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Blog Comunica Tudo

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir. Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Mano Brown na estreia do programa I Love Periferia

31 de Outubro de 2013, 21:58, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


A periferia está cada vez mais nociva àquela sociedade que quis por muito tempo calar a voz dos oprimidos. O Mídia Periférica lançou um teaser do programa de Web Tv I Love Periferia. A roteirização da entrevista foi do Enderson Araujo, fundador do Mídia Periférica. Já a edição do material está com Rodrigo Sousa, do coletivo Paulista Mundo em Foco.
Enderson e Rodrigo se conheceram na entrega do Prêmio Laureate de Empreendedores Sociais; logo nasceu uma parceria entre estes dois baianos arretados. Rodrigo é erradicado na periferia de São Paulo e também é produtor de cinema. Para Enderson, entrevistar o Mano Brown, dentro de sua comunidade e sem o recorte de "artista", foi sensacional:
"Falar com o Brown, sobre sua infância no Capão Redondo e como foi crescer lá, para mim foi fantástico, não foi uma entrevista, foi uma troca de ideia filmada e o melhor, sem script". No mês de novembro, o programa I Love Periferia ficará pronto na integra e terá um lançamento em grande estilo. Essa produção teve a parceria da produtora do Mano Brown, a Boogie Naipe.
Em breve esse "Moleque Atrevido" irá estrelar o I Love Periferia, fazendo valer o nosso direito de se comunicar e de se informar, desmarginalizando a periferia, mostrando nela o que há de valor. Veja abaixo uma prévia do programa:

http://www.youtube.com/watch?v=QvRY8kL0fYE&feature=youtu.be


Prévia da entrevista cedida ao Mídia Periférica, pelo artista Mano Brown do grupo Racionais, lá no Capão Redondo, periferia de São Paulo.
Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



Black blocs são politizados e expressam revolta contra injustiças sociais, diz pesquisador

