Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir.
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Quem matou Aaron Swartz, ativista da internet?
15 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda
A depressão e a perseguição vingativa a um dos grandes herois do novo mundo digital
Aaron Swartz, o programador de computadores e ativista pela liberdade na Internet, cometeu suicídio na sexta-feira, em Nova York, com a idade de 26 anos. Como atestam as lembranças comoventes de seus amigos, como Cory Doctorow e Larry Lessig, ele foi, sem dúvida, brilhante, mas também – como a maioria de nós – um ser humano complexo, atormentado por demônios e falhas. Por muitas razões, eu não acredito em limpar a vida de uma pessoa ou beatificá-la quando morre. Mas, para mim, muito da vida tragicamente curta de Swartz encheu-se de atos que são genuinamente heroicos. Eu acho que isso é o que realmente vale a pena pensar a respeito.
Aos 14, Swartz desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do software RSS, que ainda é amplamente usado para habilitar as pessoas a gerir o que lêem na net. Quando adolescente, ele também desempenhou um papel vital na criação do Reddit, o popular site de notícias e rede social. Quando a editora Condé Nast comprou o Reddit, Swartz recebeu uma soma substancial de dinheiro muito jovem. Ele se tornou uma espécie de lenda no mundo da Internet antes de completar 18 anos. Seu caminho para o status de magnata era claro, fácil e praticamente garantido: um caminho que tantos outros jovens empresários da internet têm trilhado irresistivelmente, dedicando-se de forma maníaca a ganhar muito mais dinheiro do que terão tempo para gastar.
Mas sim, obviamente, Swartz tinha pouco interesse em dedicar sua vida ao próprio enriquecimento material, apesar do quão fácil isso teria sido para ele. Como Lessig escreveu: “Aaron não tinha feito nada em sua vida para ganhar dinheiro para ele mesmo; …Aaron sempre trabalhou para (pelo menos na sua concepção) o bem público.”
Especificamente, ele se comprometeu com as causas em que acreditava apaixonadamente: a liberdade na Internet e as liberdades civis, tornando a informação e o conhecimento disponíveis. Lá estava ele discursando em maio de 2012 na conferência para discutir o papel da SOPA, a legislação da indústria de cinema que teria investido o governo com poderes de censura perigosos na internet. (Veja sua explicação de como derrotou a Sopa no vídeo abaixo)
Ele repetidamente sacrificou seus próprios interesses, mesmo sua liberdade, a fim de defender esses valores e desafiar e subverter as facções mais poderosas dos seus inimigos. Isso é o que faz com que ele, na minha opinião, seja um herói.
Em 2008, Swartz adotou como alvo o Pacer, o serviço online que fornece acesso a documentos jurídicos cobrando uma taxa por página. O que irritou Swartz e outros foi que as pessoas eram obrigadas a pagar para ter acesso a documentos judiciais criados com dinheiro público. Junto com um amigo, ele criou um programa para fazer o download de milhões desses documentos e, em seguida, como Doctorow escreveu, “gastou uma pequena fortuna para colocar em domínio público uma quantidade titânica de dados.” Por esse ato de desobediência civil, foi investigado e perseguido pelo FBI, mas nunca indiciado.
Mas, em julho de 2011, Swartz foi preso por supostamente atacar a JSTOR, a editora online que digitaliza e distribui artigos acadêmicos e depois vende-os, muitas vezes a um preço elevado, para assinantes. Como Maria Bustillos contou, o dinheiro não vai para os escritores (geralmente professores) – eles geralmente não são pagos para escrever -, mas para as editoras.
Este sistema irritou Swartz (e muitos outros ativistas) por duas razões: cobrava altas taxas de acesso a estes artigos, mas não reembolsava autores, e, pior, impedia que um grande número de pessoas tivesse acesso à produção de faculdades e universidades americanas. A acusação apresentada contra Swartz alegou que ele usou o seu acesso como ex-aluno de Harvard para entrar no sistema da JSTOR e baixar milhões de artigos com a intenção de distribuí-los online gratuitamente. Quando ele foi detectado e seu acesso foi cortado, a acusação alega que ele então usou uma conexão de um computador do MIT para baixar os dados diretamente em seu laptop.
Swartz nunca distribuiu qualquer um destes artigos baixados. Ele nunca teve a intenção de lucrar um único centavo de qualquer coisa que fez. Ele tinha todo o direito de baixar os artigos como um usuário autorizado da JSTOR. Uma vez preso, devolveu as cópias de tudo o que baixou e prometeu não usá-las. A JSTOR disse aos promotores federais que não tinha qualquer intenção processá-lo, embora o MIT permanecesse ambíguo sobre suas intenções.
