Ir para o conteúdo
ou

Thin logo

Tela cheia
 Feed RSS

Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Vale a pena comprar internet 4G?

29 de Abril de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Vale a pena comprar internet 4G? Novo Samsung Galaxy S4, lançado na semana passada pelo empresa sul-coreana. Os melhores smartphones do mercado estão disponíveis no Brasil, mas a qualidade da internet é muito ruim. Foto: Greg Wood / AFP

Nesta última semana, as operadoras de telefonia móvel iniciaram em algumas cidades do Brasil – aquelas onde ocorrerão jogos da Copa de futebol de 2014 – suas ofertas desenfreadas de planos de serviço na tecnologia 4G com promessas de alta velocidade e preços bastante salgados.

O Ministro das Comunicações, nos pronunciamentos que fez a respeito deste lançamento, afirmou que o 3G estaria “queimado” por falta de investimentos e que sua salvação seria o 4G. Segundo Paulo Bernardo, os grandes consumidores de internet móvel, com maior poder aquisitivo e forte demanda por tráfego de dados, migrarão para a nova tecnologia, o que iria gerar alívio para as faixas de frequências destinadas ao 3G.

Ocorre que esta afirmação é, no mínimo, precipitada. Isto porque o 4G, a princípio, vai operar na banda de 2,5 GHz que, apesar de ter grande capacidade, tem pouca cobertura. É capaz de transportar com velocidade grandes pacotes de dados, mas tem alcance mais curto.

Para suprir a baixa cobertura desta banda, a operação do serviço 4G, em grande parte dos países, é feita de forma combinada com a frequência de 700 MHz. Porém, no Brasil a Anatel ainda está em fase de consulta pública para regulamentar o uso desta frequência. O respectivo leilão, na melhor das hipóteses, ocorrerá apenas no início do ano que vem.

Isso significa que o serviço 4G terá de usar as bandas destinadas ao 3G e 3GPlus para garantir o tráfego de dados nos locais onde começará a funcionar. Ou seja, a Anatel está permitindo que as operadoras ofertem um serviço que só estará plenamente estruturado a partir do ano que vem, permitindo que os consumidores comprem gato por lebre, pois não têm conhecimento de que pagarão caro pelo 4G, mas a infraestrutura a ser utilizada, em grande parte do tempo, é a do 3G e 3GPlus.

Para piorar a situação, grande parte dos aparelhos anunciados pelas operadoras como compatíveis com o 4G que não funcionam na banda de 2,5GHz – a única em operação neste momento, o que significa que, até a entrada em funcionamento da frequência de 700 MHz, o aparelho só funcionará no 3G. Mas essas informações não estão sendo comunicadas ao mercado.

Diante desse imbróglio, ficam as perguntas: por que a Anatel autorizou a antecipação de oferta de planos e aparelhos 4G, antes da implantação completa da infraestrutura necessária? Se as teles estão contando com as faixas destinadas ao 3G e ao 3GPlus para cumprir com as velocidades prometidas, por que o ministro diz que essa tecnologia está queimada?

As penalidades impostas pela Anatel às diversas operadoras, chegando até a determinar a suspensão da venda de novos planos pela TIM em julho do ano passado, revelam a ineficiência da atuação regulatória da própria agência e do Ministério das Comunicações, que não conseguiram criar condições capazes de estimular os investimentos necessários no 3G, como é público e notório e já assumiu Paulo Bernardo.

O quadro que se apresenta, então, é a sub-utilização das frequências destinadas ao 3G, que se constituem como recurso público estratégico e de grande valor e a péssima qualidade do serviço de telefonia móvel e de acesso à banda larga móvel, que prejudica os consumidores e sobrecarrega os setores de reclamações dos Procons e do Poder Judiciário.

A comercialização açodada do 4G em larga escala em descompasso com a implantação das redes na frequência de 700 MHz, bem como a promessa de que a entrada em operação desta nova tecnologia desde já irá implicar na melhora da qualidade dos serviços 3G, portanto, configuram desinformação e propaganda enganosa, que levarão os consumidores a prejuízo.

