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Burgos Cãogrino

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

É possível controlar a corrida armamentista?

2 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda




Por Christiane Marcondes

Sabe-se que o comércio de armas é um setor blindado às crises. Os fabricantes de armamento ganham bilhões de dólares por ano com a venda de tanques de guerra, revólveres, balas e aviões de caça. O próspero setor possui regras próprias já há centenas de anos, consolidadas durante o século 20 e as suas inúmeras guerras, principalmente as mundiais.

Nesse contexto, a negociação pró-contenção armamentista dos países-membros da ONU, que teve início nesta segunda-feira (02/07), em Nova York, parece infrutífera. O encontro objetiva definir as metas de um tratado de controle do comércio armamentista no mundo. Seus pontos mais relevantes são: suspensão de fornecimento de armas a regiões de crise ou em conflito; proibição de exportação de armas quando as mesmas forem usadas para violar os direitos humanos ou quando o fornecimento coloca em risco o combate à pobreza e o desenvolvimento econômico.

 Sem dúvida, os conflitos armados que ocorrem ao redor do mundo precisam de um freio, já que são os civis, principalmente, que pagam a conta desses ataques com a própria vida e o imperialismo faz, assim, a sua escalada com essas mortes encomendadas. Sob essa ótica, o projeto é bem-vindo.

 O que lhe tira o mérito é a sua justificativa míope e parcial. A ONU alega que o mercado fornece “a ditadores e seus opositores o que eles precisam para oprimir populações ou fazer guerras. Um exemplo atual é a Síria: o regime Assad só consegue continuar reprimindo seus opositores graças às importações de armas da Rússia”, enfatiza.


 Tendo-se em conta que quem maneja essas armas contra os “ditadores” – na verdade, chefes de estado, segundo a população sob sua régia – são mercenários pagos por governos desenvolvidos para invadirem e assumirem o comando de países do seu interesse político ou econômico, por exemplo, os do Oriente e os da América Latina, quem se beneficiará com essas medidas de contenção serão os países imperialistas.

 Sem dúvida, o tema que a ONU colocou na berlinda merece atenção, mas em uma abrangência de discussão muito mais ampla, afinal, nas situações bélicas os “mocinhos e bandidos” não são vistos do mesmo modo pelos diferentes tipos de governos. Principalmente, os conflitos recebem diferentes avaliações de correntes políticas imperialistas e antiimperialistas.

Critérios

 Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -- EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – são todos grandes exportadores de armas. Esses pedem que os critérios para o controle sejam “humanitários”.


 A China opõe-se a decisões baseadas nos “direitos humanos", explica Simone Wisotzki, da ONU. Justificável: trata-se de critérios vagos e facilmente manipulados.
 

Já os EUA, segundo Wisotzki, exercem "um papel ambivalente" neste contexto, principalmente no que diz respeito à submissão do controle de munições e armas de pequeno porte às Nações Unidas.

 Katharina Spiess, da Anistia Internacional, acredita que os grandes exportadores de armas têm interesse em regras internacionais para o setor. "Já temos regras de controle do comércio de armas em âmbito regional. Na União Europeia, por exemplo, há desde 2008 uma 'cláusula comum' que proíbe a transferência de armas quando há violações de direitos humanos. Os EUA também conhecem tais regras", completa Spiess.

 Consenso

 Os 193 países-membros da ONU estão reunidos em Nova York para negociar sobre o assunto, embora o prazo de quatro semanas seja muito curto para se chegar a um acordo, observa Simone Wisotzki. Na opinião dela, é possível que o documento fique cada vez menos consistente devido à necessidade de chegar a qualquer custo a um consenso.


Para quem observa criticamente e à distância, consenso, nesse debate, assemelha-se muito mais a um horizonte inatingível do que a real possibilidade de trilhar os primeiros passos na direção da paz possível e desejada por movimentos humanitários e sociais.




