A declaração do secretário-executivo do Ministério das Comunicações,
no último dia 20, de que este governo não vai tratar da reforma do marco
regulatório das comunicações, explicita de forma definitiva uma posição
que já vinha sendo expressa pelo governo federal, seja nas entrelinhas,
seja pelo silêncio diante do tema.
A justificativa utilizada – a de que não haveria tempo suficiente
para amadurecer o debate em ano pré-eleitoral – é patética. Apesar dos
insistentes esforços da sociedade civil por construir diálogos e formas
de participação, o governo Dilma e o governo do ex-presidente Lula
optaram deliberadamente por não encaminhar um projeto efetivo de
atualização democratizante do marco regulatório. Mas o atual governo foi
ainda mais omisso ao sequer considerar a proposta deixada no final do
governo do seu antecessor e por não encaminhar quaisquer deliberações
aprovadas na I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada
em 2009. O que fica claro é a ausência de vontade política e visão
estratégica sobre a relevância do tema para o avanço de um projeto de
desenvolvimento nacional e a consolidação da democracia brasileira.
A opção do governo significa, na prática, o alinhamento aos setores
mais conservadores e o apoio à manutenção do status quo da comunicação,
nada plural, nada diverso e nada democrático. Enquanto países com marcos
regulatórios consistentes discutem como atualizá-los frente ao cenário
da convergência e países latino-americanos estabelecem novas leis para o
setor, o Brasil opta por ficar com a sua, de 1962, ultrapassada e em
total desrespeito à Constituição, para proteger os interesses comerciais
das grandes empresas.
Ao mesmo tempo em que descumpre o compromisso reiterado de abrir um
debate público sobre o tema, o governo federal mantém iniciativas
tomadas em estreito diálogo com o setor empresarial, acomodando
interesses do mercado e deixando de lado o interesse público.
No setor de telecomunicações, na mesma data, foi anunciado um pacote
de isenção fiscal de 60 bilhões para as empresas de Telecom para o novo
Plano Nacional de Banda Larga em sintonia com as demandas das empresas,
desmontando a importante iniciativa do governo anterior de recuperar a
Telebrás, e encerrando o único espaço de participação da sociedade no
debate desta política – o Fórum Brasil Conectado. Somando-se ao pacote
anunciado de benesses fiscais, o governo declara publicamente a
necessidade de rever o texto do Marco Civil da Internet que trata da
neutralidade de rede, numa postura totalmente subserviente aos
interesses econômicos.
Na radiodifusão, faz vistas grossas para arrendamentos de rádio e
TVs, mantém punições pífias para violações graves que marcam o setor,
conduz a portas fechadas a discussão sobre o apagão analógico da
televisão, enquanto conduz de forma tímida e errática a discussão sobre o
rádio digital em nosso país. Segue tratando as rádios comunitárias de
forma discriminatória, sem encaminhar nenhuma das modificações que lhes
permitiriam operar em condições isonômicas com o setor comercial.
Diante desta conjuntura política e do anúncio de que o governo
federal não vai dar sequência ao debate de um novo marco regulatório das
comunicações, ignorando as resoluções aprovadas na 1ª Conferência
Nacional de Comunicação, manifestamos nossa indignação, ao mesmo tempo
em que reiteramos o nosso compromisso com este debate fundamental para o
avanço da democracia.
De nossa parte, seguiremos lutando. A sociedade brasileira reforçará
sua mobilização e sua unidade para construir um Projeto de Lei de
Iniciativa Popular para um novo marco regulatório das comunicações.
Coordenação executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC:
Associação das Rádios Públicas do Brasil (Arpub)
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária – Abraço
Associação Nacional das Entidades de Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões – Aneate
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Conselho Federal de Psicologia – CFP
CUT – Central Única dos Trabalhadores
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações – FITTEL
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão – Fitert
Intervozes – – Coletivo Brasil de Comunicação Social
*Para adicionar sua assinatura e a de sua entidade a esta nota, envie e-mail para secretaria@fndc.org.br
FNDC
Nota Pública: Governo Federal rompe compromisso com a sociedade no tema da comunicação
25 de Fevereiro de 2013, 21:00 - sem comentários ainda | No one following this article yet.
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A declaração do secretário-executivo do Ministério das Comunicações, no último dia 20, de que este governo não vai tratar da reforma do marco regulatório das comunicações, explicita de forma definitiva uma posição que já vinha sendo expressa pelo governo federal, seja nas entrelinhas, seja pelo silêncio diante do tema. A justificativa utilizada – a de ...
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