Aventuras de um sem-saúde
17 de Outubro de 2013, 11:59 - sem comentários aindaPor Elaine Tavares
A pessoa começa a passar mal e a primeira opção é, sem dúvida, apelar para a memória histórica dos chás das avós. Afinal, buscar um médico no sistema público é sempre um grande estresse. Mas, os dias se passam a e coisa só piora. Não há o que fazer. Toca ir para a fila do Posto de Saúde do Morro das Pedras. Chega lá no meio da manhã para saber como estão as regras. É que elas mudam todo o tempo. A moça: “Pode vir todos os dias, mas são apenas cinco fichas. Tem de chegar cedo”. Tudo bem, volta para casa sem atendimento.
Passam-se dois dias e tudo piora. Não há remédio. Toca enfrentar a fila de novo. Dessa vez acorda cedinho, antes das sete, afinal são só cinco fichas. Chega no Posto e a fila está grande. Mas, enfim, a necessidade obriga a ficar e tentar uma vaga. São sete horas e tudo está fechado. As oito e cinco começam a chegar os funcionários. A médica, bem jovem, chega num carrão, às oito e meia. A fila vai andando, todos com aquela cara de sofrimento que só os sem-nada têm.
Chega a vez da pessoa. Ela consegue a tal da vaga para ser atendida. Mas, há que esperar. São nove horas quando é chamada. Explica o problema. A médica sequer a olha nos olhos. “Tem que fazer um procedimento, mas não temos sala”. Como não tem sala? E o que é aquilo onde estão? “Não dá para fazer, procure outro posto”. Como procurar outro posto? A pessoa só pode ser atendida no posto da sua jurisdição. O Posto do Campeche não atende quem mora na região do Morro das Pedras. “Não posso fazer nada”, diz a mocinha, possivelmente recém-formada. E a pessoa sai, atordoada, sonhando com um médico cubano.
A pergunta que baila é: por que algumas pessoas precisam amargar o sofrimento da falta de atenção enquanto outras tem os melhores médicos à sua disposição? A resposta é fácil: o sistema que comanda nosso viver define isso. A forma como se organiza o mundo capitalista determina que os ricos se apropriem de todos os avanços da ciência, das melhores coisas, do nelhor cuidado. Os pobres são meras peças de reposição na grande engrenagem. Se morrerem, não farão falta. Outro vem e ocupa o lugar. Há pobres demais no sistema de vida que o mundo ocidental impõe.
Assim que os postos de saúde nos bairros, construídos para atender aos pobres, são meros espaços de enganação. Para que as pessoas digam: Mas, temos os postos e médicos à disposição. Temos as políticas públicas de saúde. Tudo farsa. É da natureza do mundo capitalista que uns explorem e outros sejam explorados. Que uns vivam e outros morram para que esses vivam. Assim, as medidas compensatórias sempre serão véus de Maya (a ilusão).
Por isso que aos pobres restam poucas opções. Resignação, aceitar que a vida é assim mesmo e esperar a morte tomando, no máximo, um paracetamol. Lutar para mudar o sistema, coisa difícil demais num mundo em que a resignação é regra e aquele que luta é visto como anormal. Quebrar tudo no posto de saúde. Ajuda a aliviar a tensão, mas piora a saúde, uma vez que nem o atendimento e ainda a prisão. Quebradeiras solitárias não são eficazes.
Então, para alívio da doença há que encontrar alguma saída individual ou morrer. Mas, para o fim do sistema que explora e oprime as soluções precisam ser coletivas. Novas escolas de medicina precisam nascer. Outra medicina precisa vingar. Mas, isso não pode ser feito de forma isolada, dentro do sistema que temos. Há que fazer vingar outra forma de organizar a vida, porque as coisas precisam mudar na sua totalidade. Não basta uma mudança pontual, aqui ou ali, isso só faz com que a exceção fortaleça a regra. Há que se reconhecer o sistema de vida que temos, entender seus meandros, suas leis. E, depois, coletivamente, encontrar formas de mudar tudo.
Se não for assim, seguiremos morrendo como ovelhas no sacrifício para o deus do capital.
Fonte: Elaine Tavares - Palavras Insurgentes
Europa-OTAN: “exércitos militares” sem guerras reais
17 de Outubro de 2013, 11:39 - sem comentários aindaNão se sabe, se foi por acaso ou não, mas na véspera da cúpula da Associação Oriental, a ser realizada no fim de novembro em Vilnius, a União Europeia e a OTAN intensificaram a sua atividade militar. Em Budapeste, no encontro dos chefes de governo dos países do chamado Grupo de Visegrad, isto é, a Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia, foi confirmada a intenção de criar uma unidade militar conjunta que seria integrada nas Forças Armadas da União Europeia. Além disso, o portal de internet EUobserver lembrou que em novembro os países-membros da OTAN irão promover manobras militares Steadfast Jazz 2013 nos territórios da Polônia e dos países bálticos.
O portal EUobserver afirma que nos últimos anos tiveram um segundo fôlego as relações entre a OTAN e a Ucrânia, a vizinha mais próxima da Rússia. Uma tropa ucraniana de 100 homens também vai participar das futuras manobras em que será treinada a simulação de rechaço da “agressão” por parte de um certo “Estado vizinho”. Falando a propósito, a Alemanha será representada por apenas 75 militares. O referido portal de Internet especifica também que militares ucranianos fazem parte das missões militares da OTAN no Afeganistão e em Kosovo, no mar Mediterrâneo e no oceano Índico.
