Vamos conhecer a África: religiosidade
19 de Dezembro de 2020, 14:19
Quando éramos crianças, ouvíamos de parentes, vizinhos e outras pessoas que se tudo na sua vida está dando errado e seus problemas não têm fim é porque lançaram macumba em você. Isto era a realidade. Criava-se em nós a intolerância dentro do círculo social em que vivíamos.
Outra clássica da intolerância religiosa eram os doces de São Cosme e São Damião. Diziam que os doces eram primeiro oferecidos aos “demônios” e depois que eram entregues às crianças (cansei de comer esses doces quando era criança. Uma vizinha deixava os doces no campo de várzea. Ficávamos escondidos na moita e quando a vizinha ia embora, devorávamos os doces, sem perdão e sem crise ou culpabilidade na consciência). A intolerância religiosa começava a ser estruturada na tenra idade das cabeças das crianças.
O senso comum afirma que o continente Africano é amaldiçoado por não seguir a fé cristã e que a prática de “feitiçaria e outras magias” são os motivos do continente ser tão miserável e conturbado. Lamento! Você pouco sabe da história da África, sua diversidade linguística, a diversidade étnica e a diversidade religiosa.
Vou fazer três textos bem enxutos para falarmos e conhecermos mais sobre o continente do outro lado do atlântico, em que o brasileiro tem laços que vai do sentimental ao cultural, mas que pouco sabe sobre a África. Nós bradamos ao dizer: “tenho sangue negro em minhas veias”. Sim. Uma pergunta: o que cada um de nós sabe da África?
A pergunta é pertinente, pouco sabemos e nada entendemos da África. Como estudante do assunto, vou explicar didaticamente algumas dúvidas.
Primeira parte - Religiosidade africana
O Islã
Mulheres islâmicas |
Para começarmos, as duas religiões que predominam no continente, originalmente nasceram fora da África. O Islã, que veio da região árabe do Oriente médio no século VII, adentrou na região setentrional da África (norte da África) pelo Egito e expandiu-se até a costa atlântica ou África Ocidental e espalhou-se pela parte oriental. A religião Islâmica é praticada por 40% da população, o que equivale a mais de 800.000.0000 (Oitocentos milhões de praticantes). Em todo o mundo onde há o Islã, seja em maioria ou minoria, as práticas de costumes são iguais. Por exemplo:
A). Para interpretar o livro sagrado do Islã, o Alcorão, é preciso ser alfabetizado.
B). É proibido o consumo de carne suína.
C). Proibido o consumo de bebida alcoólica.
O Cristianismo
Igreja Ortodoxa da Etiópia |
A introdução do Cristiano na África teve sua entrada pela região do Oriente médio, a começar pelo Egito, com a Igreja Coopta. A Etiópia foi a primeira nação da África a adotar o cristianismo como a religião oficial e a segunda do mundo. É a maior nação cristã da região. Há Igrejas cristãs na África das mais variadas. Além da Católica Ortodoxa Cristã etíope, há também a Igreja Anglicana, a Igreja Católica Romana e a protestantes e as neopentecostais.
Igreja Anglicana, na região da África Austral |
Igreja Católica, na Argélia |
Religiões tradicionais e sua influência no Brasil
Candomblé
O leitor talvez pergunte como essas religiões de matrizes africanas vieram parar no Brasil. Primeiro, vamos tirando o velcro da ignorância que há anos vem nos impedindo a melhor compreensão e entendimento das religiões de matrizes africanas.
Ao serem sequestrados para o Brasil, esses escravizados eram de muitas tribos ou nações que tinham práticas religiosas parecidas e não iguais. A preocupação de perderem suas raízes religiosas os fizeram formar, aqui no Brasil, a religião como conhecemos hoje: o Candomblé.
O mapa abaixo indica em verde em que países estão localizados.
Na África há Orixás para cada grupo diferente dessas religiões tradicionais. A prática do Candomblé em terra brasileira não era a mesma prática nos países africanos desses escravizados.
Como acontece no cristianismo, onde há o livro Sagrado, que é a Bíblia, no Candomblé isto se dá através da palavra Oral ou a Oralidade. Esta tradição continua ativa dentre os praticantes também na Umbanda e em ambas, as participações de mulheres são fundamentais. Sem essas Mães de Santo do Candomblé talvez não tivesse resistência ao longo dos anos.