Fonte: Vermelho
Imagem Google



Império Americano começa a desmoronar - Parte II

2 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Oito mil trabalhadores do setor energético são suspensos nos EUA

O consórcio energético nova-iorquino Consolidated Edison suspendeu hoje oito mil trabalhadores em meio a um conflito sindical e quando uma forte onda de calor açoita o norte dos Estados Unidos.
 

A mais importante empresa de fornecimento de energia elétrica no estado de Nova York, com uma planilha de 15 mil funcionários e 3,2 milhões de clientes, ativou uma equipe profissional de emergência para atender as mais urgentes necessidades dos usuários.

  
O conflito chegou a seu clímax neste domingo quando a junta diretora da corporação não conseguiu um acordo com a Utility Workers Union relacionado às demandas de pagamento por horas extras e renovação de contratos semanais.

 A maioria dos trabalhadores suspensos são funcionários que realizam leitura de relógios digitais e, embora não estejam formalmente demitidos, não poderão reivindicar salários adicionais nem regressar ao trabalho até que se atinja um novo acordo empresarial.

 Autoridades de Maryland, Virgínia Ocidental, Ohio, Virgínia e Washington reconheceram que poderiam levar vários dias para restabelecer a eletricidade em zonas açoitadas por violentas tempestades no final da semana passado.

 Os tornados, combinados com altas temperaturas extremas, mataram pelo menos 16 pessoas nos últimos seis dias e deixaram na escuridão três milhões de usuários principalmente na região nordeste do país.

 Na sexta-feira passada, uma faixa de ventos de até 128 quilômetros por hora derrubou dezenas de árvores que bloquearam estradas e deixaram sem energia, serviços de Internet e telefonia celular milhares de estadunidenses nos mencionados estados.



Fonte: Prensa Latina



Militar israelense agride criança palestina

2 de Julho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Nesta segunda-feira (2), o jornal israelense Haaretz publicou em seu site o vídeo de um policial de fronteira israelense chutando um garoto palestino em Hebron.

De acordo com o jornal, o incidente ocorreu na última sexta-feira (29) na cidade palestina, vizinha de Jerusalém. O garoto que aparece nas imagens, de nove anos, foi identificado pelo Haaretz como Abed a-Rahman. Veja o vídeo:






As imagens foram feitas pela ONG B’Tselem. De acordo com a organização, o vídeo foi feito por um voluntário em Hebron. Dois militares são vistos no local, armados e uniformizados. Eles esperam pelo garoto, que sai de um beco perto da casa dele. Em seguida, um dos homens segura o menino, o atira ao chão e pergunta: “Por que você está causando problemas?”

A criança começa a chorar. Na sequência, um segundo militar se aproxima e chuta o menino, que depois é visto saindo do local. A ONG disse, segundo o Haaretz, que vai denunciar os militares.




Fonte: Vermelho



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Assassínos e agressores de um povo que se diz  escolhido por DEUS???



Que DEUS é esse que permite que seu "escolhido" povo  maltrate  crianças???



Até quando o mundo vai permitir isso???














Império Americano começa a desmoronar

30 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





Cidade da Califórnia entra em bancarrota: o mundo já não é o que era


Depois de três meses de tentativas infrutíferas para obter um acordo financeiro com os seus credores, a cidade de Stockton (foto), do Estado da Califórnia (a 96 quilómetros a leste de São Francisco, ver mapa), solicitou dia 27/06 formalmente a entrada em falência para evitar uma situação de caos incontrolável.

As negociações para chegar a um acordo financeiro fracassaram e de nada serviram os cortes draconianos de mais de 90 milhões de dólares aplicados nos últimos três anos para conseguir desejado equilíbrio orçamental.Fica um buraco de 26 milhões de dólares impossível de reverter e uma cratera na saúde de 400 milhões. É por isso que para Bob Deis, o administrador da cidade, a declaração de bancarrota é equivalente a pressionar a tecla "pausa", para manter intactos os serviços e proporcionar uma estrutura "de resgate". O Estado da Califórnia, a oitava economia do planeta, começa a sofrer os efeitos da crise.

