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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Líderes latino-americanos parabenizam Chávez pela vitória

7 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Cristina Kirchner, presidente da Argentina; Raúl Castro, presidente de Cuba; Rafael Correa, presidente do Equador; Evo Morales, presidente da Bolívia


Por Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, reeleito para o terceiro mandato, recebeu os parabéns de vários líderes políticos latino-americanos. Os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Raúl Castro (Cuba), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia) enviaram mensagens desejando sorte e felicidades a Chávez. As felicitações foram feitas por mensagens em redes sociais e telefonemas.

Cristina Kirchner usou a rede social do Twitter para comemorar a vitória de Chávez. "[Felicito] o povo venezuelano pela jornada democrática exemplar. Pela a alegria e paz. O amor é mais forte que o ódio ", disse ela, na sua mensagem e depois telefonou para o presidente reeleito."Hugo, hoje [ontem] eu quero dizer a você que depois de arar a terra, semeamos e você regou e hoje faz a colheita.”

 Rafael Correa, também usou sua conta no Twitter para felicitar Chávez. "Vencedor Chávez com diferença de quase dez pontos! Viva a Venezuela, viva a Grande Pátria, viva a Revolução Bolivariana", disse o presidente do Equador. "Mais uma vez derrubamos as mentiras. Que venham os outros. Estamos prontos. Venceremos.”

Em mensagem, Raúl Castro ressaltou o apoio popular dado a Chávez. "Em nome do governo e do povo de Cuba, quero felicitá-lo sobre este triunfo histórico, demonstrando a força da Revolução Bolivariana e o apoio popular que é inquestionável", disse o cubando. “[A sua vitória] garante a continuidade da luta por uma verdadeira integração das Américas. Reiteramos nossa solidariedade e apoio inabalável".

Para Evo Morales, a vitória de Chávez é um triunfo da democracia. "Não é só o triunfo do povo da Venezuela, mas também o triunfo dos países da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América)", disse ele. "A vitória de Chávez é também a vitória dos povos da América Latina, que lutam por sua dignidade, soberania e para forjar o seu próprio destino."

O presidente foi reeleito com o apoio de 20 dos 24 estados da Venezuela. Chávez venceu as eleições presidenciais ontem (7) conquistando 7,4 milhões de votos, enquanto seu principal opositor, Henrique Capriles Radonski, obteve 6,1 milhões (44,97%), e os demais candidatos Reina Sequera, Luís Alfonso Reyes, Maria Josefina Bolívar e Orlando Chirinos ficaram com menos de 1%.







Fonte: Agência Brasil

Imagem: Correio Braziliense




Socialismo triunfa e enche América Latina de esperança

7 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Multidão saúda vitória de Chávez no Palácio de Miraflores: "foi a vitória perfeita", afirmou Chávez  

Com 54,42% dos votos, o presidente Hugo Chávez Frías foi reeleito na Venezuela e governará o país no período de 2013 a 2019. Há 14 anos no poder, este será o seu terceiro mandato. O candidato da oposição, Henrique Capriles, obteve 44,97% e ganhou em apenas quatro dos 24 estados que compõem a Venezuela. Em uma verdadeira festa cívica, 81% dos venezuelanos compareceram às urnas, mesmo o voto não sendo obrigatório no país. 

Por Vanessa Silva* e Leonardo Wexell Severo, de Caracas-Venezuela


Apesar da expectativa de que o candidato da oposição pudesse não reconhecer o resultado revelado pelas urnas, Capriles admitiu sua derrota e rejeitou a ação de setores radicais. O candidato fez também um chamado para que "nosso povo não se sinta perdedor. Quem foi derrotado fui eu”, afirmou. E agradeceu aos mais de seis milhões de venezuelanos que votaram nele.

Diante de dezenas de milhares de manifestantes que tomaram a frente e as imediações do Palácio de Miraflores na noite de domingo (7), o presidente Hugo Chávez agradeceu aos mais de oito milhões de venezuelanos que lhe garantiram um novo mandato.

Acompanhado pela família e por lideranças no balcão presidencial, o líder bolivariano agradeceu à multidão e ressaltou que o povo "votou pela revolução, pelo socialismo e pela grandeza da Venezuela”.

Independência e integração

Chávez fez questão de ressaltar que o primeiro e principal objetivo de seu novo mandato já foi alcançado, sendo “não outro que ter conservado o bem mais precioso que conquistamos depois de 500 anos de luta: a independência nacional”.

A expressiva vitória nas urnas, enfatizou o presidente, demonstra que “não haverá força imperialista, por mais forte que seja, que possa com o povo bolivariano. A Venezuela nunca mais voltará ao neoliberalismo, seguirá transitando para o socialismo bolivariano do século 21". E reiterou que “hoje ganhou a América Latina”.

Imediatamente, milhares de vozes entoaram o grito “alerta, alerta que caminha a espada de Bolívar pela América Latina”, fazendo tremular bandeiras do Brasil, Cuba e Argentina, entre outras, num colorido que expressava o espírito da integração solidária do continente.

Cordialidade

Em tom cordial, Capriles pediu que Chávez trabalhe por todos os venezuelanos e parabenizou o comandante por sua vitória. “O que o povo diz está dado e respeito sua palavra”. Por sua vez, o presidente também fez um “reconhecimento especial à oposição, que não fez planos desestabilizadores. Assim que se joga na democracia”, exclamou.






* Vanessa Silva é jornalista, enviada especial do Vermelho a Caracas, e integrante do ComunicaSul
** Leonardo Wexell Severo é jornalista e integra em Caracas a equipe do ComunicaSul


Fonte: Vermelho
Imagens: AVN, Google



Hugo Chávez

7 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Hugo Chavez é aquele que tem o otimismo, a persistência, a decisão,
A humildade e o trabalho como companheiros de jornada.
Hugo Chavez é aquele que encara a competição com bravura,
Como um desafio pessoal, 
Mas com lealdade e respeito a ele e aos outros.
Hugo Chavez é aquele que seja qual for o resultado do jogo,
Da competição ou da vida,
Sente sua consciência tranqüila por ter feito o seu melhor
E colaborado com a evolução de todos.

Hugo Chavez é um vencedor






(Adaptação do poema de Moacir Borges por este blog)



Chávez é reeleito na Venezuela

7 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda







Fonte: Opera Mundi



EUA e UE querem desintegração do Mercosul

6 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


 Samuel PinheiroGuimarães

EUA e UE querem desintegração do Mercosul, diz Samuel Pinheiro

Em entrevista, o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, fala sobre o potencial do bloco sul-americano que se contrapõe aos interesses de controle comercial e industrial dos Estados Unidos (EUA) e da União Europeia sobre a região. Ele ataca o modus operandi dos países centrais do capitalismo na relação com a América Latina.

“Os EUA e os países altamente desenvolvidos têm tido, como meta geral de política econômica e diplomacia externa, a eliminação de todas as barreiras ao comércio e ao fluxo de capitais. Ao mesmo tempo, têm advogado a adoção de uma série de normas que impedem qualquer controle sobre o capital estrangeiro”.

Contundência. É dessa forma que o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães costuma se expressar sobre os temas que bem conhece. Secretário-geral de Relações Exteriores durante sete anos do governo Lula (2003-2009), ele foi uma das vozes mais eloquentes no processo que ajudou a enterrar a Aliança para o Livre Comércio das Américas (Alca) – iniciativa que buscava apagar todas as fronteiras comerciais do continente, num claro favorecimento à indústria norte-americana.

Dono de uma sólida formação acadêmica na área jurídica e sociológica, e quadro do Itamaraty há quase 50 anos, Guimarães exerceu até junho desse ano a função de Alto-Representante do Mercosul, sendo articulador das políticas entre os países-membros do bloco. Professor de Economia Internacional na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele analisa com propriedade os atuais desafios sul-americanos, especialmente a mudança geopolítica após a entrada da Venezuela no grupo. “Esse ingresso vai proteger o país das tentativas de golpe”, aponta. Sobre o Brasil, o diplomata detecta um perigoso processo de desindustrialização da economia e uma hegemonia do capital internacional no controle dos fluxos de capitais.


Brasil de Fato: Um dos fatos políticos mais importantes do ano para a América do Sul foi a entrada da Venezuela no Mercosul. Qual a importância disso para a geopolítica regional?