Mas os promotores federais ignoraram os desejos das supostas “vítimas”. Liderado por um procurador de Boston, notório por seus processos com excesso de zelo, o Departamento de Justiça o indiciou por crimes diversos, com pena total de várias décadas de prisão e 1 milhão de dólares em multas.
O julgamento destas acusações criminais estava previsto para começar em dois meses. Ele se recusou terminantemente a se declarar culpado de um crime porque não queria passar o resto de sua vida como um criminoso condenado, com todo o estigma que isso implica.
Dizer que o tratamento que Swartz teve foi excessivo e vingativo é um eufemismo extremo. Timothy Lee escreveu o artigo definitivo em 2011 explicando por que, mesmo que todas as alegações fossem verdadeiras, o único crime verdadeiro cometido por Swartz daria, no máximo, 30 dias de prisão e 100 dólares de multa. “Isso parece correto: se ele deveria cumprir pena de prisão, ela deveria ser medida em dias, em vez de anos”.

Discursando contra as leis de regulação da internet
Ninguém sabe ao certo por que os promotores federais decidiram perseguir Swartz de maneira tão vingativa, como se ele tivesse cometido algum tipo de crime grave que merecia muitos anos na prisão e a ruína financeira. Alguns teorizam que o Departamento de Justiça odiava seu ativismo e sua desobediência civil. Eu acredito que tem mais a ver com o que eu disse a Noam Cohen, do New York Times, num artigo sobre o caso Swartz. O ativismo dele, argumentei, foi empreendido como parte de uma das batalhas mais vigorosamente contestadas – ou seja, a guerra sobre como a Internet é utilizada e quem controla a informação que circula. Seu verdadeiro crime, aos olhos do governo, era desafiar as autoridades e as facções corporativas que mantêm domínio sobre a informação.
Isso é uma parte importante de por que eu o considero heróico. Ele não queria apenas se sacrificar por uma causa. Era uma causa de suprema importância para as pessoas de todo o mundo – a liberdade na internet – e ele o fez conscientemente para confrontar o Estado mais poderoso e as facções corporativas, porque concluiu que era a única maneira de alcançar esses fins.
O suicídio é um fenômeno incrivelmente complicado. Eu não conhecia Swartz o suficiente para formar uma opinião sobre o que o levou a fazer isso. Eu tinha um punhado de trocas de emails em que nós dissemos coisas agradáveis sobre o trabalho um do outro e eu realmente o admirava. Tenho certeza de que até mesmo seus amigos mais íntimos e familiares estão lutando para entender exatamente o que o levou a tirar a própria vida.
Mas, apesar de seus escritos públicos e muito tristes sobre sua luta contra a depressão, é provável que um julgamento criminal que podia mandá-lo para a prisão por décadas desempenhou algum papel nisso. Essa perseguição do Departamento de Justiça é uma afronta e uma ofensa a todas as coisas decentes. Swartz foi destruído por uma “justiça” que protege totalmente os criminosos mais notórios, desde que sejam úteis para os mais poderosos do país, mas pune com inclemência incomparável aqueles que não têm poder e, acima de tudo, aqueles que desafiam o poder.
Swartz sabia de tudo isso. Mas ele seguiu em frente de qualquer maneira. Ele poderia facilmente ter optado por uma vida de grande riqueza pessoal, status, prestígio e conforto. Ele escolheu lutar – desinteressadamente, com convicção e propósito, e com grande risco para si próprio – por causas nobres pelas quais foi apaixonadamente dedicado. Isso, para mim, não é um exemplo de heroísmo, é sua mais pura expressão. É o atributo de que nosso país mais sente falta.
Eu sempre achei realmente inspirador Swartz exalar essa coragem e compromisso tão jovem. Mas sua morte também vai reforçar os efeitos inspiradores de refletir e compreender os atos extraordinários que ele promoveu em sua curta vida.
Sete razões para detestar o McDonald’s
10 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda![]() |
Cena do filme Dark Shadows, de Tim Burton |
Essa é para quem acha que levar os filhos ao McDonald’s é uma diversão inocente. Sorry por quem aprecia, mas em minha opinião pessoas de esquerda não deveriam frequentar o McDonald’s. Muito menos levar crianças para consumir aquele lixo. Mas cada um cada qual…
***
Os sete piores fatos sobre o McDonald’s
Por Lauren Kelley, do site AlterNet
1. Quer que os empregados trabalhem em feriados sem pagar hora extra.
O McDonald’s possui uma longa história de práticas trabalhistas nefastas, mas esta é especialmente avarenta: a empresa mantém suas franquias abertas no Dia de Ação de Graças (feriado nos EUA) e no Natal. Pior: os empregados que trabalham nestes dias não recebem hora extra. De acordo com um porta-voz da empresa, “quando nossas lojas ficam abertas em feriados, a equipe voluntariamente se oferece para trabalhar. Não há pagamento extra”. Mark E. Anderson do Daily Kos fez alguns cálculos e descobriu que o McDonald’s faturou 36 milhões de dólares extras por permanecer aberto no Dia de Ação de Graças. Anderson lembra que “já é ruim o suficiente que o McDonald’s pague péssimos salários, mas eles vão além e conseguem não pagar extras para funcionários que abrem mão de suas folgas para que a empresa ganhe milhões de dólares”. Uau.
