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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Selminha Sorriso falou e disse: reparações para os negros já!

27 de Abril de 2022, 20:55, por COMUNICA TUDO


Empretecer o Pensamento É Ouvir a Voz da Beija-Flor
Empretecer o Pensamento É Ouvir a Voz da Beija-Flor

 “Ergue o punho, exige igualdade
Traz de volta o que a História escondeu
Foi-se o açoite e a chibata sucumbiu
Mas você não reconhece o que o negro construiu
Foi-se ao açoite e a chibata sucumbiu
E o meu povo ainda chora pelas balas de fuzil”

Tenho que ser sincero que não assisti por completo os desfiles das escolas de samba do Rio De Janeiro. E o fato que também contribui para não assistir em sua integralidade é que a transmissão da emissora é terrível, monótona e tediosa. Requer bastante paciência para ficar sentado por sete horas a finco. A emissora é aquela que num passado não tão distante promoveu ataques ferozes contra a construção do sambódromo.

O ponto a destacar neste desfile foi a quantidade de escolas de samba que inseriram temas ligados à África. Há escolas que são tradicionais com esses temas (Salgueiro, Vila Isabel e Beija- Flor), outras foram novidades, como a Portela. Em anos anteriores os números de agremiações eram limitadas, mas neste ano os números superam. Todas estão de parabéns.

Trabalhar a história da África se constitui num desafio fora da avenida. Nas escolas, no dia-a-dia, não é o mar de rosas como observar aquelas pessoas se maravilhando com o carnaval. Somos a segunda maior população preta fora da África. Somos próximos e, no entanto, se pedirmos pro brasileiro citar dez países africanos, levante as mãos para o céu se alguém mencionar Angola e pronto.

Somos muitos distantes quando o assunto é a África. Sabemos pouco sobre o passado da África, para alguns de nós, a África aparece a partir do tráfico negreiro. Junta-se às crises políticas, doenças, guerras e feitiçaria.

No passado antes e depois de Cristo, a África era um continente pujante com organizações sociais, culturais e comerciais. Invenções que utilizamos em nosso cotidiano nasceram na África: medicina, filosofia, metalurgia, astronomia e engenharia. Sim, também a engenharia, ou vocês pensaram que as pirâmides foram construídas pelos ETS? O filme Pantera Negra dá a ideia dessa África moderna que um dia existiu. O continente heterogêneo com complexo linguístico, religioso e multi-étnico.

Anteriormente disse que trabalhar o conteúdo de África é um desafio fora da avenida. É pura realidade. Nos estabelecimentos de ensino não encontramos apoio dos diretores, se você for seguidor de religião de matriz africana, então essas chances são quase zero. Outro desafio é intromissão de igrejas cristãs. Há alguns anos tive a desagradável experiência ao ver dez alunos saírem da sala para não assistirem a aula de África, ficamos sabendo depois que essa ordem partia de pastores neo-pentecostais com medo de "ideologização" religiosa dentro da sala de aula, pura mentira . Numa mente comum conservadora, falar em África é mencionar feitiçaria, demônios e guerras. São frutos de Marcos Feliciano.

Feliz foi a Porta-Bandeira da Beija-flor, Selminha Sorriso, que foi firme sem perder a doçura e afirmativa e contundente em falar que o Estado tem que reparar quatro séculos de escravidão e mais: os cumprimentos das leis 10.639 e 11.645. Ambas as leis obrigam os estudos tanto da África e afro-brasileiros e os nativos da terra, os índios.

Não há como negar que houve avanços dos direitos dos negros e indígenas. Atualmente passamos por retrocessos que é capaz de tirar nossas vidas e com olhos beneplácitos do mandatário do país. A política de cota racial foi a nossa vitória, partiu dos movimentos negros essa iniciativa, não foi de esquerda ou direita que quando necessário procuram sempre estar nos calando.

Ficarei feliz em estar numa sala de aula e estar ensinando a história do povo afro brasileiro e indígena. Ver nos olhos dessas crianças, jovens e adultos, que tem motivos reais de serem parte na construção política social do Brasil.

Empretecer a pele não basta, ser preto quando convém é fácil: quero ver estar ao lado, lutando por direitos iguais .

OBS: Este mês completou dez anos do julgamento do STF que deu constitucionalidade à politica de cota racial em universidade.

(Por Fabio Idalino Alves Nogueira, graduando em História pela UVA/RJ e professor de pré-vestibular comunitário)

Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Religião e política: um prato indigesto

12 de Abril de 2022, 18:46, por COMUNICA TUDO



Todas as constituições do Brasil da Era Republicana são enfáticas ao destacar a separação entre a religião e o Estado. No Brasil colônia e império, todos os brasileiros automaticamente já nasciam católicos. Era impensável mudar de religião.

A atual constituição reforça este conceito. Seguir ou não uma religião são conceitos privados. A lei garante a liberdade religiosa. Qualquer um pode seguir ou não uma religião. Eu, você e todos nós podemos acreditar nas divindades ou não.

É normal chefes de governos ou de Estado receberem qualquer membro de organizações religiosas. Tantos chefes de governo ou de Estado podem ter ou não uma religião, são direitos garantidos pela constituição. O temeroso será levar este desejo pessoal para a esfera pública, tomar decisões que possam alterar a vida de cada brasileiro.

O momento obscuro que estamos atravessando com o atual governo deixa–nos em alerta. A presença da bancada da Bíblia (religiosos conservadores), em sua grande maioria evangélicos, na qual, constantemente, protagonizam polêmicas ao tentarem misturar assuntos de estado com os dogmas de sua religião, é prova disso. Um desses casos célebres é o da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Regina Alves, cujos discursos já provocaram diversas situações embaraçosas para o Planalto.

A justificativa de por Deus em pautas políticas é como colocar um ponto final em uma discussão. A palavra Deus traz a questão do respeito por ser uma entidade divina e poderosa. Não há argumento que contenha premissas lógicas e racionais que possam derrubar uma premissa divina, pois está em um conhecimento religioso, diferente das demais.

Quem se atreve a se opor a (um argumento que use) Deus em uma pauta política em um país como Brasil? Caso isso venha acontecer, saiba que será chamado de forma pejorativa de “Comunista!”, “Chavista!”, “Satanista!” e outros xingamentos.

O fanatismo religioso foi um dos motivos de ter elegido Bolsonaro no poder do Brasil. Usou pautas religiosas para justificar os seus atos. Isso pode lembrar os governos Fascistas e Nazistas da Itália e da Alemanha que de uma certa forma usaram a Igreja para se levantarem e se manterem no poder. Utilizaram o conservadorismo da Igreja para se apoiar em suas “reformas políticas”.

Lembrando que designar a religião como algo “mal” pelos infortúnios causados pela Igreja é um equívoco. Pois, a religião em si não prega as barbáries que a Igreja e quem a usou em nome dela fizeram. Quem matou, dizimou e procurou justificar a escravidão nas Américas e na África foram pessoas que se apropriaram de forma errada da religião para praticarem tais atos.

A política de quem está no poder do Brasil está na contra mão do progresso, com pautas cada vez mais conservadoras, usando, por vezes, Deus em “vão” para se escorar e conseguir apoio para talvez se reeleger. Sempre desconfie de quem usa Deus na política, geralmente esse político não possui plano de governo econômico-social convincente, por isso apela a Deus.

(Escrito por Fábio Idalino Alves Nogueira  e Gabriel Luiz Campos Dalpiaz)



Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..