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"Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.

 Não ande na minha frente, talvez eu não queira segui-lo.

Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos."

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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Conheça os judeus sionistas

27 de Julho de 2014, 17:58, por Desconhecido - 0sem comentários ainda






Roger Waters divulga carta aberta contra “muro do apartheid” israelense

27 de Julho de 2014, 15:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



 Via Viva Palestina
data de publicação: novembro 20, 2013

Em 1980, uma canção que escrevi, “Another Brick in the Wall Part 2″, foi proibida pelo governo da África do Sul porque estava a ser usada por crianças negras sul-africanas para reivindicar o seu direito a uma educação igual. Esse governo de apartheid impôs um bloqueio cultural, por assim dizer, sobre algumas canções, incluindo a minha.

Vinte e cinco anos mais tarde, em 2005, crianças palestinas que participavam num festival na Cisjordânia usaram a canção para protestar contra o muro do apartheid israelita. Elas cantavam: “Não precisamos da ocupação! Não precisamos do muro racista!” Nessa altura, eu não tinha ainda visto com os meus olhos aquilo sobre o que elas estavam a cantar.

Um ano mais tarde, em 2006, fui contratado para actuar em Telavive.

Palestinos do movimento de boicote académico e cultural a Israel exortaram-me a reconsiderar. Eu já me tinha manifestado contra o muro, mas não tinha a certeza de que um boicote cultural fosse a via certa. Os defensores palestinos de um boicote pediram-me que visitasse o território palestino ocupado para ver o muro com os meus olhos antes de tomar uma decisão. Eu concordei.

Sob a protecção das Nações Unidas, visitei Jerusalém e Belém. Nada podia ter-me preparado para aquilo que vi nesse dia. O muro é um edifício revoltante. Ele é policiado por jovens soldados israelitas que me trataram, observador casual de um outro mundo, com uma agressão cheia de desprezo. Se foi assim comigo, um estrangeiro, imaginem o que deve ser com os palestinos, com os subproletários, com os portadores de autorizações. Soube então que a minha consciência não me permitiria afastar-me desse muro, do destino dos palestinos que conheci, pessoas cujas vidas são esmagadas diariamente de mil e uma maneiras pela ocupação de Israel. Em solidariedade, e de alguma forma por impotência, escrevi no muro, naquele dia: “Não precisamos do controle das ideias”.

Realizando nesse momento que a minha presença num palco de Telavive iria legitimar involuntariamente a opressão que eu estava a testemunhar, cancelei o meu concerto no estádio de futebol de Telavive e mudei-o para Neve Shalom, uma comunidade agrícola dedicada a criar pintainhos e também, admiravelmente, à cooperação entre pessoas de crenças diferentes, onde muçulmanos, cristãos e judeus vivem e trabalham lado a lado em harmonia.

Contra todas as expectativas, ele tornou-se no maior evento musical da curta história de Israel. 60.000 fãs lutaram contra engarrafamentos de trânsito para assistir. Foi extraordinariamente comovente para mim e para a minha banda e, no fim do concerto, fui levado a exortar os jovens que ali estavam agrupados a exigirem ao seu governo que tentasse chegar à paz com os seus vizinhos e que respeitasse os direitos civis dos palestinos que vivem em Israel.

Infelizmente, nos anos que se seguiram, o governo israelita não fez nenhuma tentativa para implementar legislação que garanta aos árabes israelitas direitos civis iguais aos que têm os judeus israelitas, e o muro cresceu, inexoravelmente, anexando cada vez mais da faixa ocidental.

Aprendi nesse dia de 2006 em Belém alguma coisa do que significa viver sob ocupação, encarcerado por trás de um muro. Significa que um agricultor palestino tem de ver oliveiras centenárias serem arrancadas. Significa que um estudante palestino não pode ir para a escola porque o checkpoint está fechado. Significa que uma mulher pode dar à luz num carro, porque o soldado não a deixará passar até ao hospital que está a dez minutos de estrada. Significa que um artista palestino não pode viajar ao estrangeiro para exibir o seu trabalho ou para mostrar um filme num festival internacional.

Para a população de Gaza, fechada numa prisão virtual por trás do muro do bloqueio ilegal de Israel, significa outra série de injustiças. Significa que as crianças vão para a cama com fome, muitas delas malnutridas cronicamente. Significa que pais e mães, impedidos de trabalhar numa economia dizimada, não têm meios de sustentar as suas famílias. Significa que estudantes universitários com bolsas para estudar no estrangeiro têm de ver uma oportunidade escapar porque não são autorizados a viajar.

Na minha opinião, o controle repugnante e draconiano que Israel exerce sobre os palestinos de Gaza cercados e os palestinos da Cisjordânia ocupada (incluindo Jerusalém oriental), assim como a sua negação dos direitos dos refugiados de regressarem às suas casas em Israel, exige que as pessoas com sentido de justiça em todo o mundo apoiem os palestinos na sua resistência civil, não violenta.

Onde os governos se recusam a atuar, as pessoas devem fazê-lo, com os meios pacíficos que tiverem à sua disposição. Para alguns, isto significou juntar-se à Marcha da Liberdade de Gaza; para outros, isto significou juntar-se à flotilha humanitária que tentou levar até Gaza a muito necessitada ajuda humanitária.

Para mim, isso significa declarar a minha intenção de me manter solidário, não só com o povo da Palestina, mas também com os muitos milhares de israelitas que discordam das políticas racistas e coloniais dos seus governos, juntando-me à campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, até que este satisfaça três direitos humanos básicos exigidos na lei internacional.

1. Pondo fim à ocupação e à colonização de todas as terras árabes [ocupadas desde 1967] e desmantelando o muro;

2. Reconhecendo os direitos fundamentais dos cidadãos árabe-palestinos de Israel em plena igualdade; e

3. Respeitando, protegendo e promovendo os direitos dos refugiados palestinos de regressar às suas casas e propriedades como estipulado na resolução 194 das NU.

A minha convicção nasceu da ideia de que todas as pessoas merecem direitos humanos básicos. A minha posição não é antisemita. Isto não é um ataque ao povo de Israel. Isto é, no entanto, um apelo aos meus colegas da indústria da música e também a artistas de outras áreas para que se juntem ao boicote cultural.

Os artistas tiveram razão de recusar-se a atuar na estação de Sun City, na África do Sul, até que o apartheid caísse e que brancos e negros gozassem dos mesmos direitos. E nós temos razão de recusar atuar em Israel até que venha o dia – e esse dia virá seguramente – em que o muro da ocupação caia e os palestinos vivam ao lado dos israelitas em paz, liberdade, justiça e dignidade, que todos eles merecem.