31 de Outubro de 2013, 21:27, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Black blocs marcham em SP em solidariedade aos professores do Rio: reação à violência da PM
Estudioso dos jovens mascarados, Francis Dupuis-Déri defende que a tática é uma reação à violência policial, e nasceu na Alemanha de 1980 da convicção de que é preciso ir além das passeatas
“É preciso perturbar e reagir quando a polícia ataca o povo.” Essa é uma das explicações que o cientista político Francis Dupuis-Déri elaborou sobre os black blocs durante os mais de dez anos em que estuda a tática dos jovens mascarados que se infiltram nas manifestações populares para atacar símbolos do capitalismo. “Apenas uma ínfima parcela da elite controla os negócios globais. Existe um sério déficit democrático no mundo. As pessoas estão revoltadas e consideram que já não basta se manifestar pacificamente.”
Professor da Universidade de Québec em Montreal (Uqam), no Canadá, Dupuis-Déri conversou com a RBA por e-mail. Respondeu a perguntas sobre a origem histórica dos black blocs, na Alemanha Ocidental, nos anos 1980, e sobre como tem sido a repressão à tática em outros lugares do mundo. Na entrevista, ficamos sabendo que os governos de São Paulo e Rio de Janeiro não foram os únicos a ferir as liberdades civis na tentativa de reprimir o descontentamento dos black blocs. “Os conflitos políticos se polarizam e o Estado age de maneira burra, através da repressão policial e da detenção dos dissidentes.”
    Dupuis-Déri é autor de Les Black Blocs, já na terceira edição, e Who's Afraid of the Black Blocs? Anarchy in Action Around the World, que pode ser traduzido como Quem tem medo dos black blocs? Anarquia em ação ao redor do mundoEmbora à distância, tem olhado com atenção para as recentes movimentações dos black blocs no Brasil e no Egito. E não parece surpreso com a multiplicação da tática ao redor do mundo. black bloc é facilmente reproduzível”, diz, ressaltando um dos problemas do grupo: a infiltração. “Na Alemanha, neonazistas organizam black blocs dentro de suas próprias manifestações.”
    O que é o black bloc? Um movimento? Uma tática? Uma performance?
    Black bloc é simplesmente uma tática, uma maneira de se organizar dentro de uma manifestação. Consiste em se vestir de preto para garantir um certo anonimato. Pelo que conheço, a maioria dos black blocs desfilam com calma nas manifestações. A simples presença deles forma, de certa maneira, uma bandeira preta, símbolo do anarquismo. Vale lembrar que os sindicatos fazem coisa semelhante quando se manifestam: eles se agrupam atrás de faixas, com bandeiras, para que todos os seus membros andem juntos. Nesse sentido, com o black bloc é a mesma coisa.
    Francis Dupuis-DériQuando, como, onde e por que surgiram os black blocs?
    O black bloc como forma de ação – ou seja estar vestido de preto e mascarado – surgiu na Alemanha Ocidental por volta de 1980. A tática apareceu dentro do movimento “Autonomen”, que organizava centenas de ocupações políticas e lutava contra a energia nuclear, a guerra e os neonazistas. Os black blocs alemães defendiam as ocupações de prédios contra as expulsões da polícia e se confrontavam com os neonazistas nas ruas. A estratégia black bloc se propagou no Ocidente através da música anarcopunk e de grupos antirracismo. A ampla cobertura midiática das manifestações antiglobalização de Seattle, nos Estados Unidos, em 1999, também contribuiu para a difusão da tática, assim como a internet o faz hoje. A questão, aqui, é que o black bloc é facilmente reproduzível.
    O que justifica o surgimento dos black blocs em países da Europa e nos Estados Unidos, onde as necessidades básicas da maioria dos cidadãos, ao contrário do que ocorre no Brasil, já estão atendidas?
    No Ocidente, os black blocs se mobilizam há pelo menos 15 anos durante grandes encontros do G8, G20, FMI etc. E dentro do chamado movimento altermundialista (famoso pelo slogan “outro mundo é possível”, cunhado pelo Fórum Social Mundial). Muitos black blocs consideram que a ideologia neoliberal e o capitalismo são responsáveis pelas desigualdades, injustiças e a destruição do planeta. Além disso, essas grandes cúpulas internacionais demonstram que apenas uma ínfima parcela da elite controla os negócios globais e que, consequentemente, existe um sério déficit democrático no mundo. Por fim, a repressão aos movimentos sociais no Ocidente cresceu nos últimos 15 anos. Em países como a Grécia, a situação econômica é catastrófica. Por essas e outras razões, as pessoas estão revoltadas e consideram que já não basta se manifestar pacificamente: é preciso perturbar e reagir quando a polícia ataca o povo.
    Que ideologia norteia a atuação dos black blocs?
    Não existe “um” black bloc, mas sim “os” black blocs, que são distintos em cada manifestação. De maneira geral, quem mais participa desses grupos são anarquistas, anticapitalistas, feministas radicais e ecologistas. Segundo minhas pesquisas, os black blocs são geralmente compostos por indivíduos com uma forte consciência política.
    Os black blocs são de esquerda ou de direita? É possível defini-los nestes termos?
    Principalmente de esquerda e sobretudo de extrema-esquerda. Mas, como o black bloc é reconhecido principalmente pela aparência, pela roupa preta, fica fácil imitá-lo. Já há alguns anos, na Alemanha, país onde surgiu a tática, neonazistas organizam black blocs dentro de suas próprias manifestações. É uma apropriação, uma deturpação.
    É possível fazer algum paralelo entre os black blocs e o ludismo do século 19?
    De certa maneira, podemos sim fazer um paralelo. Muitos pensam que os ludistas, que destruíam as maquinas têxteis na Inglaterra no século 19, eram apenas românticos contrários ao progresso. Mas, no fundo, eles defendiam um modo de vida comunitário contra o desenvolvimento tecnológico e econômico que mais tarde viria a perturbar profundamente suas vidas. Tudo em nome do lucro de alguns poucos privilegiados. Certamente, essa ideia existe dentro dos black blocs. Há muitos ecologistas radicais que aderem à tática, e suas ações diretas são motivadas pela convicção de que o capitalismo, o desenvolvimento desmesurado e o consumismo vão destruir a vida no planeta.
