Este blog foi criado em 2008 como um espaço livre de exercício de comunicação, pensamento, filosofia, música, poesia e assim por diante. A interação atingida entre o autor e os leitores fez o trabalho prosseguir.
Leia mais: http://comunicatudo.blogspot.com/p/sobre.html#ixzz1w7LB16NG
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
PGR dá parecer favorável à ação de Comparato que determina regulamentação da mídia
May 22, 2012 21:00 - no comments yetA ação, ajuizada por Fábio Konder Comparato e assinada pelo PSOL em 2010, pede que o Supremo determine ao Congresso a regulamentação de artigos da Constituição que proíbem o monopólio, definem as finalidades da programação do rádio e da TV e regras para o direito de resposta. Segundo a ação, mais de 20 anos depois da promulgação da Constituição, o fato de o Congresso ainda não ter regulamentado estes artigos prejudica a democracia brasileira.
Por Bia Barbosa
Em novembro de 2010, a partir de ação elaborada pelo professor Fábio Konder Comparato, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação de Insconstitucionalidade por Omissão (ADO) visando a regulamentação de artigos da Constituição Federal relativos à Comunicação. Entre eles, o artigo 220, que proíbe o monopólio e o oligopólio nas comunicações e que diz que cabe ao Estado estabelecer os meios legais para garantir a defesa de programas ou propagandas nocivas à saúde e ao meio ambiente; o artigo 221, que define as finalidades da programação de rádio e TV; e o artigo 5o, em sua previsão sobre o direito de resposta. Segundo a ação, mais de 20 anos depois da promulgação da Constituição, o fato de o Congresso ainda não ter cumprido seu dever de regulamentar estes artigos resultaria em prejuízos consideráveis para a democracia brasileira.
No final de abril, a Procuradoria Geral da República (PGR) finalmente emitiu seu parecer sobre o caso. Num texto assinado pela vice-Procuradora Geral da República, Deborah Duprat, e aprovado pelo Procurador Geral Roberto Gurgel, o órgão máximo do Ministério Público se pronunciou favoravelmente à ação. A PGR entende que há a necessidade de disciplina legal da vedação ao monopólio e oligopólio dos meios de comunicação, assim como uma atuação promocional do Estado na democratização dos meios de comunicação - em referência às finalidades da programação de rádio e TV previstas no artigo 221.
A Procuradoria também acredita que há demora excessiva do Congresso Nacional na disciplina do direito de resposta, sem regulação específica desde que o STF declarou revogada a Lei de Imprensa. E conclui admitindo a possibilidade de o Judiciário estabelecer um prazo para que as leis que regulamentam esses as artigos da Constituição sejam finalmente aprovadas.
Antes da PGR, tanto o Congresso Nacional quanto a Advocacia Geral da União (AGU) já haviam emitido suas opiniões sobre a ADO. Em seus pareceres, por diferentes razões, manifestaram ao Supremo desacordo com a ação. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), por exemplo, disse que não há omissão inconstitucional do Congresso na efetivação do que determina a Constituição para os meios de comunicação. O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT/RS), alegou que já existem projetos de lei em tramitação tratando dos artigos constitucionais em questão.
Já a AGU, que representa o governo federal junto ao Judiciário, disse, por um lado, que o direito de resposta e a proibição de monopólio e oligopólio não dependem de regulamentação, já que a Constituição lhes garantiria "eficácia plena e aplicabilidade imediata". Por outro lado, em relação aos artigos 220 e 221, a AGU acredita que leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Código de Defesa do Consumidor e a lei do V-Chip, mecanismo que permite o bloqueio de canais nos aparelhos de TV, já seriam suficientes. Assim como o Conselho de Comunicação Social (CCS), órgão auxiliar do Congresso que teria a função de se pronunciar sobre assuntos da comunicação em tramitação no Parlamento brasileiro. A AGU não considerou, no entanto, que o CCS está sem funcionar desde 2006, quando venceram os mandatos de seus membros e a mesa diretora do Senado não nomeou novos integrantes.