Com pouco mais de 300 mil habitantes, Stockton é a maior cidade dos Estados Unidos a declarar-se falida. Tem a taxa mais alta de desemprego da Califórnia (20%) e ocupa o segundo lugar nas execuções hipotecárias do país, como se pode constatar por estas imagens do flickr com habitações à venda. Apesar de Stockton ter sido uma das cidades mais pujantes da Califórnia nos anos 60, após o estalar da crise do subprime em 2007 e o abandono das habitações pelos seus moradores endividados, conta com bairros esvaziados de habitantes nos quais prospera a lei da rua e o crime. Não se pode esperar outra coisa quando se cortou um terço da polícia, um terço dos bombeiros e cerca de 40% dos funcionários dado que não podem ser pagos.

O colapso dos ativos imobiliários traduziu-se por uma importante queda das receitas públicas respeitantes às receitas da propriedade e a situação é tão calamitosa que a revista Forbes concedeu-lhe o prémio da cidade mais terrível dos Estados Unidos durante dois anos consecutivos.

O que ocorreu em Stockton?

Para conseguir captar o que se passou nesta cidade próxima de São Francisco, Sillicon Valley e Sacramento, é interessante constatar que no começo do milénio era uma zona agrícola sem pretensões que foi invadida por uma especulação com os solos sem precedentes. Desde projetos imobiliários gigantescos à construção de enormes edifícios que transformaram a vida aprazível de uma cidade que vivia da agricultura, Stockton foi invadida por sonhos fantásticos de grande luxo que acabaram no pântano.

Apesar do brilhantismo de alguns projetos, não se conseguiu atrair as multidões que se esperavam e a cidade foi-se afundando na espera. Um espera que desespera dado que após dois, três, quatro anos as vendas não tomaram o ritmo apontado pela teoria da oferta. E enquanto o tempo passa, como canta Mercedes Sosa, os interesses continuam a crescer. Se alguém ainda tem dúvidas, faço este link para o drama de Pioz, onde as casas sem ser vendidas e o custo dos juros para a localidade pode levar a localidade a estar mais de sete mil anos a pagar a dívida. Está bem escrito: sete mil anos a pagar a dívida.

Tudo isto mostra a doença de um modelo económico que apostou sempre em ganhar baseando-se num pseudo, raquítico e hoje desprezível otimismo organizado pela via do consumo, sem ter em conta a necessidade do emprego para manter esse nível de consumo, e sem ter em conta, ainda menos, da necessidade de que esse nível de emprego seja sustentável no tempo.

Que não fiquem dúvidas de que o que agora vemos em Stockton, e que a imprensa não informa, continuará noutras cidades dos Estados Unidos e também em muitas outras cidades onde a bolha imobiliária permitiu o enriquecimento de um punhado e o empobrecimento da grande maioria. Agora que é preciso pagar a conta, e os milhares que acreditaram e compraram as delícias do modelo económico imperante. Os primeiros pecaram por intenção e os segundos por omissão. Mas estes últimos terão maiores penitências. A ignorância paga-se. É a primeira lição econômica que será marcada a fogo: a ignorância paga-se. E paga-se caro.




Tradução: Carlos Santos/esquerda.net
Imagem: Google



Comércio de carbono e o mecanismo REDD+ ameaçam a produção alimentar e a soberania dos povos africanos

30 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



 Camponeses de Moçambique “cultivam” carbono para os poluidores  



Camponês cuida de floresta em Nhambita - Foto: Africa News
 A produção alimentar e a soberania dos povos africanos correm o risco de estar seriamente comprometidas devido a implementação de projetos de plantio e conservação de árvores para a captura de carbono e a chamada Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal Plus (REDD+). Tais projetos poderão conduzir o continente a graves situações de insegurança alimentar e resultar na perda da posse de terra e do controle de recursos florestais por parte de camponeses de África.