    Por que os black blocs adotaram o vandalismo como estratégia?
    Muitos movimentos sociais contam com grupos mais combativos. Isso se aplica, por exemplo, para os movimentos indígenas e alguns grupos sindicais. É importante lembrar que os black blocs não são os únicos que procuram destruir bancos. Durante a crise de 2001, na Argentina, lembro de ter visto mulheres da classe média, de aproximadamente 50 anos, atacarem vitrines de bancos com martelos, porque elas acabavam de perder todas suas economias. Era uma maneira significativa de expressar sua revolta. Ao longo dos séculos, muitas vezes, pessoas arruinadas por dívidas pesadas queimaram bancos e tribunais – onde se mantinha o registro das dívidas. Foi o que aconteceu nos Estados Unidos depois da independência. Como outras pessoas, os black blocs pensam que é preciso mais que manifestações calmas e pacíficas para realmente perturbar a ordem das coisas e expressar uma revolta legítima contra instituições que destroem suas vidas. Os bancos são uma delas.
    Em que sentido atentar contra símbolos do capitalismo (bancos, lojas de automóveis etc.) pode ajudar a superar a ordem capitalista?
    Algumas pessoas se manifestam com um cartaz “Foda-se Capitalismo!”. Isso não detém o capitalismo, mas é uma mensagem, uma crítica pública. A ação do black bloc é a mesma coisa, só que mais radical, mais combativa. O alvo é a mensagem. Os críticos dos black blocs frequentemente relatam danos e quebradeiras contra pequenos comércios e usam esse fato para qualificar a tática como violência gratuita e apolítica. Ora, segundo minhas pesquisas, 99% dos alvos têm um significado claramente político: bancos, grandes empresas, grupos privados de mídia, edifícios do governo e da polícia. Mesmo quando um pequeno comercio é alvo, é preciso ser paciente e buscar alguma explicação. Frequentemente, nas semanas seguintes, ficamos sabendo que, por exemplo, era uma represália contra comerciantes que colaboraram com a polícia durante uma manifestação, ou pequenos empresários que costumam a maltratar seus funcionários.
    No Brasil, os black blocs apareceram com mais força durante as manifestações de junho. Tanto à esquerda quanto à direita, poucas são as vozes que contestam publicamente essa desumanização dos black blocs. Esse processo de condenação social também foi visto em outros países onde os black blocs atuam há mais tempo? Pode citar alguns exemplos?
    No Ocidente, a repressão da polícia contra movimentos sociais progressistas vem crescendo nos últimos 15 anos. Durante a greve estudantil de 2012, no Canadá, mais de 3.500 pessoas foram presas apenas na cidade de Québec. (Québec tem apenas 7 milhões de habitantes e a greve durou 10 meses) A maioria das prisões ocorreu durante manifestações pacíficas. Ao todo, ao longo de toda a greve, apenas algumas vitrines foram quebradas. Nada que justifique tamanha repressão.
    Na cidade de Montreal e na cidade de Québec, a legislação municipal também foi modificada para proibir máscaras e obrigar os manifestantes a fornecer antecipadamente o trajeto do protesto. Um militante fantasiado de panda foi preso e teve a cabeça de sua fantasia arrancada. Em um dos meus livros, À qui la rue? Répression policière et mouvements sociaux (A quem pertence a rua? Repressão policial e movimentos sociais, em tradução livre), contabilizei mais de 10 mil detenções contra o movimento altermundialista desde asmanifestações de Seattle, nos Estados Unidos, em 1999. As leis antiterroristas editadas após 11 de setembro de 2001 são usadas para criminalizar todo tipo de dissidência. Os conflitos políticos se polarizam e o Estado age de maneira burra, através da repressão policial e da detenção dos dissidentes.
    Como a esquerda (movimentos sociais, partidos políticos e intelectuais) costuma reagir à aparição dos black blocs?
    Os black blocs parecem não ter muitos amigos. Muitas vezes, os porta-vozes das organizações progressistas, como sindicatos, denunciam os black blocs, dizendo que eles se “infiltram” em “suas” manifestações e que eles só querem “quebrar tudo”. Pessoas de esquerda justificam dessa maneira a repressão e a criminalização da dissidência. Denunciando a “violência”, eles esperem ganhar uma imagem respeitável. Vimos isso em todas as manifestações do movimento altermundialista, desde Seattle, em 1999, até o encontro do G20 em Toronto, no Canadá, em 2010. O problema é que essas forças progressistas praticamente não acumulam ganhos nos últimos 15 anos. Pior, é a direita quem está na ofensiva em todas as partes, e a esquerda recua – pelo menos na Europa e nos Estados Unidos.
    A esquerda mais institucional e “respeitável” frequentemente precisa da turbulência e da combatividade da extrema-esquerda para suas manobras no campo político. Na Itália, um grupo contra a construção de um trem de alta velocidade (Movimento No TAV) aplaudiu em Turim um porta-voz que declarou “somos todos black blocs”. No Brasil, o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) declarou recentemente apoio e solidariedade aos black blocs. Vemos regularmente testemunhos de manifestantes que não participam dos black blocs, mas que concordam com a tática e inclusive já foram protegidos por eles dos ataques da polícia. Vimos isso em Seattle e no Québec durante a greve de 2012, assim como em outros lugares. Muitos sabem também que os black blocs ilustram um elemento importante dos movimentos de contestação. Para alguns, os black blocs são uma “imagem do futuro”.
    Tradução: Delphine Lacroix, na Rede Brasil Atual
    Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