Regulação e democracia
Antes de analisar ponto a ponto os pedidos descritos na ADO número 10, a vice-Procuradora Geral da República, Deborah Duprat, explicitou a posição do Ministério Público Federal acerca do próprio debate público sobre a regulação dos meios de comunicação.
“A cada tentativa de discussão sobre o tema, imediatamente os grandes veículos de comunicação se levantam para tachá-las de “censura”, invocando um discurso de que se trataria de restrição a um direito fundamental absoluto”, disse, no parecer. “O princípio da liberdade de expressão é um dos mais importantes direitos fundamentais do sistema constitucional brasileiro. (...) Portanto, deve ser garantida pelo poder público a possibilidade de livre manifestação de qualquer cidadão, para que se desenvolva um debate ancorado em razões públicas sobre temas de interesse da sociedade. Desse modo, posturas como a da grande mídia na verdade caracterizam uma tentativa de se evitar o debate, o que representa uma grave violação à liberdade de expressão. Nesses casos, o efeito silenciador vem do próprio discurso”, acrescentou.
Deborah Duprat destacou o fato de marcos regulatórios dos meios de comunicação serem comuns em praticamente todos os países europeus e também em nações de tradição político-cultural liberal, como os EUA. Ela lembrou da Federal Communications Comission (FCC), o órgão regulador federal norte-americano responsável pela adoção de medidas administrativas voltadas à disciplina do funcionamento do setor. E defendeu a recente experiência da Argentina como uma forma de promoção da liberdade de expressão do conjunto da população do país.
“Buscando delimitar os parâmetros de uma concepção democrática dos meios de comunicação social, o parlamento argentino aprovou, em outubro de 2009, a Lei 26522, denominada Ley de Servicios de Comunicación Audiovisual, que disciplina temas como a propriedade dos meios de comunicação e a vedação às práticas de monopólio e oligopólio. Ao invés de serem vistas como antidemocráticas e restritivas de direitos fundamentais, as medidas de regulação estatal são consideradas como uma forma de expansão da liberdade de expressão e de pluralização do conhecimento”, explicou.
Na avaliação da PGR, o poder público tem não apenas o dever de se abster de violar o direito à liberdade de expressão mas também a obrigação de promovê-lo concretamente e de garanti-lo diante de ameaças decorrentes da ação de grupos privados.
“Revela-se legítima a intervenção do Estado na estruturação e no funcionamento do mercado. Principalmente quando se trata de coibir os excessos da concentração de poderes em determinados grupos econômicos, de modo a se garantir a diversidade de pontos de vista e a prevalência da autonomia individual na livre formação da convicção de cada um”, afirma o parecer.
Neste sentido, o Ministério Público Federal discorda da visão da AGU, para quem a norma prevista no artigo 220 tem eficácia plena. Na leitura do MP, a realidade tem mostrado que a proibição constitucional a monopólios e oligopólios na comunicação não tem sido suficiente para evitar sua formação. A Procuradoria Geral da República acredita que os níveis da concentração da mídia no país são “escandalosos”, e que “a pressão dos interessados na manutenção do atual status quo (...) tem inviabilizado a regulamentação e aplicação da vedação constitucional ao monopólio e oligopólio na mídia”.
O próprio STF já se manifestou sobre o tema, quando julgou a ação que culminou no fim da Lei de Imprensa. Na leitura dos ministros do Supremo Tribunal Federal, a proibição do monopólio e do oligopólio deve ser vista como um “novo e autônomo fator de contenção de abusos do chamado poder social da imprensa”.
A interpretação vai ao encontro da Declaração de Princípios sobre Liberdade de Expressão da Relatoria para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, também citada por Deborah Duprat. O texto afirma que “os monopólios ou oligopólios na propriedade e controle dos meios de comunicação devem estar sujeitos a leis anti-monopólio, uma vez que conspiram contra a democracia ao restringirem a pluralidade e a diversidade que asseguram o pleno exercício do direito dos cidadãos à informação”.
