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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

John Pilger: A perseguição a Assange é um insulto ao jornalismo

27 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



A perseguição a Assange é um assalto à liberdade e um insulto ao jornalismo

por John Pilger, em seu blog

A ameaça do governo britânico de invadir a embaixada equatoriana em Londres e ali capturar Julian Assange tem significado histórico. David Cameron, o antigo homem de relações públicas de um camelô da indústria de televisão e vendedor de armas para xeques, está bem colocado para desonrar convenções internacionais que têm protegido cidadãos britânicos em lugares sublevados. Assim como a invasão do Iraque cometida por Tony Blair levou diretamente aos atos de terrorismo de Londres em 7 de julho de 2005, da mesma forma Cameron e o secretário do Exterior William Hague comprometeram a segurança de representantes britânicos em todo o mundo.

Ao ameaçar abusar de uma lei concebida para expulsar assassinos de embaixadas estrangeiras, enquanto difama um homem inocente como “alegado criminoso”, Hague fez pouco caso dos britânicos em todo o mundo, embora esta visão seja quase sempre ocultada na Grã-Bretanha. Os mesmos bravos jornalistas e radialistas que defenderam a atuação britânica em crimes sangrentos brutais, desde o genocídio na Indonésia até as invasões do Iraque e Afeganistão, agora atacam o “a história de direitos humanos” do Equador, cujo crime real é enfrentar os tiranos em Londres e Washington.

É como se os felizes aplausos olímpicos houvessem sido subvertidos da noite para o dia por uma exibição reveladora de selvageria colonial. Testemunha disso é o oficial do Exército britânico-repórter da BBC Mark Urban ao “entrevistar” um vociferante Sir Christopher Meyer, antigo apologista de Blair em Washington, do lado de fora da embaixada equatoriana, ambos a explodirem com indignação ultra-conservadora porque o arredio Assange e o insubmisso Rafael Correa estariam a desmascarar o sistema ocidental de poder. Afronta semelhante é vivida nas páginas do Guardian, o qual aconselhou Hague a ser “paciente” e disse que assaltar a embaixada traria “mais perturbação do que o assunto vale”. Assange, segundo declarou o Guardian, não era um refugiado político porque “nem a Suécia nem o Reino Unido em caso algum deportariam alguém que pode enfrentar tortura ou pena de morte”.

A irresponsabilidade desta declaração vai a par com o pérfido papel do Guardian em todo o caso Assange. O jornal sabe muito bem que documentos divulgados pelo WikiLeaks indicam que a Suécia tem-se submetido sistematicamente à pressão dos Estados Unidos em matéria de direitos civis. Em dezembro de 2001, o governo sueco revogou abruptamente o estatuto de refugiados políticos de dois egípcios, Ahmed Agiza e Mohammedel-Zari, que foram entregues a um esquadrão de sequestro da CIA no aeroporto de Estocolmo e levados (“rendered”) para o Egito, onde foram torturados. Uma investigação do defensor sueco para a Justiça (ombudsman) descobriu que o governo havia “violado gravemente” os direitos humanos dos dois homens.

Num telegrama de 2009 de embaixada dos EUA obtido pela WikiLeaks, intitulado “WikiLeaks coloca neutralidade na lata de lixo da história”, a louvada reputação de neutralidade da elite sueca é desmascarada como uma impostura. Um outro telegrama estadunidense revela que “a extensão da cooperação [militar e de inteligência da Suécia com a OTAN] não é amplamente conhecida” e se o segredo não for mantido “submeteria o governo à crítica interna”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, Carl Bildt, desempenhou um notório papel de proa no Comitê para a Libertação do Iraque de George W. Bush e mantém laços estreitos com a extrema-direita do Partido Republicano. Segundo o antigo diretor sueco de processo públicos, Sven-Erik Alhem, a decisão sueca de pedir a extradição de Assange por alegações de má conduta sexual não é “razoável e profissional, bem como injusta e desproporcionada”. Tendo-se oferecido ele próprio para interrogatório, foi dada permissão a Assange para deixar a Suécia com destino a Londres onde, mais uma vez, ele se ofereceu para ser interrogado. Em maio, num julgamento de recurso final sobre a extradição, o Tribunal Supremo britânico introduziu mais farsa ao referir-se a “acusações” não existentes.

Além disso, tem havido uma campanha pessoal injuriosa contra Assange. Grande parte dela emanou do Guardian, o qual, como um amante rejeitado, voltou-se [contra] a sua antiga fonte, depois de ter aproveitado enormemente das revelações do WikiLeaks. Sem dar nem um centavo a Assange ou à WikiLeaks, um livro do Guardian levou a um lucrativo acordo cinematográfico com Hollywood. Os autores, David Leigh e Luke Harding, atacaram Assange gratuitamente como “personalidade defeituosa” e “insensível”.

Eles também revelaram a senha secreta que foi dada ao jornal em confiança, a qual era destinada a proteger um arquivo digital contendo os telegramas de embaixadas dos EUA. Em 20 de agosto, Harding estava do lado de fora da embaixada equatoriana, manifestando no seu blog o desejo de que “a Scotland Yard possa rir por último”. É irônico, ainda que inteiramente adequado, que um editorial do Guardian a pisotear Assange tenha dado origem a uma semelhança incomum com a imprensa de Murdoch, com o seu previsível fanatismo sobre o mesmo assunto. Como a glória de Leveson, o Hackgate e o jornalismo honrado e independente desvanecem-se.

Os seus atormentadores chamam a atenção para a perseguição de Assange. Não acusado de qualquer crime, ele não é um fugitivo da justiça. Documentos do processo sueco, incluindo as mensagens textuais das mulheres envolvidas, demonstram para qualquer pessoa de mente razoável o absurdo das alegações sexuais – alegações quase inteiramente afastadas de imediato pelo promotor sênior em Estocolmo, Eva Finne, antes da intervenção de um político, Claes Borgstr. No pré julgamento de Bradley Manning, um investigador do Exército dos EUA confirmou que o FBI estava secretamente a investigar os “fundadores, proprietários ou administradores da WikiLeaks” por espionagem.

Quatro anos atrás, um pouco noticiado documento do Pentágono, revelado pela WikiLeaks, descrevia como a WikiLeaks e Assange seriam destruídos com uma campanha de difamação (smear campaign) que levaria a “processo criminal”. Em 18 de agosto, o Sydney Morning Herald revelou, numa divulgação de arquivos oficiais no âmbito da [lei de] liberdade de informação, que o governo australiano havia reiteradamente recebido confirmação de que os EUA estavam a conduzir uma perseguição “sem precedentes” a Assange e não havia levantado objeções. Dentre as razões do Equador para conceder asilo está o abandono de Assange “pelo estado do qual ele é cidadão”.


Em 2010, uma investigação da Polícia Federal Australiana descobriu que Assange e a WikiLeaks não haviam cometido crime.A sua perseguição é um assalto a todos nós e à liberdade.


Fonte: Viomundo

Imagem: Google (colocada por este blog)




Vietnã: O horror não termina

26 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Hanói 
(PrensaLatina) 

Talvez foi há pouco que Vo Duc deixou de culpar à fatalidade divina da diabetes que padece, o câncer que devora a sua mulher e os numerosos abortos espontâneos da filha de ambos.

Ainda que já se sabe que proviram de outro modo do céu, o que os aviões estadunidenses usaram para descarregar o veneno que hoje, décadas depois, permanece no sofrimento da família.

O hoje idoso viveu em suas juventude a apenas um quilômetro de distância do aeroporto de Danang, uma antiga base militar dos Estados Unidos, onde se armazenava em enormes quantidades o arrasador tóxico conhecido como agente laranja para lançá-lo sistematicamente durante 10 anos consecutivos sobre zonas rurais.

Igualmente, como seu compatriota Duc, Nguyen Thi Binh, de 78 anos, deixou de achar que os pecados cometidos em uma vida passada sejam os responsáveis pelas graves deficiências físicas e mentais de três de seus cinco filhos.

E agora que conhecem que ao fim de tanto tempo decorrido e estrago causado, a grande potência responsável os sofrimentos inicia um projeto de descontaminação daquela base, sem reconhecer sua responsabilidade nem oferecer desculpas, um legítimo sentimento de dolorosa indignação deve estremecê-los.

Reticente e tardia chega tal assistência, apenas uma parte do que no Vietnã se reclamou como justa indenização, enquanto que as empresas fornecedoras do produto químico, Dow Chemical e Monsanto, também não receberam sanção alguma. Nem do governo nem os fabricantes de mortes se escutou uma só palavra de perdão.

Vale sempre recordar que a aviação estadunidense aspergiu uns 80 milhões de litros do defoliante que continham 370 kilogramos de dioxina, em um quarto da superfície sul do Vietnã, segundo bem fundamentadas estatísticas independentes.