Candomblé: Religião trazidos pelos africanos para o Brasil |
Práticas das Religiões tradicionais na África |
O Candomblé está incorporado na cultura religiosa brasileira, mesmo que grupos radicais de “cristãos” oponham-se fortemente contra esses grupos afros. Em lugares da periferia e favelas do Brasil, grupos ligados ao tráfico, chamados de soldados de Cristo, têm horrorizado os praticantes dessa fé. Isto vai contra a constituição federal que garante o direito das pessoas terem fé ou não numa crença religiosa.
Umbanda
A Umbanda é a religião puramente nacional. A raiz da palavra significa curandeirismo ou a arte da cura. A religião agrega mais quatro religiões incorporadas na cultura brasileira: o Candomblé, o cristianismo (catolicismo), o espiritismo e as religiões tradicionais indígenas brasileiras. A ilustração acima explicita melhor este compartilhamento religioso.
Nos rituais da Umbanda, a parte musical é semelhante aos instrumentos do Candomblé. Na Umbanda, a cerimônia de louvação pode ser chamada de sessão, gira ou banda. A dirigente espiritual é chamada de mãe de santo ou pai de santo. Os religiosos se consideram irmãos por estarem na mesma casa, mas não há hierarquia entre eles. O filho de um filho de santo não é considerado neto de santo, por exemplo. Também não há iniciação para um determinado orixá. Há o desenvolvimento mediúnico para incorporação. Em relação à linha sucessória, geralmente a escolha também é espiritual.
O que é a Macumba?
O que este instrumento musical feito de madeira, que aparece na foto, tem a ver com a palavra macumba? Este instrumento é oriundo da árvore do mesmo nome em nações africanas. Em outras nações do mesmo continente, a Macumba pode ser também remédio caseiro e, em outros lugares, tem o significado de dança. Como podem notar, o universo etimológico dá margem a milhares de interpretações e sentidos.
A macumba ganha olhares depreciativos e pejorativos no Brasil. A Macumba encurta o caminho do preconceito racial brasileiro. Há favelas ou periferias em que o tráfico dá as ordens para que os rituais, chamados "Macumba", cessem. Líderes neopentecostais (não todos) demonizam esta prática. A vida de quem é 'praticante dessas religiões de matrizes africanas' parece não ter o direito de praticar a sua fé.
Na posição de lecionador, estudo a história da África e dos afro-brasileiros, de acordo com a lei 10.639/03, que obriga os estabelecimentos de ensino a proferirem esta aula. O conteúdo é obrigatório nas licenciaturas humanas (história, geografia, filosofia, sociologia, letras e Ed. Física) e também em exatas (matemática e engenharia).
Minha experiência mostra quão desafiador é lecionar esta grade. Há três anos tive uma experiência, num pré-vestibular comunitário, onde a metade dos alunos saíram da sala por causa da aula sobre a África. No mesmo ano, na prova de uma universidade conceituada no Rio de Janeiro, os conteúdos de África caíram em três disciplinas e esses alunos ficaram desesperados.
Há conteúdos nos livros escolares que ampliaram a temática africana. No passado somente a nação do Egito era abordada e não se falava que este país era africano. Sobre o negro brasileiro, a nossa história era ignorada pós '13 de maio'; o negro desaparecia nos livros escolares. O pouquíssimo que mencionava sobre o negro brasileiro era que éramos bons em feijoada, samba, futebol e só.
Tenho um trabalho pedagógico com alunos e outros sobre a presença africana e política social do negro. O trabalho é realizado no centro da Cidade do Rio de Janeiro. Dúvidas e preconceitos são retiradas nessa aula.
Este texto foi escrito com a finalidade de quebrar Preconceitos referente à África e a religiosidade que vem com ela. No próximo texto vamos falar da linguística africana.
Livros de referência:
A África dentro da sala de aula, HERNADEZ, Leila.
(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário)
Acústico comemora prêmios, clipes, site e outras conquistas em 2020
19 de Dezembro de 2020, 13:05Dois prêmios culturais, um em literatura e outro em música autoral, lançamento do site, clipes musicais, trilha sonora para animação e crescimento artístico é comemorado com disco acústico
O ano de 2020, por conta da Pandemia, foi difícil para a maioria das pessoas. Mesmo com dificuldades, Marcelo D'Amico lança um disco acústico no dia de seu aniversário (16 de dezembro) para comemorar as conquistas deste período.