 



Gaza: Além de mortes, crianças em estado de choque são cotidiano na sala de emergência

26 de Julho de 2014, 13:18, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Shareef Sarhan/UNRWA


Mortalidade infantil representa 25% das baixas da ofensiva israelense em território palestino; questão psicológica compromete futuro da população, diz médica em Gaza

Patrícia Dichtchekenian
do Opera Mundi

“Há muitas crianças que chegam à sala de emergência sem machucados graves ou fisicamente preocupantes. Elas chegam, na verdade, em estado de choque”, conta diretamente da Faixa de Gaza a coordenadora de saúde francesa da organização MSF (Médicos Sem Fronteiras), Audrey Landmann, a Opera Mundi. 

Nos últimos dois dias, uma criança morreu a cada hora em Gaza, aponta o relatório do dia 22 de julho do Ocha (Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, em inglês) na Palestina.  Desde o dia 7 de junho, a operação israelense “Margem Protetora” já deixou 635 mortos, dos quais 77% são civis e, destes, 161 são crianças, representando 25% das baixas. Dos 3.500 feridos, 1.100 são crianças.
 
Para além das estatísticas, a médica francesa aponta que o conflito traz efeitos psicológicos devastadores a longo prazo para as crianças, impactando no futuro da população palestina. “As crianças ficam próximas de casas que foram bombardeadas e presenciam diversas mortes. Elas têm muitos pesadelos e acordam toda hora à noite por conta dos bombardeios. Consequentemente, há uma série de sintomas crônicos que acabam se desenvolvendo”, argumenta Landmann.


Entre 2008 e 2014, a Faixa de Gaza foi palco de pelo menos três grandes operações israelenses, com a justificativa de Tel Aviv de combater o braço armado do grupo Hamas. Para a coordenadora da MSF, essa sucessão de conflitos e traumas resulta em sintomas psicológicos profundos. “Há uma grande quantidade de crianças – e adultos em geral - que apresentam quadros depressivos ou que têm problemas para se exteriorizar, se sociabilizar”, diz.

Segundo o relatório da agência da ONU na Palestina, há pelo menos 116 mil crianças que deveriam receber suporte psicológico especializado para lidar com as experiências de morte, luto, violência, abuso e perda. Por sua parte, o Ocha já atendeu 1.196 crianças na Faixa de Gaza.


A entrevista de Opera Mundi com Audrey Landmann foi interrompida por duas bombas que explodiram a cerca de 500 metros da casa da médica francesa; ouça aqui



Contudo, apenas dois dos seis centros comunitários de saúde mental das Nações Unidas estão em funcionamento no território palestino. Além disso, pelo menos 18 unidades de saúde, incluindo três hospitais, foram atingidas pelos mísseis israelenses, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).

Por enquanto, a MSF ainda não disponibilizou o atendimento psicológico em Gaza, tendo serviço semelhante na região palestina da Cisjordânia.
“O primeiro tratamento nesses casos é escutar essas crianças e dar voz a elas. Depois, é preciso ver que sintomas essas crianças vão desenvolver semanas depois desse estado de choque. Muitas não vão querer mais sair de casa e vão desenvolver outros tipos e comportamentos”, explica Landmann.

 
A questão psicológica para as crianças é tão séria em Gaza que até a UNRWA (Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio, em inglês) desenvolveu uma nova via de captação de doações a partir de US$ 30 que serão destinadas para oferecer tratamentos psicológicos a crianças traumatizadas.


Fonte: Brasil de Fato



Rafael Correa: “A relação do povo com o poder na América Latina vive um momento de mudanças históricas”

26 de Julho de 2014, 12:48, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



 
 
Miguel Romero/ Divulgação Presidência da República

“Restauração conservadora” ameaça ciclo de governos progressistas na América Latina"

Em passagem recente pelo Brasil, o presidente do Equador, Rafael Correa, concedeu entrevista aos jornalistas Valter Xéu, (Pátria Latina); Beto Almeida (Brasil de Fato, Telesul e TV Comunitária e ao sociólogo Emir Sader (TV Brasil).
 
Presidente Rafael Correa, Emir Sader, Beto Almeida e Valter Xéu 
 (Foto: Tania Nicole)

Foram 40 minutos de uma conversação agradável onde o presidente equatoriano que esta no poder desde 2007, afirmou que pretende concorrer à reeleição em 2017.

Correa esteve no Brasil para participar da reunião da UNASUL, que reúne países da América do Sul, com os BRICS, integrado por China, Rússia, Brasil, África do Sul e Índia.

O presidente equatoriano, que defende a existência de leis que limitem o po­der midiático, também acredita que, no momento, está em marcha na América Latina uma “restauração conservadora”, que tem como objetivo pôr fim ao ciclo de governos progressistas que emergiu no continente nos últimos anos.

Beto Almeida – Senhor presidente. Muito obrigado por nos ter recebido aqui. Trazemos aqui as saudações do Brasil com o reconhecimento do gigante papel que o Equador tem desempenhado, tanto na América Latina como no mundo. Viemos aqui com três periodistas: 1) Valter Xéu do Pátria Latina, que nasceu depois de uma reunião de Fidel Castro com vários periodistas e intelectuais da América Latina. Essa apresentação seguiu-se da exclamação do presidente dizendo então:- “naturalmente, o Valter do Pátria Latina”. 2) Eu, Beto Almeida, presidente da TV Comunitária de Brasília, a qual tem um convênio de colaboração com a Telesul e represento aqui também o periódico Brasil de Fato, ligado aos movimentos sociais como os dos sindicatos, e  dos sem terra. 3) Emir Sader da TV Brasil, a qual foi criada na época do Lula. Agora dou então a palavra a Emir Sader.

Emir Sader – Sr. Presidente Rafael, no seu primeiro mandato presidencial o senhor disse que não era uma época de câmbio, mas um câmbio de época. Já lá se apontava para as relações e diferenças entre um mundo unipolar, e um mundo multipolar. O Senhor diria que estamos saindo de um mundo unipolar e nos dirigindo a um multipolar? O senhor diria então que haveria específicas consequências para a América Latina como resultado das decisões tomadas nas diversas reuniões dessa semana, como as decisões dos BRICS? Estaremos aqui saindo da era unipolar, do após guerra fria, para um mundo multipolar?