    “Ainda se morre de fome no Brasil”

    31 de Outubro de 2013, 17:52, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

    “Ainda se morre de fome no Brasil”
    A chegada de uma mineradora a uma região próxima a um quilombo nos arredores da cidade de Goiânia mudou a rotina dos moradores. Eles sonharam com empregos, mas poucos se concretizaram. A disputa pela terra se acirrou, o espaço para plantar diminuiu. O jeito passou a ser comprar comida. Os modos de vida se alteraram, as relações foram atropeladas. E, como resultado, as comunidades vivem hoje uma nova tragédia: em troca de alimento, há famílias que oferecem até suas filhas a operários da mineração. A prostituição infantil passou a ser uma triste realidade no quilombo.

    A denúncia foi feita recentemente no Fórum Brasileiro de Segurança e Soberania Alimentar (FBSSAN), em junho, pelo Grupo de Mulheres Negras Malunga. Desde então, de acordo com a organização, nada mudou e a situação só se agrava. O caso se perde em meio a outros que se multiplicam Brasil afora, invisíveis frente à euforia das estatísticas que mostram a redução da fome em nível nacional. Segundo a ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), o número de 22,8 milhões de pessoas em 1992 com fome caiu para 13,6 milhões em 2012. A mudança foi significativa, pois, em 1990, 15% dos brasileiros passavam fome. Hoje, são 6,9%. Procurado pelo Canal Ibase, o MDS disse não ter os dados das áreas específicas onde há insegurança alimentar, sugerindo que se procurasse o IBGE.


    Indígenas são o maior grupo de risco do país. Foto: Wilfred Paulse/Flickr

    Os dados recentes poderiam ser festejados, já que a economia brasileira é a sétima do mundo em termos de Produto Interno Bruto e, em alguma medida, isso se reverteu em mudança social. Mas, ao seguir à risca um modelo de desenvolvimento excludente, surge um anticlímax: o país se expõe a um vexame quando se verifica a persistência da fome em algumas regiões. O que vem à tona claramente sobre o tema é que o Norte e o Nordeste apresentam quadros de insegurança alimentar incompatíveis com a riqueza nacional. Nessa geografia da fome atual, existem territórios em que populações vivem situações gravíssimas, como afirma Francisco Menezes, pesquisador do Ibase e referência nacional no tema:

    - Eu diria que os que estão em pior situação atualmente são os indígenas. Em muitas regiões, perderam suas terras (com a chegada da soja, cana, etc), foram muito violentados em sua cultura e vivem situações de calamidade, ao qual o Estado pouco ou nada contribui – diz Menezes, fazendo um contraponto à euforia das estatísticas.