Uns quatro milhões 800 mil vietnamitas estiveram expostos ao que se considera um dos piores tóxicos conhecidos pelo homem e três milhões se transformaram em suas vítimas, por várias gerações.

Quase no extremo meridional do país, na província Dong Nai, encontra-se o aeroporto de Ben Hoa, onde se armazenavam 98 mil tanques de agente laranja para dispersar em áreas próximas, na tentativa de submeter a resistência nacional liberadora.

Ali Ho Minh Quang costumava ir para brincar na inocência da infância, sem imaginar que se expunha a uma contaminação, que só soube depois quando seus dois filhos nasceram com deformidades.

As consequências continuam sendo aterradoras, com o nascimento de criaturas sem espinha bífida, mutiladas e deformadas, e segundo um informe recente da presidenta da associação de vítimas, Dao Nguyen o número tem aumentado na cidade de Ben Hoa e seus arredores desde 2009, e quatro em cada 10 afetados são menores de 16 anos de idade.

Eles esperam que a mais nova tecnologia de descontaminação tão publicitada por suas fornecedoras em Danang também lhes chegue.

Há pouco o cineasta estadunidense de origem vietnamita, John Trinh, voltou de novo ao seu país de origem para repor seu impactante e revelador curta-metragem "Agente laranja: 30 anos depois", o primeiro que declarou aos meios que o governo dos Estados Unidos deve admitir seu erro e recompensar todas as vítimas.

O último se converteu em uma batalha que desde 2004 trava um grupo de 100 demandantes vietnamitas que levaram seu caso contra Dow Chemical e Monsanto para a Corte Suprema de Justiça dos Estados Unidos. Mas depois de um processo cheio de delongas, o alto tribunal opinou que não havia se estabelecido um vínculo entre a dioxina e as malformações genéticas dos afetados.

Tal foi a conclusão encobridora às que seguiram outras de forma similar em corpos de justiça em Nova York, pese a que conhecidos relatórios científicos estabeleceram que o defoliante empregado na guerra no Vietnã apresentava elevados conteúdos de um subproduto cancerígeno.

As empresas envolvidas se defendem alegando que tudo justifica o esforço bélico e sua obrigação de acatar as ordens do governo que lhe encarrega o produto, inclusive até a admitida negligência na purificação de seus componentes herbicidas hormonais, como a pressa em engolir os bombardeiros da carga.

Aceita-se em troca que deixou terríveis sequelas nos próprios soldados norte-americanos e principalmente em seus descendentes, de quem aceitaram uma ação judicial apresentada por veteranos de guerra em 1984 que desembocou em um acordo de 93 milhões de dólares em indenizações.

Assim funciona a justiça ali: seletiva discriminadora, arrogante e insensível à dor humana onde quer que se inflija.

O Vietnã, sem todos os recursos que se requerem, tem tido que encarar a atenção hospitalar, os tratamentos, a reabilitação e a reinserção social e no trabalho, a ajuda aos familiares e o consolo possível. Junto aos limitados orçamentos destinados, em um denodado esforço estatal, e eventuais doações internacionais, diferentes setores da sociedade contribuem ao empenho, e geram iniciativas de todo tipo para remendar o que nunca termina de bastar. Por isso as ações de descontaminação que ao fim são adotadas em Washington em uns 73 quilômetros quadrados em Da Nang, e que grandes meios caracterizam suspeitamente como fim da história, não pode deixar de ver por sua vez com similar suspicácia, se com isso se pretende o esquecimento.


O plano de descontaminação iniciado em conjunto pelos Estados Unidos e o Vietnã finalizará dentro de quatro anos, mas as feridas causadas pela guerra química demorarão bem mais para cicatrizar. A substância tóxica acabou com a vida de 400.000 pessoas e tem afetado gravemente a umas três milhões.

Para o Vietnã o horror não termina, e a desonra dos culpados permanecerá por sempre, na consciência da humanidade.


*
Correspondente da Prensa Latina no Vietnã.

Fonte: IrãNews



Ex-soldados de israel expõem violência contra crianças palestinas

26 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Crianças palestinas passam por corredor na cidade de Hebron, localizada na Cisjordânia, vigiadas por soldados israelenses em 13/06/12 / Foto: ActiveStills.org

Durante uma madrugada em 2009, todas as casas da cidade palestina de Salfit, localizada na Cisjordânia, foram invadidas por soldados israelenses. A ordem do Comando Central era prender todos que tivessem de 15 a 50 anos e levá-los para uma escola que havia se tornado provisoriamente um centro de detenção.
 

Isso porque a Agência de Segurança de Israel, que realiza o serviço de segurança interna, queria coletar informações sobre as pedras que eram jogadas contra jipes militares nas estradas e ruas ao redor da cidade.

Os militares colocaram vendas e algemas de plástico, muitas vezes apertando-as, nos jovens e adultos. Por sete horas, os palestinos permaneceram sentados sem poder nem se mexer, sem acesso à água e comida, em um sol escaldante. Eles não sabiam por que estavam lá e nem o que seria feito pelos militares -- um dos jovens urinou nas calças. Muitos ficaram com as mãos roxas pela falta de circulação sanguínea e outros com os braços dormentes por causa das algemas. Um dos garotos, de apenas 15 anos, pediu para ir ao banheiro e, antes de ser levado por um soldado, foi espancado ainda no chão.

Essa é apenas uma das muitas histórias publicadas neste domingo (26/08) pela Breaking the Silence (Quebrando o Silêncio em tradução livre), uma organização de antigos oficiais do Exército de Israel dedicada à divulgação das ações militares nos territórios palestinos ocupados. Mais de 30 ex-soldados revelaram como trataram crianças e jovens palestinos durante as operações militares e prisões de 2005 a 2011, revelando um padrão de abuso.

Militares israelenses detêm jovem, por supostamente atirar pedras, durante manifestação
em Ramallah em 21/02/12 / Foto: ActiveStills.org
O documento está repleto de descrições de intimidações, humilhações, violência verbal e física e de prisões arbitrárias por parte dos militares israelenses em circunstâncias cotidianas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os casos tratam de jovens e crianças que atiraram pedras ou outros objetos contra jipes militares, que participaram de protestos ou que simplesmente sorriram para um soldado, deixando-o irritado. Não faltam histórias também de palestinos presos e agredidos arbitrariamente: “O garoto não foi mal-educado e nem tinha feito nada para irritar. Ele era árabe”, se justifica um antigo sargento do Exército de Israel no relatório.

O argumento central da maioria das histórias é que, com as prisões e agressões, esses jovens aprenderiam que não podem jogar pedras contra os militares ou se manifestar de alguma forma entendida pelos israelenses como violenta. “Muitos dizem que os palestinos devem ser espancados, porque esta é a única forma que podem aprender”, conta um antigo militar não identificado.

Apesar de alguns ex-soldados repetirem essa justificativa, a maioria admite que as ações não tiveram resultados. Pedras continuaram a ser atiradas, pneus foram queimados e protestos realizados, mas as ações militares permaneceram as mesmas. “Muitas vezes me senti muito ambivalente, incerta do que estava fazendo e em que lado eu estava nisso tudo”, diz uma sargenta.

Arrependimento

A imagem de crianças espancadas, feridas por tiros de bala de borracha e de pólvora, humilhadas e apavoradas, marcou muitos dos militares envolvidos nas ações e hoje, eles decidiram relatar a indiferença adquirida dentro do Exército. “Ele cagou nas calças, eu escutei, presenciei a humilhação. Eu também senti o cheiro. Mas, eu não me importava”, lembra um ex-sargento sobre a detenção de uma criança.

“O que nós fazíamos não era nada em comparação com o que eles faziam”, conta um militar, em referência ao batalhão de patrulha das fronteiras. “Eles não davam a mínima. Saíam quebrando o joelho das pessoas como se não fosse nada. Sem piedade”, lembra, indignado.

"Você nunca sabe os seus nomes, você nunca fala com eles, eles sempre choram, cagam em suas próprias calças ... Há aqueles momentos incômodos, quando você está em uma missão de prisão, e não há espaço na delegacia de polícia, então você pega a criança de volta, coloca uma venda nela, joga ela em uma sala e espera a polícia para vir buscá-lo na parte da manhã. Ele fica ali como um cachorro", descreve um ex-militar.


Detido em manifestação, jovem é espancado por soldados israelenses e aparece com feridas na cabeça em Ramallah em 15/05/12/ Foto: ActiveStills.org
O documento abrange também casos em que os próprios militares provocavam palestinos para poderem revidar. Eles estariam "entediados". O ex-primeiro sargento de um batalhão em Hebron revela que seu grupo jogava granadas dentro de mesquitas durante cerimônias e que um comandante impedia as pessoas de saírem da reza por horas até alguém jogar um coquetel molotov ou atirar pedras. Ele diz que usavam as crianças como escudos humanos e que apontavam armas em sua cabeça para os deixar apavorados. “Foi somente depois que comecei a pensar nessas coisas, nós perdemos todo o senso de compaixão”, conclui.