(No Brasil, não são poucas as denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, também por exploração e falta de pagamento de horas extras. Em julho, o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco autuou a empresa em 30 milhões de reais por jornada ilegal, que eles chamam de “jornada móvel variável”. Este site reúne vídeos e documentos com mais denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, inclusive depoimentos de funcionários: “um cardápio de escândalos – como uma multinacional aprisiona jovens a um esquema de trabalho ilegal e exploratório”.)
2. Os empregados não são bem pagos em geral.
Não receber hora extra por trabalhar em feriados já é péssimo, mas ganhar mal durante o ano todo é uma realidade para os trabalhadores do McDonald’s. Como Sarah Jaffe escreveu no Atlantic recentemente, “o termo McJob virou sinônimo de tudo que é errado nos empregos mal pagos do setor de serviços da economia americana”, porque, “não importa o trabalho que você tenha, será melhor do que trabalhar num restaurante de comida fast-food”. E, claro, o McDonald’s é a maior rede de fast-food existente.
Este fato resume o problema: um empregado comum do McDonald’s teria que trabalhar um milhão de horas –ou mais do que um século– para ganhar o mesmo que um CEO da empresa recebe em um ano (8,75 milhões de dólares). A boa notícia é que os trabalhadores do ramo de fast-food, inclusive empregados do McDonald’s, recentemente começaram a se organizar para reivindicar melhor tratamento e melhores salários.
3. Seu marketing voltado às crianças é “assustador e predatório”
Dois anos atrás o grupo Center for Science in The Public Interest anunciou a intenção de processar o McDonald’s por seu “assustador e predatório” marketing voltado ao público infantil. Em sua carta, o CSPI comparou o McDonald’s “àquele estranho no parquinho que oferece balinhas para as crianças” e disse que a empresa usa “marketing injusto e enganoso” para “atrair crianças pequenas”.
“O ambíguo enfoque do marketing direcionado a crianças pelo McDonald’s pode ser visto em um recente press-release que diz que a promoção da empresa baseada no filme Shrek “irá encorajar as crianças a ‘deshrekizar’ seu McLanche Feliz ao redor do mundo com opções de menu como frutas, vegetais, leite e sucos naturais”. Na realidade, entretanto, o ponto principal da promoção Shrek é conseguir atrair crianças ao McDonald’s, onde elas acabarão escolhendo as opções menos saudáveis e comendo refeições calóricas.”
Não é a primeira vez que o McDonald’s fica sob fogo cerrado pelo uso de brinquedos do McLanche Feliz para atrair crianças como consumidores, e, como a empresa é o distribuidor de brinquedos número um do mundo, certamente não será a última.
(No Brasil, o instituto Alana vem lutando para proibir o McDonald’s de distribuir brinquedos junto com o McLanche Feliz. Um projeto proibindo a associação entre brinquedos e sanduíches já foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado.)
4. Tem uma salada mais gordurosa do que um hambúrguer com fritas e a granola menos saudável do planeta.
O McDonald’s lançou uma salada Caesar mais gordurosa que um hambúrguer com fritas. O Daily Mail noticiou que, “com os temperos e os croutons, a salada contém 425 calorias e 21,4g de gordura, comparada com as 253 calorias e 7,7g de gordura de um hamburguer comum”. Adicionando uma porção de fritas a seu hambúrguer, as calorias somam 459 –ainda assim com menos gordura do que a salada (16,7g). Impressionante.
Mais recentemente, a granola (que vem junto com o iogurte) –outra opção “saudável” do menu– foi criticada por não ser nada boa para você. Mark Bittman escreveu no New York Times que a granola da empresa não é nada além de “junk food cara” (você pode fazer granola realmente saudável em casa com pouquíssimo dinheiro). Ele continua: “uma descrição mais acurada do que ’100% cereal integral natural’, ‘passas macias’, ‘doces cranberries’ e ‘maçãs frescas crocantes’ poderia ser ‘aveia, açúcar, frutas secas açucaradas, creme e 11 estranhos ingredientes que você nunca teria em sua cozinha’.”