Samuel Pinheiro Guimarães:
O ingresso da Venezuela no Mercosul foi um fato de grande importância, tanto do ponto de vista político quanto econômico. Do ponto de vista econômico, a Venezuela é o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, no momento. Além disso, os preços do combustível continuarão altos nos próximos anos. No mais, a Venezuela está engajada, desde que o presidente Chávez assumiu, num processo de desenvolvimento do país, de construção de uma economia nacional. Antes, havia uma economia puramente petroleira, exportando petróleo e importando todo o resto. Ele [Chávez] tem essa determinação. Para os outros países do Mercosul, tudo isso é extremamente importante porque a Venezuela estará disposta a dar uma preferência aos países do bloco no seu mercado interno. Cria-se uma oportunidade importante para os países exportadores de produtos primários (Uruguai e Paraguai) e, ao mesmo tempo, abre seu grande mercado para produtos manufaturados de Brasil e Argentina. A Venezuela pode contribuir de forma muito significativa para reduzir as assimetrias dentro do bloco, através do Focem [Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul].

Do ponto de vista político, é importante esse ingresso porque, como é notório, existe o interesse deliberado dos EUA e dos países alinhados aos norte-americanos para que haja uma mudança de regime na Venezuela. Trata-se de um esforço consistente, a nível internacional, tentando retratar o presidente Chávez como um ditador, uma pessoa não confiável, descontrolado e assim por diante. Essa não é a opinião do povo venezuelano. Mas eles conseguiram consenso da mídia internacional, na América Latina e no resto do mundo, de modo que há quase uma convicção de que existiria uma ditadura na Venezuela, que não há liberdade de opinião, etc. A Venezuela no Mercosul a protege de eventuais golpes.

Brasil de Fato: Embaixador, o senhor tem afirmado que há uma meta permanente dos países centrais do capitalismo, capitaneados pelos EUA, de desintegrar o Mercosul. Qual o sentido estratégico desse esforço e o que pode ser feito de forma mais agravante contra a consolidação do Mercosul?


Samuel Pinheiro Guimarães: Os EUA e os países altamente desenvolvidos têm tido, como meta geral de política econômica e diplomacia externa, a eliminação de todas as barreiras ao comércio e ao fluxo de capitais. Ao mesmo tempo, têm advogado a adoção de uma série de normas que impedem qualquer controle sobre o capital estrangeiro. Então, por exemplo, os acordos negociados no âmbito da Rodada Uruguaia [Acordo comercial internacional, iniciado em 1986, que criou a Organização Mundial do Comércio e estabeleceu redução de subsídios agrícolas] preveem que os países não podem impor certas regras ao capital estrangeiro, como metas de exportação, obrigação de transferência de tecnologia, obrigação de insumos locais. Para esses países, que sediam as maiores empresas multinacionais, isso é conveniente porque eles realizam lucros nos países periféricos e remetem esses lucros para as suas sedes. Sabemos que o banco Santander, recentemente, só não teve prejuízo em nível mundial por causa da sua filial no Brasil. Isso é comum. Por isso, é muito importante esse livre fluxo de recursos porque ele se transforma em dividendos para os seus acionistas e, portanto, para o bem-estar daquela sociedade de origem [dos capitais]. Naturalmente, nunca praticaram isso para o setor agrícola. É livre comércio para produtos industriais e não para produtos agrícolas, porque não aceitam [a concorrência com os exportadores agrícolas]. Eles também protegem setores da sua indústria que desejam proteger.

Então, diante de qualquer acordo econômico que estabeleça preferências para as empresas que estão situadas dentro do território daquele agrupamento, como é o caso do Mercosul, eles não são favoráveis. Para isso, utilizam a ideia do regionalismo aberto, em que pode haver processo de integração, mas seria importante negociar com a União Europeia, os EUA. Na época da negociação da Alca havia uma ideia de que o Mercosul seria um dos blocos de construção da área. O Mercosul se acabaria com a Alca, por uma razão lógica: a partir do momento que se eliminam as tarifas, não há mais preferência. Eles também receiam as preferências para as empresas que estão dentro do bloco, eles querem que isso não ocorra. O ideal melhor desses países não é investir, é exportar. Eles só investem na China porque lá se estabelecem condições.


Brasil de Fato: O senhor acredita que esse potencial do Mercosul já foi percebido por seus “inimigos”, mas talvez os protagonistas ainda não tenham notado a importância de consolidá-lo, politicamente, através, por exemplo, de um sistema de comunicação mais adequado, que desse um nível de consciência cultural da importância histórica dessa integração?


Samuel Pinheiro Guimarães: É verdade. Principalmente no maior deles, que é o Brasil. Não há essa consciência, apesar do Mercosul ser um mercado extremamente importante para o nosso país. Em primeiro lugar, porque o Brasil tem sua pauta de exportações, para a Europa, a China, focada nos produtos primários. Os países para onde o Brasil vende produtos manufaturados são os do Mercosul e da América do Sul, e os Estados Unidos. Nesse último caso, cumpre esclarecer, é por causa do comércio “intra-firma”. As filiais americanas daqui vendem para as suas unidades nos EUA, mas essas mesmas filiais não exportam para a China nem a Europa. O Brasil só exporta como Brasil quando são as empresas estatais. O restante das importações são empresas privadas que estão no país, mas não são nacionais [em termos de capital]. As pessoas não sabem o que é a questão do comércio dentro da firma. A Fiat do Brasil exporta para Itália uma quantidade x de automóveis, o mesmo acontece em outros casos. São poucas as empresas nacionais que fazem investimentos na Argentina, Uruguai, Peru, Chile. É o caso da estatal Petrobras ou os bancos, como o Itaú. Claro que a Ford do Brasil não investe na Argentina. Lá, é a Ford dos EUA que investe. Um problema complexo, de longo prazo, é a presença das megaempresas multinacionais no Brasil sem a possibilidade de controlá-las, a qual o Brasil abdicou na reunião da Rodada do Uruguai.

Brasil de Fato: Mas em que isso fragiliza o Brasil?

Samuel Pinheiro Guimarães: Não se pode diversificar as exportações. A grande presença das empresas multinacionais, sem maiores obrigações, faz com que elas exportem apenas para onde elas decidem exportar. Qualquer campanha ou tentativa de expandir exportações para a China é frustrada porque elas não vão exportar, ou porque já estão lá e não vão concorrer com elas mesmas, ou porque decidem abastecer a China, digamos, partir de outra unidade. Isso afeta todo o comércio exterior na área de manufatura. Muitas empresas de capital nacional trabalham com tecnologia estrangeira, mas mediante condições. Por exemplo, a empresa pode produzir no país, mas não pode exportar.

Brasil de Fato: A Embraer seria uma delas?

Samuel Pinheiro Guimarães: Não. Mas, veja, a Embraer, que é uma montadora, não pôde exportar aviões para a Venezuela porque as firmas norte-americanas que iriam fornecer as peças não forneceram. Mas pôde exportar para a Colômbia, uma decisão política para exportar para aquele país e não para outro.

Isso prejudica o comércio exterior, porque o processo de desenvolvimento é de acumulação de capital. Não de capital financeiro, mas de capital físico. Como uma empresa se desenvolve? Aumentando suas instalações, suas máquinas e assim por diante. De uma forma geral, para acumular o capital físico, tem que gerar excedentes, os lucros. Esse lucro tem dois destinos: são distribuídos, sob a forma de dividendos, aos acionistas daquela empresa ou são reinvestidos na compra de equipamentos. Se a empresa é nacional, em princípio, ela distribui dividendos para brasileiros e investem no Brasil. Se a empresa é estrangeira, obtém lucro e distribui dividendos aos acionistas estrangeiros e, apenas eventualmente pode aumentar ou não seu capital físico no Brasil.


Brasil de Fato: Mas isso não decorre de uma alteração constitucional feita sobre empresa brasileira?


Samuel Pinheiro Guimarães: Sim. Durante o período do presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), “preocupado” com os destinos da empresa nacional [ironiza], resolveu igualá-la a empresa multinacional. Isso é uma coisa gravíssima. Claro que se pode utilizar o capital estrangeiro para induzir a transferência de tecnologia, diversificação das exportações, criação de tecnologia dentro do país. Na China, há centenas de centros de pesquisa de desenvolvimento de empresas multinacionais, induzidas pelo governo. No Brasil, isso não ocorre.

Brasil de Fato: Para legitimar o fiasco regional, existe um jornalismo de desintegração. O que nos impede de fazer o jornalismo da integração?