    Na Terra Indígena Governador, no município de Amarantes, a 700 km da capital maranhense, o problema da fome está associado ao conflito com latifundiários do agronegócio e, consequentemente, à dificuldade de acesso à terra. Como o Brasil nunca consolidou uma reforma agrária de fato, há muitas comunidades abandonadas pela ausência de garantia do território pelo Estado. Segundo Joaquim Cardoso, morador da TI de Governador e membro do comitê gestor da Fundação Nacional do Índio (Funai), há muitos indígenas sofrendo por escassez de alimentos:

    - A falta de acesso à terra no país é uma das causadoras da fome. Sem regularização de terras, o governo deixa que as batalhas continuem. Os pequenos, claro, continuam perdendo. Há índios na beira da estrada, sem ter onde plantar e sem dinheiro para comprar – contou Joaquim em entrevista ao Canal Ibase.

    Nordeste é maior foco da fome no país

    A situação dos índios só ganhou visibilidade com o anúncio de um possível suicídio coletivo dos Guarani-Kaiowa, um ano atrás. Mas a situação permanece inalterada lá e em muitos outros territórios indígenas espalhados pelo país.

    A professora Sandra Maria Chaves dos Santos, da Escola de Nutrição da Universidade Federal da Bahia, afirma que os dados dos últimos 20 anos deixam clara a diminuição da fome do país, mas isso não é justificativa, enfatiza ela, para deixar de combatê-la. Ela estuda o tema na região Nordeste e afirma que, em Sergipe, por exemplo, houve melhora. Mas a insegurança alimentar continua grave em outros estados.

    - E como serão os resultados do próximo censo do IBGE em relação à fome, levando-se em conta que a seca da região já dura quase três anos? – ressalta ela.


    Foto: Rafael Belzunces/Flickr

    No Vale do Jiquiriçá, a professora fez uma pesquisa com base na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) e de um questionário socioeconômico. O resultado é que, de 2.002 domicílios, constatou-se insegurança alimentar em 70,3%, com predomínio da insegurança grave e moderada (36,0%) em nove municípios.

    - Há que se chamar atenção quanto às estatísticas do Censo de 2010. Embora tenha havido uma redução importante da fome, o que se vê nos dados é a manutenção das desigualdades regionais. O problema é estrutural. Quanto menor o nível de escolaridade, por exemplo, maior é o risco de insegurança alimentar – diz ela.

    No contexto atual, em que muitas populações estão na iminência de perder acesso à terra com a chegada de megaempreendimentos e a expansão do agronegócio, a situação se agrava. É o que afirma o coordenador-executivo da Action Aid Brasil, Adriano Campolina:

    - As obras de infraestrutura no Brasil estão gerando novas pobrezas, com a expulsão das pessoas de seus locais de origem. Precisamos reverter isso, que também ocorre em função dos megaeventos esportivos: a Copa e as Olimpíadas.

    A presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Maria Emília Melo, diz que o desafio é frear esse processo.

    - É preciso investir na agricultura familiar, no banimento do uso de agrotóxicos. Há um conjunto articulador de políticas que está diretamente relacionado à segurança alimentar. O alimento tem que ser visto como direito humano e não como mercadoria.

    Para Maria Emília, a soberania alimentar ainda não foi alcançada no país. Isso, prevê a presidente do Consea, só ocorrerá quando todos os povos tiverem direito de estabelecer suas políticas do direito humano à alimentação.