Fica então a recomendação: pensem muito bem e se informe para contratar um plano 4G antes do segundo semestre de 2014.

Escrito por Flávia Lefèvre Guimarães, advogada e sócia do escritório Lescher e Lefèvre Advogados Associados, mestre em processo civil pela PUC-SP e conselheira da PROTESTE – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor.



As loucuras que movem o mundo - Parte 2

28 de Abril de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Robert Goddard previu que um foguete poderia funcionar fora da atmosfera e foi arrasado pelo The New York Times; 49 anos depois, o cientista já morto, o jornal se retratou de maneira simplesmente injusta (Foto: Internet)

Continuação do artigo As loucuras que movem o mundo

Por Adrián Paenza, jornalista, matemático e professor argentino (reproduzido do jornal argentino Página/12, edição de 13/02/2013)

Outro caso incrível é o de Barry Marshall, um médico australiano, que foi quem descobriu em 1984 que a maioria das úlceras é causada por uma bactéria (Helicobacter pylori) e não pelo estresse, como todo mundo acreditava até ali. Seus colegas não acreditavam e Marshall via como a vida de muitíssimas pessoas poderia ser salva simplesmente tomando o antibiótico adequado. Como Marshall não conseguia contaminar um animal e o tempo ia passando, tomou uma medida drástica: decidiu usar ele mesmo como parte do experimento! Preparou uma mistura que continha a bactéria, colocou num recipiente e bebeu. Marshall escreveu em sua autobiografia que nunca imaginou que adoeceria tão gravemente, mas a confiança que tinha na solução lhe permitiu avançar dando um passo tão brutal. Mesmo depois, já curado e com centenas de exemplos de pacientes que, desesperados, aceitaram o tratamento ainda não aprovado, a comunidade médica insistia em continuar pondo reparos. Mas tudo bem: mais tarde, em 2005, Marshall recebeu então o Prêmio Nobel de Medicina por suas contribuições.

A matemática também tem vários exemplos para apresentar, porém o mais destacado é o de Georg Cantor. Cantor nasceu em São Petersburgo, mas viveu a maior parte de sua vida na Alemanha. Foi o inventor da Teoria dos Conjuntos mas, ademais disso, sua vida se transformou num calvário porque a sociedade matemática, encabeçada por Leopold Kronecker, não pôde aceitar sua descoberta de que havia infinitos maiores do que outros. Tal foi o desprezo que sofreu em sua época que terminou internado num hospício, acreditando estar louco e aceitando – virtualmente – a condenação dos que estavam equivocados. Cantor havia escrito no momento de sua descoberta: “Estou vendo, mas não acredito”. Hoje, seus trabalhos são considerados pioneiros e suas conclusões são estudadas em todos os departamentos de matemática do mundo.

Quero terminar, por enquanto, com o caso de Robert Goddard, um físico norte-americano que foi o primeiro a projetar e construir um foguete com combustível líquido. Isso aconteceu no ano de 1926. A essa altura, os cientistas pensavam que seria impossível construir o que hoje seria um foguete que leva um satélite ao espaço. Goddard pensava algo diferente, a tal ponto que escreveu que o homem seria capaz de sair da atmosfera e alunar (alunissar, pousar na lua). A reação provocada por sua previsão foi tão virulenta que o próprio The New York Times publicou um artigo no qual criticava duramente Goddard por dizer que um foguete poderia funcionar fora da atmosfera porque no vácuo (vazio) não teria “nada contra o que impulsionar”. Pior ainda: o arrasaram por desconhecer o que o jornal chamou “Física de colégio secundário”.

Goddard decidiu ficar recluso e continuar trabalhando sem responder. Afinal: quando Goddard já tinha morrido, 49 anos depois, The New York Times escreveu: “Investigações posteriores permitiram confirmar os resultados de Newton do século 17, e agora se estabeleceu que um foguete pode funcionar tanto na atmosfera como no vácuo. The New York Times lamenta o erro”. Assim. E nada mais.