Presidente Correa – Muchas gracias. Em primeiro lugar abraços ao Brasil com votos da melhor sorte para todos. Bem, sim. Eu creio que está se dando uma mudança de época e que um novo ciclo está se aproximando. Muitos progressistas chegaram ao poder na América Latina conjuntamente com o debacle das direitas nacionais, as quais ficaram então aturdidas pelo seu grande fracasso, o qual está ligado ao fracasso do neoliberalismo, e não conseguiram reagir convenientemente de maneira imediata. Temos aqui uma mudança de épocas. Essas são mudanças profundas. Não se trata somente de reformas superficiais. São mudanças históricas, com uma grande mudança das relações do poder. É uma mudança de um estado burguês a um popular. Essa mudança na América Latina foi se consolidando através dos governos de Hugo Chaves na Venezuela, Lula da Silva no Brasil, de Morales na Bolívia, de Bachelet no Chile, de Tavares Vasquez no Uruguai, e da revolução no Equador.

Entretanto, tem que se ter cuidado. Um novo ciclo conservador pode tentar reverter o que já se ganhou. É necessário muita atenção. Depois do debacle que os aturdiu estão agora começando uma nova coordenação, e isso nos níveis locais, regionais, e internacionais. Há que se ter muita atenção. Eu creio que a América Latina nunca voltará às condições do passado, mas se poderá perder muito do que já se conseguiu. Muito poderia ser revertido. Tem-se aqui a influência da cultura hegemônica transmitida pela mídia, inculcando nos pobres que o que é bom para os ricos, é também bom para os pobres. E daí segue a exploração.

Depois se tem a construção dos blocos, o que faz parte do processo de mudanças. Pode ser. Parece-me também que com a unipolaridade a América Latina saiu perdendo muito, uma vez que com a unipolaridade a América Latina perdeu em importância, visto em relação ao tempo em que ela era central no jogo contra o comunismo.

Mas sim, há uma mudança de era, onde o encontro entre os blocos é um fator muito importante. Unir-se em blocos é uma boa maneira de mudar a ordem injusta dos mais fortes, a ordem dos países hegemônicos, do capital financeiro, e do pior de tudo nesse contexto, do capital financeiro especulativo. Veja-se o caso da Argentina. Os Estados Unidos a poderiam ter quebrado. Há aqui também uma necessidade de se assegurar uma realidade multipolar, a qual permitiria maior participação, conquanto evitando, ao mesmo tempo, o eterno tipo de perigo que pairou sobre a Argentina, por exemplo. Isso exige a construção de blocos sólidos. Isso tem que ser feito através de blocos que possam apresentar trabalho efetivo. O Brasil é grande em si, e talvez pudesse enfrentar o problema sozinho, mas para os países que são pequenos, e muitos o são na América Latina, é necessária a cooperação em blocos, e o encontro entre esses blocos.

Essa é uma realidade que tem de ser consolidada.

Mas, por enquanto, estaríamos já no início de um novo ciclo? Teremos que esperar para saber a resposta exata.

Beto Almeida – Sr presidente, a união dos BRICS com a UNASUL é um passo muito importante para o setor econômico, também em escala internacional, e aqui se poderia reivindicar então uma integração internacional politica e/ou anti-imperialista.

Em sua opinião, como poderia ser feita uma coordenação da união econômica com a politica? O nosso saudoso Chávez já falava de uma espécie de Quinta Internacional. Outros falam de um campo anti-imperialista. Quais deveriam ser na sua opinião as convenientes iniciativas para sustentar uma coordenação econômica dos fundos, e do banco de desenvolvimento, que esta nascendo, com uma coordenação política e/ou anti-imperialista?

Presidente Correa - Temos de ser realistas.  Blocos alternativos são necessários e bons, mas aqui se tem que nem todos os países do bloco dos BRICS têm governos progressistas, e o mesmo se dá com a UNASUL. Temos que estar atentos, mas já é muito o que se consegue com a arquitetura financeira regional, que traz uma independência da tradicional hegemonia, o que se está fazendo agora com os BRICS, com os seus fundos de reserva, com o seu novo Banco de Desenvolvimento, e com o já estabelecido acordo entre o Brasil e China, para comércio e transações nas próprias moedas. A situação já mudou muito.

No que já foi feito não se trataria de uma união ideológica, mas de uma união prática, independente do ideológico. Entretanto, isso já em si é muito importante. Segue-se agora que o trabalho da união política ainda tem que ser tratado e aprofundado. O que já temos é um novo consenso em relação a novos interesses. Com os BRICKS tem-se uma nova arquitetura financeira, a qual poderia evitar, por exemplo, que todas as transações financeiras internacionais tivessem necessariamente que passar pelos Estados Unidos, aos quais então se continuariam dando os meios financeiros necessários para quebrar a quem quer que fosse. BRICS é bom. Traz consigo uma realidade menos injusta.

Valter Xéu – Senhor presidente. Durante o seu mandato os índices de saúde e educação cresceram muito e teve-se a erradicação da pobreza. Como se explicaria que Equador, um país com uma pequena economia tenha conseguido índices onde países com maiores recursos, não conseguiram?

Presidente Correa – Trata-se de um processo político. Tem-se que, no passado, nesse continente, a América Latina não se desenvolveu, mas que os Estados Unidos se desenvolveram. Temos um passado histórico, onde civilizações mais avançadas já aqui estavam desde o início, como por exemplo, os Maias, os Aztecas e os Incas. No total trata-se de uma constelação de fatores, mas um desses fatores é o de classes. Tivemos um passado social onde a classe das elites nos dominou desde o início.

Mas quanto a sua pergunta posso dizer que o processo no Equador foi político.

Tínhamos a dominância de um estado burguês que estamos mudando para um estado popular. Os recursos sempre estiveram aqui, por exemplo, os petroleiros, mas digamos que entre a elite e o povo tinha-se, na área petrolífera, uma relação de 4vs1, relação essa que agora está se levando a uma relação de 1vs4. No setor petroleiro nós fizemos renegociações e tivemos sucesso com isso. Ninguém pagava impostos. Os recursos sempre estiveram presentes, mas são agora usados para o bem comum. Então isso significaria que se trata de uma mudança nas relações de poder, que agora se usam em função do bem da população e do poder popular.

Mas aqui encontramos limites e restrições externas. Isso é perigoso. Temos ataques vindos de todos os lados. A Chevron poderia ter quebrado o Equador. Temos que encarar restrições impostas a nós, mas que os próprios ricos não seguem, usando-se de expedientes, pretextos, e escusas. Têm-se aqui a ver com desculpas como lavagem de dinheiro, terrorismo, e outras, mas os ricos não se incomodam com essas restrições, que impõem a nós, mas não a eles próprios. Vejam-se os paraísos fiscais. Os direitos de propriedade alcança até o conhecimento, que se privatiza a favor deles, mas os bens ambientais, por exemplo, eles os querem consumir de graça. É custoso conservar as selvas. Há pressões externas que exigem cooperação. Temos que criar, em etapas, uma integração. Temos que ser eficientes e criar mais recursos. O socialismo sempre falou dos aspectos sociais, mas quanto à eficiência não se falou muito. Temos agora que falar também do aspecto da eficiência, conjuntamente com os aspectos sociais.