Ódio

Apesar de os soldados possuírem remorso e arrependimento, eles contam que muitos de seus companheiros e eles próprios odiavam os árabes e estavam convictos do que faziam. “Eles eram vermes e em algum ponto, eu lembro que eu os odiava [palestinos]. Eu era um racista. Estava tão zangado com eles pela sua sujeira, sua miséria, a porra toda”, afirma um sargento de Hebron.

O relatório revela que os militares tinham que seguir regras de procedimento em suas ações, mas que na experiência cotidiana isso não funcionava. Para prender um palestino, tinham que vendá-lo e algemá-lo; para conter uma manifestação ou impedir um palestino de fugir, deveriam atirar contra suas pernas a uma distância de 20 metros; para bater em um palestino com o cassetete, não podiam atingir a cabeça.

Jovens palestinos atiram pedras contra militares israelenses em Ramallah (15/05/12); soldados responderam com tiros de bala de borracha / Foto: ActiveStills.org
“Nos disseram para não usar o cassetete na cabeça das pessoas. Eu não lembro onde disseram que era para bater, mas assim que a pessoa está no chão e você está a espancando com um cassetete, é difícil de distinguir”, diz um ex-sargento de Ramallah, na Cisjordânia. Outro sargento lembra de um protesto: “O cara do meu lado atirou no chão para fazê-los correr e de repente, ele disse ‘Oops!’. Eu olho e vejo uma criança sangrando no chão. Quatro palestinos foram mortos naquela noite. Ninguém falou conosco sobre isso. Não houve nenhuma investigação”.

As declarações foram reunidas para mostrar a realidade do cotidiano dos soldados israelenses em relação ao povo palestino. “Lamentavelmente esta é a consequência moral de tantos anos de ocupação dos territórios palestinos”, explica Yehud Shaul da Breaking the Silence.

Para acessar o relatório, clique aqui.




Fonte: Opera Mundi










Militarismo; Alemanha sob vigilância

25 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



O tribunal constitucional federal alemão determinou que as forças armadas alemãs – Bundeswehr – poderão, face à uma "situação excepcional de natureza catastrófica" e sob determinadas condições, intervir com o seu armamento em território alemão, o que não se verificava desde os tempos do nazismo.

 Por Pedro Guerreiro

Trata-se de uma decisão que contraria outras anteriormente adotadas pelo mesmo tribunal – nomeadamente em 2006 –, que salvaguardavam que apenas as forças policiais poderiam intervir no território alemão, separando claramente o conceito e as operações no âmbito da defesa nacional (da competência das forças armadas) do conceito e das operações no âmbito da segurança interna.

Esta decisão é ilustrativa do incremento do militarismo alemão, que – colocando em causa princípios consagrados na sua Constituição, após a derrota do nazismo, em 1945 –, abriu caminho à participação do Bundeswehr nas agressões da OTAN nos Balcãs, na década de 90, e ao Afeganistão (1), em 2001, e, agora, à possibilidade da sua intervenção (armada) na própria Alemanha.

 Uma decisão em linha com as orientações da OTAN e da União Europeia que preconizam a aproximação e junção da defesa e da segurança interna (subvertendo, entre outros importantes aspectos, os objetivos e missões das forças armadas) – orientações que procuram padronizar entre os seus diversos membros conceitos de «segurança» (e decorrentes aplicações) à semelhança dos que foram adotados pelos EUA .

Tal como os EUA/OTAN/UE manipulam e instrumentalizam o terrorismo e a dita “luta contra o terrorismo” como “cavalo de Troia” para promover a militarização das relações internacionais, a criação e o exacerbar de tensões e de conflitos, a ingerência e a ameaça ou uso da força contra a integridade territorial e a independência de outros estados, também no que se refere à segurança interna dos estados o “terrorismo” serve de pretexto para a implementação de medidas que, em nome da “segurança”, colocam em causa liberdades, garantias e direitos dos cidadãos e promovem a sua crescente militarização.

A militarização da segurança interna levada a cabo pelos EUA/OTAN/UE é expressão de um processo de militarização mais lato, que abrange igualmente outras dimensões, nomeadamente no quadro das relações internacionais, de que são exemplo a militarização da “ajuda humanitária”, da “cooperação para o desenvolvimento” ou a tentativa de militarização da própria ONU (com a subversão da sua Carta através da dita “responsabilidade de proteger”, isto é, da ingerência dita “humanitária”, eufemismo para a agressão e a guerra).

Com o agravamento da situação econômica e social nos principais centros do capitalismo, quem detém o poder econômico necessita de reforçar os seus instrumentos de controlo e de coação.

O militarismo é intrínseco ao capitalismo e uma das respostas (designadamente dos seus principais pólos – EUA, Alemanha/UE e Japão) ao aprofundamento da sua crise, com o qual, e perante o piorar das contradições e a consequente e legítima resistência dos povos, procuram salvaguardar os seus interesses e impor o seu domínio (dentro e fora das suas fronteiras…).

______________

(1) Afeganistão, onde segundo uma inadvertida mas genuína declaração de um presidente alemão as forças armadas alemãs estão presentes para defender os interesses econômicos da Alemanha (entenda-se, do seu grande capital), formando para tal o terceiro maior contingente de tropas, após os EUA e o Reino Unido.



Fonte: Jornal Avante!



Noam Chomsky: Assange deveria ser condecorado

24 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Quando, na quarta-feira, 15 de agosto deste ano, era iminente que Julian Assange obteria o asilo político que tinha solicitado ao governo do Equador, escrevi ao professor Noam Chomsky, um dos pensadores mais importantes da atualidade para que me respondesse umas perguntas sobre o asilo, a geopolítica que rodeia este caso e a liberdade de expressão.

Por José María León, em GkillCity

Há vários meses, havia mantido uma breve correspondência com o professor Chomsky, que ainda não tinha podido materializar uma entrevista para GkillCity. Cruzamos um par de e-mails e, ainda que tenha me advertido que tinha uma fila de solicitações de entrevista que costuma programar para meses depois, iria fazer o possível para respondê-las.

No domingo, dia 19, recebi um e-mail às 10h08, com uma breve introdução de Chomsky, o linguista e filósofo norte-americano, que devolvia o questionário respondido. Segue uma tradução de suas respostas:

GkillCity: Professor Chomsky, sabemos que está sobrecarregado com pedidos de entrevistas, por isso, quero agradecer a você por esta oportunidade. Queremos conhecer a sua opinião sobre o mais recente caso diplomático que colocou Equador no centro da atenção internacional: o asilo político a Julian Assange. O governo dos EUA emitiu uma declaração que diz que este é um problema dos britânicos, equatorianos e suecos. Você acha que é um argumento honesto? Os Estados Unidos realmente estão interessados no destino de Julian Assange?


Noam Chomsky: A declaração não pode ser levado a sério, simplesmente. A sombra que paira sobre toda esta questão é a expectativa de que a Suécia envie de forma rápida Assange aos Estados Unidos, onde as chances de que receba um julgamento justo são praticamente zero. Isso é evidenciado pelo tratamento brutal e ilegal a Bradley Manning e a histeria generalizada do governo e dos meios de comunicação sobre Assange. 

Além disso, para aqueles que acreditam que os cidadãos têm o direito de saber o que o seu governo planeja e faz, isto é, aqueles que têm um persistente afeto pela democracia, Assange não deveria enfrentar um processo judicial, mas, pelo contrário, ser condecorado com uma medalha de honra.

Em uma entrevista com Amy Goodman, do Democracy Now!, você disse que a maior razão para os segredos governamentais é proteger esses mesmos governos de seus povos. Pela primeira vez na história, o mundo está vendo a verdadeira cara da democracia?


Qualquer um que estude documentos antes secretos logo adverte que o sigilo governamental é um esforço para proteger os formuladores de políticas públicas do escrutínio popular, não para proteger o país dos inimigos. Não há dúvida de que o sigilo às vezes é justificado, mas é raro, e, no caso dos vazamentos feitos pelo WikiLeaks, eu não vi um único exemplo que o tivesse merecido.

No entanto, esta não é - de nenhuma maneira - a primeira vez que documentos vazados expuseram "a verdadeira face da diplomacia". Os Papéis do Pentágono são um caso famoso, mas a verdade é que este é um problema constante. Os registros expostos, inclusive documentos que oficialmente deixaram de ser secretos, são geralmente bastante impressionantes, embora seja muito raro que esta informação se torne conhecida do público em geral e, até mesmo, pela maioria da academia.