Samuel Pinheiro Guimarães: Dois dos mais importantes instrumentos de influência política das grandes potências são o setor financeiro e o de comunicações. São fundamentais. O setor de comunicações é o que faz o imaginário das pessoas. Fazem com que elas acreditem, por exemplo, que o presidente Chávez é um ditador. E muitas outras coisas. O Iraque foi atacado a pretexto de possuir armas de destruição em massa, mas verificou-se que isso não existia. Nesse caso, é importante até imitar os EUA no passado, isto é, impedir os monopólios e oligopólios nos meios de comunicação, democratizar as verbas oficiais de publicidade do Estado. Algo que a Argentina também fez, com a Lei de Meios. Isso permitiria haver concorrência nos meios de comunicação, o que não há no Brasil. Como está, a comunicação é um instrumento importante de exercício de poder da classe hegemônica local que está vinculada a classe hegemônica dos países altamente desenvolvidos.

Brasil de Fato: Não se sabe, por exemplo, que a Venezuela tem hoje o maior salário mínimo da América Latina, o equivalente a R$ 2,1 mil e a Argentina, o equivalente a R$ 1,4 mil.
Samuel Pinheiro Guimarães: Sobre isso, se silencia. E vão se criando uma série de factoides, ou seja, situações que não existem além de ocultar outras questões importantes.

Brasil de Fato: Voltando ao tema da economia, está em curso um processo de desindustrialização do Brasil?


Samuel Pinheiro Guimarães: Não tenho a menor dúvida. Quase todos os economistas estão de acordo com isso. Há um processo que tem uma dinâmica própria, que deriva de dois fatos. O primeiro é a emergência da China e sua enorme importância por produtos primários. Esse fato está diretamente ligado à necessidade de divisas do Estado, porque não equilibra o balanço de pagamento senão entrarem recursos, se não entrar capital. Como se tem enorme dificuldade em expandir o comércio de manufaturados, o comércio de matéria-prima acaba sendo direcionado para a China, o que torna atividade do agronegócio e da mineração altamente lucrativa.

Do outro lado, a China tem necessidade de exportar manufaturados, dos produtos mais simples aos mais complexos, como bens de capital. A China tem deslocado a posição dos EUA e da Alemanha no fornecimento de bens de capital para o Brasil e a Argentina, porque os preços [chineses] são mais baratos. Isso entra em competição com indústria instalada no Brasil. Contribui para reduzir os lucros dessa indústria, que começa a importar insumos para reduzir seus custos e depois acaba simplesmente importando e distribuindo o produto estrangeiro. Europa e EUA também procuram exportar manufatura porque precisam gerar divisas e criar empregos lá. Os EUA tem tido superávit grande com o Brasil. Ano passado, a vantagem comercial foi de oito bilhões de dólares. Isso contribui para tornar a atividade industrial no Brasil menos lucrativa e o agronegócio e a mineração, ao contrário, atividades mais lucrativas. Inclusive porque com a política cambial e o influxo de dólares, o real está supervalorizado, então é muito fácil exportar, mas difícil importar.

É uma dinâmica com interesse internacional muito forte. Na área do agronegócio, as exportadoras são multinacionais. Não é o produtor de soja que exporta. A Cargill, Dreyfus, a Bunge… as cotações da soja estão altíssimas e quem se apropria disso são as multinacionais. Teria que haver um imposto de exportação para usar esse recurso, para duas finalidades, em minha opinião. A primeira seria promover o processamento das matérias-primas no Brasil. O que acontece com a soja que vai para China? É transformada em farelo, óleo de soja, então teria que se promover a transformação aqui. O minério de ferro que vai para a China é transformado em aço que nós compramos sob a forma de trilho. Para isso, precisa de atuação do governo.


Brasil de Fato: Esse modelo não tem sido estimulado pelo próprio governo? Como o senhor avalia essas medidas recentes de concessão de rodovias e ferrovias, justamente em ramais que favorecem a economia agroexportadora?


Samuel Pinheiro Guimarães: Eu não estudei a questão das concessões em detalhes. Mas, tendo em vista a demanda que existe por esses produtos, não se pode simplesmente, por causa das restrições de balanço de pagamento, deixar de construir esse tipo de infraestrutura. A hipótese é que se precisa construir rodovia, até por causa do próprio desenvolvimento do mercado interno, porque não se transporta só produtos do agronegócio, mas todo tipo produto. Com a ferrovia, é a mesma coisa. A premissa é se o Estado vai ter empresas construtoras de ferrovias e rodovias ou se vai contratar a iniciativa privada. E se contratar a iniciativa privada, ela será nacional ou estrangeira?

Se for nacional ou estrangeira, definir quais serão as condições, o lucro que se pretende. Para constituir o mercado interno, é necessário construir as redes de comunicações, com ferrovias, rodovias, metrô, portos, até para permitir que a economia funcione. Não se pode prescindir. Se a economia cresce e a rede física não expande, gera problemas graves, como congestionamento de portos e aumento de custos de produção.


Brasil de Fato: O senhor tem escrito muito acerca da relação complexa do papel das empresas brasileiras nos outros países no curso de uma integração. E também da política externa brasileira, que facilitou e fortaleceu a presença brasileira na Ásia, no mundo árabe, na América do Sul e até na África. O papel das empresas brasileiras contraria interesses dos países nessas regiões?


Samuel Pinheiro Guimarães: Acho que isso se aplica mais à América do Sul, ainda tendo em vista que o número de empresas brasileiras com capacidade para operar fora é relativamente reduzido. Poderíamos citar a Petrobrás, Vale, o setor bancário. Por isso, essa expansão das empresas brasileiras se dá na zona mais próxima, na América do Sul, através da aquisição de empresas locais, situações que poderiam gerar conflito entre empresas brasileiras e governos, como já houve em alguns casos e podem se agravar e levar a casos delicados politicamente.

Brasil de Fato: Mas qual seria o papel possível, dentro de uma regra capitalista, para o Estado brasileiro impedir que as empresas cedam à tentação de um sub imperialismo?


Samuel Pinheiro Guimarães: Eu acho que podem ser estabelecidas condições preferenciais. Por exemplo, não acho que o governo brasileiro deve financiar a aquisição, por empresas brasileiras, de empresas dos outros países. O governo pode estimular um comportamento diferente, de financiar a formação de associação com empresas locais. Aí o governo dá juros mais baixos, linhas de créditos especiais. A diferença de tamanho da economia brasileira é tal em relação aos outros países vizinhos que a penetração de capital brasileiro nesses países é extraordinária. Na Argentina, hoje em dia, a presença do capital brasileiro é muito grande, no setor bancário, setor do petróleo, mesmo no setor de frigorífico, a presença é muito importante. Tudo isso faz com que, se o governo local decide, por exemplo, mudar a legislação de remessas de lucros, a empresas brasileiras vão ser afetadas por isso, vão querer influir sobre o governo local. Se não tiverem êxito, vão pedir auxílio ao governo brasileiro. É uma tendência muito grande. A tendência não é haver um influxo de empresas equatorianas ou peruanas no Brasil.

Brasil de Fato: Há 30 ou 40 anos, Brasil e China estavam em uma situação parecida em diversas áreas. Mas, de lá para cá, a China, que não tinha programa espacial, atualmente já lançou nave no espaço. Não havia programa nuclear, hoje isso é bastante desenvolvido por lá. O Brasil não avançou quase nada nesses dois setores. Qual a explicação histórica para isso?

Samuel Pinheiro Guimarães: Houve opção por um tipo de política econômica, especialmente a partir do governo Fernando Collor de Mello. Essa escolha de política econômica foi baseada, inclusive, nos princípios que estão consolidados no chamado Consenso de Washington. Havia a ideia de que o Estado seria a grande causa dos problemas que afligiam a economia brasileira, na área da dívida externa, inflação, entre outras. Esse consenso dizia, em primeiro lugar, que o Estado deveria abdicar de qualquer atividade econômica e industrial, o que refletiu um programa de privatização. Todas as atividades de produção deveriam ser privadas, não apenas a área produtos de consumo, mas todas. Não privatizaram todo o setor de energia porque não tiveram oportunidade. Em segundo lugar, o Estado também interferia na atividade econômica através de “regulamentos excessivos”, então deveria desregulamentar, ou seja, deixar as empresas “livres” para que, através do jogo das forças de mercado, houvesse melhor alocação possível de recursos. Três, deveria haver abertura da economia para o exterior. O Estado deveria deixar de interferir no comércio exterior, de preferência eliminando todas as tarifas [alfandegárias].