Emir Sader – Frente à debilidade dos partidos políticos, de direita a mídia age quase como que um partido político em oposição. Isso se vê bem quanto aos meios de comunicação. Trata-se aqui de uma questão de democratização, na qual o Equador avançou muito. Qual seria o modelo a ser seguido?

Presidente Correa – Esse é o nosso principal adversário. É uma luta enorme. Os meios de comunicação na América Latina não pertencem aos pobres. Eles estão em mãos particulares, em mãos da elite financeira. No Equador 90% dos meios de comunicação estão em mãos particulares. Nós temos um periódico nacional dos cincos dos grandes periódicos nacionais. Periódicos locais e regionais são muito mais. Temos dois canais de televisão, dos seis ou sete canais nacionais. Nós resgatamos a radio nacional, mas existem mais do que mil outras. É pouco, mas já com isso o povo ganha alguma coisa. Os meios de comunicação deveriam ser públicos, mas estão em mãos particulares. A comunicação é um direito, e uma coisa fundamental na comunicação social. No sistema capitalista o direito dos povos quanto a uma comunicação livre e abrangente está em direta oposição à exigência de lucros.  Lucro e direito de comunicação vão em direções opostas. As elites, entretanto não procuram só os lucros, querem naturalmente o poder. Temos uma contradição. Temos aqui que a comunicação social, e, portanto de massas, está em mãos particulares.

Pode-se falar em restringir o poder politico, e de uma certa maneira as pessoas aceitam. Pode-se falar em restringir o poder econômico, e até isso se aceita. Mas quando se fala em pôr qualquer limite ao poder midiático lá isso já não se aceita de maneira alguma. A tentativa de exigir uma certa balança nas apresentações, uma certa objetividade, ou neutralidade, é imediata e fortemente atacada, como um gravíssimo ato contra a liberdade de expressão. 

A imprensa latina é excepcionalmente ruim quanto à falta de ética, quanto à concentração da propriedade, quanto à falta de profissionalismo, assim também como quanto as suas manipulações políticas, e muito mais, também.

Beto Almeida – Para fazer frente a manipulações no campo monetário, financeiro, e social, temos, por exemplo, organizações como a CELAC. Entretanto, apresenta-se aqui no Brasil também a necessidade de uma realidade periodista de integração. O que temos é um periodismo de desintegração. Tem-se o caso do Campeonato Mundial. Foi o Mundial um fracasso? Não, não foi, mas ele foi apresentado como um fracasso total. Importantes reuniões e encontros são desacreditados. Tentam desacreditar, ou silenciam, todos esses momentos Tratou-se o muito importante encontro BRICS–UNASUL como se fosse nada. O periodismo tenta desintegrar, quebrar, ou silenciar, mas há que se ter a capacidade de integrar, de cooperar de construir, e de se acreditar na capacidade das pessoas de conseguirem dirigir essa integração social.

Presidente Correa - Exatamente. Essa tentativa de desintegração social é uma consequência da mídia como um negócio privado, com fins de lucros em mãos privadas. Isso é extremamente concentrado. É necessário que se tenha mais meios comunitários, sem fins de lucro. De uma maneira natural a exigência do que dá lucro vai em relação inversa ao direito de informação e ao direito de comunicação social. A comunicação deve ser usada como um meio da sociedade, como um meio público. Quando se fala em meios públicos não se está falando somente do governo central.

Agora a Constituição do Equador, em relação aos meios visuais e de comunicação ordena que a relação seja de 1/3 ao setor privado com fim de lucro, 1/3 ao setor público, e 1/3 ao setor comunitário sem interesse de lucro. É uma luta duríssima. Tudo está muito concentrado. Temos que diminuir o particular para poder aumentar o publico e o comunitário. O setor privado tem que ir ao 1/3 nessa relação. Essa é uma das respostas quanto a não desintegrar, mas integrar. Mas essa é só uma das respostas, tem que ser feito muito mais para que se chegue a uma solução quanto, por exemplo, as manipulações. Mas estejamos preparados para ouvir que estamos atentando contra a liberdade de expressão.

Beto Almeida – Têm-se universidades para a integração aqui no Brasil, como por exemplo, a UNILA, constituída no período Lula. Tem-se também a ELAM- Faculdade Latina Americana de Ciências Médicas em Cuba. Essa ideia integrante seria agora necessária também no setor da imprensa?

Presidente Correa – O maior desafio que se apresenta é vencer o poder midiático. Esse tem fortes mecanismos de defesa. Pensando em criticar? Atacam imediatamente com o “atentado à liberdade de expressão” temos que superar esse engano.

Emir Sader – Recentemente, vocês fundaram uma nova universidade, baseada na ideia do “conhecer bem”, do saber comum. Qual é a natureza deste projeto novo que estão desenvolvendo?

Presidente Correa – Na verdade, criamos quatro novas uni­versidades. A qual se refere? Acredito que você se refira à Ikiam [Universidade Regional Amazônica], na selva. Aprovei­tando essa vantagem enorme que é a sel­va amazônica, maior e melhor laborató­rio natural do mundo, e diferentemente do Brasil onde a floresta amazônica fica bastante distante das grandes cidades, aqui no Equador, em três horas e meia, a partir de Quito, pode-se estar em plena selva amazônica, onde a Ikiam está lo­calizada. Criamos essa nova universida­de, chamada Ikiam, que na língua shuar, uma das tantas línguas ancestrais que têm nosso país, significa “selva”, que fica no meio de uma reserva natural de cerca de 900 km², para ser uma universidade de nível mundial, basicamente, para no caso nacional atender a região amazôni­ca que, praticamente, carecia de univer­sidades ou eram universidades de péssi­ma qualidade... no meio da selva, orientada ao bioconhecimento. Então, posso lhes garantir que será uma universidade única e com vantagens irrepetíveis nessa classe de estudo: de biodiversidade, de bioconhecimento.

Valter Xéu – Voltando a falar sobre o terrorismo midiático. No início do seu governo, houve um atrito com a empresa brasileira Norberto Odebrecht e a imprensa brasileira só faltou dizer ao Planalto que invadisse o Equador. A imprensa independente foi a que compreendeu as razões do Equador e o defendeu. Naquela época, isso criou um certo mal-estar dentro do governo e hoje como estão às relações bilaterais entre Equador e Brasil?