Sobre a questão específica do asilo concedido pelo Equador a Assange, afirmou-se que o governo equatoriano mostrou ambiguidade em relação à liberdade de imprensa: por um lado, mantém um contante confronto retórico (que tem sido levada ao tribunal, come os casos do Diario El Universo e dos jornalistas Juan Carlos Calderón e Christian Zurita, autores do livro O Grande Irmão) e, por outro lado, dá asilo a Assange. Você vê contradição nisso também? Ou você tem uma leitura diferente?


Pessoalmente, penso que só em circunstâncias extremas deve ser usado o poder do Estado para restringir a liberdade de imprensa, não importa o quão miserável e corrupto seja o comportamento da mídia. E, certamente, tem havido muitos abusos graves, por exemplo, houve um escândalo internacional há alguns anos, quando as leis britânicas sobre calúnias foram usadas ​​por uma grande empresa de mídia para destruir um pequeno jornal dissidente por publicar uma crítica a uma notícia publicada pela grande corporação. Isso não gerou praticamente nenhuma crítica.

O caso do Equador deve ser analisado individualmente, mas para além de todas as conclusões, não tem por que pesar na concessão de asilo a Assange, assim como a vergonhosa supressão da liberdade de expressão no caso britânico que mencionei não teria por que pesar, se a Inglaterra outorgasse asilo a alguém que tema ser perseguido. E ninguém diria o contrário em caso de qualquer estado poderoso ocidental.

Já que estamos falando de ambiguidades, há um duplo padrão na aplicação da lei pelos britânicos, já que no caso Pinochet a extradição solicitada por Baltazar Garzón foi rejeitada?


A norma governante é a subordinação aos interesses do poder. Raramente há um desvio.

Qual é, na sua opinião, o futuro imediato do caso Assange? A polícia britânica vai invadir a Embaixada do Equador? Assange pode deixar o Reino Unido e, depois disso, ficar de fora de qualquer risco, inclusive chegando ao Equador?


Praticamente não há nenhuma possibilidade de Assange poder sair do Reino Unido, ou da Embaixada do Equador. Eu duvido que a Inglaterra vá invadir a embaixada, o que seria uma violação do direito internacional radical, mas tampouco creio que essa opção deva ser descartada. Vale a pena lembrar, por exemplo, o assalto à Embaixada do Vaticano feito pelas forças dos EUA depois de invadir o Panamá, em 1989. As grandes potências consideram-se imunes ao direito internacional e as classes educadas geralmente protegem essa posição. Minha previsão é que os britânicos vão esperar até que Assange não tolere mais estar confinado em uma pequena sala na Embaixada (que de fato é um apartamento de tamanho modesto).

Em um aspecto mais amplo, e para terminar esta entrevista, Slavoj Zizek disse que não estamos destruindo o capitalismo, mas testemunhando como o sistema destrói a si mesmo. São os movimento Occupy, a crise financeira na Europa e nos Estados Unidos, o surgimento de América Latina e de outras regiões antes marginais e o caso Wikileaks sinais da derrubada do sistema capitalista?


Longe disso. A crise financeira na Europa poderia ser resolvida, mas está sendo usada como uma alavanca para minar o contrato social europeu; é basicamente um caso de luta de classes. Os registros da Reserva Federal dos Estados Unidos parecem melhor do que a do seu homólogo europeu, mas é ainda muito limitada, e há outras medidas que podem ser tomadas para aliviar a crise nos EUA, que é uma crise de desemprego, principalmente. Para a população em geral, o desemprego é a maior preocupação, mas as instituições financeiras, que têm uma posição dominante na economia e no sistema político, estão mais interessadas ​​em reduzir o déficit e que seus interesses prevaleçam.

Em geral, existe uma enorme lacuna entre o interesse público e as políticas públicas. Este é um só caso. A ascensão da América Latina é um fenômeno com significado histórico, mas está longe de remover o sistema de estado capitalista. E enquanto o Wikileaks e os movimentos Occupy são irritantes para os poderosos - e uma grande ajuda para o público -, não são uma ameaça para os poderes fácticos dominantes.

Muito obrigado, professor Chomsky, pelo seu tempo e sua respostas. Esperamos vê-lo em breve no Equador.


Eu tinha planejado uma visita há alguns anos, mas uma emergência me impediu de fazê-la. Espero concretizá-la mais cedo ou mais tarde.




Fonte: Vermelho

Imagem: Google (colocada por este blog)




Planos de guerra de Israel para atacar o Irã "antes das eleições nos EUA"

23 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





por Michel Chossudovsky

O Canal 10 de Israel sugere, violentamente, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está "determinado a atacar o Irão antes das eleições nos Estados Unidos" e que o "momento para a ação está a ficar mais próximo". "Israel está agora "mais próxima do que nunca de um assalto destinado a aniquilar a iniciativa nuclear do Irã".

A reportagem neste momento sugere que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak acreditam firmemente que o presidente Obama "não teria outra escolha senão dar apoio a um ataque israelense" [se] fosse travado antes das eleições presidenciais de Novembro.

O repórter militar da estação de TV, Alon Ben-David, ao qual no princípio deste ano foi dado acesso vasto à Força Aérea de Israel quando esta treinava para um possível ataque, relatou que, uma vez que as sanções agravadas contra o Irã deixaram de obrigar a uma suspensão do programa nuclear iraniano nos últimos dois meses, "do ponto de vista do primeiro-ministro, o momento para a ação está a ficar mais próximo".

Perguntado pelo âncora do noticiário na reportagem da TV em língua hebraica sobre quão próximo estava agora Israel de "uma decisão e talvez um ataque", Ben-David disse: "Parece que estamos mais próximos do que nunca".

Parece que, disse ele, Netanyahu não estava à espera de uma muita discutida possível reunião com o presidente Barack Obama, após a Assembleia-Geral da ONU em Nova York no próximo mês – na verdade, "não está claro que haverá uma reunião". Em qualquer caso, disse Ben-David,"duvido que Obama pudesse dizer qualquer coisa que convencesse Netanyahu a atrasar um possível ataque".

Há considerável oposição a um assalto israelense a instalações nucleares do Irão, observou a reportagem – com o presidente Shimon Peres, o chefe do Estado Maior Geral do Exército e generais de alta patente, a comunidade de inteligência, o líder da oposição Shaul Mofaz, "e naturalmente os americanos", todos alinhados contra uma acção israelense nesta fase.

Mas, observou Ben-David, é o governo israelense que terá de tomar a decisão e aí Netanyahu está "quase garantido" com uma maioria. Outros media hebraicos na terça-feira informaram também que Netanyahu enviou um alto responsável, o Conselheiro de Segurança Nacional Yaakov Amidror, para actualizar o idoso líder espiritual do Shas, o ultra-ortodoxo partido da coligação, Rabbi Ovadia Yosef, sobre o estado do programa nuclear iraniano, a fim de tentar ganhar o apoio dos ministros do Shas no governo para um ataque ( Times of Israel , ênfase acrescentada).

Numa reportagem anterior, Richard Silverstein apresenta pormenor de um documento militar vazado (traduzido do hebraico) que esboça a natureza do proposto "ataque de pavor e choque" ao Irã proposto por Netanyahu:
O ataque israelense será aberto com um assalto coordenado, incluindo um ciber-ataque sem precedente que paralisará totalmente o regime iraniano e a sua capacidade de saber o que está a acontecer dentro das suas fronteiras. A internet, telefones, rádio e televisão, satélites de comunicação e cabos de fibra óptica que conduzem a instalações críticas – incluindo as bases de mísseis em Khorramabad e Isfahan – serão postos fora de acção. A rede eletrica por todo o Irão será paralisada e as subestações com transformadores absorverão danos severos das munições de fibra de carbono as quais são mais finas do que um cabelo humano, provocando curto-circuitos eléctricos cuja reparação exige a sua remoção total. Isto seria um trabalho de Sísifo considerando as munições de estilhaçamento (cluster) que seriam lançadas, algumas com retardadores de tempo e algumas activadas remotamente através da utilização de um sinal de satélite.

Uma barragem de dezenas de mísseis balísticos seria lançada de Israel em direcção ao Irão. Mísseis balísticos com alcance de 300 km seriam lançados de submarinos israelenses nas vizinhanças do Golfo Pérsico. Os mísseis não seriam armados com ogivas não convencionais [WMD], mas sim com munições de alto poder explosivo equipadas com pontas reforçadas destinadas especialmente a penetrar alvos endurecidos.

Os mísseis atingirão seus alvos – alguns explodindo acima do solo como aqueles que atacaram o reator nuclear em Arak – o qual é destinado a produzir plutônio e trítio – e a instalação vizinha para a produção de água pesada; as instalações para a produção de combustível nuclear em Isfahan e as instalações para enriquecer hexafluoreto de urânio. Outros explodiriam abaixo do solo, como na instalação Fordo.