Direito de resposta e conteúdo da programação televisiva
Seguindo a mesma lógica, a Procuradoria Geral da República também vê necessidade de regulamentação específica para a garantia da efetividade do direito de resposta, sobretudo porque, sem lei ordinária tratando do tema, apenas o aspecto da reparação de danos à personalidade seria possível, a partir do Código Civil.
“Pode-se considerar que o direito de resposta tem sido concebido no Brasil em termos estritamente privatísticos. Afinal, existe regulamentação infraconstitucional quanto á reparação de danos à personalidade (honra, imagem etc) no Código Civil e na legislação especial. Porém, não há o mesmo tipo de disciplina legal no âmbito da comunicação social, para que assegurem os espaços e as condições para manifestações midiáticas daqueles que, porventura, tenham seus direitos desrespeitados através deste meio”, explica Deborah Duprat.
Neste sentido, para o MP, o direito de resposta funciona não apenas como um meio de proteção de direitos da personalidade, mas também deve ser visto como um instrumento de garantia do acesso à informação e do pluralismo interno dos meios de comunicação, essenciais para a garantia do direito difuso à liberdade de expressão.
Já sobre a determinação da Constituição de que o Estado brasileiro estabeleça os meios legais para que os cidadãos se defendam de programas ou propagandas abusivas, Deborah Duprat também foi enfática ao afirmar a insuficiência dos mecanismos disponíveis à população brasileira.
“Não merece prosperar a alegação da AGU de que a existência de previsão legal, por exemplo no ECA e no Código de Defesa do Consumidor, descaracterizaria a omissão do Congresso Nacional. O fato de haver disposições pontuais e esparsas na legislação infraconstitucional a respeito de determinado tema constitucional não é suficiente para afastar a abstenção do legislador em regulamentá-lo”, disse. “As normas legais mencionadas se referem a aspectos específicos da sua projeção no âmbito de relações jurídicas casuísticas (direito de família e relações de consumo). Portanto, tem-se uma omissão ao menos parcial, na medida em que o legislador persiste sem disciplinar, de modo abrangente e referencial, as formas de garantia do interesse público nos meios de comunicação”, concluiu.
Inércia legislativa
O parecer da PGR termina respondendo indiretamente às manifestações do Congresso Nacional no que diz respeito à existência de projetos de lei que tratam dos temas abordados na ADO 10 do professor Comparato. Para as Casas legislativas – Câmara e Senado – a mera existência desses projetos impede que o Supremo considere o Congresso omisso na regulamentação da Constituição. Para o MP, no entanto, é possível que exista uma situação de inércia do Poder Legislativo, que faça com que os processos de tramitação se arrastem por anos e anos. Nesses casos, o resultado é o mesmo da inexistência de qualquer projeto de lei.
“Mostra-se viável e necessário um juízo de razoabilidade acerca do período de elaboração das normas legais, considerando-se a natureza da matéria e a urgência da sua disciplina perante os anseios da sociedade”, disse Deborah Duprat. “Dado o entendimento recente da Suprema Corte brasileira em relação às omissões inconstitucionais, é cabível o estabelecimento de prazo razoável (...) para que o Congresso Nacional proponha s leis cabíveis”. Este prazo, na avaliação da PGR, seria de 18 meses.
O jurista Fábio Konder Comparato comemorou a posição do Ministério Público. Para o presidente nacional do PSOL, deputado federal Ivan Valente, o parecer contribui significativamente para o fortalecimento da luta dos movimentos sociais pela regulamentação da comunicação no país.