Presidente Correa – Até o momento, são extraordinárias, com Dilma e com Lula também. Mas nesse momento, lá atrás, nos tiraram até o embaixador, contudo, o tempo nos deu absolutamente toda a razão. A Odebre­cht reconheceu o seu erro. Era uma hi­droelétrica mal construída, que entrou em colapso. Reparou a hidroelétrica, as­sumindo os custos como tinha que ser. E agora está trabalhando normalmente no Equador e ganhando muitos contratos.

Beto Almeida – Sabemos que o senhor gosta bastante de falar sobre o papel das ONGs porque há ONGs e ONGs... Aqui tivemos uma experiência muito sinistra. Algumas ONGs estão promovendo manifestações que promovem a violência gratuitamente para destruir prédios públicos, instalações públicas, metrôs... Na Venezuela, sabemos o que aconteceu... as guarimbas [protestos e bloqueios], com muitas ONGs financiadas por fundações externas de países ricos que estão atuando. Mas esse é um novo processo que alguns chamam de “a cara social do neoliberalismo”... porque estamos também enfrentando isso aqui no Brasil no momento...

Presidente Correa – Temos aqui um problema imenso. Trata-se de uma táctica de desestabilização dirigida, efetuada por meios muito violentos, aos quais dão nomes atraentes, os quais evocam de maneira automática, reações positivas. Já no Chile de Pinochet levantavam-se as palavras de honra, democracia e liberdade, mas agora isso está sendo usado de uma maneira consistente, como uma estratégia onde a violência, abaixo de nomes agradáveis, apresenta-se de maneira muito brutal e mesmo extrema.  Toda a atenção aqui é necessária. Trata-se de organizações sociais, mas... Cuidado! Trata-se de uma nova estratégia de infiltração e sabotagem. Essas organizações não são não governamentais, ou antigovernamentais, são organizações de governos estrangeiros trabalhando para derrubar os governos de outros países que não lhes agradem. Entre as organizações sociais que trabalham honestamente, existe um muitíssimo alto número de outras, que trabalham abaixo desse manto para destruir outros governos e avançar os interesses das grandes potências, as quais não assinam a nada, não se comprometem e não se restringem, exigindo tudo para si mesmos.  Atentos – a desestabilização – defendem os interesses da extrema direita norte-americana.

Composições extremas prejudicam, quer sejam de direita ou de esquerda. Nesse contexto precisa-se então tocar também no assunto das ONGs de esquerda, que exigem que não se toque nos recursos naturais. O que seria da Venezuela sem o petróleo? O que seria da Bolívia sem o gás? O que seria do Equador? Não tocar em nenhum dos nossos recursos seria um suicídio. De acordo com certos segmentos de extrema esquerda nós não poderíamos tocar em nada, mas ao mesmo tempo, a extrema direita, tanto nacional como internacional, estaria desfrutando aqui, como sempre, de todos os frutos. Tem-se nesse contexto que muitas composições extremas de esquerda não entendem ou querem entender o que é governar. Para que possamos nos defender temos que usar alguns dos nossos recursos. Às vezes as organizações de esquerda nos prejudicam mais do que as de direita.

Beto Almeida – Senhor presidente. Muchas gracias em nome da TV Comunitária, de Pátria Latina e da TV Brasil.

Presidente Correa Gracias a todos e um grande abraço ao Brasil.

Tradução Anna Malm para Pátria Latina




Governo de Israel chama o Brasil de país "irrelevante"

25 de Julho de 2014, 11:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


O governo de Israel chamou o Brasil de país "irrelevante" porque a presidente Dilma convocou de volta ao Brasil o nosso embaixador em razão dos crimes de guerra praticados pelo estado "judaico" contra o povo palestino.

Enquanto isso, nos Estados Unidos...
Duas crianças palestinas pedem aos transeuntes um abraço nas"terroristas"










Brasil é "Um anão diplomático", diz porta-voz israelense

24 de Julho de 2014, 16:25, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Yigal Palmor, porta voz de Israel



O governo de Israel criticou a postura do governo brasileiro de convocar o embaixador em Tel Aviv para consultas e a publicar duas notas, em uma semana, considerando inaceitável a escalada de violência entre Israel e Palestina. Nos textos, o Brasil "condena energicamente o uso desproporcional da força" por Israel, na Faixa de Gaza.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel, por meio do porta-voz, Yigal Palmor, ressaltou que o país precisa de apoio dos seus aliados para combater o principal movimento fundamentalista na Palestina.


— Israel espera o apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, que é reconhecido como uma organização terrorista por muitos países no mundo — disse o porta-voz. 

Jornais israelenses noticiaram críticas ainda mais duras feitas por Palmor. De acordo com o The Jerusalem Post, o porta-voz criticou a diplomacia brasileira:

— Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático.


O periódico ainda acrescenta que, de acordo com Palmor, o Brasil é um parceiro diplomático irrelevante, que cria mais problemas, em vez de contribuir com soluções.

O comunicado à imprensa, divulgado pelo governo israelense, ainda salienta o “desapontamento” do país diante da convocação do embaixador brasileiro. 

— Esta decisão não reflete o nível das relações entre os países e ignora o direito de Israel de se defender. Tais medidas não contribuem para promover a calma e a estabilidade na região — informa o texto.

Em nota publicada nesta quarta-feira, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil reiterou seu chamado a um "imediato cessar-fogo" entre as partes. O Itamaraty explicou que, diante da gravidade da situação, votou favoravelmente à resolução do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, que condena a atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e cria uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também reagiu:

— A Confederação Israelita do Brasil vem a público manifestar sua indignação com a nota divulgada pelo nosso Ministério das Relações Exteriores, na qual se evidencia a abordagem unilateral do conflito na Faixa de Gaza, ao criticar Israel e ignorar as ações do grupo terrorista Hamas — destaca o texto.


Fonte:  Zero Hora, Agência Brasil


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Prefiro que o Brasil seja considerado um "Anão diplomático" do que um colaborador de ASSASSINOS. 

Burgos Cãogrino


 




Rússia e Turquia renunciam ao dólar

22 de Julho de 2014, 19:12, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Moscou e Ancara decidiram passar para rublos e liras turcas nos pagamentos recíprocos, comunicaram os chefes dos departamentos econômicos da Rússia e Turquia, Alexei Ulyukaev e Nihat Zeybekci, após o “encontro empresarial” dos G20 na Austrália.