Uma barragem de centenas de mísseis de cruzeiro aniquilará sistema de comando e controle, instalações de investigação e desenvolvimento e as residências de pessoal sénior no aparelho de desenvolvimento nuclear e de mísseis. A inteligência reunida ao longo de anos será utilizada para decapitar completamente as fileiras dos profissionais e dos comandos do Irão nestes campos.

Após a primeira onda de ataques, a qual será seguida pela segunda, o satélite radar "Blue and White", cujos sistemas capacitam-no a efectuar uma avaliação do nível de dano feito aos vários alvos, passará sobre o Irão. Só depois de descriptar rapidamente os dados do satélite, a informação será transferida directamente para aviões de guerra a dirigirem-se encobertamente rumo ao Irão. Estes aviões da FAI serão armados com dispositivos eletrônicos de guerra anteriormente desconhecidos do público mais vasto, nem mesmo revelado ao nosso aliado estado-unidense. Este equipamento tornará os aviões israelenses invisíveis. Aqueles aviões israelenses que participam no ataquem danificarão uma lista curta de alvos que exigem um novo assalto.

Dentre os alvos aprovados para ataque estão: silos de mísseis balísticos Shihab 3 e Sejil, tanques de armazenagem de componentes químicos de combustíveis para foguetes, instalações industriais para produzir sistemas de controle de mísseis, fábricas de produção centrífuga e mais.


Richard Silverstein sublinha o fato de que há considerável oposição ao plano de Netanyahu-Barak para bombardear o Irã.

Será que esta oposição israelense prevalecerá se Netanyahu e seu ministro da Defesa tomassem a decisão de executar um plano de ataque?
















Será Netanyahu um político dos EUA por procuração?

Quem está a apoiar Netanyahu? Há poderosos interesses econômicos nos EUA que estão a favor de um ataque ao Irã.

Será isto um projeto de guerra israelense ou é o primeiro-ministro de Israel um procurador dos EUA a atuar por conta do Pentágono?

O que acontece se Netanyahu der a ordem para atacar? Será que esta ordem será executada pelo alto comando de Israel apesar da vasta oposição dentro das Forças Armadas de Israel?

A questão não é se Washington dará um sinal verde a Israel antes das eleições nos Estados Unidos como transmitido pelos medida israelenses.

A questão fundamental desdobra-se em duas:

1. Quem ao nível político decide acerca do lançamento desta guerra? Washington ou Tel Aviv?

2. Quem em última análise decide – em termos de comando e controle militar – por em execução um teatro de guerra em grande escala no Médio Oriente: Washington ou Tel Aviv?

Israel é de fato um posto militar avançado dos EUA no Médio Oriente. As estruturas de comando estado-unidense e israelense estão integradas, com consultas estreitas entre o Pentágono e o Ministério da Defesa de Israel. Como informado em Janeiro último, um grande número de soldados dos EUA estão estacionados em Israel. Jogos de guerra conjuntos entre os EUA e Israel também estão contemplados.

Planos de guerra EUA-Israel-OTAN contra o Irã têm estado em andamento desde 2003 incluindo a instalação e acumulação de sistemas de armas avançados.

As reportagens dos media israelense são enganosas. Israel não pode sob quaisquer circunstância travar uma guerra contra o Irã sem o apoio militar dos EUA e da NATO.

Sistemas de armas avançadas foram instalados. Os EUA e Forças Especiais aliadas bem como operacionais de inteligência já estão no terreno dentro do Irã. Drones militares dos EUA estão envolvidos em atividades de espionagem e reconhecimento.


Bombas nucleares tácticas B61 contra casamatas ( Bunker buster B61 ) destinam-se a serem utilizadas contra o Irã em retaliação pelo seu alegado programa de armas nucleares.



As ações militares contra o Irã são coordenadas com aquelas relativas à Síria.

Do que estamos a tratar é de uma agenda militar global, centralizada e coordenadas pelo US Strategic Command ( USSTRATCOM ) envolvendo logística complexa, ligação com várias entidades militares e de inteligência. Em 2005, o USSTRATCOM foi identificado como "o principal Comando Combatente para integração e sincronização dos vastos esforços do Departamento da Defesa no combate a armas de destruição em massa". Esta integração do Comando Combatente também incluía coordenação com aliados da América incluindo a OTAN, Israel e um certo número de estados árabes da linha de frente, os quais são membros do diálogo Mediterrâneo da OTAN.

Neste contexto mais vasto da guerra imperial coordenada pelo USSTRATCOM em ligação com o US Central Command ( USCENTCOM ), o plano de ataque de Netanyahu contra o Irã induz a ilusão de que Tel Aviv ao invés de Washington decide acerca do travar de uma guerra ao Irã.

As reportagens dos media israelenses mencionadas acima transmitem a impressão de que Netanyahu e o ministro da Defesa Ehud Barak estão em posição de actuar independentemente de Washington, bem como de forçar Obama a apoiar um ataque de Israel ao Irã.

A noção de que Israel poderia atuar sozinho e contra os interesses dos EUA faz parte de uma campanha de desinformação sutil. Há uma antiga prática de política de Washington de encorajar seus aliados próximos a darem o primeiro passo na direção da guerra, com o Pentágono a puxar os pauzinhos nos bastidores.

Não tenhamos ilusão, os planos de guerra contra o Irã, os quais têm estado nos estiradores do Pentágono desde 2003, são estabelecidos aos mais altos níveis em consulta e coordenação com Tel Aviv e a sede da OTAN em Bruxelas.

Se bem que Israel participe na condução da guerra, não desempenha um papel central predominante no estabelecimento da agenda militar.


Fonte: Irã News








O que o Irã pensa do ocidente e de sua febre da guerra

21 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Dado que não é possível acompanhar pessoalmente o robô Curiosity em suas andanças em Marte, não há como escapar da histeria do “Bombardeiem o Irã” que emana, incansável, de Telaviv e dos sentinelas avançados de Telaviv em Washington. Agora já há até opinionismo de terceira classe, a sugerir que o presidente Barack Obama dos EUA voe pessoalmente a Israel, para acalmar o duo pirado Bibi-Barak [1].

Por Pepe Escobar, em Asia Times Online


Assim sendo, é hora de tomar rumo completamente diferente – e totalmente ausente das páginas da mídia-empresa ocidental – e ouvir o pensamento iraniano qualificado que se dedica a analisar o que realmente fermenta por baixo do rugido dos tambores de guerra – no que diga respeito a Irã, Turquia, mundo árabe e toda a Eurásia. 

Hossein Mousavian
Pode-se começar com o embaixador Hossein Mousavian, pesquisador do Woodrow Wilson School of Public and International Affairs da Universidade de Princeton; ex-porta-voz da equipe de negociadores iranianos para a questão nuclear de 2003 a 2005; e autor de The Iranian Nuclear Crisis: A Memoir.

Escrevendo na página da internet da Arms Control Association [2], Mousavian vai diretamente ao ponto: “A história do programa nuclear do Irã sugere que o ocidente, inadvertidamente, está empurrando o Irã na direção de armas nucleares.”

Em sete passos chaves, Mousavian mostra didaticamente como o processo se desenrolou – começando pela “entrada do Irã no campo nuclear”, possibilitada, aliás, por Washington: “nos anos 1970s, o Xá [do Irã] tinha planos ambiciosos para explicar o programa nuclear, prevendo 23 usinas nucleares até 1994, com apoio dos EUA.”

Mousavian mostra como, de 2003 a 2005, durante o primeiro governo Bush, o Irã apresentou várias propostas [nucleares], que incluíram o compromisso declarado de que limitariam o enriquecimento no nível de 5%; de que exportariam todo o urânio baixo-enriquecido [orig. low-enriched uranium (LEU)] ou bastões de combustível nuclear que produzissem; de que assinariam um protocolo adicional aos acordos de salvaguardas com a AIEA e com o Código 3.1 dos arranjos subsidiários, que assegurariam nível máximo de transparência; e autorizavam a AIEA a inspecionar instalações não declaradas. Essas propostas visavam a superar as preocupações do ocidente sobre a natureza do programa nuclear iraniano, garantindo que nenhum urânio enriquecido seria desviado para algum programa de armas atômicas. A proposta iraniana também teria facilitado o reconhecimento, pela comunidade internacional, do direito de o Irã enriquecer urânio, nos termos do Tratado de Não Proliferação. Em troca desses compromissos que o Irã assumia, o dossiê iraniano na AIEA seria normalizado e o Irã teria acesso a uma mais ampla cooperação política, econômica e de segurança com a União Europeia. Além disso, também interessava ao Irã garantir o suprimento de combustível para o reator nuclear de pesquisas em Teerã, motivo pelo qual estava disposto a enviar o urânio enriquecido para algum outro país onde pudesse ser convertido em bastonetes/combustível.