Em Moçambique, esse cenário não vai demorar a se concretizar, uma vez que o país ofereceu seu território para servir de “modelo” para projetos de captura de carbono e para a REDD +.

Ao cair da tarde, Albertina Francisco*, camponesa da comunidade de Nhambita, na província de Sofala, em Moçambique, regressa à sua casa, cansada, depois de mais um dia de atividade em sua machamba [palavra usada em Moçambique para dizer roça]. Além de tomar conta do milho, mapira (uma espécie de sorgo) e mandioca que cultiva, Albertina passou a ter uma tarefa a mais: cuidar das árvores que plantou há alguns anos atrás para garantir que no final do ano não seja penalizada pela Envirotrade, a empresa com a qual tem um contrato de provisão de carbono. É que Albertina deve, por obrigação, evitar a morte das plantas e garantir um bom desenvolvimento delas de modo que, pelo menos 85% sobrevivam.

 “Além do milho e da mapira, agora tenho também que ver as árvores, para não morrerem. Plantei muitas árvores e não é fácil controlar todas”, disse Albertina que visita a sua roça duas vezes ao dia.

Como Albertina, outros 1.400 camponeses de Nhambita e outras comunidades do posto administrativo de Púngue, em Sofala, foram contratados para plantar e cuidar de árvores em suas terras. “Quando chegaram, disseram que o projeto era bom, porque ao plantar as árvores receberíamos dinheiro para combater a pobreza e seríamos donos [das árvores] mesmo depois do projeto terminar”, conta um camponês de Nhambita.

O projeto chama-se “Nhambita Community Carbon Project”. O objetivo da Envirotrade é capturar carbono a partir do agroflorestamento, comercializar os créditos de carbono no mercado voluntário - neste momento, Europa e Estados Unidos. Comprando créditos de carbono, as empresas de países industrializados podem “vender” uma boa imagem aos seus clientes, limpar sua consciência e continuar a contaminação do planeta. Com a implementação do REDD+ e a compra dos créditos de carbono pretende-se que países ricos continuem a emitir gases do efeito estufa, desde que financiem projetos de captura de carbono em outros lugares, geralmente em países do sul.

Supervisor técnico da Envirotrade mostra área protegida
Foto: Africa News
 Com esse projeto, a Envirotrade diz estar também contribuindo para diminuir a pobreza das populações.

Para além do uso de terras para o plantio de árvores (gliricidia, faidherbia, cajueiros, mangueiras, espécies madeireiras), as comunidades são igualmente chamadas a proteger e patrulhar uma demarcada área de pouco mais de 10 mil hectares, dos quais a Envirotrade também comercializa créditos de carbono através do mecanismo REDD+.

Os serviços de plantio, conservação e proteção das florestas são regidos por um contrato entre a Envirotrade e os camponeses. O contrato é por tempo determinado e tem a duração de apenas sete anos. Contudo, de acordo com as cláusulas do contrato, o produtor [camponês] tem a obrigação de plantar e cuidar das árvores e receberá um valor anual que varia em função do sistema escolhido e da extensão da terra usada. Após sete anos o pagamento cessa, mas a obrigação de cuidar permanece. “É obrigação do camponês continuar a cuidar das plantas que lhe pertencem, mesmo depois dos sete anos da vigência deste contrato”, determina uma das alíneas da cláusula sobre as obrigações do produtor.

De acordo com a Envirotrade, uma árvore captura carbono por um período de entre 50 a 100 anos. A obrigação de cuidar das plantas e florestas pelos camponeses passa, automaticamente, a ser multigeracional. “Se um camponês perde a vida dentro do período de vigência do contrato, este passa para os legítimos/legais herdeiros [filhos] com todos os direitos, mas também obrigações”, esclarece António Serra, Diretor Nacional da Envirotrade.

Destaque-se que os contratos que regem a atividade não trazem capítulo sobre direitos dos camponeses.