“O resultado de décadas de ausência de regras eficazes no campo da mídia deixou o mercado capitalista à vontade para concentrar tamanho poder nas mãos de poucas famílias e para usar as concessões de rádio e televisão para o benefício de interesses privados, meramente comerciais , com enorme prejuízo para a diversidade cultural em nosso país. Diante deste quadro, garantir a circulação de uma pluralidade de vozes, visões e opiniões no espaço midiático é fundamental para quebrar uma estrutura que hoje está a serviço das elites políticas e econômicas e avançarmos na consolidação da democracia no Brasil”, concluiu Ivan Valente.
Para contribuir com o processo, o Intervozes entrou com um pedido de amicus curiae junto ao Supremo Tribunal Federal, e aguarda decisão da ministra Rosa Weber sobre a solicitação.
O feminino nos diplomas brasileiros
May 22, 2012 21:00 - no comments yet
Publicado em Sua Língua
Há coisa de um mês entrou em vigor a Lei 12.605, que torna obrigatória a diferenciação masculino / feminino nas profissões e graus que constam nos diplomas e certificados expedidos por qualquer instituição de ensino desta incomparável Pindorama. Para uma leitora que perguntou se esta lei mudaria alguma coisa no uso que fazemos do idioma, sou obrigado a dizer, com franqueza, que não muda nada, ou pouco mais que nada. É uma lei pequenina, tanto no texto quanto nos efeitos: a partir de agora, se uma filha minha se graduar em Arquitetura ou Enfermagem, terá a merecida satisfação de ver que seu diploma não lhe confere o antipático título de "Arquiteto" ou de "Enfermeiro", como ainda fazem muitas instituições de ensino bem conhecidas, mas sim o de "Arquiteta" ou "Enfermeira".
É só isso? É. Do ponto de vista sociológico, a lei até poderá contribuir um pouco para arejar a burocracia acadêmica, geralmente tão conservadora nestas questões de gênero; do ponto de vista lingüístico, no entanto, ela faz tanto efeito quanto aplicar clister em defunto. Como ela dispõe apenas sobre a forma de redigir o texto dos diplomas e certificados, dirige-se exclusivamente aos secretários de escola, que os emitem, e não a simples mortais como nós, que os recebemos. Pode ser que a lei provoque alguma comoção nos departamentos de registros das universidades, que terão de abandonar sua inexplicável resistência em usar os femininos que a língua põe à nossa disposição — mas em nada vai afetar nossa linguagem usual, que felizmente sempre foi muito mais democrática que a linguagem petrificada dos diplomas.
Acredite, leitora: neste quesito, somos muito mais avançados que os franceses. Se a sociedade brasileira ainda não oferece oportunidades idênticas aos dois sexos, ao menos nossa cultura sempre distinguiu o gênero das profissões. Aqui, no mundo real, a mulher que trabalha é professora, médica, ministra, técnica, reitora ou catadora de lixo, enquanto lá, no hexágono francês, ainda se cultiva a estranha tradição de empregar nomes exclusivamente masculinos. As combativas feministas francesas tentam criar e divulgar as formas femininas correspondentes, mas ainda é comum empregarem le ministre, le médecin ou le peintre tanto para homens quanto para mulheres. Sem conhecer o contexto, uma simples nota na coluna social como "le gendarme s’est marié en robe blanche" vira um verdadeiro enigma, já que não sabemos (estamos no séc. 21, gente!) se foi A ou O policial que casou de vestido branco.
Esta lei vem se juntar a outra bem mais antiga, quase tão inócua quanto ela: em 1956, o presidente Juscelino assinou a Lei 2.749, ainda vigente, que torna obrigatório o uso do gênero feminino (quando houver) na denominação dos cargos públicos ocupados por mulheres. Seu alcance também é limitadíssimo, pois a ela só estão sujeitas "as repartições da União Federal", as autarquias e os serviços "cuja manutenção dependa, totalmente ou em parte, do Tesouro Nacional" — ou seja, é uma norma interna do serviço público, semelhante à que estabelece o uso de gravata ou à que define o tamanho oficial dos envelopes. Em outras palavras, leitora, ela nada tem a ver com a linguagem que eu e você usamos.