Francois Nicoullaud
O governo Bush recusou todos os oferecimentos do Irã. Mousavian recorda “encontro que tive naquele momento com o embaixador francês no Irã, Francois Nicoullaud, que me disse: ‘Para os EUA, o Irã enriquecer urânio no próprio país é a linha vermelha que a União Europeia não pode ultrapassar’.”

De onde se pôde concluir que “o ocidente não está interessado em resolver a questão nuclear. A única coisa que o ocidente deseja é obrigar o Irã a abandonar completamente seu programa de enriquecimento.” Efeito disso foi, como não poderia deixar de ser, que o Irã foi compelido a “modificar sua diplomacia nuclear e a acelerar o programa de enriquecimento, para assegurar-se a autossuficiência na produção do combustível nuclear.”

‘Estoque zero’, quem se candidata?

Rode o filme para a frente, até fevereiro de 2010. Teerã propôs “manter o enriquecimento abaixo de 5%, desde que o ocidente assegurasse o combustível necessário para manter em atividade o reator de Teerã. O ocidente recusou essa proposta.”

Então, em maio de 2010, “o Irã construiu um acordo com Brasil e Turquia para trocar seu estoque de urânio baixo-enriquecido por combustível para o reator de pesquisas. O acordo baseou-se em proposta esboçada inicialmente pelo governo Obama com funcionários dos governo de Brasil e Turquia, em clima de entendimento que os fez crer que teriam as bênçãos de Washington para negociar com o Irã. Lamentavelmente, os EUA boicotaram o sucesso da negociação, ao rejeitar o acordo; e o Conselho de Segurança da ONU, em seguida, aprovou novas sanções contra o Irã.” Qualquer observador objetivo que acompanhe a história do dossiê nuclear iraniano conhece todos esses fatos.

Novamente, rodem o filme à frente, até setembro de 2011, “quando o Irã já dominava a tecnologia de enriquecimento a 20% e já acumulava estoque considerável; foi quando o Irã propôs suspender as atividades de enriquecimento a 20% e aceitar que o ocidente fornecesse os bastonetes-combustível para o reator de Teerã. Mais uma vez, o ocidente rejeitou a proposta; o que obrigou os iranianos a dar um passo adiante e passar a produzir seus próprios bastonetes-combustível.”

Sobre as conversações desse ano em Istanbul e Bagdá, Mousavian destaca que “depois de cada bloqueio, de cada ação ocidental punitiva, o Irã fez avançar o seu programa nuclear.” 

Catherine Ashton
E a coisa ainda piora: “Comparação entre a declaração de 19 de junho, em Moscou, feita por Catherine Ashton, chefe da política externa da União Europeia e principal negociadora no grupo P5+1, e a declaração da mesma Ashton dia 14 de abril em Istanbul mostra uma grande diferença. O P5+1, em junho, dá mais importância ao Irã cumprir suas obrigações internacionais, a saber, obedecer a resoluções do Conselho de Segurança da ONU, do que a que cumpra os deveres a que se obriga por ser signatário do Tratado de Não Proliferação. Vê-se hoje claro retrocesso em relação à posição em Istanbul. Indica que o foco volta, agora, a ser a suspensão das atividades iranianas de enriquecimento, demanda que sempre aparece para interromper quaisquer negociações, desde 2003.”

O resumo é que “não só o ocidente empurrou o Irã a buscar a autossuficiência, mas, em todas as circunstâncias, tentou privar o Irã de seu inalienável direito de enriquecer urânio. Esse movimento impulsionou o Irã a buscar, a todo galope, controlar toda a tecnologia nuclear.”

A conclusão é inevitável: “Os progressos que o Irã obteve em seu programa nuclear é produto dos esforços do ocidente para isolar o Irã, ao mesmo tempo em que se recusou a reconhecer os direitos do Irã.”

Washington e seus seguidores europeus simplesmente não conseguem entender que “sanções, isolamento e ameaças não obrigarão o Irã a ajoelhar-se. Ao contrário, essas políticas só levaram a avanços no programa nuclear iraniano.” Mesmo sob as mais devastadoras sanções e a febre de “Bombardeiem o Irã” já chegando ao surto convulsivo, só uma consequência é garantida, diz Mousavian: “o Irã tende hoje a retirar-se do Tratado de Não Proliferação e a buscar sua bomba atômica.”

O que torna tudo isso ainda mais absurdo é que há solução que pode por fim a toda essa loucura:

Para atender às preocupações do ocidente sobre o estoque iraniano de urânio enriquecido a 20%, solução mutuamente aceitável para o longo prazo implicaria “estoque zero”. Sob essa abordagem, um comitê conjunto (Irã e P5+1) quantificaria as carências domésticas do Irã, em termos do quanto de urânio 20% o país carece para finalidades de pesquisa; e tudo que ultrapassasse essa quantia seria vendido no mercado internacional, ou imediatamente ‘empobrecido’ até voltar ao nível de 3,5%. Assim se asseguraria que o Irã não pudesse formar estoque permanente de urânio enriquecido a 20%, o que atenderia às preocupações internacionais sobre a possibilidade de o Irã construir bombas atômicas. Seria solução que salvaria as posições de todos, ao mesmo tempo em que reconheceria o direito dos iranianos de enriquecer seu urânio, assegurando ao país meios para negar qualquer interesse em construir armas atômicas.

Washington – e Telaviv – algum dia aceitarão? Claro que não. Os cães da guerra continuarão a ladrar.

Um novo jogo de segurança

Também é reconfortante examinar a análise iraniana da situação síria.


Mehdi Mohammadi
Mehdi Mohammadi, na página internet IranNuc.IR [3] escreve: “o medo que a maioria sunita tem, de uma minoria salafista, não é fator a desprezar; e é realidade muito frequentemente censurada, relevante para entender a situação em campo na Síria. É a mesma realidade que impediu a oposição de aceitar qualquer forma de negociações e, até, eleições livres”. Esse fato é absoluto anátema na cobertura que a imprensa-empresa ocidental tem dado à situação na Síria.

Mohammadi avalia corretamente as discrepâncias entre várias facções da Fraternidade Muçulmana (FM) dentro da Síria: há uma facção linha-dura que quer ver implantada a lei da Xaria; e outra, convencida de que o futuro de toda a região está, seja como for, nas mãos da FM – a qual está em missão de caráter divino; mas a maioria quer, isso sim, extrair a maior quantidade de dinheiro que consigam extrair da Arábia Saudita, aliando-se para isso com a França, os EUA, os sunitas no Líbano e na Jordânia: “esses são a espinha dorsal da oposição armada na Síria”.

O xis da questão é que, mesmo no melhor cenário, a FM “está cometendo gravíssimo erro estratégico (...). Ainda que o governo de Assad seja deposto, os EUA jamais permitirão que o governo sírio caia nas mãos da parte da Fraternidade Muçulmana que aspira a manter e, se possível, aprofundar ainda mais o atual conflito com Israel.”

Mohammadi observa, também corretamente, como EUA, Israel, Arábia Saudita e Turquia “chegaram à conclusão de que o melhor modo de impedir que desenvolvimentos da Primavera Árabe ajudassem a aumentar o poder do Irã na região seria converter todo o real conflito em luta entre xiitas e sunitas.”

No fundo, como o Irã interpreta tudo isso? Segundo Mohammadi, “há alto grau de confiança em que o governo sírio não se deixará depor, no mínimo num prazo médio.” Além disso, “é muito pouco provável que Rússia e China cheguem a algum acordo com o ocidente sobre a Síria” e inclusive “sobre o dossiê nuclear iraniano.”

Teerã, pois, está apostando na possibilidade de que “Rússia e China consigam construir um front estratégico confiável, anti-ocidente”. E o autor conclui: “A equação estratégica da região, como resultado dos eventos hoje em curso na Síria, absolutamente não mudou em qualquer direção que possa prejudicar o Irã.”

Em entrevista à página da internet “Iranian Diplomacy (IRD)” [4], Mohammad Farhad – ex-embaixador e analista de estratégia – comenta o modo como “alguns países árabes, que têm currículos muito sujos no campo dos direitos humanos, deram as mãos aos EUA, na atual correlação de forças na Síria, com vistas a definir um novo jogo de segurança. Mas esse jogo de segurança está sendo mal administrado e, com certeza, maculará a imagem internacional dos EUA.”