Um concurso de literatura em 6º lugar com um livro inédito já seria um bom motivo. Mas deve-se somar um 3º lugar em um concurso de música autoral, sendo os dois concursos citados premiados pela Lei Aldir Blanc (lei nº 14.017, de 29/06/2020). E mais: lançamento de 3 clipes musicais, site oficial do artista, trilha sonora de um curta em animação premiado, três singles e mais um álbum completo em 45 plataformas de streaming em 200 países.
Tudo isso conquistado neste ano de 2020 pelo multi-instrumentista, compositor, produtor musical e fonográfico do interior de São Paulo, Marcelo D'Amico. "Estou muito feliz pelas conquistas, mas ainda tem mais coisas para acontecer que só sairão em 2021", explica o músico.
Motivado também pelo isolamento social da Covid-19, o artista decidiu lançar o Madly In Acoustic no dia de seu aniversário de 44 anos. Este disco tem 4 versões acústicas do álbum anterior, o Madly, e mais uma canção inédita.
Lançado em 21 de agosto, o Madly fez um sucesso acima do esperado. Já foi tocado em cerca de 40 países através das plataformas de streaming. "Sinceramente não esperava por um retorno tão grande e tão bom em tão pouco tempo", diz Marcelo, que acabou se sentindo motivado a fechar o ano de 2020 com mais um disco acústico.
Madly In Acoustic foi lançado em 16/12/2020 em 45 plataformas de streaming, em 200 países. "A escolha do nome do disco é óbvia, mas as versões e a música inédita prometem surpreender ainda mais o público", disse o artista.
Ouça MADLY IN ACOUSTIC
https://ditto.fm/madly-in-acoustic
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2022 é agora: a esquerda estará unida?
1 de Dezembro de 2020, 13:33
Terminado o segundo turno das eleições municipais, o foco será 2022. É a vez de sentar e mirar os passos para que a extrema direita não fique no poder e novas alianças 'chapa-branca' sejam responsáveis pela vinda da extrema direita ao Palácio do Planalto.
O resultado do primeiro turno deu claro recado que o eleitor não está satisfeito com o atual modelo de governo. As esquerdas também não devem comemorar, inclusive o Partido dos Trabalhadores, que teve o pior desempenho nas urnas municipais. Cidades chaves onde o PT tinha forte influência optaram por outros partidos. Prova que o eleitor e a sociedade não esqueceram das intrujices cometidas e que acabou contaminando todas as esquerdas. No senso comum, ser de esquerda não é ser progressista.
Dois mil e vinte e dois é amanhã. Articulações bisonhas estão brotando. A maior empresa de comunicação do país já escolheu que irá apoiar para a presidência da república outro aventureiro, tipo Collor de Mello. Isso está para acontecer .
Há três opções para escolhermos:
- Continuar com o que está no poder, um beligerante que não dá margem ao diálogo, genocida responsável pela morte de mais de cem mil pessoas;
- Inventar outro 'não político carismático' com pinta de super herói e belo;
- Partidos progressistas de esquerda, comprometidos com causas sociais e desenvolvimentismo nacional, se unirem.
O pleito desse ano fortaleceu ao centro–direita que conquistou prefeituras em grandes cidades e virá com o lema do voto útil e continuará com as políticas de privatizações. O bloco é liderado pelo DEM (antigo PFL) que deverá vir com candidatura própria ou alianças em 2022.
Por um momento, as esquerdas deverão se unir por uma causa comum. Não estar fragmentada e obtusa. O ex-presidente Lula já declarou que abre a mão da candidatura para uma aliança única de esquerda. No meu juízo, a chapa Ciro Gomes / Flávio Dino é viável.
O País está num barco sem rumo e à deriva. O capitão é incapaz de comportar-se como líder nato. O capitão pensa que está segurando um brinquedo, não sabendo montar e entender a complexidade desse brinquedo.
O jogo está na mesa. Agora é apostar todas as fichas para daqui a dois anos e não deixar esse país cair de vez num abismo sem fundo .
(Texto escrito por Fabio Nogueira, estudante de história e professor voluntário de pré vestibular comunitário)