Na opinião de peritos, uma das razões do afastamento do dólar é a posição da administração dos EUA, ou seja suas decisões imprevisíveis de introduzir sanções unilaterais contra participantes do mercado internacional.

O chefe da cátedra de relações internacionais da Universidade de Ufuk em Ancara, doutor em ciências políticas e professor Oya Akgonenc Mugisuddin compartilhou com a Voz da Rússia sua opinião sobre a influência de tais sanções unilaterais na situação no mundo:

Mugisuddin: As sanções são um instrumento jurídico internacional teoricamente admissível nas relações entre os Estados. Mas sua aplicação é admitida por uma série de condições. É necessário argumentá-las nitidamente. Por quem, contra quem e que sanções serão declaradas? À base de que e com que objetivo?

Em outras palavras, devemos falar em cada caso concreto não apenas das próprias sanções, mas também da competência do árbitro que autorizou sua aplicação. A tensão em todo o sistema das relações internacionais está crescendo imediatamente no caso da declaração arbitrária unilateral das sanções. A ordem mundial torna-se mais vulnerável, estruturas econômicas são sujeitas à pressão. O ambiente negativo universal não pode deixar de atingir em resultado os interesses do autor das sanções.

Voz da Rússia: Pelo visto, muitos países europeus recusaram-se por esta causa de aplicar sanções contra a Rússia?

Mugisuddin: Sem dúvida! No processo de tomada de resoluções na área da política externa, cada país considera em primeiro lugar seus próprios interesses. Inicialmente, Bruxelas havia apoiado as sanções americanas contra a Rússia, mas, posteriormente, renunciou a elas, porque essas sanções contrariaram abertamente os interesses dos países da UE.

Os europeus são ligados à Rússia por relações econômicas, políticas e históricas profundas. Destaque-se que não teve o último papel nisso a crescente desconfiança em relação aos americanos que estão vigiando constantemente seus parceiros europeus. Além disso, a América exige que os europeus lhe sejam subordinados incondicionalmente, inclusive em relação às sanções. Tal atitude irrita os países da União Europeia.

Voz da Rússia: No contexto da política de sanções imprevisível dos EUA, cada vez mais países preferem utilizar moedas nacionais em seus pagamentos recíprocos. A Turquia não é uma exceção. Isso foi declarado pelo ministro da Economia, Nihat Zeybekci, que propôs usar rublos e liras turcas em pagamentos russo-turcos. Como o Sr. avalia tal perspetiva?

Mugisuddin: Ultimamente, o mundo sobreviveu a uma série de crises financeiro-econômicas que atingiram tanto os EUA, como os países europeus. Esses acontecimentos tornaram-se possíveis inclusive em resultado da ineficiência das existentes instituições financeiras internacionais e da utilização da divisa única no comércio externo. Não todos os países têm uma economia igualmente potente e dispõem de sua própria moeda forte. A ligação à única divisa encerra consequências nefastas. Bastaria mencionar os problemas com que periodicamente deparavam vários países europeus só porque eles se juntaram da zona do euro.

A crise, contudo, contornou a Turquia em primeiro lugar porque o nosso país não faz parte da UE e não utiliza o euro no comércio externo. A Turquia ganhou em resultado da utilização da moeda nacional nas suas transações econômico-comerciais com vizinhos, inclusive com a Rússia, e agora tenta fixar esse mecanismo de pagamentos recíprocos. Não pode haver nada de mais natural. Hoje, para nós é vantajoso utilizar as divisas nacionais e não depender do dólar ou do euro.



Fonte: Voz da Rússia







A condenação de ISRAEL...

21 de Julho de 2014, 22:57, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Por Crimes de guerra




Por Crimes contra a paz



Por Crimes contra a humanidade

















Eduardo Galeano: Já pouca Palestina resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa

21 de Julho de 2014, 11:40, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Desde 1948, os palestinianos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes.

Para justificar-se, o terrorismo de Estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe álibis. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo os seus autores quer acabar com os terroristas, conseguirá multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinianos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem sequer respirar sem autorização. Têm perdido a sua pátria, as suas terras, a sua água, a sua liberdade, tudo. Nem sequer têm direito a eleger os seus governantes. Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está a ser castigada. Converteu-se numa ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou legitimamente as eleições em 2006. Algo parecido tinha ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador.

Banhados em sangue, os habitantes de El Salvador expiaram a sua má conduta e desde então viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os rockets caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desleixada pontaria sobre as terras que tinham sido palestinianas e que a ocupação israelita usurpou. E o desespero, à orla da loucura suicida, é a mãe das ameaças que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está a negar, desde há muitos anos, o direito à existência da Palestiniana. Já pouca Palestiniana resta. Pouco a pouco, Israel está a apagá-la do mapa.

Os colonos invadem, e, depois deles, os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam o despojo, em legítima defesa. Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polónia para evitar que a Polónia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma das suas guerras defensivas, Israel engoliu outro pedaço da Palestiniana, e os almoços continuam. O repasto justifica-se pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinianos à espreita. Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, o que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, o que escarnece das leis internacionais, e é também o único país que tem legalizado a tortura de prisioneiros. Quem lhe presenteou o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está a executar a matança em Gaza? O governo espanhol não pôde bombardear impunemente o País Basco para acabar com a ETA, nem o governo britânico pôde arrasar Irlanda para liquidar a IRA. Talvez a tragédia do Holocausto implique uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde vem da potência 'manda chuva' que tem em Israel o mais incondicional dos seus vassalos? O exército israelita, o mais moderno e sofisticado do mundo, sabe quem mata. Não mata por erro. Mata por horror. As vítimas civis chamam-se danos colaterais, segundo o dicionário de outras guerras imperiais.

Em Gaza, de cada dez danos colaterais, três são meninos. E somam milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está a ensaiar com êxito nesta operação de limpeza étnica. E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Por cada cem palestinianos mortos, um israelita. Gente perigosa, adverte o outro bombardeamento, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a achar que uma vida israelita vale tanto como cem vidas palestinianas. E esses meios também nos convidam a achar que são humanitárias as duzentas bombas atómicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irão foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada comunidade internacional, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos assumem quando fazem teatro? Ante a tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial destaca-se uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade. Ante a tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos.

A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama uma ou outra lágrima enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caça aos judeus foi sempre um costume europeu, mas desde há meio século essa dívida histórica está a ser cobrada aos palestinianos, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão a pagar, em sangue, na pele, uma conta alheia.

(Este artigo é dedicado aos meus amigos judeus assassinados pelas ditaduras latino americanas que Israel assessorou)

Artigo publicado no Sin Permiso.

Tradução de Mariana Carneiro para o Esquerda.net.