E nada mais, por enquanto. Em mais de 45 anos como professor, há uma coisa que aprendi para sempre: escutar alguém que tem uma ideia, ainda que pareça equivocada ou, em todo caso, que me pareça equivocada. Muitas vezes topei com estudantes que me fizeram ver que quem não entendia era eu. Isso, creio que vale a pena escutar, e sobretudo em se tratando de crianças. (Continua – parte 1 foi postada dia 26/abril)

Tradução: Jadson Oliveira
Publicado originalmente no blog Evidentemente



Senado deve aprovar Lei Geral das Religiões em maio

28 de Abril de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Isenção de impostos concedida à igreja católica seria estendida a evangélicos e outras religiões

Bancada evangélica reclama de morosidade em tramitação de projeto que impede sacerdotes de exigir todos os direitos trabalhistas. Relator garante que entregará parecer em até trinta dias, conforme acordado

Após quase quatro anos tramitando, o projeto de Lei Geral das Religiões pode finalmente ter um desfecho no Senado. Líderes partidários acordaram um prazo de trinta dias para que três comissões analisem o texto e o enviem ao plenário. Atualmente, ele está parado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) da Casa.

O projeto quer garantir a isonomia de direitos a todas as religiões do Brasil. A proposta surgiu depois que o governo brasileiro assinou um acordo com o Vaticano, em 2008, para criar o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no país.

Preocupados com a diferenciação que o Estado estava tentando promover, parlamentares da bancada evangélica fizeram um acordo com o governo para apoiar o projeto na votação feita na Câmara dos Deputados em 2008. O deputado George Hilton (PRB-MG), pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, apresentou então, um projeto de lei garantindo os mesmos direitos previstos no estatuto para todas as outras religiões.

O Estatuto da Igreja Católica estabelece normas sobre ensino religioso em escolas públicas, casamento, imunidade tributária para entidades ligadas às religiões, prestação de assistência espiritual em presídios e hospitais, garantia do sigilo de ofício dos sacerdotes. O projeto também reforça o vínculo não-empregatício entre religiosos e instituições ligadas às igrejas e templos, o que impede um padre de exigir todos os direitos trabalhistas. Agora, os evangélicos querem os mesmos benefícios para todas as religiões.

“Começamos a articular com o governo porque teria que estender para todas as religiões porque o estado é laico”, disse Hilton. O senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) disse que o projeto é fruto de um acordo com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o governo. “À época, foi apresentado como tratado Brasil-Vaticano, mas, quando fomos ver, era para reconhecer o Estatuto Jurídico da Igreja Católica. Então, não é uma questão de Estado. É uma questão de Igreja. Por isso, não era questão de mérito, ainda que tivéssemos algumas divergências. Mas as religiões não podem ser tratadas via tratado”, reclamou Lopes, também pastor da Igreja Universal do Reino de Deus. Segundo ele, que é co-autor do projeto, o acordo era de votar as duas propostas ao mesmo tempo na Câmara e depois no Senado.

No entanto, Lopes reclama que o acordo não foi cumprido quando a proposta chegou ao Senado. “O texto do Estatuto tramitou em pouco mais de 30 dias e foi aprovado. Já o outro projeto está parado nas comissões desde então”, disse em entrevista ao Congresso em Foco.

Para forçar a conclusão do trâmite da proposta, o senador apresentou um requerimento pedindo urgência. Dessa forma, o projeto pularia as etapas das comissões e seria analisada diretamente em Plenário. No entanto, os senadores que estavam presentes resolveram dar mais um mês para a análise da matéria. “Vamos aprovar isso, por uma questão de isonomia. Não é divisão, não é discussão religiosa, apenas queremos igualdade entre todas as crenças. O mesmo que está no tratado Brasil-Igreja Católica, é o mesmo que está na Lei Geral das Religiões”, afirmou.

O texto já foi aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte e está agora na Comissão de Assuntos Sociais, onde é relatado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Depois, ele ainda terá que ser analisado pelas Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição e Justiça (CCJ).