5. Os hambúrgueres não se decompõem.
Quem pode esquecer que há um par de anos uma mulher deixou sobre a mesa por seis meses um hambúrguer e fritas do McDonald’s apenas para descobrir que o lanche não se decompõe?
Aqui o lanche no primeiro dia:

E aqui no dia 171:

Se você acha que é lenda, um pesquisador descobriu que os hambúrgueres do McDonald’s de fato podem estragar sob certas circunstâncias, mas em geral eles não se decompõem por si próprios. Segundo ele, “o hambúrguer não estraga porque seu pequeno tamanho e superfície relativamente grande ajudam a perder umidade. Sem umidade, não há mofo ou crescimento de bactérias”. Basicamente, o hambúrguer vira carne seca antes de se decompor. Ou seja, não é uma questão de químicas nojentas no hambúrguer que o mantêm intacto, mas ainda assim é uma gororoba.
6. O McDonald’s usou “gosma rosa” por anos.
Há pouco tempo vimos e ficamos horrorizados com esta imagem:

Trata-se de “pink slime” (“gosma rosa”), uma substância derivada de partes mecanicamente separadas de frango que durante anos foi utilizada para fazer os nuggets do McDonald’s, pelo menos nos EUA; no Reino Unido, a substância é considerada ilegal para consumo humano. (Recentemente, graças a ativistas, a ‘gosma rosa’ foi banida do lanche ESCOLAR nos EUA. Escrevi sobre isso no blog.)
A boa notícia é que, uma vez que a imagem começou a circular, o McDonald’s foi forçado a descontinuar o uso da gosma rosa. (A empresa garante que a indignação pública não teve nada a ver com a decisão.)
7. O McDonald’s está em toda parte.
Você pode tentar o que for, mas não escapará do McDonald’s. Nos EUA, o único lugar onde você pode estar a 100 milhas de um McDonald’s é um deserto na fronteira entre o Oregon e Nevada.

Aqui, um mapa da presença do McDonald’s no mundo. Na Bolívia faliu.

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Os sete piores fatos sobre o McDonald’s
Por Lauren Kelley, do site AlterNet
1. Quer que os empregados trabalhem em feriados sem pagar hora extra.
O McDonald’s possui uma longa história de práticas trabalhistas nefastas, mas esta é especialmente avarenta: a empresa mantém suas franquias abertas no Dia de Ação de Graças (feriado nos EUA) e no Natal. Pior: os empregados que trabalham nestes dias não recebem hora extra. De acordo com um porta-voz da empresa, “quando nossas lojas ficam abertas em feriados, a equipe voluntariamente se oferece para trabalhar. Não há pagamento extra”. Mark E. Anderson do Daily Kos fez alguns cálculos e descobriu que o McDonald’s faturou 36 milhões de dólares extras por permanecer aberto no Dia de Ação de Graças. Anderson lembra que “já é ruim o suficiente que o McDonald’s pague péssimos salários, mas eles vão além e conseguem não pagar extras para funcionários que abrem mão de suas folgas para que a empresa ganhe milhões de dólares”. Uau.
(No Brasil, não são poucas as denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, também por exploração e falta de pagamento de horas extras. Em julho, o Ministério Público do Trabalho em Pernambuco autuou a empresa em 30 milhões de reais por jornada ilegal, que eles chamam de “jornada móvel variável”. Este site reúne vídeos e documentos com mais denúncias trabalhistas contra o McDonald’s, inclusive depoimentos de funcionários: “um cardápio de escândalos – como uma multinacional aprisiona jovens a um esquema de trabalho ilegal e exploratório”.)
2. Os empregados não são bem pagos em geral.
Não receber hora extra por trabalhar em feriados já é péssimo, mas ganhar mal durante o ano todo é uma realidade para os trabalhadores do McDonald’s. Como Sarah Jaffe escreveu no Atlantic recentemente, “o termo McJob virou sinônimo de tudo que é errado nos empregos mal pagos do setor de serviços da economia americana”, porque, “não importa o trabalho que você tenha, será melhor do que trabalhar num restaurante de comida fast-food”. E, claro, o McDonald’s é a maior rede de fast-food existente.
Este fato resume o problema: um empregado comum do McDonald’s teria que trabalhar um milhão de horas –ou mais do que um século– para ganhar o mesmo que um CEO da empresa recebe em um ano (8,75 milhões de dólares). A boa notícia é que os trabalhadores do ramo de fast-food, inclusive empregados do McDonald’s, recentemente começaram a se organizar para reivindicar melhor tratamento e melhores salários.