Ora, por que os legisladores, nos dois casos, reduziram tanto o âmbito de aplicação de suas normas? Por que não tornaram a obrigação extensiva a todos os brasileiros? É simples: porque teriam assinado um atestado de burrice e seriam objetos de chacota eterna, aqui e fora de nossas fronteiras. Há muito tempo o Ocidente aprendeu que é o consenso dos falantes que regula o uso de uma língua, e que não há poder instituído que possa controlá-lo, como ilustra o conhecido episódio que ocorreu com Sigismundo, imperador do Sacro Império Romano-Germânico: durante o Concílio de Constança, em 1414, ele empregou como feminina a palavra cisma (que era neutra, no Latim, como é masculina, hoje, no Português). Ao ser advertido do erro, respondeu que, como imperador, ele podia muito bem decidir que cisma tinha trocado de gênero — ao que se levantou um arcebispo e lançou-lhe nas barbas a famosa frase "Caesar non supra grammaticos" (literalmente, "César não está acima dos gramáticos"), que deve ser lido como "O Estado não tem poder sobre as palavras".
Globo supera a CBS ou como um país de terceiro mundo sustentou uma emissora de primeiro (ou seria o contrário)?
May 22, 2012 21:00 - no comments yet A notícia foi: Rede Globo é a segunda maior emissora do mundo. O texto explica que uma nova avaliação levou a Globo do terceiro para o segundo lugar no ranking mundial, na frente da CBS:SÃO PAULO – A rede Globo de Televisão tornou-se a segunda maior emissora do mundo em renda comercial.
Segundo o site “Comunique-se”, a empresa de Roberto Marinho ultrapassou a CBS em uma análise feita neste ano. Agora, a emissora só está atrás da ABC, dos Estados Unidos.
No Brasil, a rede Globo possui cinco emissoras próprias, nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Olinda, além das empresas afiliadas espalhadas por todo o País.
O único outro canal brasileiro que faz parte do ranking internacional é a rede Record. Porém, ela ocupa apenas a 28ª posição.
Além da ABC, Globo e CBS, estão também entre as oito maiores redes do mundo a NBC, na quarta colocação, a Televisa, na quinta, a CNN, na sexta, a BBC, na sétima, e a chinesa CCT no fim da lista.
A ótima avaliação da Rede Globo infelizmente não inclui dados políticos e históricos que permitiram à emissora estar em posição tão privilegiada. O Brasil é um país riquíssimo: fato. Ainda vivemos em desigualdade social e isso também é um fato. Estes dois elementos somados aos 21 anos de uma ditadura militar que injetou milhões de dólares na emissora numa competição desigual e sem precedentes, manipulação de fatos jornalísticos, tendência inata ao golpismo, etc, fazem da Vênus Platinada um destaque mundial.
É claro que a Globo tem suas qualidades, mas vale questionar como um país de terceiro mundo conseguiu sustentar uma "emissora de primeiro mundo", ou seria o contrário? Uma emissora de televisão que apoia um franco processo de desindustrialização, ideais de uma elite financeira e retrógrada que faz de tudo para manter o país no mesmo lugar. mas com a segunda maior emissora do mundo.
Caso ainda não tenha visto, recomendo assistir ao documentário
"Beyond Citizen Kane" ou então visitar o site do falecido jornalista Daniel Herz e procurar compreender melhor o que quero dizer.
Quando nem Todos os Santos podem salvar...
May 22, 2012 21:00 - no comments yetUm leitor deste blog, que preferiu manter anônima a sua identidade, enviou duas fotos de uma situação inusitada. Feitas na semana passada, no bairro de Todos os Santos, Rio de Janeiro, não há muito para falar sobre elas, pois a barbaridade e o risco de morte falam por si só, nas imagens.Veja e o robô que não era robô
May 22, 2012 21:00 - no comments yet![]() |
Eu, robô? |
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador
A revista “Veja”, antes da curiosa parceria com o bicheiro Cachoeira, era conhecida pela criatividade. Não deixa de ser uma boa qualidade no jornalismo: textos, títulos, ilustrações criativas são sempre benvindos. Desde que se baseiem em fatos.