Apoio da Comissão Europeia ao projeto da Envirotrade
Foto: Africa News
 Nhambita é uma comunidade do distrito de Gorongosa, no posto administrativo de Púngue, centro de Moçambique. É rico em biodiversidade e ostenta uma vegetação e riqueza florestal de se cobiçar. A Comissão Europeia financiou a Envirotrade do início do projeto, em 2003, até 2008 com cerca de 1500 mil euros para atividades de pesquisa e experimentação em Nhambita. A Comissão Europeia cortou o financiamento e uma das razões foi por ter constatado irregularidades na metodologia proposta para a medição do carbono.

O que o camponês ganha no negócio

 De acordo com a Envirotrade, os seus projetos têm por objetivo aliviar a pobreza das comunidades, proporcionar desenvolvimento sustentável e conservar a biodiversidade. “É uma nova forma de fazer negócio”, afirma a empresa no seu website, que acredita oferecer um novo modo de vida para indivíduos e comunidades.

Um contrato de um camponês que tivemos acesso estabelece que, a título de prestação de serviço, ele faça o plantio de árvores numa área total de 0,22 hectares (22 metros por 22), no seu quintal, para receber um valor total de 3.215 meticais [moeda oficial de Moçambique], o que corresponde a 128 dólares, para os sete anos de duração do contrato. Para ganhar dinheiro suficiente e aliviar a pobreza, este camponês precisaria de muito mais hectares, diversificação de sistemas e plantar muito mais árvores. O que se verifica praticamente impossível.

O sistema mais pago pela Envirotrade denomina-se “plantação florestal” e pode pagar ao produtor cerca de 17.500 Meticais ( 670 dólares) divididos por sete anos.

 Estes valores são referentes a um hectare, ou seja, o valor pode ser mais alto ou mais baixo dependendo do tamanho da área. Os camponeses em Nhambita têm uma área média de um hectare por família. “Um camponês que tenha 1 hectare pode, em um ano, assinar um contrato com o sistema de bordadura válido por sete anos, no ano seguinte, na mesma área, assinar um contrato de coassociação para sete anos e, no terceiro, assinar um contrato de sete anos para o sistema de quintal. Assim, esse produtor ficará ligado ao projeto por muito tempo”, explicou Antônio Serra, Diretor Nacional da Envirotrade em Moçambique.

Mas não se engane quem pensar que com REDD+ e o plantio de árvores vai ficar rico: “O negócio de carbono não é para tornar ninguém (camponeses) rico. O próprio mercado mostra que tem muitos custos. Não vai tornar as comunidades ricas. As pessoas precisam ter outras formas de rendimento”, disse em entrevista Aristides Muhate, gestor de carbono da Envirotrade. A empresa parou de emitir novos contratos há três anos, devido a problemas financeiros.

Soberania alimentar em perigo

  É importante destacar que a dedicação por esses serviços poderá aumentar a insegurança alimentar da comunidade e das famílias, se olharmos para o tempo e a dimensão da área que o camponês precisa para plantar uma quantidade de árvores que lhe possibilite ganhar mais dinheiro. Isso levará o camponês a “cultivar carbono” no lugar de culturas alimentares.

Por outro lado, “o enfoque nos valores econômicos da conservação das florestas comunitárias, promovida pela Envirotrade, poderá tornar os valores culturais, espirituais e biológicos menos importantes, uma vez que as comunidades sempre souberam conservar as florestas por gerações e gerações”, diz um estudo de Jovanka Spiric, que investigou os impactos socioeconômicos do esquema REDD implementado em Nhambita.

Existe um número considerável de camponeses que abandonaram a roça e se dedicam em tempo integral ao aceiro e patrulha as florestas da área REDD+.

Gabriel Langa*, pai de quatro filhos e com duas esposas, é chefe do grupo que aceira e patrulha o bloco dois, uma área de REDD+ “protegida” na zona de Bué Maria, em Púngue. Antes cultivava para alimentar a família.