3. Seu marketing voltado às crianças é “assustador e predatório”
Dois anos atrás o grupo Center for Science in The Public Interest anunciou a intenção de processar o McDonald’s por seu “assustador e predatório” marketing voltado ao público infantil. Em sua carta, o CSPI comparou o McDonald’s “àquele estranho no parquinho que oferece balinhas para as crianças” e disse que a empresa usa “marketing injusto e enganoso” para “atrair crianças pequenas”.
“O ambíguo enfoque do marketing direcionado a crianças pelo McDonald’s pode ser visto em um recente press-release que diz que a promoção da empresa baseada no filme Shrek “irá encorajar as crianças a ‘deshrekizar’ seu McLanche Feliz ao redor do mundo com opções de menu como frutas, vegetais, leite e sucos naturais”. Na realidade, entretanto, o ponto principal da promoção Shrek é conseguir atrair crianças ao McDonald’s, onde elas acabarão escolhendo as opções menos saudáveis e comendo refeições calóricas.”
Não é a primeira vez que o McDonald’s fica sob fogo cerrado pelo uso de brinquedos do McLanche Feliz para atrair crianças como consumidores, e, como a empresa é o distribuidor de brinquedos número um do mundo, certamente não será a última.
(No Brasil, o instituto Alana vem lutando para proibir o McDonald’s de distribuir brinquedos junto com o McLanche Feliz. Um projeto proibindo a associação entre brinquedos e sanduíches já foi aprovado pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado.)
4. Tem uma salada mais gordurosa do que um hambúrguer com fritas e a granola menos saudável do planeta.
O McDonald’s lançou uma salada Caesar mais gordurosa que um hambúrguer com fritas. O Daily Mail noticiou que, “com os temperos e os croutons, a salada contém 425 calorias e 21,4g de gordura, comparada com as 253 calorias e 7,7g de gordura de um hamburguer comum”. Adicionando uma porção de fritas a seu hambúrguer, as calorias somam 459 –ainda assim com menos gordura do que a salada (16,7g). Impressionante.
Mais recentemente, a granola (que vem junto com o iogurte) –outra opção “saudável” do menu– foi criticada por não ser nada boa para você. Mark Bittman escreveu no New York Times que a granola da empresa não é nada além de “junk food cara” (você pode fazer granola realmente saudável em casa com pouquíssimo dinheiro). Ele continua: “uma descrição mais acurada do que ’100% cereal integral natural’, ‘passas macias’, ‘doces cranberries’ e ‘maçãs frescas crocantes’ poderia ser ‘aveia, açúcar, frutas secas açucaradas, creme e 11 estranhos ingredientes que você nunca teria em sua cozinha’.”
5. Os hambúrgueres não se decompõem.
Quem pode esquecer que há um par de anos uma mulher deixou sobre a mesa por seis meses um hambúrguer e fritas do McDonald’s apenas para descobrir que o lanche não se decompõe?
Aqui o lanche no primeiro dia:

E aqui no dia 171:

Se você acha que é lenda, um pesquisador descobriu que os hambúrgueres do McDonald’s de fato podem estragar sob certas circunstâncias, mas em geral eles não se decompõem por si próprios. Segundo ele, “o hambúrguer não estraga porque seu pequeno tamanho e superfície relativamente grande ajudam a perder umidade. Sem umidade, não há mofo ou crescimento de bactérias”. Basicamente, o hambúrguer vira carne seca antes de se decompor. Ou seja, não é uma questão de químicas nojentas no hambúrguer que o mantêm intacto, mas ainda assim é uma gororoba.
6. O McDonald’s usou “gosma rosa” por anos.
Há pouco tempo vimos e ficamos horrorizados com esta imagem:

Trata-se de “pink slime” (“gosma rosa”), uma substância derivada de partes mecanicamente separadas de frango que durante anos foi utilizada para fazer os nuggets do McDonald’s, pelo menos nos EUA; no Reino Unido, a substância é considerada ilegal para consumo humano. (Recentemente, graças a ativistas, a ‘gosma rosa’ foi banida do lanche ESCOLAR nos EUA. Escrevi sobre isso no blog.)
A boa notícia é que, uma vez que a imagem começou a circular, o McDonald’s foi forçado a descontinuar o uso da gosma rosa. (A empresa garante que a indignação pública não teve nada a ver com a decisão.)
7. O McDonald’s está em toda parte.
Você pode tentar o que for, mas não escapará do McDonald’s. Nos EUA, o único lugar onde você pode estar a 100 milhas de um McDonald’s é um deserto na fronteira entre o Oregon e Nevada.

Aqui, um mapa da presença do McDonald’s no mundo. Na Bolívia faliu.