Fonte: Esquerda.Net
Imagem: Google



Putin é culpado?

20 de Julho de 2014, 20:55, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Do site O Cafezinho

Enquanto os brasileiros são bombardeados por nossa mídia com a informação de que o presidente russo, Vladimir Putin, tem culpa na queda do avião da Malasya Airlines, Pepe Escobar, um dos maiores especialistas mundiais em geopolítica e seu jogo na mídia, traz informações muito diferentes.

Nunca é demais cumprimentar o blog Redecastorpohoto, pela contribuição inestimável de traduzir os artigos de Escobar, o qual, apesar de brasileiro, escreve em inglês para jornais da Ásia e da Rússia.

*

Pepe Escobar: Míssil de Putin?

19/7/2014, [*] Pepe Escobar, RT – Russia Today
“It was Putin’s missile?”
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Eis o veredicto da boataria de guerra: a mais recente tragédia da Malaysia Airlines (a segunda em quatro meses) é “terrorismo” perpetrado por “separatistas pró-Rússia” armados pela Rússia, e Putin é o principal culpado. Acabou-se a história. Quem tenha ideia diferente dessa, que cale a boca.

Por quê? Porque sim. Porque a CIA disse. Porque a Hilária “Nós viemos, nós vimos, ele morreu” Clinton disse. Porque a doida Samantha ‘’Responsabilidade de Bombardear para Proteger’’ Power disse – trovejando na ONU, tudo devidamente impresso pelo Washington Post infestado de neoconservadores.

Porque a empresa-imprensa anglo-americana – da CNN à Fox (que tentou comprar a Time Warner, que pertence à CNN) – disse. Porque o Presidente dos EUA (PEUA) disse. E principalmente, sobretudo, porque Kiev vociferou, em primeiro lugar.

E lá estavam todos eles, em fila – as resmas de invariavelmente histéricos “especialistas” da “comunidade de inteligência dos EUA” literalmente espumando pela boca contra a maléfica Rússia, o ainda mais maléfico Putin; os “especialistas” de inteligência, aqueles, que não viram um comboio de coruscantes picapes Toyota brancas atravessando o deserto iraquiano para tomar Mosul. Esses, aliás, já sentenciaram: ninguém mais precisa examinar prova alguma. Nada e nada. O mistério do voo MH17 está resolvido.

Destroços do MH17 – Malaysia Airlines

Boeing 777-200 – Malaysia Airlines
Pouco importa que o presidente Putin tenha dito que a tragédia do MH17 ainda tem de ser investigada objetivamente. E “objetivamente”, é claro, não inclui aquela “comunidade internacional” ficcional que Washington concebeu – aquela congregação de vassalos/sabujos curváveis.

E sobre Carlos?!

Pesquisa rápida já mostra que o voo MH17 estava deslocado, 200km para o norte, distante da rota habitual da Malaysian Airlines nos dias anteriores – dirigido bem para o centro de uma zona de guerra. Por quê? Que tipo de comunicação o MH17 recebeu da torre de controle aéreo de Kiev?

Kiev não disse uma palavra sobre isso. Mas a resposta seria simples, se Kiev tivesse distribuído as gravações dos contatos entre a torre e o vôo MH17; aMalaysia distribuiu exatamente essas gravações, depois que o vôo MH370 desapareceu para sempre.

Essas gravações nunca aparecerão. O serviço secreto da Ucrânia (SBU) confiscou essas gravações. Sem elas, não há como saber por que o vôo MH17estava fora da rota e o que os pilotos disseram antes da explosão.

Buk 9K37 do exército da Ucrânia

O ministro da Defesa da Rússia, por sua vez, confirmou que havia uma bateria Buk antiaérea controlada por Kiev e operacional, próxima da área onde caiu o MH17. Kiev havia distribuído vários sistemas de mísseis Buk terra-ar, com pelo menos 27 lançadores; todos perfeitamente capazes de derrubar jatos a 33 mil pés (10.000 m aprox.) de altura.

Militares russos detectaram radiação de um radar Kupol, como parte de uma bateria Buk-M1 perto de Styla [vila ao sul, a cerca de 30 km de Donetsk].Segundo o ministério, o radar poderia estar transmitindo informações de rastreamento para outra bateria que estava a distância de tiro da rota do vooMH17.

O radar de um sistema Buk rastreia um máximo de 80km. O MH17 voava à velocidade de 500 mph. Assim, assumindo-se que os “rebeldes” teriam um Buk operacional e o usaram, não teriam mais de cinco minutos para rastrear todo o céu acima deles, todas as altitudes possíveis, e fazer a mira. Naquele momento, saberiam que nenhum cargueiro poderia voar naquela altitude.

Em FINAL – Part II: Evidence Continues to Emerge #MH17 Is a False Flag Operation encontram-se muitas evidências que apoiam a hipótese de que tenha sido atentado forjado sob falsa bandeira.

E há também a história, mais estranha a cada minuto que passa, de Carlos, espanhol, controlador de tráfego aéreo de serviço na torre de Kiev, que estava acompanhando o vôo MH17 em tempo real. Para muitos, Carlos é personagem real e autêntico, não é forjado; para outros, nunca nem trabalhou na Ucrânia. Fato é que tuitou feito doido. Sua conta na empresa Tweeter foi apagada – não por acaso –, e ele sumiu. Seus amigos estão agora desesperadamente à sua procura. Ainda consegui ler todos os tuítos dele, em espanhol, enquanto a conta ainda estava ativa. Agora, já se encontram cópias das mensagens que distribuiu e traduções para o inglês.

Presidente Vladimir Putin
(Foto: Alexei Nikolsky)

Aqui, reproduzo alguns dos tuítos mais importantes:

“O B777 estava escoltado por dois jatos ucranianos de combate minutos antes de desaparecer do radar (5.48pm)”

“Se as autoridades em Kiev querem admitir a verdade, dois jatos de combate voavam muito perto minutos antes do incidente, mas não derrubaram a aeronave (5.54)”

“Imediatamente depois de o B777 da Malaysia Airlines desaparecer, autoridades militares de Kiev nos informaram sobre o avião derrubado. Como sabiam? (6.00)”

“Tudo foi gravado no radar. Para os que não acreditem: foi derrubado por Kiev; nós sabemos aqui [na torre de controle] e o controle militar do tráfego aéreo também sabe (7.14)”

“O Ministério do Interior sabia que havia aviões de combate na área, mas o Ministério da Defesa não (7.15)”

“Os militares confirmaram que foi a Ucrânia, mas não se sabe de onde veio a ordem (7.31)”

A avaliação de Carlos (lê-se compilação parcial de seus tuítos em: FINAL – Spanish Air Controller @ Kiev Borispol Airport: Ukraine Military Shot Down Boeing #MH17) é bem clara: o míssil foi lançado por militares ucranianos por ordem do ministério do Interior – NÃO do Ministério da Defesa.