O que ocorreu com a China, comparativamente, é que o Estado participou e organizou o processo de desenvolvimento econômico. Houve participação do capital estrangeiro, mas de forma disciplinada, sob um modo de ver o sistema econômico. Uns acham que para um país subdesenvolvido se desenvolver, a presença do Estado é essencial, com o fortalecimento da sua estrutura produtiva, suas empresas, assim por diante. Outros achavam que não, que isso ocorreria naturalmente, a transferência de tecnologia aconteceria sem maiores problemas. Começou no governo Collor, foi freada na gestão Itamar Franco, mas aprofundada no governo Fernando Henrique Cardoso. Com o presidente Lula, essa política foi, aos poucos, sendo modificada. Quando se toma o programa como o Bolsa Família, trata-se de aperfeiçoamento da mão-de-obra porque, do ponto de vista econômico, faz com que as crianças tenham que ir para a escola, faz com que haja programa de saúde, controle de pré-natal, vacinas. Também houve impacto no mercado de consumo, aumento de demanda por produtos. O Programa Luz para Todos também estimulou isso. Onde não há luz, não há produto industrial. Vale citar os programas de crédito e os esforços na área de infraestrutura. Havia 20 anos que o Brasil não construía uma refinaria. Houve uma mudança progressiva em várias áreas.


Brasil de Fato: Mas o modelo econômico permanece o mesmo.


Samuel Pinheiro Guimarães: Sim, porém essa pressão tem que vir dos movimentos sociais. Se os movimentos não pressionam, as classes hegemônicas pressionam do outro lado, porque têm acesso mais fácil ao governo. Se não se faz pressão popular por outro modelo econômico, ele não vai ocorrer.





Fonte: Brasil de Fato
Imagem: Google



Capriles e a mídia preparam golpe contra Hugo Chavez

5 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Direita e mídia preparam terreno para golpe na Venezuela

A Venezuela retratada na imprensa brasileira á uma ficção, sendo difícil reconhecê-la quando se está no próprio país, que vive um período de pujante crescimento econômico, superior aos demais da região, com menor índice de desemprego e salários mais valorizados.


Por Vanessa Silva e Leonardo Wexell Severo, de Caracas - Venezuela


Encampando o discurso da direita personificada na figura de Henrique Capriles, a mídia prega o ódio e, sobretudo, o medo. Mas não faz o menor esforço para entender esse país andino-amazônico-caribenho e a luta de classes que, a partir da participação popular e do empoderamento coletivo, caminha – a passos largos – para a implantação do socialismo.

Apesar da tranquilidade no país, teme-se pelo caldo de cultura criado pela direita e sua mídia, que pode ser a antessala para algum novo tipo de golpe orquestrado pela oposição a Chávez. Em mais de uma ocasião, Capriles disse não reconhecer o resultado apresentado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). Esse é um aspecto que também vem sendo explorado pela imprensa brasileira, deixando no ar a possibilidade de que o resultado eleitoral possa ser questionado. “A aliança de partidos que apoia a candidatura de Capriles teme que os eleitores optem por Chávez para não sofrer represálias por parte do governo, diante da possibilidade de a urna eletrônica oferecer o recurso de identificação do eleitor”, escreveu o Estadão desta sexta-feira.

Muito diferente deste preconceito desinformativo, o ex-presidente estadunidense, Jimmy Carter, contesta os detratores e assegura que o sistema eleitoral venezuelano é “um dos mais seguros que já conheceu”.

Voto eletrônico e biométrico

O sistema eleitoral venezuelano é eletrônico, biométrico e um dos mais seguros do mundo, afirmou, em entrevista à Rede de Comunicação Colaborativa – ComunicaSul, a vice-presidenta do CNE, Sandra Oblitas. "Tivemos resultados diferentes [nas 13 votações realizadas nos últimos 13 anos] e os atores políticos aceitaram o resultado. O sistema eleitoral da Venezuela não dá margem a dúvidas. Não existem razões válidas para pôr em questionamento o resultado da votação", disse categoricamente.

Como pudemos ver em visitas a centros de votação, onde participaram fiscais da situação e da oposição, a “denúncia” do Estadão parte da mais completa ignorância, pois não há qualquer possibilidade de fraude. O jornal da decadente oligarquia paulista ignora olimpicamente a realidade. O fato é que além do eleitor precisar se identificar com a digital, tendo a sua identidade obviamente preservada, ele posteriormente imprime o seu voto e coloca numa urna em separado, que será auditada posteriormente, evitando qualquer possibilidade de manipulação do resultado. Além disso, o sistema altera automaticamente a ordem dos votos recebidos, para que seja preservada a identidade do eleitor e garantida a inviolabilidade do voto. Antes de serem distribuídas as urnas, todo o processo foi checado nos mínimos detalhes por especialistas e técnicos das duas candidaturas. O cerco se fecha com a presença de fiscais de todos os partidos, que não apenas inibem como proíbem qualquer interferência.

Golpe?

O temor de um golpe vem do terreno movediço preparado pela direita venezuelana e encampado pela mídia brasileira. Rodrigo Cabezas, coordenador do Departamento Internacional do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) denunciou que “setores da extrema direita se negam e vão continuar se negando a reconhecer o resultado [das eleições de 7 de outubro]. Vão cantar fraude, dirão qualquer bobagem ou estupidez para deter a vitória do presidente [Chávez]”. E ressaltou que “nós, os socialistas, os bolivarianos, os nacionalistas, que apoiamos Chávez, ainda que no caso hipotético de [uma derrota], respeitaremos o resultado”.

O hipotético vem das pesquisas eleitorais que mostram a vitória do líder bolivariano no domingo. “As três principais pesquisas da Venezuela dão vitória a Chávez com margens que vão de 12% a 14%. Inclusive o Datanálises, que representa um grupo de oposição, em sua estatística de agosto mostrou uma margem de 11 pontos de vantagem”. Já o Ivad (Instituto Venezuelano de Análise de Dados), dá uma vantagem de 14 pontos”, relata Cabezas.

Ao contrário do que foi publicado pelo jornal Valor Econômico nesta sexta (5), segundo o qual “ninguém dá como certa a vitória de Chávez”, as gigantescas manifestações têm reiterado o forte sentimento popular em apoio ao processo iniciado em 1998. De acordo com o jornal, a “Venezuela vai às urnas sob temor de resultado apertado”. Para o dirigente do PSUV, “essas pesquisas que dizem que estamos perdendo, ou pelo menos que tem empate técnico, perderão muito, pelo menos em credibilidade, porque não trabalharam com objetividade”.

Campanha Carabobo

O nome da campanha de Chávez é Comando Campanha Carabobo – referência à batalha final na luta pela independência venezuelana, que pôs fim ao domínio espanhol. Apesar disso, não há clima de guerra no país. O que existe é uma polarização clara em um país onde a luta de classes fica evidente, até pela reafirmação do caráter socialista da revolução bolivariana.

Pelo que pudemos ver, o mar de gente que tem acompanhado Chávez em todo o país não deixa margem sobre qual seria o destino se a oposição reiterasse no erro – como já fez em outras oportunidades – e ir além nas maquinações de cenários desestabilizadores. “Esperamos que a oligarquia extrema possa entender que não tem força para desestabilizar a Venezuela, porque veria a aliança cívico-militar que tem essa nação, com o povo na rua e a força nacional bolivariana fiel à Constituição”, sublinhou Cabezas.

Para o presidente Chávez, a hora é de somar todos os venezuelanos e isolar os apátridas, “os que querem retroceder o país aos tempos de colônia dos Estados Unidos, os que querem retroceder o país aos anos sombrios do neoliberalismo”. “A Venezuela avança rumo ao futuro, rumo ao socialismo. Vamos juntos, em defesa da Pátria e da Humanidade”, concluiu.



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Sob tempestade, Chávez encerra campanha prometendo "pobreza zero"

Milhares de simpatizantes do presidente venezuelano se concentraram nas principais avenidas do centro de Caracas

Debaixo de uma verdadeira tempestade, milhares de venezuelanos se reuniram na tarde desta quinta-feira (04/10) no centro de Caracas para o comício de encerramento de campanha do presidente Hugo Chávez. A multidão tomou ao menos sete avenidas da capital venezuelana para apoiar o candidato à reeleição.