O suicídio da imprensa brasileira
10 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda A imprensa brasileira está sob risco de desaparição e, de imediato, da sua redução à intranscendência, como caminho para sua desaparição.Mas, ao contrário do que ela costuma afirmar, os riscos não vem de fora – de governos “autoritários” e/ou da concorrência da internet. Este segundo aspecto concorre para sua decadência, mas a razão fundamental é o desprestígio da imprensa, pelos caminhos que ela foi tomando nas ultimas décadas.
No caso do Brasil, depois de ter pregado o golpe militar e apoiado a ditadura, a imprensa desembocou na campanha por Collor e no apoio a seu governo, até que foi levada a aderir ao movimento popular de sua derrubada.
O partido da imprensa – como ela mesma se definiu na boca de uma executiva da FSP – encontrou em FHC o dirigente politico que casava com os valores da mídia: supostamente preparado pela sua formação – reforçando a ideia de que o governo deve ser exercido pela elite -, assumiu no Brasil o programa neoliberal que já se propagava na América Latina e no mundo.
Venderam esse pacote importado, da centralidade do mercado, como a “modernização”, contra o supostamente superado papel do Estado. Era a chegada por aqui do “modo de vida norteamericano”, que nos chegaria sob os efeitos do “choque de capitalismo”, que o país necessitaria.
O governo FHC, que viria para instaurar uma nova era no país, fracassou e foi derrotado, sem pena, nem glória, abrindo caminho para o que a velha imprensa mais temia: um governo popular, dirigido por um ex-líder sindical, em nome da esquerda.
A partir desse momento se produziu o desencontro mais profundo entre a velha imprensa e o país real. Tiveram esperança no fracasso do Lula, via suposta incapacidade para governar, se lançaram a um ataque frontal em 2005, quando viram que o governo se afirmava, e finalmente tiveram que se render ao sucesso de Lula, sua reeleição, a eleição de Dilma e, resignadamente, aceitar a reeleição desta.
Ao invés de tentar entender as razoes desse novo fenômeno, que mudou a face social do pais, o rejeitou, primeiro como se fosse falso, depois como se se assentasse na ação indevida e corruptora do Estado. A velha mídia se associou diretamente com o bloco tucano-demista até que, se dando conta, angustiada, da fragilidade desse bloco, assumiu diretamente o papel de partido opositor, de que aqueles partidos passaram a ser agregados.
A velha mídia brasileira passou a trilhar o caminho do seu suicídio. Decidiu não apenas não entender as transformações que o Brasil passou a viver, como se opor a elas de maneira frontal, movida por um instinto de classe que a identificou com o de mais retrogrado o pais tem: racismo, discriminação, calunia, elitismo.
Não há mais nenhuma diferença entre as posições da mídia – a mesma nos principais órgãos – e os partidos opositores. A mídia fez campanha aberta para os candidatos à presidência do bloco tucano-demista e faz oposição cerrada, cotidiana, sistemática, aos governos do Lula e da Dilma.
Tem sido a condutora das campanhas de denúncia de supostos casos de corrupção, tem como pauta diária a suposta ineficiência do Estado – como os dois eixos da campanha partidária da mídia.
Certamente a internet é um fator que acelera a crise terminal da velha mídia. Sua lentidão, o fato de que os jovens não leem mais a imprensa escrita, favorece essa decadência.
Mas a razão principal é o suicídio politico da velha mídia, tornando-se a liderança opositora no pais, editorializando suas publicações do começo ao final, sendo totalmente antidemocráticas na falta de pluralismo sequer nas paginas de opinião, assumindo um tom golpista histórico na direita brasileira.
Caminha assim inexoravelmente para sua intranscendência definitiva. Faz campanha, em coro, contra o governo da Dilma e contra o Lula, mas estes tem apoio próximo aos 80%, enquanto irrisórias cifras expressam os setores que assimilam as posições da mídia.
Uma pena, porque a imprensa chegou a ter, em certos momentos, papel democrático, com certo grau de pluralidade na história do pais. Agora, reduzida a um simulacro de “imprensa livre”, ancorada no monopólio de algumas famílias decadentes, caminha para seu final como imprensa, sob o impacto da falta de credibilidade total. Uma morte anunciada e merecida.
Escrito por Emir Sader
O som ao redor ou o som que amedronta a classe média
7 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários aindaEntra finalmente em cartaz o filme brasileiro mais incensado dos últimos anos, O som ao redor. Premiado em festivais no Brasil e no exterior, elogiado unanimemente pela crítica, o longa de Kleber Mendonça Filho entrou nas listas de melhores do ano do New York Times e da Film Comment, entre outras publicações de prestígio.