Koleini observa que, “enquanto o ocidente busca criar novo arranjo de segurança no Mediterrâneo, Moscou tenta “não deixar que o ocidente imponha ali seu monopólio geopolítico.” Por isso, a abordagem russa “não está necessariamente focada no que realmente esteja ocorrendo dentro da Síria, mas tem em vista um pacote regional e o projeto de Moscou para regular esse pacote nas suas interações com o ocidente.”

Isso explica por que a Rússia “jamais permitirá que estados ocidentais imponham qualquer tipo de zona aérea de exclusão sobre a Síria”. É atitude de confronto? Não, de modo algum: “A Rússia está fazendo o máximo possível para evitar, a qualquer preço, qualquer tipo de confrontação. A China sempre demonstrou, em todos os seus movimentos, que segue a mesma política.”

Mehdi Sanaei, diretor do Grupo de Estudos sobre a Rússia na Universidade de Teerã e diretor do Iran and Eurasia Research Center (IRAS), escrevendo na página internet do jornal Tabnak News [5] vai ainda mais fundo: Moscou trabalha agora sob “nível sem precedentes de desconfiança quanto aos objetivos e intenções dos EUA no Oriente Médio e Eurásia.”

Quer dizer: podem todos esquecer o famoso “reset” das relações entre Washington e Moscou.


Wladimir Putin
Sanaei refere-se ao famoso artigo sobre política externa que Putin publicou [6] às vésperas da eleição presidencial na Rússia: “Putin visou diretamente os EUA, acusando Washington de mentir e manipular a estrutura e as resoluções da ONU, servindo-se de dois pesos e duas medidas em inúmeras questões globais em diferentes países, além de perseguir interesses só seus, enquanto prega democracia.”

Sanaei descreve, também corretamente, o modo como os analistas russos veem a política externa do governo Obama, como “resultado de dois tipos de teorias: ‘realismo de última moda’ e ‘neoliberalismo’. Por causa disso, os EUA realmente creem que todos os países do mundo possam ser classificados ou como “amigos” ou como “inimigos” dos EUA. Países hostis, portanto, têm de ser enfraquecidos, e a presença deles nas arenas estratégicas regional e global deve ser contida e, se possível, suprimida, em termos políticos, econômicos e culturais”.

Portanto, para Moscou, “uma nova onda da ordem do mundo foi iniciada pelos EUA para criar nova versão do velho sistema unipolar. Os principais alvos dessa onda, Moscou insiste, incluem o Norte da África, o Oriente Médio, o Irã, a Eurásia e, finalmente, China e Rússia.”

Koleini, dessa vez em artigo para o jornal Emrooz de Teerã [7], introduz o tema do Oleogasodutostão no relacionamento Irã-Rússia: “Apesar da cooperação com o programa de energia nuclear iraniano, a Rússia sempre desejou cortar a mão do Irã no mercado europeu de gás natural. Nessa direção, a Rússia interagiu com Turquia e alguns países do Leste Europeu no projeto Blue Stream. Isso prova, acima de qualquer dúvida, que a Rússia tenta alcançar a liderança na engenharia da estrutura de segurança na Europa, mediante sua política de energia, e reduzir a dependência da Europa de outras fontes de energia.”

Tudo isso, enquanto “tenta desempenhar papel de equilíbrio no caso nuclear do Irã.”

Koleini também oferece esboço do principal desafio para a “política eurasiana” que Putin explicitou antes de eleito: “O ponto é que o ocidente está projetando novos jogos políticos, sobretudo na Ásia Central, para criar problemas novos para a Rússia e afastar da Eurásia a atenção de Moscou, atraindo-a para esferas tradicionais da extinta União Soviética.”

Egito e Irã trocam beijos

Intelectuais iranianos têm monitorado atentamente a vizinha Turquia. Especialista em Turquia e Cáucaso, Elyas Vahedi observa como “o governo turco surgiu com conceitos como ‘nem religião de estado, nem estado religioso’, ‘governo secular, não homem secular’, ‘civilizar a Constituição’, ‘abertura democrática/abertura curda/abertura alawita’ e ‘controle e supervisão civis sobre o exército’, e tem-nos usado para fortalecer e manter o controle político sobre o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP).”

E, claro, antes da Primavera Árabe, toda a conversa girava em torno de “zero problemas com nossos vizinhos” e a doutrina da “profundidade estratégica” da Turquia.

Mas agora que a Turquia está metida na Síria, o governo do AKP “tenta justificar o próprio fracasso, declarando que a política de minimizar os problemas com países vizinhos teria entrado na segunda fase (...). A Turquia acredita que o principal traço da segunda versão de sua política é interação com povos de países vizinhos, não mais com governos vizinhos.”

Simplesmente não se sustenta, diz Vahedi: “Esse ponto de vista, apesar de algumas limitações, seria ainda, de certo modo, justificável em alguns países como Líbia, Egito e Tunísia; mas absolutamente não se aplica à Síria.” Além disso, Ankara “manteve-se em silêncio ante o suplício do povo do Bahrain, sob o pretexto de que os protestos políticos no Bahrain não seriam populares.”

Sobretudo, a política exterior da Turquia “também alimentou especulações de que Ankara participava do conflito xiita-sunita provocado e encenado pelo ocidente. O dano que essa ideia causará à posição e ao prestígio regionais e internacionais da Turquia custará caro demais a Ankara.”

Vahedi vê a Turquia, bem como a Arábia Saudita e o Qatar, como seguidores do ocidente, que lidera da retaguarda, no estilo típico de Obama. A Turquia “parece ter lido a mente do ocidente e tenta aceitar o papel que entende como o seu, a serviço do ocidente, à espera de obter algumas concessões do ocidente.” Mas não funcionará – por exemplo, a entrada da Turquia na União Europeia não acontecerá, ante a gigantesca oposição de França e Alemanha.

Para não falar que Ankara “enfrenta graves críticas que lhe vêm de figuras nacionalistas. Dizem que, o governo da Turquia fala da defesa dos direitos do povo sírio como sua primeira e principal prioridade, ao mesmo tempo em que direitos dos turcos são ignorados em Karabakh e nos Bálcãs, com a conivência das potências ocidentais.”

Ali Akbar Asadi, do Departamento de Relações Internacionais da University of Allameh Tabatabaei, discorre sobre os eventos chaves das semanas vindouras: o renovado relacionamento diplomático entre Irã e Egito – objeto da mais furiosa ira de Washington; o Departamento de Estado, em movimento infantilóide, insiste que o Irã “não merece” ser anfitrião da reunião do Movimento de Não Alinhados em Teerã, do qual participará o presidente Mohamed Mursi do Egito [8].

Asadi vai direto à jugular – as petromonoarquias do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) estão aterrorizadas ante a possibilidade de que “o Egito retome suas relações com a República Islâmica do Irã, ou, mesmo, de que estabeleça relações estratégicas com a Turquia, minando o poder e a influência do próprio CCG no novo equilíbrio do poder regional.”

Assim sendo, o GCC está fazendo o que costuma fazer: deixando jorrar um pouco de dinheiro. “Querem manter o Egito, como ator político grande e importante no mundo árabe, do lado deles.”

Estão também exigindo de Mursi e da FM que “não tomem qualquer medida para exportar sua revolução ou para ativar outros afiliados” da FM no GCC. E esperam que “o Cairo evite adotar nova abordagem para fortalecer o Hamas contra o Fatah, ajudando a população palestina e de Gaza, e mostrando-se em aberta e firme oposição contra o regime israelense.”

A política do GCC, apoiada pelo ocidente e por Israel, é “manter o Egito estrangulado em seus desafios domésticos” e, assim, incapaz de exercer “a liderança histórica que aspira a recuperar, no mundo árabe.”

Eis, então, apenas uma amostra da discussão intelectual em curso hoje no Irã. Comparada à histeria bombardeante de que Telaviv e Washington estão acometidas, soa como se esses analistas pensassem e escrevessem em Marte.

 

Notas

 1. An Obama Visit to Israel Could Stall Iran Attack, Bloomberg, August 21.
 2. Ver armscontrol.org/
 3. Ver www.irannuc.ir/
 4. Ver www.irdiplomacy.ir/
 5. Ver www.tabnak.ir/
 6. Ver Russia and the changing world, RIANOVOSTI. Sobre esse artigo e a “volta de Putin” ao poder na Rússia, ver também PEPE ESCOBAR, “Agora é encarar: o czar voltou”, 6/3/2012, em port. em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2012/03/pepe-escobar-agora-e-encarar-1-o-czar.html [NTs].
 7. Ver www.tehrooz.com
 8. EUA says Iran doesn’t deserve to host summit of Non Aligned Movement, Washington Post, August 21.

 

Tradução: Vila Vudu
Fonte: Vermelho
Imagem: Google (colocadas por este blog)



O futuro do Oriente Médio

19 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





Com o início do movimento despertar islâmico na região do Oriente Médio, os Estados Unidos da América e os seus aliados na região, temendo as ondas crescentes de sentimentos antiamericanos e antissionistas, tentaram insinuar ao mundo uma interpretação falsa deste movimento.