A multidão tomou ao menos sete avenidas da capital venezuelana para apoiar o candidato Hugo Chavez

“Isso é para que vejam do que somos capazes”, diziam diversos simpatizantes de Chávez, em referência à concentração realizada pela oposição no domingo (30/09), que também reuniu milhares de eleitores de Henrique Capriles. “Não importa se chova, se caia o mundo. Estaremos com o comandante até a morte”, afirmou David Torrealba, de 40 anos, enquanto enxugava o rosto com as mãos.

 A quantidade de chuva foi tamanha que a Avenida Bolívar, uma das principais do centro de Caracas, foi tomada por uma corrente de água. Eleitores de diversos Estados venezuelanos compareceram ao comício, inclusive de localidades distantes mais de sete horas da capital, como Apure. Crianças, cadeirantes e idosos se misturavam às centenas de jovens apoiadores, em maioria.



Apoiadores do presidente Hugo Chávez do bairro de 23 de Janeiro caminham em direção ao centro de Caracas

“Eu tenho 95 anos e apoio Chávez porque foi o único presidente que se importou conosco, o povo”, disse às lágrimas Aurora, que admirava a marcha sentada em uma escada. “Para mim não há mais tempo, mas para eles sim”, completou, dizendo que há somente 11 anos recebe uma aposentadoria.
Como ela, 1,8 milhões de pessoas desde 1999 foram incorporadas ao sistema de aposentadoria do IVSS (Instituto Venezuelano de Seguros Sociais).

Já nas primeiras horas da manhã, simpatizantes do presidente se reuniram em bairros para caminhar juntos até o centro. No bairro de 23 de Janeiro, célebre bastião chavista e há décadas conhecido por reunir destacados militantes de esquerda, a concentração se formou às 11h horário de Caracas (12h30 em Brasília).


Sorridentes e usando camisetas, bonés e faixas vermelhas, grande parte com o nome de Chávez e dos principais partidos da coligação governista, os eleitores gritavam frases como “Uh, Ah, Chávez não se vá” e “Se querem pátria, que venham comigo”, sempre repetida pelo presidente em comícios.

No caminho até o centro da capital venezuelana, motocicletas buzinavam em meio à multidão, que seguia carros de som que repetiam a canção lançada pela propaganda oficial de Chávez. A confusão se estendeu por quilômetros, até que se juntou a concentrações de gente ainda mais barulhentas. Palcos improvisados tocavam ritmos latinos como merengue, salsa e até a famosa canção do brasileiro Michel Teló, “Ai se eu te pego”.

Conforme chegava o momento de Chávez falar, o que aconteceu no meio da tarde, a aglomeração se intensificava. Quase sem espaço, as pessoas dançavam, bebiam e compartilhavam em conversas os motivos pelo apoio ao presidente. “Sem dúvidas a vida melhorou. Antes de Chávez nem valia pena ir votar, porque os mais ricos eram sempre mais beneficiados. Hoje temos mais emprego, qualidade de vida e, acima de tudo, somos orgulhosos de ser venezuelanos”, explicou Juana Villa, de 63 anos, professora do Ensino Médio.


Discurso

Em meio ao aguaceiro, fogos de artifício ao longe anunciavam a chegada do presidente. Uma explosão de gritos e buzinas o recebeu. Mesmo sem poder escutar perfeitamente as palavras de Chávez, a multidão o acompanhou no hino nacional venezuelano, como já é tradicional em concentrações chavistas. “Aqui está Chávez de pé com vocês. Viva a chuva, chegou a avalanche bolivariana a Caracas!”, emendou o presidente, também sob a chuva torrencial, para delírio de seus simpatizantes. "As circunstâncias me obrigam a ser breve", se justificou pelo discurso, que durou somente uma hora.

Chávez afirmou que "está em jogo a vida da Venezuela" e reafirmou a confiança na vitória no domingo. “Eu seguirei com vocês. Meu próximo governo começa na segunda-feira, 8 de outubro”, disse. "Venezuela era um país faminto. Há 20 anos havia fome, pobreza e miséria”, lembrou. Com Chávez, os índices sociais melhoraram sensivelmente. Dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) indicam que a Venezuela tem o menor índice de desigualdade do continente, com um coeficiente Gini de 0,394 – quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade.




Em 1998, antes de o presidente venezuelano assumir, a média de desemprego era de 22%. Hoje, está abaixo de 10%. A informalidade é alta, mas caiu de 51% para 44%. Houve uma redução da pobreza, que ainda é grande, mas caiu de 48% para 29%. A pobreza extrema despencou de 20% para 7%.

O presidente prometeu que na nova administração reduzirá a pobreza a zero, que cada família venezuelana terá uma casa, que não haverá mais desemprego e que dez novas universidades serão criadas. Vinte e duas foram criadas em seus governos. Ao final do comício, Chávez pediu que todos sigam para os centros de votação o mais cedo possível. Na Venezuela, os colégios eleitorais abrem domingo (07/10) às 08h e fecham até a última pessoa que esteja na fila.

Mais fogos finalizaram o comício, ao mesmo tempo em que a chuva diminuía o ritmo. As ruas da zona central de Caracas permaneceram ocupadas por simpatizantes de Chávez, que aproveitavam para festejar. “Escreva o que te estou dizendo: não há como Chávez perder se toda essa gente for votar. Capriles está perdendo seu tempo”, afirmou um apoiador do presidente, que está há 14 anos no poder.






Fonte: ComunicaSul, Opera Mundi, Vermelho
Imagem: Google,  Efe



Governo paraguaio anuncia que produzirá transgênicos

3 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O governo paraguaio anunciou nesta quarta-feira (3) que realizará a produção de sementes transgênicas no país, com a ajuda da multinacional estadunidense Monsanto, apesar do rechaço dos camponeses e indígenas a este tipo de plantio.


O ministro de Agricultura e Pecuária, Enzo Cardozo, afirmou que o Executivo assinará um acordo com a criticada transnacional norte-americana para conseguir a transferência tecnológica necessária a fim de materializar este novo empenho oficial.

As sementes produzidas pela Monsanto são seriamente contestadas, não somente no Paraguai, mas em outros países. Recentemente cientistas franceses divulgaram um estudo que aponta o perigo que os transgênicos representam para a saúde dos agricultores.

No país os camponeses reivindicam sua tradicional semente nacional e consideram que as produzidas pela Monsanto tendem a extingui-la e para tornar os pequenos agricultores dependentes dos poderosos latifundiários, os únicos com recursos para adquiri-las.
 De acordo com Cardozo, o Instituto Paraguaio de Tecnologia Agropecuária será encarregado pela produção das sementes geneticamente modificadas sob a assessoria da Monsanto. 


No entanto, necessitará, agregou o ministro, de um prazo de dois anos para testar a nova semente, tempo que o país continuará dependendo das compras massivas feitas pela multinacional.

Apesar de esboçar este plano, o governo não aludiu ao resto do pacote tecnológico que acompanha a operação das sementes, pois deverá pagar também para a Monsanto o custo dos herbicidas e agrotóxicos necessários, duramente criticados por seu efeito nocivo para a saúde.



No último dia 20 de agosto Federico Franco autorizou a liberação das sementes e já foram importadas quase 700 toneladas adquiridas pela multinacional norte-americana.



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Relembrando


A Monsanto em 2010 comprou a Blackwater (a maior empresa mundial de mercenários), e ao fazê-lo preparou-se para dominar o nascimento e a morte da vida!!! 


Com a panóplia de informadores, aparelhos e técnicas de espionagem da Blackwater, a maior empresa mundial de mercenários, a Monsanto ficou em condições de controlar a ação dos ativistas que, um pouco por todo o mundo, resistem à sua dominação no negócio do agro-industrial, nomeadamente na produção e comercialização de transgênicos. 
A empresa Monsanto nasceu graças aos enormes lucros obtidos pelas indústrias que produziam armas químicas durante a duas Grandes Guerras Mundiais.
E é por demais conhecida a cruzada da Monsanto contra a natureza e a agricultura tradicional, e os seus esforços incessantes de criar um modelo de agricultura dependente da química e da petroquímica.
Para alcançar os seus objectivos a Monsanto não hesita em fazer uma guerra política e jurídica contra os agricultores, os ecologistas e até governos de países que lhe resistam. Não é de espantar o interesse estratégico da Monsanto na aquisição e compra da maior empresa militar privada, a Blackwater. Desta forma, a Monsanto ficou numa posição privilegiada para se servir das técnicas, redes e informações propiciadas pelo complexo militar-industrial, de que a Blackwater é um do pilares, para levar a cabo a sua guerra contra quem resiste ao império Monsanto.