Várias religiões

Segundo Suplicy, uma audiência pública será realizada no dia 23 de maio e logo em seguida ele entregará o seu parecer sobre o projeto. “Eu preciso ouvir ainda as diversas representações religiosas do país para poder apresentar meu relatório. Mas farei isso cumprindo o acordo que foi feito”, disse ele.

Eduardo Lopes, no entanto, reclama que o colega está tentando evitar a análise da matéria. “O projeto está há um ano e meio parado nas mãos dele [Suplicy] e até agora ele não se mexeu. Não há nada de polêmico no texto. Só queremos dar prosseguimento à matéria”, disse. Caso o prazo não seja respeitado, Eduardo Lopes promete que entrará com novo pedido de urgência.

Apesar da discussão, Eduardo Lopes acredita que o problema da questão está em sua origem. “Já começou errado desde o início. Discutimos muito isso com vários segmentos da sociedade. Se o tratado fosse sobre temas relativos ao Vaticano, aí seria uma questão de Estado. Mas o Estatuto tratava de uma religião. Se o Estado brasileiro é laico, criou-se uma diferenciação que não poderia existir”, argumentou o senador.

(Publicado no Congresso em Foco)



OffShore Leaks: Banco de Horácio Cartes é ligado a paraíso fiscal

28 de Abril de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Pai do recém-eleito presidente do Paraguai e mais quatro diretores do seu banco criaram uma conta secreta nas Ilhas Cook, revelam documentos


(Publicado por Agência Pública)

Documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) revelam que funcionários do alto escalão do banco paraguaio de Horacio Manuel Cartes, presidente recém eleito no Paraguai pelo partido Colorado, operavam uma instituição financeira secreta num paraíso fiscal do Pacífico Sul.

O pai de Cartes, Ramón Telmo Cartes Lind, e outros quatro executivos do paraguaio Banco Amambay S.A. criaram o Amambay Trust Bank Ltd. em 1995 nas Ilhas Cook, uma pequena cadeia de atóis e afloramentos vulcânicos a mais de 6 mil quilômetros de distância do país vizinho ao Brasil.

Dono de uma empresa produtora de cigarros, tanto Horacio Cartes como o Banco Amambay, de sua propriedade e com sede em Assunção, foram investigados recentemente por lavagem de dinheiro em uma operação da DEA, a agência anti-drogas americana, de acordo com telegramas diplomáticos vazados pelo WikiLeaks em 2010. (Saiba mais aqui)

Não foi a única vez em que o Banco Amambay e seus funcionários foram manchete por suposta lavagem de dinheiro – embora as acusações nunca tenham levado a prisões. Em março deste ano, o chefe da agência de investigação de lavagem de dinheiro do governo paraguaio afirmou que o banco estava sendo investigado junto com outras instituições financeiras por transferências ilegais de dinheiro ao exterior. No dia seguinte – 22 de março – o funcionário do governo se retratou e disse que “houve uma confusão”. O banco Amambay negou qualquer envolvimento em atividades criminais.

UM BANCO SEM SEDE E SEM FUNCIONÁRIOS

O banco das Ilhas Cook, Amambay Trust Bank Ltd., parece não ter sede nem equipe, mas tem uma licença bancária que permite realizar transações financeiras como um banco normal. No seu pedido de licença, a instituição afirma que sua intenção é “fornecer serviços bancários a investidores que precisam financiar alternativas indisponíveis em bancos locais do Paraguai”. Esse documento faz parte de um vazamento de 2,5 milhões de documentos sobre paraísos fiscais pelo ICIJ.

Os acionistas do banco offshore eram Ramón Cartes – pai do presidente eleito – e Guiomar De Gásperi, presidente e vice-presidente, respectivamente, do Banco Amambay. Ramón Cartes morreu em 2011. Hoje seu filho, Horacio Cartes, é chefe do conglomerado de negócios da família, que além do Banco Amambay também inclui uma fábrica de cigarros e vários empreendimentos agrícolas. Cartes também é presidente de um popular time de futebol. O colorado apenas se afastou dos negócios da família para concorrer à presidência – e diz que continuará longe enquanto comandar o país.