    - É preciso pensar a produção, a distribuição e o acesso ao alimento. E não adianta apenas comer, é preciso saber quais alimentos estão chegando à mesa dos brasileiros. O Brasil assiste neste momento, por exemplo, ao aumento do sobrepeso. E há casos que combinam subnutrição com sobrepeso devido à baixa qualidade dos alimentos.

    Há pesquisadores que questionam, inclusive, se alguns alimentos superprocessados devem ser chamados de alimentos. Nessa linha, a professora Inês Rugani, do Departamento de Nutrição da Uerj, aponta um aspecto dramático no país, que aparece também no programa Bolsa Família. Ela alerta que famílias cuja renda é mais baixa estão adquirindo o hábito de comprar alimentos processados, a fim de consumir produtos semelhantes aos da classe média.

    A professora Inês Rugani, do Departamento de Nutrição da Uerj, vê um um aspecto dramático no país, que aparece também no programa Bolsa Família. Ela alerta que famílias cuja renda é mais baixa estão adquirindo o hábito de comprar alimentos processados, a fim de consumir produtos semelhantes aos da classe média.

    - A qualidade da alimentação cai muito, e a consequência na saúde é direta, como o aumento da diabetes. Um grande exemplo são os refrigerantes. Os mais baratos são ainda mais nocivos do que os mais divulgados pela propaganda maciça.

    As pessoas a que Rugani se refere ao menos são beneficiadas por políticas públicas, como o Bolsa-Família. Mas há aquelas que ainda sofrem de privação.

    - Ainda se morre de fome no Brasil – afirma Francisco Menezes.

    (Por Camila Nobrega e Rogério Daflon)
    Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



    Famoso pode? Apresentador Luciano Huck fala ao celular enquanto dirige

    29 de Outubro de 2013, 16:47, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


    Luciano Huck apresentou este sábado (26), em seu “Caldeirão”, o quadro “Vou de Táxi”, no qual interage com passageiros. “Um motorista padrão pelas ruas de São Paulo”, ele disse, ao iniciar o passeio. Na mesma tarde também exibiu uma versão do quadro “Ruim de Roda”, que mostra maus motoristas em ação.

    A engenheira Mikaele Tavares, que assistiu ao programa, espantou-se com o número de irregularidades que o apresentador cometeu enquanto dirigia. “O quadro mostrou Luciano Huck em vários momentos que desrespeitam as leis de trânsito”, escreveu a “detetive”.

    Ela observou o seguinte: “Em alguns momentos do quadro, ele fez ligações do celular enquanto dirigia. Só depois que começou a falar ele disse que iria parar o carro porque não pode dirigir falando no celular (sendo que deveria ter parado antes). E nas duas vezes que parou, dá para ver a placa de ‘proibido’ parar e estacionar. Como um apresentador, que logo mais iria mostrar o quadro ‘Ruim de roda’ no seu programa, dá um mau exemplo como esse para seus telespectadores? Fica a questão.”

    Revi o quadro e constatei que Mikaele tem toda razão. Huck fez tudo que ela observou, como mostram as imagens que selecionei. O mais curioso é que um dos passageiros que pegou era um professor de auto-escola. E ele disse que o apresentador dirigiu bem.

    (Publicado Por Nataniel Lima)
    Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..



    Geração de jovens intelectuais moldada pela crise resgata Marx

    28 de Outubro de 2013, 16:25, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


    As mobilizações do Ocuppy Wallstreet e a crise económica global deram um novo fulgor à esquerda nos EUA, despertando uma onda de redescoberta da teoria marxista, principalmente entre setores que não viveram a Guerra Fria. Artigo de Michelle Goldberg

    Oito anos atrás, Jay McInerney, adepto de um tipo de literatura “glossy chic” dos anos 1980, identificou Benjamin Kunkel, escritor norte-americano, como a voz da nova geração. Escrevendo na primeira página da New York Times Book Review, ele saudou o primeiro romance de Kunkel, “Indecisão”, por fazer “todo aquele negócio da crise pós-adolescência, de começo de vida, ser engraçado de novo”.