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Jeremy Scahill
Uma reportagem de Jeremy Scahill publicado em The Nation (Blackwater`s Black Ops, 15/09/2010) revelou que o maior exército mercenário do mundo, Blackwater (agora denominado Xe Services) vendeu serviços clandestinos de espionagem à multinacional Monsanto. A Blackwater mudou de nome em 2009, depois de tornar-se famosa em todo o mundo pelas denúncias sobre seus abusos no Iraque, incluindo os massacres de civis. Continua sendo o maior contratante privado do Departamento de Estado dos Estados Unidos em “serviços de segurança”, ou seja, para praticar o terrorismo de estado dando ao governo a possibilidade de negar sua autoria.

Muitos militares e ex-oficiais da CIA trabalham para a Blackwater ou para alguma de suas empresas vinculadas, que criou para desviar a atenção de sua má fama e gerar mais lucros vendendo seus nefastos serviços – que vão desde informação e espionagem até infiltração, conspirações políticas e treinamento paramilitar a outros governos, bancos e empresas multinacionais. Segundo Scahill, os negócios com multinacionais - como a Monsanto e a Chevron, e gigantes financeiros como a Barclay`s e Deutsche Bank -, são canalizados através de duas empresas que são de propriedade de Erik Prince, dono da Blackwater:Total Intelligence Solutions e Terrorism Research Center. Estas compartilham oficiais e diretores com a Blackwater.

Um deles, Cofer Black, conhecido por sua brutalidade sendo um dos diretores da CIA, foi quem fez contato em 2008 com a Monsanto como diretor da Total Intelligence, negociando o contrato com a companhia para espionar e infiltrar organizações de ativistas pelos direitos dos animais e contra os transgênicos e outras atividades sujas do gigante biotecnológico.


Contatado por Scahill, o executivo Kevin Wilson, da Monsanto negou-se a falar, mas mais tarde confirmou a The Nation que tinham contratado Total Intelligence em 2008 e 2009, segundo a Monsanto somente para fazer o acompanhamento de “informações públicas” de seus opositores. Além disso, disse que a Total Intelligence era uma “entidade completamente separada da Blackwater”.

Contudo, Scahill conta com cópia dos e-mails de Cofer Black posteriores à reunião com Wilson, da Monsanto, onde explica a outros ex-agentes da CIA, usando seus endereços eletrônicos na Blackwater, que a discussão com Wilson foi no sentido de que a Total Intelligence se transformaria no "braço de inteligência” da Monsanto, espionando ativistas e outras ações, inclusive fazendo com que ”nossa gente se integre legalmente a esses grupos”. A Monsanto pagou para a Total Intelligence 127 mil dólares em 2008 e 105 mil dólares em 2009.

Não é de assombrar que uma empresa de “ciências da morte” como a Monsanto, que desde suas origens tem se dedicado a produzir materiais tóxicos e a espalhar venenos, desde o Agente Laranja até os PCB (Policlorobifenilos), agrotóxicos, hormônios e sementes transgênicas se associe a outra empresa de bandidos.

Quase ao mesmo tempo em que era publicado esse artigo em The Nation, a Via Campesina denunciou a compra de 500 mil ações da Monsanto, por mais de 23 milhões de dólares, pela Fundação Bill e Melinda Gates, que com isso terminou de tirar sua máscara de “filantrópica”. É outra associação que não surpreende.

Trata-se de um casamento entre os dois monopólios mais brutais da história do industrialismo: Bill Gates controla mais de 90% do mercado de programas patenteados de computação, e a Monsanto perto de 90% do mercado mundial de sementes transgênicas e a maioria do mercado global de sementes comerciais. Não existem em nenhuma outra área industrial monopólios tão vastos, cuja própria existência é uma negação do cacarejado princípio “competição do mercado” do capitalismo. Tanto Gates como a Monsanto são muito agressivos na defesa de seus mal afamados monopólios.



Ainda que Bill Gates tente dizer que a Fundação não está ligada à suas atividades comerciais, tudo o que essa faz demonstra o contrário: grande parte de suas doações termina favorecendo os investimentos comerciais do magnata, além do que ele, na realidade, não doa nada: mas sim, em vez de pagar impostos às arcas públicas, investe seus lucros onde estes o favoreçam economicamente, inclusive em propaganda de suas supostas boas intenções. Ao contrário, seus projetos financiam projetos tão destrutivos como a geoengenharia ou a substituição das medicinas naturais e comunitárias por medicamentos patenteados de alta tecnologia nas áreas mais pobres do planeta. Que coincidência, o ex-secretário de saúde do México, Julio Frenk e Ernesto Zedillo (ex-presidente mexicano) são conselheiros da Fundação.


Da mesma forma que a Monsanto, Gates se dedica também a tratar de destruir a agricultura campesina em todo o planeta, principalmente através da chamada “Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA). Esta funciona como cavalo de Tróia para despojar os agricultores africanos pobres de suas sementes tradicionais, substituindo-as primeiro pelas sementes das empresas e finalmente pelas transgênicas. Para isso a Fundação contratou, em 2006, justamente Robert Horsch, um diretor da Monsanto. Agora, Gates, farejando novos lucros, foi diretamente à fonte.



Blackwater, Monsanto e Gates são três caras da mesma figura: a máquina de guerra contra o planeta e a maioria das pessoas que o habitam, sejam campesinos, indígenas, comunidades locais, gente que quer compartilhar informação e conhecimentos ou qualquer outra coisa, que não queira estar na lógica do lucro e destruição do capitalismo.



Fonte:

Prensa Latina, Vermelho

Blackwater's Private Spies
http://www.thenation.com/article/blackwaters-private-spies
http://foodfreedom.wordpress.com/2010/09/16/monsanto-blackwater-and-gm-crop-saboteurs/
http://attempter.wordpress.com/2010/09/22/the-vilent-corporate-state-monsanto-and-blackwater-perfect-together/
http://pecangroup.org/2010/09/monsanto-hires-blackwater-mercenaries/

http://pimentanegra.blogspot.com.br/2010/10/monsanto-comprou-blackwater-maior.html
http://pedlowski.blogspot.com.br/2012/01/maquinas-de-guerra-blackwater-monsanto.html
Imagens: Google (colocadas por este blog)



A crise mundial, a defesa do Brasil e da paz

2 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Em 2012, o mundo entrou em momento de grave perigo, que ameaça degenerar em guerras e destruições de grande escala. O agravamento da crise do capitalismo em escala mundial coincide, não por acaso, com iniciativas aventureiras de expansão imperialista no Oriente Médio, mas com alastramento possível a outros continentes.

Das conflagrações daí decorrentes podem resultar danos terríveis inclusive para o nosso país. Aqui, entretanto, se abrem ao mesmo tempo oportunidades de aceleração do desenvolvimento econômico e institucional. Estas reclamam, para se realizar, a mobilização popular na defesa da democracia, dos interesses nacionais e da paz.


I – Nas últimas décadas, especialmente após a extinção da União Soviética, uma potente ofensiva de direita abriu caminho para uma aparente vitória definitiva do sistema capitalista liderado pelo imperialismo estadunidense, que se pretendeu globalizado. Essa ofensiva afetou profundamente intelectuais e ativistas dos antigos movimentos e partidos de esquerda. Em grande medida, eles foram absorvidos por duas vertentes que, por caminhos diversos, incorporavam as ideias de vitória capitalista. Não poucos aderiram diretamente à ideologia neoliberal, que atribui ao mercado o poder exclusivo de decidir sobre questões econômicas, sociais e políticas. Outros, também numerosos, inclinaram-se à ideia de vitória do capital, mas o fizeram em diversas construções ideológicas com retórica de esquerda, que aceitam e difundem ideias básicas do neoliberalismo, tais como as do império global, da prevalência inevitável do mercado, da falência do conceito de Estado e, por consequência, do conceito de soberania nacional, do fim da luta política organizada das massas de trabalhadores, da transformação destas em “multidão”, etc.