*Por Ali Mohaghegh

Não dá para esconder, porém, que os governos derrubados na região eram amigos dos Estados Unidos da América e do regime sionista.

O ataque à embaixada do regime sionista no Cairo nos primeiros momentos de protesto era um sinal do movimento popular. Era um sinal da desesperança com os EUA e com o regime sionista, que não queriam ser odiados pelos povos da região.

Sem dúvida, não haverá nenhum lugar na região para os sionistas no futuro. E o regime, que certa época pretendia dominar o território entre os rios Nilo e Eufrates, agora deve se esconder atrás do muro de proteção.

O regime sionista de Israel tem a maior rede mundial de terrorismo do Estado e cometeu inúmeros crimes nos países da região, inclusive a matança do povo de Gaza, os assassinatos de forças de resistência nos diferentes países e assassinatos dos cientistas nucleares da República Islâmica do Irã. Esse regime agora está tentando desviar a opinião pública de perceber o seu verdadeiro caráter perigoso.

Hoje, com as evoluções nos países do Oriente Médio e da África, os povos perceberam que são inúteis e frustrantes as negociações com um regime que só conseguiu ficar em pé respaldado pelo Ocidente.

Hoje, os apoiadores do regime sionista devem suportar um peso bem maior do que no passado para apoiar Israel, pois os povos da região entraram no cenário político e projetaram o futuro da região.

Ao mesmo tempo, divergências internas apareceram, e esse regime sionista se deparou com a instabilidade interna.

O Ocidente é obrigado a revisar a sua política de apoio unilateral e injusta ao regime sionista. Eles estão bem conscientes de que os levantes populares no Oriente Médio e no norte de África começaram graças ao despertar islâmico e têm um caráter antissionista. Esta região jamais refletirá a dominação sionista no futuro.

Atualmente, os movimentos resistentes frente ao sionismo, graças ao movimento despertar islâmico, alcançaram superioridade estratégica em relação aos sionistas.

Hoje, com o afastamento dos governantes ditadores em alguns países da região que estavam compactuados com o regime sionista, os povos da região dizem gritando que a instalação do regime sionista não tem legitimidade no território palestino, mesmo que seja no tamanho de uma palma da mão. Estamos tratando de um regime que desconsiderou mais de cem resoluções e declarações da ONU.

Mesmo os países ocidentais não estão mais dispostos a assumir incondicionalmente o peso de seus apoios ao regime sionista. Especialmente os países europeus, que têm a paciência esgotada perante a atitude reivindicadora, extremista e irracional de Israel. Pouco a pouco, ouvimos as pessoas perguntando no Ocidente: "até quando nós devemos pagar o preço da desobediência de Israel?"

Agora, chegou uma oportunidade histórica: os soberanos no mundo devem aproveitar e colocar a história na sua direção certa, tirar o invasor da cena e devolver a pátria aos palestinos.

É importante que todos os palestinos unidos resistam frente ao inimigo. Somente com a união e coesão nacional e seguindo o islã o povo palestino poderá libertar os seus territórios invadidos e recuperar os seus direitos.

A Palestina é ocupada por estrangeiros. Será que a humanidade fará silêncio perante a ocupação do território de um povo por eles?

 

*Ali Mohaghegh é primeiro-secretário da Embaixada da República Islâmica do Irã no Brasil


Fonte: Vermelho

Imagem: Google (colocadas por este blog)




Estados Unidos instalará em Honduras sua maior base militar na América Latina

18 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Segundo Bertha Cáceres, dirigente do COPINH, grandes reservas de petróleo podem ser encontradas na região que pode receber a base.


Chevige González Marcó, da Rádio do Sul


Bertha Cáceres
Bertha Cáceres, dirigente do COPINH (Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras), denunciou que tropas militares estadunidenses se deslocam livremente pelos rios localizados na região da Mosquitia, no norte do país.

Em entrevista para a Rádio do Sul, Cáceres afirmou que a ingerência dos Estados Unidos em Honduras é descarada e destacou que Washington pretende instalar na “Mosquitia” o que seria sua maior base militar na América Latina. Acrescentou que nesta região poderiam ser encontradas grandes reservas de petróleo.

A dirigente social indicou que o governo estadunidense pretende investir 1,3 bilhão de dólares para colocar suas tropas e utilizar o território hondurenho como plataforma para atacar outros países.

A região da “Mosquitia” está localizada no norte do país, entre o Caribe e a fronteira com a Nicarágua. Tem limites marítimos com Jamaica, Cuba, Belize e a própria Nicarágua. Ali estão quatro etnias indígenas, que se encontram ameaçadas pela presença militar estadunidense.

Contradição

A presença militar estadunidense em Honduras tem sido justificada como parte dos mecanismos conjuntos da luta contra o narcotráfico, entretanto, adverte Cáceres, ocorreu o contrário: a medida em que aumenta o número de efetivos estadunidenses, aumenta também o narcotráfico.



Fonte: Irã News



Hillary, missionária na África

18 de Agosto de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Ela visitou nove países africanos – Senegal, Uganda, Sudão do Sul, Quênia, Malawi, África do Sul, Nigéria, Gana, Benin – bendizendo as plateias com seus "God bless you" e jurando que o único objetivo de Washington na África é "reforçar as instituições democráticas, promover o crescimento econômico, fazer avançar a paz e a segurança".

Por Manlio Dinucci, em Il Manifesto

A secretária de Estado Hillary Clinton foi, portanto, à África, em pleno mês de agosto, só para fazer boas obras. Ela foi acompanhada, nesta nobre missão, pelos executivos das maiores multinacionais estadunidenses. Negócios, sim, mas conduzidos por um princípio ético que a Sra. Clinton assim enunciou em Dacar: "No século 21 é preciso que cesse o tempo em que os estrangeiros vinham extrair a riqueza da África para si próprios, não deixando nada ou muito pouco atrás de si".

Clinton, sabe-se, é uma apoiante convicta do comércio equitativo e solidário. Como aquele que é praticado na Nigéria, cuja indústria petrolífera é dominada pelas companhias estadunidenses, que arrecadam para si a metade do petróleo bruto extraído, num montante de mais de US$30 trilhões por ano. Para as multinacionais e para a elite nigeriana no poder, uma fonte de riqueza colossal, de que não sobra quase nada para a população. 


Segundo o Banco Mundial, mais da metade dos nigerianos encontram-se abaixo do nível de pobreza e a esperança de vida média é de apenas 51 anos. A poluição petroleira, provocada pela Shell, devastou o delta do Níger: para descontaminá-lo, segundo um relatório da ONU, seriam precisos pelo menos 25 anos e bilhões de dólares.

A mesma coisa está em preparação no Sudão do Sul onde, após a cisão do resto do país, apoiada pelos EUA, se concentram 75% das reservas petrolíferas sudanesas, às quais se acrescentam matérias-primas preciosas e vastas terras cultiváveis. A companhia texana Nile Trading and Development, presidida pelo ex-embaixador estadunidense E. Douglas, apropriou-se, com uma esmola de 25 mil dólares, de 400 mil hectares da melhor terra com direito de explorar os recursos (inclusive florestais) durante 49 anos.

A apropriação das terras férteis na África, após expropriações das populações, tornou-se um negócio financeiro lucrativo, gerido pelo Goldman Sachs e o JP Morgan, sobre as quais especulam, com o seu dinheiro, mesmo Harvard e outras prestigiosas universidades estadunidenses. Entretanto, a estratégia econômica estadunidense depara-se na África com um obstáculo formidável: a China, que, em condições vantajosas para os países africanos, constrói portos e aeroportos, estradas e ferrovias.


Para transpor este obstáculo, Washington avança o seu curinga: o Comando Africano (Africom), que "protege e defende os interesses da segurança nacional dos Estados Unidos, reforçando as capacidades de defesa dos Estados africanos". Por outras palavras, apoiando-se sobre as elites militares (que o Pentágono tenta recrutar oferecendo-lhes formação, armas e dólares) para trazer o maior número possível de países à órbita de Washington.


Quando isso não acontece, o Africom "conduz operações militares para proporcionar um ambiente de segurança adaptado ao bom governo". Como a operação Odissey Dawn (Odisseia do Amanhecer), lançada pelo Africom em Março de 2011: o começo da guerra para derrubar o governo da Líbia (o país africano com as maiores reservas de petróleo) e sufocar os organismos financeiros da União Africana, nascidos sobretudo graças a investimentos líbios. Assim, agora há na Líbia um "bom governo" às ordens de Washington.



Fonte: zereinaldo
Imagem: Google (colocadas por este blog)