    Ele não estava sozinho; muitos críticos ficaram impressionados com a evocação de Kunkel da passividade e vazio existencial de um jovem privilegiado. Eles tinham menos certeza do que pensar sobre a conversão do narrador a uma política radical na América do Sul. “Imagino que as sequências sirvam para explicar o socialismo para as pessoas de vinte e poucos anos, pós-irónicas, ambivalentes, esperançosas e generosas em 2005”, escreveu Michael Agger na Slate.
    No próximo mês de março, Kunkel vai lançar o seu segundo livro, “Utopia or Bust” (Utopia ou Fracasso). Apesar de não ser continuação de “Indecisão”, a obra vai de fato tentar explicar, ou ao menos explorar, o que representa o socialismo hoje, através de uma série de ensaios de pensadores de esquerda contemporâneos, como o crítico literário Fredric Jameson e o geógrafo David Harvey.
    Depois do sucesso de “Indecisão” – que conquistou um lugar nas listas de Best-sellers, foi traduzido para diversas línguas e tornou-se atraente para Hollywood – Kunkel não se aproveitou do seu estrelato da mesma forma que, digamos, Jay McInerney. Pelo contrário. Depois de cair numa depressão profunda, ele seguiu o exemplo do seu próprio personagem, mudando-se para Buenos Aires, submergindo profundamente na teoria anti-capitalista.
    Num rascunho da introdução do seu novo livro, ele escreve “para deceção de amigos que prefeririam ler a minha ficção – bem como do meu agente literário, que preferiria vender – parece que eu virei um intelectual marxista público”.
    Cresce uma juventude marxista?
    De um modo estranho, no entanto, Kunkel não fugiu inteiramente do negócio. O seu novo livro surge num momento em que há um interesse renovado em Marx entre jovens autores, ativistas e estudiosos, que têm começado a identificar o capitalismo, frente à crise financeira, como um problema, e não mais como algo inevitável.
    Seria simplista demais dizer que o marxismo voltou, porque ele de facto nunca foi embora. Nos Estados Unidos depois da queda do Muro de Berlim, entretanto, estava restrita ao departamento de inglês da universidade, tornando-se objeto de crítica ácida.
    Entretanto veio a crise económica, o movimento Occupy Wall Street, e o desastre ainda em curso da austeridade na Europa.
    Na época do Occupy, principalmente, muita gente de todo tipo de esquerda, trabalhando em publicações grandes ou literárias, meio que se encontraram, começaram a conversar, e descobriram quem estava interessado em política de classe”, diz Sarah Leonard, a editora de 25 anos da Dissident o jornal social-democrata fundado quase 60 anos atrás por Irving Howe. “Nós essencialmente achamos uma política antiga que faz sentido hoje”, acrescenta ela.
    Nos EUA, é claro, o marxismo mantém se como uma corrente intelectual, muito mais do que movimento de massas. É claro, os millenials [outra forma de se referir à chamada Geração Y] são notoriamente progressistas; uma pesquisa muito debatida de 2011 descobriu que 49% das pessoas com idade entre 18 e 29 anos têm uma visão positiva sobre o socialismo, enquanto apenas 46% têm visão positiva sobre capitalismo.
    É difícil dizer o que isso significa exatamente – não se pode dizer que os jovens estão fazendo com que “O Capital”, uma das principais obras de Marx, entre rapidamente na lista dos mais vendidos ou estejam construindo células comunistas. Ainda assim, faz décadas que tantos pensadores jovens não se envolviam tanto em imaginar uma ordem social que não seja governada pelos imperativos do mercado.