Essa ofensiva intensificou-se após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. O governo deste país enveredou por uma política de ruptura declarada e prepotente com o regime de respeito à soberania dos Estados e passou a encabeçar um processo de volta às trevas nas relações entre povos e países. Comandado pelo complexo industrial militar, depois de por seu próprio povo sob tutela a ponto de privá-lo de direitos civis básicos – entre os quais o direito ao habeas corpus –, adotou uma diretriz de projetar sua soberania sobre o mundo inteiro e intervir em qualquer país onde, a seu critério, seus interesses o reclamem. Proclamou para si o direito de ignorar fronteiras nacionais e instituições internacionais a fim de empreender em qualquer rincão do planeta ações militares de todo tipo, em grande escala, com invasões e bombardeios, ou em pequena escala, com operações abertas ou encobertas de assassinato em série de civis que os desagradem, ou de sequestrá-los e submetê-los a trato de presas de guerra, sem quaisquer direitos legais.


A ofensiva expansionista dos Estados Unidos e seus aliados, principalmente ex-potências colonialistas da Europa, disfarçada sob bandeiras humanitárias, despertou natural indignação e resistência no mundo e, em primeiro lugar, nos povos agredidos. A progressiva inserção da China no papel de potência mundial, o ressurgimento da Rússia nessa categoria, a afirmação da Alemanha como principal liderança europeia e a emergência de novos atores, como Índia e Brasil, todos buscando o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar, também se contrapõem à expressão da estratégia de poder sem limites dos Estados Unidos.

Sem perder a arrogância, dispondo ainda de grandes reservas de expressão de poder e com um aumento de agressividade similar ao que ocorre com predadores acuados, o governo de Washington vem gradativamente decaindo para uma situação de dificuldade econômica, política e militar, ao mesmo tempo em que cresce a consciência mundial sobre o caráter de rapina do imperialismo estadunidense e sobre a necessidade de resistir a ele.


II – O repúdio à prepotência dos Estados Unidos e a disposição de opor-se a ela, manifestados com força crescente no mundo inteiro, evidenciaram mais uma vez a importância do fator nacional na luta política. Os Estados nacionais, ao invés de desaparecerem, regressaram com força maior à cena. A defesa do interesse nacional diante da dominação ou da agressão externa, que é motor principal da mobilização popular nos movimentos revolucionários desde a luta pela independência nos próprios Estados Unidos, repontando sempre, sob diversas formas, na Revolução Francesa, na Comuna de Paris, na Revolução Russa, na Revolução Chinesa, na Revolução Cubana, volta a mostrar-se fator-chave para que a cidadania se apresente como força transformadora, a fim de levar adiante movimentos que no início apontam para objetivos patrióticos e parciais, mas tendem a avançar para conquistas democráticas de maior alcance social.

Esse ressurgimento do fator nacional no centro da ação política é realidade hoje por toda parte no mundo. É entretanto na América do Sul que ele encontra sua manifestação mais saliente e que mais de perto interessa aos brasileiros.


III – A condição isolada e pouco relevante da América do Sul no quadro dos grandes conflitos em que se envolveram os Estados Unidos, afinal, deixou este país, que se empenhava em vultosas ações em outros continentes, tolhido para intervir nessa região que ele tradicionalmente considerou seu “quintal”. Num eco à assertiva clássica de que a revolução escolhe o elo mais fraco da corrente para eclodir, isto parece ter contribuído para que os povos sul-americanos percebessem a oportunidade de responder às humilhações e infortúnios que durante mais de um século lhe impusera a política imperialista de Washington.

Em 1998, elege-se na Venezuela o presidente Hugo Chávez, com uma plataforma anti-imperialista e com a intenção de cumprir o prometido. Em 2002, elege-se no Brasil o presidente Lula, que alterou gradativamente a política econômica neoliberal dos governos anteriores para beneficiar a aceleração do desenvolvimento econômico, e adotou uma política de socorro às camadas mais pobres da população, fortalecendo com isso o mercado interno; adotou também uma política externa de autonomia em relação aos Estados Unidos, que permitiu rejeitar o ominoso projeto da ALCA, livrar o Brasil da subordinação ao FMI, privilegiar a aproximação com a América do Sul, com fortalecimento do Mercosul e da Unasul, assim como permitiu expandir as relações do Brasil com países e povos da África, do Oriente Próximo e da Ásia.

Em 2003, elege-se na Argentina o presidente Néstor Kirchner, que enfrentou a banca internacional a fim de livrar seu país de uma dívida externa abusiva e impagável, conseguindo com isso condições para colocar a nação vizinha numa trilha de desenvolvimento sustentado, que hoje prossegue sob a presidência de Cristina Fernandes de Kirchner. As eleições de Evo Morales na Bolívia, Rafael Correia no Equador, Fernando Lugo no Paraguai, José Mujica, no Uruguai, e Ollanta Humala no Peru, deram maior firmeza à tendência de expansão na América do Sul de governos empenhados em alcançar expressão soberana e desenvolvimento pleno, econômico, cultural e social de suas nações.

Essa tendência não é retilínea, nem imbatível. Em cada país, a ela se opõem fortes correntes internas de direita alinhadas com os Estados Unidos, que atuam orquestradas em escala internacional e dominam a mídia, os bancos, setores importantes do empresariado local e agrupamentos militares. Com apoio financeiro, político e militar dos Estados Unidos e de outros países imperialistas menores, assim como de seus órgãos de espionagem e operações encobertas, de ONGs financiadas por empresas e governos imperialistas, de sociedades secretas tipo Opus Dei etc., tais setores de direita empreendem em seus países e na região uma campanha sem trégua através da maioria dos órgãos da grande mídia mercantil. Esta assume caráter de partido político reacionário, cuja finalidade é impedir que se elejam governantes comprometidos com os interesses nacionais e, quando não consegue isto, tentar acuar e tornar refém o governante eleito para, se julgar possível e oportuno, derrubá-lo. É o que se vê na Venezuela, na Bolívia, no Brasil, na Argentina, no Equador, em toda parte. Os golpes de Estado em Honduras e, mais recente, no Paraguai, são inequívocos sinais de alarme nesse sentido.


IV – Há nesse processo de ascensão nacional e democrática na América do Sul uma singularidade que lhe dá força de sustentação: ele se desenvolve com a rigorosa observância pelos governos das normas do regime de democracia modelo estadunidense, que pressupõe a mídia submetida aos bancos e outros grandes patrocinadores privados e as eleições, sujeitas a campanhas publicitárias de alto custo, subvencionadas por doações de empresas milionárias. A vitória e a permanência de governantes que desagradam à direita, em condições tão adversas, tornou-se possível graças a uma elevação da consciência política das massas populares. Estas aprenderam a descolar-se do discurso das grandes redes midiáticas na hora de escolher candidato e ajuizar governo. Com isso, definhou o poder de empossar e derrubar governos que a mídia dos grandes negócios exibia em décadas passadas.

Criam-se portanto condições novas que favorecem e exigem a recuperação das correntes progressistas e sua intervenção na cena política. No plano internacional, a luta contra a política de guerras sem fim do imperialismo estadunidense e seus associados, que hoje preparam uma agressão de grande escala e consequências imprevisíveis à Síria e ao Irã, é meta que a todos deve unir. Na América do Sul, e no Brasil em particular, impõe-se a luta em defesa dos interesses nacionais, em especial na resistência às tentativas de projeção dos interesses imperialistas de Washington em relação ao petróleo do pré-sal e das Malvinas. Essa projeção já tomou forma concreta com o estabelecimento de novas bases militares estadunidenses na região e com o deslocamento para o Atlântico sul da IV Frota da Marinha dos Estados Unidos. A luta pela preservação e o aprofundamento do regime democrático, da soberania e da coesão dos Estados da região é diretriz que favorecerá a mobilização de forças capaz de vencer as fortes coalizões de direita e assegurar o avanço econômico, político e social de nossos povos e nações.


V – Não há receitas prontas nem caminhos traçados para essa luta. As experiências vividas por outros povos, no passado ou no presente, servem de lição e inspiração, mas não servem de modelo. A originalidade e a variedade das soluções que a vida vai gerando nos países sul-americanos são muito fecundas. Em comum, existe entre elas a circunstância de que são encabeçadas por líderes não egressos das classes dominantes, que souberam perceber e potencializar o desejo de mudança das massas populares e o descrédito entre elas daqueles partidos e instituições que conduziam antes a vida política. Essa origem em lideranças pessoais fortes é ao mesmo tempo positiva, porque facilita a participação das grandes massas no processo político, e negativa, porque põe esse processo na dependência das escolhas e limitações pessoais do líder.