O banco das Ilhas Cook, que funcionou até 2000, não está listado no website oficial, entre as mais de 20 empresas que o Grupo Cartes diz ter possuído desde 1961.

O atual presidente do Banco Amambay, Hugo Portillo, não respondeu às perguntas enviadas pelo ICIJ; contatado pelos repórteres, Horácio Cartes também não quis fazer comentários.

Um ex-diretor da entidade offshore, que não trabalha mais no Banco Amambay, Mariano Roque Alonso, disse ao ICIJ que não se lembra de um banco offshore ou de ter qualquer conexões com ele. “Nós nunca nem consideramos uma operação como essa”, diz ele.

Jorge Raúl Corvalán Mendoza, presidente do Banco Central do Paraguai, que fiscaliza instituições financeiras, diz que desde meados dos anos 1990 a legislação das Ilhas Cook requer dos bancos uma permissão antes de abrir subsidiárias, inclusive em locais offshore. Corvalán, que se tornou chefe do Banco Central em 2008, diz que não sabia da existência do Amambay Trust Bank Ltd nas Ilhas Cook. “Eu não tenho conhecimento do que aconteceu nos anos 90”, afirma.

Já que Ramón Cartes e De Gásperi foram listados como os únicos acionistas no Amambay Trust Bank Ltd nas Ilhas Cook, parece que seria uma empresa separada, mais do que uma subsidiária formal do Banco Amambay.

Saiba por que a DEA infiltrou agentes no círculo íntimo de Horácio Cartes

ABRINDO O BANCO SECRETO

Em janeiro de 1995, um advogado do escritório americano Coudert Brothers abordou a empresa offshore Portcullis TrustNet para criar uma empresa nas Ilhas Cook para um grupo de clientes paraguaios. Naqueles anos, as Ilhas Cook tinham começado a construir uma reputação um paraíso fiscal competitivo, com uma legislação que favorece o sigilo bancário.

Os clientes em questão eram diretores do banco paraguaio fundado apenas três anos antes, o Banco Amambay S.A. Na época em que a entidade nas Ilhas Cook foi criada, o Paraguai embarcava em uma grande crise financeira alimentada pela corrupção generalizada, o que resultou numa fuga de capitais e no fechamento de vários bancos.

Os paraguaios chamaram a empresa secreta das Ilhas Cook de Amambay Trust Bank Ltd e se registraram para receber uma licença bancária do Conselho Monetário das Ilhas Cook. Em cartassimultâneas ao Departamento do Tesouro das Ilhas Cook e ao procurador-geral do país, a equipe da TrustNet afirma que os advogados do Coudert Brothers “indicaram-nos que não têm ressalvas quanto aos clientes”.

Ainda assim, regulamentações locais requerem que a Interpol certifique se os funcionários do banco são idôneos. A checagem do histórico dos acionistas Ramón Telmo Cartes e Guiomar De Gásperi e dos diretores Mariano Roque Alonso, Eduardo Campos Marín e Carlos Eduardo Moscarda demorou um pouco, mas saiu limpa.

Os documentos mostram que a TrustNet aprovou resoluções que afirmavam que a empresa não realizaria reuniões anuais e que o banco não teria um auditor.O endereço do novo banco era o escritório da TrustNet na principal ilha do arquipélago, Rarotonga. Com a licença bancária aprovada e Cartes e De Gasperi de posse de um milhão de ações cada, o banco estava pronto para funcionar.