No comentário deste portal as menções da OTAN e da União Europeia vêm intercaladas permanentemente. Quanto ao componente militar das relações destas organizações europeias, neste plano é bastante difícil de separar uma das outras. Em primeiro lugar, hoje 22 do total de 28 países da União Europeia são membros da OTAN. E, em segundo lugar, depois da adoção pela aliança da estratégia da chamada “defesa inteligente”, que visa, em particular, o dispêndio mais econômico de recursos, o quartel-general deste bloco passou uma parte das funções puramente militares aos seus parceiros no quadro da Europa Unida.
A partir deste ponto de vista, a ideia de criação de um certo “mini-exército” do Grupo de Visegrad, tem um aspecto pelo menos incomum, ou para ser mais exato, quase irreal. Os peritos constatam que os membros deste quarteto têm diversos “pesos” e orientam-se por diversas atitudes para com os problemas de integração europeia e relações com a OTAN. Aliás, o tema de “grupos de combate de reação rápida” é debatido na União Europeia já há vários anos, mas quem exerce missões militares reais nos pontos quentes do planeta é a OTAN. Por enquanto, os membros do Grupo de Visegrad preparam-se para um jogo de aliança esquisito. O redator-chefe do jornal Nezavisimoe voennoe obozrenie (Resenha militar independente) Viktor Litovkin admite que as manobras sejam realizadas no quadro de um plano, mas manifesta perplexidade por motivo do seu roteiro.
"O roteiro das manobras, que devem ser realizadas na Polônia, prevê o rechaço da agressão por parte de um Estado vizinho, que de acordo com o artigo V do Tratado – defesa do aliado – tinha sofrido a invasão. Esta forma de colocação da questão é provocadora. E, pelo contrário, quando lutamos em conjunto contra o terrorismo, nisso não há nada de provocador."
A doutora Margarete Klein, do Fundo Alemão da Ciência e Política, ressaltou na palestra com a Voz da Rússia a importância da confiança mútua entre o Ocidente e a Rússia.
"A falta de confiança mútua é o principal mal nas relações. Outrora, a Rússia veio com a proposta de firmar o tratado de segurança europeia mas o Ocidente não tomou esta ideia a sério. Todavia, o diálogo continua a ser uma necessidade premente, pois enquanto não for alcançado o consenso a respeito de problemas cardinais, a parceria continuará instável."
De um modo geral, na criação de certos “mini-exércitos europeus” não há nada de ameaçador para outros – desde que isso não seja acompanhado, é claro, por jogos de guerra reais contra um “vizinho agressivo”.
Oleg Severguin
Fonte: Voz da Rússia
Documentário revela como os idosos são tratados na Dinamarca
13 de Outubro de 2013, 2:16 - sem comentários ainda
O escritor Knud Romer fala sobre a morte de seu pai e a solidão dos idosos na Dinamarca, um país várias vezes eleito o mais feliz do mundo.
"Uma folha cai ao Céu" é o nome do documentário sobre o pai de Romer, produzido por Didde Elnif e Anders Birch.
Uma folha cai ao Céu: o ostracismo do idoso no primeiro mundo
Fonte: Vermelho
SABEDORIA ÁRABE VERSUS PARANÓIA NORTE-AMERICANA
3 de Outubro de 2013, 22:09 - sem comentários aindaDesenho de Nelson porto
Por Maurício Porto, Blog Ladeiras do Silêncio
Um velho árabe vivia no estado de Idaho (EUA) há 40 anos.
Queria, como fazia todos os anos, plantas batatas no jardim de casa; mas arar a terra já tinha ficado um trabalho muito pesado para ele.
Seu filho único, Ahmed, que poderia substituí-lo no plantio estava fazendo pós-graduação na França. Então o ancião decide enviar-lhe um e-mail explicando o problema:
Querido Ahmed
Estou muito infeliz porque não vou poder plantar minhas batatas este ano. Estou muito velho e cansado para arar os canteiros; se você estivesse por aqui tenho certeza que revolverias a terra por mim.
Que Alá esteja contigo.
Com amor, papai
Logo no dia seguinte recebe resposta do filho:
Querido Papai
Por maior que seja sua vontade, NÃO revolvas, nem mande alguém revolver a terra do nosso jardim. Sob os canteiros é onde tenho escondido “aquilo”...
Com amor
Ahmed.
Na mesma madrugada, lá pelas 4 horas, aparecem, com muito estardalhaço, a polícia local, agentes do FBI, da CIA, militares lotados no Pentágono (que imediatamente fecharam todos os acessos por ruas e estradas ao local) e cavocaram toda a terra do jardim do velho árabe buscando explosivos, armas químicas e neurotóxicas, antrax e outras bactérias e tudo o que seja passível de ser algum tipo de veneno ou “armas de destruição em massa”.
Mas não encontram sequer um traço de tais “produtos”...
No mesmo dia, o velho árabe recebe outro e-mail de seu filho Ahmed:
Querido papai
Tenho certeza que a terra dos canteiros do nosso jardim está pronta para que possas plantar tuas batatas..
É o melhor que pude fazer estando aqui na França.
Com amor
Ahmed
Fonte: Ladeiras do Silêncio
Tradução e Imagem do redecastorphoto