Mas a necessidade de recorrer à mobilização popular – uma vez que as forças poderosas que o hostilizam ao mesmo tempo manipulam as grandes empresas de comunicação, as instituições políticas formais e facções militares – induz o líder a estimular a gestação de novas formas de organização de massas do povo trabalhador para o combate político e até para a resistência organizada. Chama a atenção, nesse sentido, especialmente na Venezuela, na Bolívia e no Equador, a ascensão em bairros proletários de associações de moradores que se articulam em torno de conselhos comunitários e, ao mesmo tempo, defendem os interesses imediatos da população local, têm presença ativa na resistência ao golpismo e pressionam em favor do aprofundamento da democracia.


VI – No Brasil, os movimentos sociais organizados são ainda débeis. O governo do presidente Lula refletiu essa debilidade. Manteve uma política econômica em que ainda havia espaço para o neoliberalismo, mas adotou medidas de favorecimento ao poder aquisitivo da população pobre e desenvolveu uma política externa de autonomia em relação ao imperialismo estadunidense e defesa da paz. A presidente Dilma mantém nas linhas gerais essa diretriz.

Por sua política de favorecimento aos pobres e à soberania dos povos sul-americanos, o presidente Lula foi alvo de uma incansável campanha hostil da mídia. Para defender-se, ele se apoiou porém, quase exclusivamente, em sua popularidade pessoal. Isso o deixou vulnerável a pressões e prejudicou suas possibilidades de avanço.

A presidente Dilma, diante do agravamento da crise financeira internacional, avança na política econômica, enfrentando a questão do freio dos altíssimos juros à expansão da economia nacional, corrigindo na política de câmbio a valorização excessiva do real e mantendo e ampliando as políticas de inclusão social. No plano externo, embora com mudança de ênfase, persiste de modo geral a afirmação de política não alinhada aos Estados Unidos. A mídia dos grandes negócios busca abrir um cisma entre Dilma e Lula, para que se fragilize o campo popular.

É portanto urgente a necessidade de expansão de uma consciência pública de defesa do desenvolvimento soberano e democrático do país – na sua economia, na sua organização política e social, na sua cultura. Quanto maior seja essa consciência, mais forte estará o governo para resistir às agressões da direita e, ao mesmo tempo, maior será a pressão dos movimentos de massa para que suas políticas sejam mais coerentes com os interesses do país e da sociedade.



Um elenco de propostas nesse sentido deve incluir: 

1) a efetiva aceleração do desenvolvimento econômico do país;
2) a subordinação dos sistemas bancário e cambial aos interesses desse desenvolvimento;
3) a posse dos recursos naturais do país e a recuperação das empresas e recursos públicos estratégicos dilapidados;
4) a efetivação de um programa de reforma agrária que penalize o latifúndio improdutivo e beneficie as propriedades produtivas de pequeno e médio porte;
5) a destinação de maiores verbas às políticas públicas de educação, o fortalecimento do ensino público e a melhor adequação dessas políticas aos interesses do desenvolvimento tecnológico e cultural do país;
6) o reforço aos orçamentos de entidades de saúde pública, a obrigação dos serviços privados de seguridade de ressarcirem gastos dos serviços públicos de saúde com atendimento a segurados dos serviços privados, o fomento à pesquisa de aplicação de novos procedimentos de saúde sanitária básica, preventiva e de tecnologia atual;
7) a mudança da política de repressão policial dirigida contra a população mais pobre, principalmente não branca, por uma política democrática de segurança pública, o fortalecimento da política de não discriminação de gênero;
8) o reforço do controle pelo poder público das concessões de meios de comunicação a grupos privados com vistas ao aprofundamento do regime democrático;
9) o reequipamento das Forças Armadas e a dotação a elas de recursos necessários à eficiente defesa do território nacional, assim como a adequação do conteúdo da formação nas escolas militares à defesa da democracia e dos interesses fundamentais do país;
10) a ampliação e a consolidação da política de unidade com a América do Sul – essencial para a preservação dos governos progressistas na região; e
11) a defesa de uma política externa de respeito à soberania dos Estados, de relações amistosas com todos os povos e de defesa da paz.
Muitas são as metas a nos desafiarem, cujo alcance requer todo o engenho e toda a força que sejam capazes de unir e mobilizar, com sentido estratégico e espírito transformador, as correntes progressistas em nosso país, sem distinção dos partidos e associações a que estejam filiadas. Povo e governo precisam mobilizar suas reservas de sentimento cívico e patriótico, para que o Brasil possa aproveitar a grande oportunidade que tem hoje de consolidar-se como nação soberana, projetada no cenário mundial e consolidada em seu papel de lastro do processo democrático de reconstrução nacional, pacífico e progressista, que se desenvolve na América do Sul



Assinam: Alfredo Tranjan Filho, físico, RJ; Ana Tereza Pereira, médica, RJ; Carlos Lessa, professor, RJ; César Duarte, engenheiro, RJ; Dimas Macedo, professor, CE; Eny Moreira, advogada, RJ; Epitácio Paes, sociólogo, RJ; Geraldo Sarno, cineasta, RJ; Gisálio Cerqueira Filho, professor, RJ; Gizlene Neder, professora, RJ; Graça Medeiros, astróloga, RJ; Gustavo Senechal de Goffredo, jurista, RJ; Jesus Chediak, teatrólogo, RJ; Leandro Amaral Lopes, economista, BA; João Quartim de Moraes, professor, SP; José Carlos de Assis, professor, PB; Luiz Alberto Moniz Bandeira, historiador, RJ; Luiz Alfredo Salomão, economista, RJ; Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista, SP; Luiz Pinguelli Rosa, físico, RJ; Marcio Pochman, economista, SP; Manuel Domingos Neto, sociólogo, CE; Mauro Santayana, jornalista, MG; Monica Martins, socióloga, CE; Paulo Metri, engenheiro, RJ; Pedro Amaral, escritor, DF; Pedro Celestino, engenheiro, RJ; Reinaldo Guimarães, médico, RJ; Renato Guimarães, editor, RJ; Ricardo Maranhão, engenheiro, RJ; Roberto Amaral, professor, CE; Roberto Saturnino Braga, engenheiro, RJ; Samuel Pinheiro Guimarães, diplomata, DF; Sebastião Soares, engenheiro, SP; Sergio Sérvulo da Cunha, jurista, SP; Susana de Castro, professora, RJ; Theotonio dos Santos, economista, RJ;Ubirajara Brito, físico, BA; Valton Miranda, psicanalista, CE; Willis Santiago Guerra, filho, professor, SP; Yonne Orro, socióloga, MS.

Veja matéria completa 





Fonte: IrãNews



Israel anuncia que deterá flotilha humanitária que ruma a Gaza

2 de Outubro de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Israel anunciou que sua poderosa Marinha de Guerra impedirá a chegada de mais uma flotilha humanitária internacional a Gaza, bloqueada por ar, mar e terra há quase seis anos.


A flotilha de embarcações civis, organizada por pacifistas de vários países, recebeu autorização das autoridades italianas para partir e pretende chegar à Faixa de Gaza em "poucas semanas", segundo seus organizadores.


O território palestino foi isolado pelas autoridades israelenses de ocupação após sua retirada em 2006, último capítulo de uma onda de bombardeios massivos da aviação e artilharia à qual chamaram operação Chumbo Fundido, ocasionando mais de 1400 mortes de civis e a destruição da infraestrutura.


Semanas atrás, o ministro israelense de Defesa, Ehud Barak, revelou que Tel Aviv considera a possibilidade de reocupar a zona.

Israel não está muito preocupado com o tema, disse uma porta-voz militar israelense, segundo a qual, a Marinha de Guerra armou um "cordão de segurança" que isola ainda mais a Faixa de Gaza, uma das zonas mais pobres e densamente povoadas do mundo, cujos habitantes têm que recorrer a qualquer método para sobreviver.



O antecedente mais próximo de uma operação similar foi a Flotilha da Liberdade de Gaza, na qual participaram navios turcos. Nove ativistas morreram no assalto das tropas especiais israelenses para evitar que remédios e alimentos fossem desembarcados.




As autoridades da Turquia exigiram desculpas, mas as de Israel se recusaram, o que esfriou as cordiais relações entre ambos.




Fonte: Prensa Latina, Vermelho