Fatos não são o forte de “Veja”: dólares para o PT trazidos em caixas de whisky (que ninguém nunca viu), contas no exterior de gente ligada ao lulismo (jamais encontradas, mas noticiadas como verdadeiras), queda de Hugo Chavez em 2002 (comemorada antes da hora, com uma capa vergonhosa), grampo sem áudio (hoje, graças a outros grampos com áudio do esquema cachoeira, sabe-se porque o grampo sem áudio virou notícia na “Veja”)…
A lista é enorme, e não se restringe à política. A “Veja” é crédula. Acreditou no Boimate (o episódio, ridículo, foi estrelado por um rapaz chamado Eurípedes Alcântara, então editor de “Ciência” da revista), uma brincadeira de primeiro de Abril de uma agência internacional. Por conta de tanta credulidade, a revista noticiou como verdadeiro o cruzamento de boi com tomate. Genial. Tão genial que o rapaz depois viraria diretor de redação da revista.
A “Veja” – é bom lembrar – acredita em recomendar remédios (milagrosos) para emagrecer, na capa. De forma irresponsável. O remédio na verdade serve para diabetes, e sumiu das prateleiras. Uma história até hoje mal explicada.
A revista mais vendida do país, com pouco apego aos fatos, tornou-se também sisuda, malcriada, irascível. O fígado dos Civita e de seus rapazes deve doer demais. Eles deveriam relaxar um pouco. Na última edição até que tentaram. Para responder às críticas avassaladoras contra a estranha parceria Abril-Cachoeira - que levaram “Veja”, 4 semanas seguidas, para os “TTs” no twitter – os editores decidiram atacar. Acusaram o PT (Globo e Veja são os únicos órgaõs de comunicação do país, na companhia do Professor Hariovaldo, que acreditam piamente na existência dos “radicais do PT”) de comandar uma campanha orquestrada no twitter.
O malvado Rui Falcão (presidente do PT) teria chefiado tudo. Utilizando, vejam só, perfis falsos no twitter. Ou seja: os radicais lulopetistas utilizaram “robots” para atacar a revista dos homens bons da pátria. A “Veja” faz bem em gritar. Radicais! Mosquitos stalinistas! Formigas esquerdistas! Quem sabe esses gritos diminuam o ruído da cachoeira… Um dos “robots” lulopetistas a “Veja” decidiu nomear: tem o nome sugestivo de @Lucy_in_Sky_.
Pois bem. O twitteiro @página2 decidiu fazer o que Veja não gosta de fazer: checar informações. Descobriu que @Lucy_in_Sky_ existe sim! A entrevista da twitteira – que existe, contra a vontade da revista – pode ser lida aqui, no blog do Eduardo Guimarães.
O resumo de tudo isso é o seguinte: “Veja” dá destaque – de forma criativa – a fatos que jamais existiram. Em contrapartida, agora acusa (!?) de não existir pessoas que de fato existem!
Engraçadíssima a “Veja”. Deixou-se embalar pelo jornalismo lisérgico. Cachoeira já sabia: esses rapazes da marginal estão à frente de seu próprio tempo. Brigar com as redes sociais é, de fato, atitude muito inteligente!
Lucy in the sky with diamonds!!!
*****
PS: na primeira versão desse texto, o Escrevinhador cometeu uma falha gravíssima – confundiu Mario Sabino com Eurípedes Alcântara. Alertado por “robots” stalinistas que já estiveram inscrustrados na editora Abril, acabamos de fazer a correção, dando crédito pelo brilhante Boimate ao homem bom Eurípedes Alcântara.