “colaboradores”, considerados pelos militares como amigos, aliados do regime. Segundo o documento, certos órgãos de imprensa estariam publicando matérias denegrindo a imagem de determinados artistas que se “uniram à revolução (sic) de 1964 no combate à subversão e outros que estiveram sempre dispostos a uma efetiva colaboração com o governo”.
São citados Wilson Simonal, Roberto Carlos, Agnaldo Timóteo, Clara Nunes, Wanderley Cardoso e Rosemary.
Clique nos links ao lado para ler os documentos. (Link 1 / Link 2)

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO

GABINETE DO MINISTRO

CIE/GB

ENCAMINHAMENTO 71/s-103.2.cie

FUNDO “DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS”, ARQUIVO NACIONAL,

COORDENAÇÃO REGIONAL DO ARQUIVO NACIONAL NO DISTRITO FEDERAL, SÉRIE

“CORRESPONDÊNCIA OFICIAL”, SUBSÉRIE “INFORMAÇÕES SIGILOSAS”, CAIXA ÚNICA

Acervo Arquivo Nacional – COREG
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br 



A polícia da ditadura com a Bíblia na mão

27 de Dezembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Por Luciano Martins Costa

Reportagem no Estado de S. Paulo desta sexta-feira (28/12), com destaque na primeira página, dá ao final de ano cores muito sombrias: diz o jornalão que a polícia paulista mata uma pessoa a cada 16 horas, tendo acumulado até novembro passado um total de cadáveres maior do que a mortandade ocorrida em 2006, quando a principal organização criminosa em ação no estado promoveu uma onda de ataques a policiais, instalações oficiais e ônibus.

A reportagem tem números preocupantes: há seis anos, quando a capital paulista e outras cidades foram paralisadas pelos criminosos, 495 pessoas foram mortas em ações policiais. Neste ano, o número de vítimas chegou a 506 até novembro.


O jornal certamente colheu essa estatística ao preparar a retrospectiva do ano que se encerra.

Só então seus editores parecem ter despertado para um dos aspectos mais graves da onda de violência que, desde o mês de maio, assusta a população do estado mais rico do país.

Embora o próprio Estadão tenha informado, ao longo do semestre, sobre a hipótese de o aumento dos homicídios ter relação com ações de vingança por parte de policiais militares, os indicadores oficiais ainda não haviam sido analisados sob o ângulo exclusivo das mortes causadas por agentes da lei.

A despeito das explicações oficiais, uma verdade assoma por baixo dos números: a polícia prefere matar a tentar resolver conflitos.

A violência também tem outro lado: neste ano, até a última quarta-feira, dia 26/12, nada menos do que 106 policiais haviam sido mortos por criminosos. No ano passado, foram 48, ou seja, menos da metade.

Para melhor comparação, convém também observar que em 2006, quando a organização conhecida como Primeiro Comando da Capital, o PCC, declarou guerra à polícia, 29 policiais militares foram mortos em serviço.

Segundo analisas consultados pelo Estadão, tudo começou em maio deste ano, quando a PM matou seis suspeitos que se reuniam num lava-rápido da zona leste de São Paulo.

Segundo a polícia, eles seriam integrantes do PCC e teriam reagido.

Especialista citado pelo jornal afirma que a reação da organização criminosa foi imediata, ordenando o assassinato de agentes da lei envolvidos no episódio.

As primeiras mortes de policiais foram tratadas burocraticamente e, segundo a reportagem, a omissão das autoridades estimulou o agravamento descontrolado do conflito.

Os indicadores da violência no estado seriam, a partir daí, muito influenciados por uma situação de guerra não declarada: grupos de execução formados por policiais passaram a eliminar criminosos conhecidos e meros suspeitos de ligação com o PCC.

Em retaliação, o PCC ordenou execuções de policiais.

Com a Bíblia na mão

As estatísticas são importantes para esclarecer as dimensões verdadeiras de um problema que afeta diretamente a vida dos cidadãos, e cujas origens o governo do estado procura dissimular.

O Estadão se aproxima da questão o constatar que o volume de mortes está relacionado ao aumento da letalidade nas ações policiais.