MAIS INVESTIGAÇÕES: NO BRASIL, POR EVADIR R$ 600 MI VIA CONTAS CC5

Em 1998, um funcionário do Departamento de Estado norteamericano, Jonathan Winer, escreveu um artigo sobre as ameaças dos paraísos fiscais à economia global. Ele dizia que o Departamento de Estado tinha analisado entidades offshore com sede nas Ilhas Cook e descobriu clientes desagradáveis por trás deles. “A nossa análise revelou conexões entre o crime organizado dessa “nação-Estado” do tamanho de um vilarejo com a Rússia e alguns dos atores financeiros mais notórios da região do Pacífico asiático”. Entre os banqueiros das Ilhas Cook, Winer destacou – sem citar os nomes – uma notória família italiana, políticos brasileiros investigados por lavagem de dinheiro e também “seis paraguaios, vários falantes de russo operando do Chipre e uma série de bancos da Indonésia”.

O registro do Amambay Trust Bank Ltd como uma empresa nas Ilhas Cook foi cancelado em 23 de maio de 2000. No mês seguinte, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) colocou as Ilhas Cook na sua lista negra de lavagem de dinheiro.

O Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro da OCDE condenou as leis das Ilhas Cook por “excesso de disposições sigilosas” que permitem aos donos de empresas e contas offshore se esconderem nas sombras. Ele observou que o governo das ilhas “não tinha nenhuma informação relevante sobre aproximadamente 1.200 empresas internacionais que haviam se registrado” e que não havia registro de documentos de identidade dos clientes dos bancos offshore.

As Ilhas Cook ficaram na lista negra da OCDE até 2005.

Nesse meio tempo, o Paraguai também decidiu limpar suas relações com paraísos fiscais e proibiu bancos que operam no país de fazer negócio com instituições financeiras que apenas existem no papel em jurisdições offshore distantes.

Em 2004, o Ministério Publico Federal brasileiro acusou quarto diretores do Banco Amambay que tinham sido diretores do banco das Ilhas Cook — Ramón Cartes, De Gasperi, Marín and Moscarda — de ajudar brasileiros a sonegarem impostos em 1996, no esquema conhecido como as Contas CC5 – eram acusados de evadir mais de R$ 600 milhões do país. Eles foram todos absolvidos em 2009 pelo Superior Tribunal de Justiça por falta de provas.

Por Marina Walker Guevara* e Mabel Rehnfeldt, do ICIJ

*Marina Walker Guevara é vice-diretora do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Mabel Rehnfeldt é membro da ICIJ no Paraguai, e editora do siteABC Digital. Essa reportagem faz parte do Offshore Leaks, o maior vazamento de documentos relativos a paraísos fiscais de todos os tempos. Leia aqui a reportagem original, em inglês. E acesse aqui mais reportagens do projeto.



As loucuras que movem o mundo

25 de Abril de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Nikola Tesla, gênio da engenharia mecânica e eletrotécnica, inventou, dentre outras coisas, a “lâmpada elétrica” e morreu pobre; enquanto isso, Thomas Edison, o farsante explorador, ficou rico (Foto: Internet)

Por Adrián Paenza, jornalista e matemático argentino (reproduzido do jornal argentino Página/12, edição de 13/02/2013)

A história mostra que sempre foi difícil pensar diferente. De vez em quando aparece alguém com uma ideia diferente e revoluciona tudo. Imediatamente aparece a etiqueta: é um louco, está louco. Justamente, marcados como loucos por seus contemporâneos, essa mesma história oferece múltiplos exemplos de mulheres e homens que lutaram contra a corrente. Muitos deles receberam um reconhecimento quando já não viviam para poder desfrutá-lo, ou viram como outros, mais poderosos, mais próximos ao establishment, mais “conhecidos”, ficaram com um crédito que não lhes pertencia.

O caminho mostra também o quanto influenciaram as diversas igrejas, e muito em particular a católica, para questionar, obstaculizar, entorpecer e atrasar a evolução do ser humano.

O que segue é parte dum périplo que Arthur Schopenhauer definiu muito bem: “A verdade passa por três estágios. Primeiro, é ridicularizada. Segundo, enfrenta uma violenta oposição. Terceiro, é aceita e se torna evidente (óbvia)”.