Todo esse auê se justifica. É um filme que, como poucos, radiografa sua época sem perder de vista o processo histórico de longa duração em que ela se insere. Não se perde nas aparências do presente, não fetichiza o novo, mas, pelo contrário, revela a presença do arcaico no moderno, a reiteração sob novas formas de um modelo civilizatório ao mesmo tempo perverso e fascinante – tudo isso sob a aparência de uma prosaica crônica urbana ambientada num bairro recifense de classe média.
Escrevi há alguns meses sobre o filme e não quero me repetir. Só acrescento um dado que àquela altura eu desconhecia e que pode ajudar a enriquecer a leitura do filme. Na crítica, eu qualificava de estranhas e misteriosas as aparições fugazes de um garoto negro – num telhado, numa casa vazia, no alto de um árvore. Depois fiquei sabendo que se tratava de alusões ao “menino-aranha” que povoou a crônica policial de Recife na década de 90: o garoto Tiago João da Silva, que desde os nove anos de idade escalava com as próprias mãos prédios residenciais da cidade para assaltar apartamentos. Tiago foi detido e fugiu várias vezes, até ser morto a tiros aos 17 anos, em 2005.
Saci atualizado
O curioso é que no início de 2012, quando O som ao redor já estava pronto, surgiu em Recife outro garoto com as mesmas características, o que levou a imprensa a rememorar o caso. No contexto do filme de Kleber Mendonça, esse fait divers de página policial ganha um sentido histórico-social poderoso: o medo da classe média e das elites brancas diante da ameaça difusa de invasão do “seu” espaço pelos pretos e pobres. É, de certo modo, uma atualização urbana da lenda do traiçoeiro e imprevisível saci-pererê.
A reforçar o viés político dessa fabulação, numa cena do filme uma menina de classe média levanta de sua cama no meio da noite, vai até a janela e vê uma horda de meninos-aranha se espalhando pelos telhados e árvores do bairro. Não sabemos se é uma visão, um sonho ou uma imagem “real” – o fato é que poucas cenas sintetizam de forma tão eficiente o momento que vivemos, de ascensão dos que não tinham nada e de apreensão dos que têm alguma coisa em face ao que pode acontecer.
Duas últimas observações sobre O som ao redor: apesar de seu inegável valor cultural, ele está entrando em relativamente poucas salas pelo Brasil afora. No Rio, por exemplo, entra em quatro cinemas, enquanto De pernas pro ar 2 está em mais de cinquenta. Sinal dos tempos. Além disso, outro perigo ronda o filme: o das falsas expectativas. Depois de tanto aplauso e elogio, muitos espectadores talvez entrem no cinema esperando ver algo espetaculoso (como foram Cidade de Deus e Tropa de elite, por exemplo). E a qualidade maior de O som ao redor é, justamente, a sutileza, o subtom, a entrelinha.
Janeiro histórico
A acreditar nos cronogramas das distribuidoras, este será o melhor mês de lançamentos nos nossos cinemas em muitos anos, talvez décadas. Estão previstos, entre outros, os seguintes títulos: Django livre (Quentin Tarantino), Amour (Michael Haneke), Além das montanhas (Cristian Mungiu), César deve morrer (Paolo e Vittorio Taviani), Lincoln (Steven Spielberg), O mestre (Paul Thomas Anderson), A hora mais escura (Kathryn Bigelow), Killer Joe (William Friedkin), Querida, vou comprar cigarros e já volto (Gastón Duprat e Mariano Cohn) e País do desejo (Paulo Caldas). Bom proveito.
-
*José Gerado Couto é crítico de cinema e tradutor. Publica suas criticas no blog do IMS.
Ano novo, PIG Velho
7 de Janeiro de 2013, 22:00 - sem comentários ainda
Publico abaixo um excelente texto de Bepe Damasco, sobre o PIG e o nosso governo. Boa leitura:
Faria muito bem à nossa incipente democracia se a presidenta recuperasse o que disse o ex-ministro Franklin Martins sobre o anteprojeto que preparou :"Não existe nada no anteprojeto que não esteja previsto na Constituição. O marco regulatório é nada além nem aquém do que diz a Constituição." E mais : segundo Franklin, o processo de convergências das mídias é uma realidade e mais cedo ou mais tarde o governo terá de tratar dele. Caso contrário, o mercado o fará. "E quando o mercado decide, prevalece a lei do mais forte. O setor de telefonia fatura 13 vezes mais que o de radiodifusão. Quanto mais tempo levar para regular, maior é a força deles de se impor nessa discussão."