No mesmo período em que aumentou significativamente o total de vítimas da polícia, os crimes contra o patrimônio, que normalmente são a causa dos confrontos, mantiveram-se relativamente estáveis.

O que houve, claramente, é que a Polícia Militar ganhou licença para matar.

Quando as autoridades superiores não se posicionam claramente contra a violência policial – ao contrário, o governador de São Paulo fez seguidas declarações justificando mortes de suspeitos – os agentes se consideram liberados para atirar primeiro e depois pedir documentos.

No vácuo da omissão do governante, o “espírito de corpo” da tropa é dirigido por líderes irresponsáveis que estão fora da instituição, como os ex-oficiais da PM que incitam às execuções por meio de blogs na internet.

Jornalistas que conduzem programas populares sobre crimes, na TV e no rádio, também contribuem para o agravamento do estado de barbárie, ao transformar em heróis os policiais mais violentos.

Por trás de tudo reina ainda o padrão de repressão construído ao longo da ditadura militar.

Um ranço de preconceito contra homens pobres e jovens negros e pardos determina a prontidão para apertar o gatilho.

Quando a vítima é um cidadão de classe média, como foi o caso do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, o caso ainda ganha alguma repercussão na imprensa. Ele foi morto a tiros em julho, porque os policiais que o abordaram acharam que estava sacando uma arma. Era um telefone celular.

Quando a vítima é pobre, o caso não merece mais do que uma nota no pé de uma coluna, como no caso do coletor de lixo Antonio Marcos dos Santos, assunto escondido na edição desta sexta-feira do Estadão.

Santos foi morto pelo PM João Samir de Oliveira na cidade de Avaré, porque o policial entendeu que ele ia sacar uma arma.

Mas a vítima apenas tentava pegar sua Bíblia que estava sob a camisa.



Desmatamento aumenta 129% na Amazônia

26 de Dezembro de 2012, 22:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


A desflorestação (desmatamento) na Amazónia brasileira entre agosto e novembro aumentou 129 por cento, comparativamente ao mesmo período de 2011, divulgou esta quarta-feira a organização não-governamental Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon).

Entre agosto e novembro deste ano, meses analisados a partir de dados obtidos com base em imagens de satélite do Governo brasileiro, a desflorestação somou 1.206 quilómetros quadrados, quando no mesmo período de 2011 desapareceram 527 quilómetros quadrados de floresta.

Em novembro deste ano, grande parte da desflorestação, ou 42 por cento dela, ocorreu no estado do Pará, seguido por Rondônia, com 25 por cento, e Amazonas, com 24 por cento.

Da perda de floresta resulta um total de 60 milhões de toneladas de gases que causam o efeito-estufa.

O investigador da ONG responsável pelo trabalho, citado pela agência Efe, afirmou que uma das causas recorrentes do aumento da desflorestação é a atividade agropecuária.

Nalgumas áreas, contudo, a perda da vegetação intensificou-se devido às grandes obras públicas, como as barragens hidrelétricas que estão a ser construídas na Amazónia, segundo a ONG.

Os dados, segundo a Imazon, podem ter sido comprometidos pela cobertura de nuvens que afetava metade da área da Amazónia Legal (área da Bacia Amazónica, que engloba nove estados brasileiros) em novembro de 2012, o que dificultou a obtenção das imagens por satélite.

No início de dezembro, o cacique Raoni, um dos mais conhecidos líderes indígenas do Brasil, lançou um apelo, em Estrasburgo, para a que Europa intervenha contra a polémica Barragem de Belo Monte, que está a ser construída na Amazónia.

“Gostaria de pedir a vocês, europeus, que falem deste problema com o Governo brasileiro, que lhes passem a mensagem para que nos respeitem como povo indígena”, disse Raoni no Parlamento Europeu. As autoridades brasileiras “querem as nossas terras, querem nos destruir e estou muito preocupado com o nosso povo”.

A Barragem de Belo Monte, no rio Xingu, que será o terceiro maior projeto hidroelétrico do mundo, depois das barragens das Três Gargantas (China) e Itaipu (Brasil/Paraguai), tem sido alvo de grande contestação, pelo seu impacto no ambiente e nas populações.

(Publicado em Esquerda.Net)