Suponho que é bom começar com Nicolás Copérnico, matemático, astrônomo, jurista, médico e vá se saber o que mais numa época em que estava virtualmente tudo por se descobrir. Copérnico defendeu em 1543, muito pouco tempo antes de sua morte, que era o Sol e não a Terra o centro do Universo. Pagou caro imediatamente quando seus amigos protestantes o tacharam de arrogante, presunçoso, “um louco que acredita que tem o direito de ‘pôr em movimento a Terra’ (sic) e ‘deter o Sol’”.

Mas não foi Copérnico quem sentiu o verdadeiro castigo por colocar em dúvida o geocentrismo, e sim Galileo Galilei, outro matemático, astrônomo e filósofo que hoje é considerado algo assim como “o pai da astronomia moderna”. Galileo foi quem sofreu o escárnio público e terminou vítima da brutal Inquisição romana em 1615, humilhado e finalmente encarcerado em sua casa pelo resto de sua vida, obrigado a se retratar e tachado de herege. Como poderia alguém ousar discutir as crenças papais e da Igreja?

Um curiosíssimo caso que mostra a diferença entre aquele que está junto do círculo do poder e aquele que não está é o que envolve George Zweig e Murray Gell-Mann. Os dois são físicos, os dois estão vivos. Zweig é russo nacionalizado norte-americano, enquanto que Gell-Mann é nascido em Nova Iorque. Os dois, trabalhando de forma independente, descobriram que havia partículas elementares menores do que os nêutrons e os prótons. Zweig os chamou “aces” enquanto Gell-Mann lhes deu o nome com o qual são conhecidos atualmente: quarks. Mas enquanto a comunidade científica invisibilizou Zweig porque era um desconhecido, publicou o trabalho de Gell-Mann porque ele sim fazia parte do circuito oficial, do establishment científico. E tanto foi assim, que cinco anos depois, em 1969, Gell-Mann recebeu o Prêmio Nobel de Física, distinção que não chegou até Zweig, que no momento em que escreveu sobre a mesma descoberta foi ridicularizado e acusado de charlatão.

Outro caso típico foi do famoso Nikola Tesla, engenheiro de origem sérvia, que teve que concorrer com ninguém menos do que Thomas Alva Edison. Numa época (fins do século 19) quando o mundo se iluminava usando a luz de vela, Tesla inventou um sistema elétrico (“a corrente alternada”) que é o que se usa até hoje para se ter eletricidade na sua casa e na minha. Edison propôs o uso da corrente direta ou contínua e disputou com Tesla, que foi o propulsor da corrente alternada, que é a que se usa hoje.

A história oficial atribui a Edison a invenção da “lâmpada elétrica”, porém não foi ele quem a inventou, e sim Tesla. Edison ficou com todo o crédito porque foi ele quem a distribuiu e a vendeu.

Edison tinha (e teve) sempre a faca e o queixo na mão, na medida em que foi o patrão de Tesla, mas Tesla tinha razão e não pôde em vida receber o reconhecimento que merecia. Tesla é considerado hoje um dos maiores inventores da história. Ainda está em discussão se foi ele e não Marconi quem inventou o rádio, mas deram a Marconi o Prêmio Nobel e a Tesla não. E mais ainda: a história oficial também diz que Robert A. Watson-Watt foi o inventor do radar, mas a outra história reconhece Tesla como o autor intelectual.

Inclusive Edison ofereceu a Tesla, que era seu empregado, em determinado momento, o equivalente ao que seria atualmente um milhão de dólares se ele conseguisse resolver um problema que tinha com os motores e geradores de sua fábrica. Tesla conseguiu e quando foi reclamar seu dinheiro recebeu esta resposta de Edison: “Tesla, você não entende o sentido do humor dos norte-americanos”. Edison viveu sua vida tratando de ganhar dinheiro e patenteando invenções de outros. Tesla foi um cientista que inventou – entre outras coisas – nada menos que o sistema elétrico que usamos hoje. Edison morreu rico e poderoso. Tesla morreu no quarto dum pequeno hotel em Nova Iorque sem um dólar e cheio de dívidas. (Continua)

Tradução: Jadson Oliveira
Publicado originalmente no blog Evidentemente