E é justamente por ter mandado seu minstro das Comunicações, Paulo Bernardo, engavetar o trabalho do Franklin que Dilma é obrigada a assistir, com pouca margem para reação, à tentativa desesperada da direita midiática de emparedá-la. E como o STF está em recesso, os canhões agora estão apontados para a economia. A estratégia, comum a Veja, Folha, Globo e Estadão, é tão simples quanto calhorda : ignorar que o índice de desemprego é o menor da história, que existe uma gravíssima crise internacional, que as medidas contracíclicas do governo para enfrentar essa crise mantiveram milhões de postos de trabalho e vão fazer o país voltar a crescer de forma vigorosa em 2013, que 16 milhões de brasileiros deixaram a miséria absoluta no governo Dilma, que o Brasil tem 370 bilhões de dólares de reservas, que a inflação está sob controle, que os juros foram reduzidos aos patamares mais baixos que se têm notícia, que o governo enfrentou a sabotagem das empresas de energia controladas pelos governos tucanos e vai reduzir a energia em 20% já a partir do próximo mês.
Reparem que a cada dia, no afã de torcer contra o país por interesses partidários, a mídia tem menos escrúpulos para definir sua pauta. Não custa lembrar o bombardeio da passagem do ano :
"Brasil pode ter que racionar energia" - Comemorando o baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras devido à estiagem, o monopólio midiático, inconformado com a queda no preços das tarifas de energia que se aproxima, passou a prever um cenário catastrófico com aumento de tarifas e racionamento. Destaque absoluto para a cara de pau de uma reportagem da "rádio que troca notícia", que se fartou de ouvir "especialistas" do setor, mas não se deu ao trabalho de entrevistar um só integrante do governo. Jornalismo de esgoto na veia.
Contrariados porque a presidenta Dilma disse na lata deles que chega a ser "ridículo" prever racionamento de energia, o PIG partiu para o ataque. Não adianta explicar que os investimentos em geração e distribuição foram e estão sendo feitos em níveis adequados e que as termelétricas seguram o tranco na hora da emergência. Campeã das previsões furadas, a mídia deve ter se sentido afogada pelas chuvas que voltaram a cair na última semana.
"Governo faz maquiagem para fechar contas"- O mundo caiu. A credibilidade fiscal do país foi à breca. A estabilidade conquistada a duras penas nos últimos 20 anos (malabarismo para incluir os anos FHC) virou pó. O governo praticou estelionado fiscal.
Esse festival de imbecilidades tomou conta dos jornalões nos últimos dias. A realidade é bem outra. Tudo que a equipe econômica fez, rigorosamente dentro da lei, foi descontar o valor dos investimentos feitos no PAC das contas do superávit primário e capitalizar as estatais e bancos públicos com títulos públicos e não com aporte direto de recursos. Deve ser duro para um sujeito íntegro, sério e competente como o ministro Mantega dar de cara no jornal dos Marinho com a "urubóloga" Miriam Leitão acusando-o de ter patrocinado um estelionado fiscal. Se esse governo não fosse tão leniente com os serviçais do PIG, seria o caso de uma dura resposta pública.
"Fantástico mostra o desperdício em obras públicas" - Pinçando problemas em algumas obras públicas, a reportagem do Fantástico deste domingo parece feita sob medida para figurar num programa eleitoral do PSDB. A matéria faz um esforço enorme para dar a impressão que o Brasil é um grande canteiro de obras abandonadas, sempre na linha demagógica do tipo "quem paga a conta é você". Problemas existem em obras de infraestrutura no Brasil, Argentina, Espanha, EUA, Rússia, França, Itália, Reino Unido, em qualquer parte do mundo.
Para Ali Kamel, que vai transformando o Fantástico num grande panfletão dominical contra o governo, não há nemhum mérito nas obras do PAC. Já o ambicioso e elogiado programa de investimentos em enfraestrutura anunciado pelo Planalto, com investimentos de mais 130 bi em rodovias, ferrovais, portos e aeroportos sequer é citado na matéria.
O mais ridículo e patético, no entanto, foi guardado para o final, no qual uma "consternada" repórter entrevista, sob luz de lamparina, uma senhora dos grotões do Brasil em cuja residência a luz elétrica ainda não chegou. Estimulando essa brasileira humilde a lamentar não poder assistir às novelas da Globo, a jornalista sonegou a informação essencial quando o assunto é energia elétrica no Brasil : o Programa Luz para Todos, do governo federal, promoveu uma verdadeira revolução no campo, levando em 10 anos mais luz aos lares brasileiros do que nas últimas três décadas somadas. Constrangida por não ter dado espaço para ninguém do governo, a apresentadora do Fantástico fechou o simulacro de matéria jornalística informando que a produção do programa tentou, em vão, falar com o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, por duas semanas consecutivas.
Pudera, o ministro está de licença médica desde novembro. Será que o Fantástico não sabe? Incompetência e má-fé têm limites.