    Geração livre da Guerra Fria: marxismo revisitado
    Os motivos para isso são bastante óbvios. “Agora está tudo desmoronando”, diz Doug Henwood, editor da revista de esquerda Left Business Observer e mentor de diversos novos pensadores marxistas. “Nem mesmo o mais ardoroso defensor pode dizer que as coisas estão indo bem. As premissas básicas da vida dos americanos, sobre mobilidade social e todo esse tipo de coisa, parece tudo uma grande piada de mau gosto agora”, afirmou ele.
    Enquanto isso, o fim da Guerra Fria libertou as pessoas – especialmente os que são novos demais para lembrar – para que elas pudessem revisitar as ideias marxistas sem o medo de elas justificarem a existência de regimes repressivos. 
    A União Soviética sempre pairou sobre a vida intelectual dos EUA no século 20, especialmente aqueles setores dominados pelos formados da Universidade Judaica Municipal, como Howe e o seu contraponto intelectual Irving Kristol. Havia aqueles que condenavam, mas se apegavam aos ideais socialistas – posição emblemática da revista Dissent –, e havia aqueles, como Kristol, que viam tais valores como sendo intrinsecamente ligados a um regime tirânico, e se tornavam neoconservadores.
    Agora que o comunismo é uma força marginal no mundo, essas discussões parecem muito distantes. “Imagino que não tenhamos na nossa cabeça 1989”, diz Leonard. “A nossa crise é de uma natureza diferente. É uma crise capitalista, e temos um arsenal de ferramentas de análise muito útil”.
    Novas publicações norte-americanas e de esquerda
    Para servir ao novo pensamento de esquerda, a editora norte-americana radical Verso – que também vai co-publicar o novo livro de Kunkel – começou recentemente a fazer uma série chamada Pocket Communism (Comunismo de Bolso). Pequena e elegante, a coleção foi criada tendo em mente a capacidade de atenção da Geração Y. Entre os livros estão “A hipótese comunista” de Alain Badiou e “A atualidade do comunismo”, de Bruno Bosteel. Eles são vendidos fora das lojas tradicionais – em galerias de arte, por exemplo.
    Mesmo quando esses neocomunistas não são marxistas ortodoxos – Badiou é meio maoísta – Marx ainda tem um peso muito grande em suas obras. “As pessoas não têm mais medo de voltar aos textos e usar palavras que eram tabu”, diz Sebastian Budgen, editor sénior da Verso. “Há um efeito emancipador em não mais se precisar se justificar para usar Marx.”
    Em nenhum lugar isso é mais verdade que na Jacobin, a revista norte-americana socialista fundada por Bhaskar Sunkara, de 24 anos, que vai publicar “Utopia or Bust” com a Verso
    Um empreendedor marxista, Sunkara ainda não se tinha formado quando usou o dinheiro do seu empréstimo estudantil para publicar o primeiro número da Jacobin, em 2011. Hoje ele tem cerca de cinco mil assinantes, um número pequeno em perspetiva, mas impressionante para um jornal de esquerda, comparável ao alcance da Dissent
    Os seus leitores são desproporcionalmente jovens, de acordo com Sunkara, e em geral novatos no que diz respeito a publicações de esquerda. “Acho que boa parte dos leitores não escolhe aJacobin ao invés da Dissent ou da Monthly Review”, afirma. “Eles são mais para liberais desiludidos ou jovens que não são politizados”.
    De sua parte, a Dissent, editada por Michael Kazin, foi revigorada por pessoal novo, como Leonard. Até recentemente era conhecida pelo seu conflito com a irresponsabilidade de outros radicais.
    Em 2002, por exemplo, seu antigo co-editor, Michael Walzer, criticou as respostas dos progressistas ao 11 de setembro, em um artigo intitulado “Pode haver uma esquerda decente?”. Lamentando a tendência de intelectuais de esquerda de “viver nos EUA como estrangeiros internos, recusando-se a se identificar com os seus cidadãos, considerando qualquer traço de patriotismo como politicamente incorreto”, ele parecia reviver uma velha briga entre a esquerda anticomunista e a contracultura na década de 1960.

    Artigo publicado no portal Carta Maior
    Artigo original do Comunica Tudo por M.A.D..