Assuntos de segurança, no ministério do Interior estão sob comando de Andrey Paruby, que trabalhava bem perto dos neoconservadores dos EUA e dos neonazistas do Banderastão na Praça Maidan.

Assumindo-se que Carlos exista e seja quem diz ser, sua avaliação faz perfeito sentido.Os militares ucranianos estão divididos entre o rei do chocolate [presidente Petro] Poroshenko – que quer uma détente com a Rússia, essencialmente para promover os interesses sombrios dos próprios negócios – e Santa Yulia Tymoshenko, que é bem conhecida por pregar o genocício dos russos étnicos no leste da Ucrânia.

Neoconservadores e “conselheiros militares” dos EUA em campo na Ucrânia, como já se sabe, estão subindo as apostas, apoiando simultaneamente os grupos de Poroshenko e de Tymoshenko.

Yulia Timoshenko e Petro Poroshenko

Assim sendo… a quem interessa?

A questão chave permanece, é claro: cui bono? Só descerebrados terminais acreditariam que derrubar um avião de passageiros beneficiaria os federalistas no leste da Ucrânia, para nem pensar no Kremlin, que absolutamente nada teria a ganhar.

Quanto a Kiev, teriam os meios, o motivo e a janela de oportunidade – especialmente depois que os neofascistas de Kiev foram efetivamente derrotados e já estavam em retirada no Donbass. E isso depois que Kiev insistiu em bombardear a população do leste da Ucrânia, mesmo de longe e de cima. Não surpreende que os federalistas tivessem de se defender.

E há também o timing, muito muito suspeito. A tragédia do MH17 acontece dois dias depois de os BRICS anunciarem o antídoto contra o FMI e o Banco Mundial, deixando ao largo, longe, o dólar norte-americano. E exatamente quando Israel avança “cautelosamente” em sua nova invasão/limpeza étnica em câmera lenta, em Gaza. A Malásia, por falar nisso, é sede da Comissão de Crimes de Guerra Kuala Lumpur – comissão que condenou Israel por crimes contra a humanidade.

Washington, é claro, sim, se beneficia. O que o Império do Caos consegue, nesse caso, é um cessar-fogo (e as gangues neonazistas de Kiev, que estão sendo fragorosamente derrotadas, poderão ser reabastecidas); ganham novo alento para a campanha de demonizar os ucranianos do leste como “m terroristas” (como Kiev, ao estilo Dick Cheney, sempre quis); e passam a lançar quantidades ilimitadas de lama sobre a Rússia e, especialmente, sobre Putin, até se acabar o mundo. Não é pouco ganho, para servicinho de minutos. Quanto à OTAN… É Natal em julho.

Daqui em diante, tudo depende da inteligência russa. Já estavam vigiando e rastreando tudo que acontecia na Ucrânia, 24 horas por dia, sete dias por semana. Nas próximas 72 horas, depois de examinar os muitos dados de rastreamento, com telemetria, radar e rastreamento por satélite, os russos saberão exatamente que tipo de míssil foi lançado, de onde, e terão também as comunicações da bateria que lançou o míssil. E terão acesso a todas as provas recolhidas na cena do crime.

Diferente de Washington – que sempre já sabe tudo antes, mesmo sem investigar nada (lembram-se do 11/9?) – Moscou precisa de tempo para obter os fatos jornalísticos básicos (o quê, onde, quem?) e começar a trabalhar para provar a verdade e/ou desmentir a boataria distribuída por Washington.

Os registros históricos mostram que Washington simplesmente ocultará todas as informações, se comprovarem que seus vassalos em Kiev lançaram um míssil contra avião de passageiros. Os dados de realidade podem apontar para bomba plantada no MH17, ou falha mecânica – embora pareça hoje explicação improvável. Se foi erro terrível cometido pelos rebeldes da Novorrússia, Moscou terá de admitir, relutantemente, que seja. Se foi Kiev, Moscou divulgará e comprovará imediatamente.

Aconteça o que acontecer, só há, de garantida, a resposta ocidental histérica de sempre. Foi a Rússia.

A culpa é da Rússia.

Putin está mais que certo ao dizer que essa tragédia não teria acontecido se Poroshenko tivesse aceito uma extensão do cessar-fogo, como Merkel, Hollande e Putin tentaram convencê-lo a aceitar, no final de junho. No mínimo, para começar, Kiev já é culpada pelas mortes, porque o governo de Kiev é responsável pela segurança dos voos no espaço aéreo sob seu (teórico, que seja) controle.
Mas tudo se vai esquecendo nas brumas da guerra, tragédia e boataria. Sobre as declarações histéricas de Washington, e sua autoproclamada credibilidade, deixo aqui apenas um número: Iran Air 655. [1]

*

Nota dos tradutores

[1] 2/7/2012, Samy Adghirni, Folha de S.Paulo em: “Iran Air 655. O dia em que os EUA mataram 290 civis inocentes”:

Um dos mais polêmicos ataques americanos contra civis inocentes ocorreu há exatos 24 anos, no calor da guerra entre o Irã do então aiatolá Khomeini e o Iraque do ditador Saddam Hussein, aliado de Washington. Na manhã de 3/7/1988, um navio de guerra dos EUA disparou dois mísseis contra um Airbus A300 da Iran Air, matando na hora as 290 pessoas a bordo, incluindo 66 crianças. Entre as vítimas havia cidadãos de Irã, Índia e Itália, dentre outros países (…)




[*] Pepe Escobar (1954) é jornalista, brasileiro, vive em São Paulo, Hong Kong e Paris, mas publica exclusivamente em inglês. Mantém coluna (The Roving Eye) no Asia Times Online; é também analista de política de blogs e sites como: Tom Dispatch, Information Clearing House, Red Voltaire, Counterpunch e outros; é correspondente/ articulista das redesRussia Today,The Real News Network Televison e Al-Jazeera. Seus artigos podem ser lidos, traduzidos para o português pelo Coletivo de Tradutores da Vila Vudu e João Aroldo, no blog redecastorphoto. 

Livros:
− Globalistan: How the Globalized World is Dissolving into Liquid War, Nimble Books, 2007.
− Red Zone Blues: A Snapshot of Baghdad During the Surge, Nimble Books, 2007.
− Obama Does Globalistan, Nimble Books, 2009.