 “Agora a atividade principal é o aceiro. Não tenho tempo para ir à machamba”, disse Langa.

Langa vai ganhar 8.845 Meticais (340 dólares) pela fase do aceiro da área “conservada” e dividi-los pelo o grupo (de quatro membros) que chefia.

 As florestas nunca estiveram em risco de desaparecer...

Para a Envirotrade, a zona tampão do parque Nacional de Gorongosa], onde se encontra a comunidade de Nhambita, estava em risco de desaparecer devido ao abate massivo de árvores para carvão e queimadas descontroladas.
O comitê de Gestão dos Recursos Naturais  da localidade de Púngue, que funciona a partir de Nhambita, em Gorongosa, estabelecido antes da chegada da Envirotrade, junto com os líderes comunitários, desmente essa teoria e afirma que sempre soube cuidar e conservar as florestas e a terra na localidade.

 “A comunidade não tinha nenhum problema e sempre soube gerir os recursos. O estabelecimento do Comitê de Gestão, em 2011, veio a reforçar essa capacidade, porque tivemos treinamento para isso”, diz Francisco Samajo, presidente do referido comitê, que acrescenta que “isso é o que provavelmente trouxe a Envirotrade para cá”.

Aristides Muhate, da Envirotrade, reage: “Às vezes, as pessoas querem impor o seu mérito acima de tudo. Todo mundo sabe que essa zona seria hoje de licenciamento para corte ilegal de madeira. Ele [o chefe do comitê de gestão dos recursos] não teria dinheiro para fazer o patrulhamento que ele faz”.

 A Envirotrade financia o comitê de gestão dos recursos naturais para esta, por sua vez, pagar fiscais para patrulhar as florestas e “defendê-las” contra membros da mesma comunidade.

Embora os camponeses afirmem ter benefícios de alguma forma com o projeto da Envirotrade (árvores de fruta, algum dinheiro anualmente, posto de saúde, transporte em caso de doença), parece não haver consenso em admitir que as comunidades eram muito pobres e que a gestão de suas florestas e terras era deficiente.

Outro camponês de Nhambita, Raimundo Eduardo, afirmou que nunca se considerou pobre, porque, segundo ele “tenho machamba e sempre trabalhei”.

 Abandono do plantio de árvores: nem todos consideram a atividade divertida 

Juvenal Francisco, 31, camponês de Nhambita, abandonou o plantio de árvores em 2010 por considerar os serviços sem rendimento. “Parece que eu só trabalhava para eles e não via benefícios para mim”, conta Francisco, que por iniciativa própria dirigiu-se à Envirotrade para manifestar interesse de abandonar a atividade.
O que desmotivou Francisco a rescindir o contrato foi o fato de, a partir do quarto ano, não ter sido pago o valor anual estipulado, por supostamente não ter cuidado devidamente das plantas como a Envirotrade determinou. Juvenal Francisco considera que houve falta de satisfação de uma das obrigações com que a Envirotrade se comprometeu : a de pagar-lhe durante sete anos. “A partir do quarto ano não me pagaram mais e nunca me explicaram o porquê”, disse.

Juvenal conta que tinha plantado mais de 900 unidades de plantas madeireiras e de fruta desde 2007. Agora, dedica o seu tempo para produzir milho, batata doce, mapira e mandioca.

 Este tem sido um grande conflito entre a Envirotrade e muitos camponeses. Um elevado número de “contratados” é descontado por não atingir os 85% da taxa de sobrevivência determinada no contrato. A nossa equipe de reportagem também constatou que, nos últimos três anos, tem-se verificado atrasos nos pagamentos dos serviços ambientais, devido a problemas financeiros.

Camponeses não sabem o que estão fazendo

As comunidades de Nhambita desconhecem o conceito REDD+ e, apesar de alguns camponeses saberem que plantam árvores e conservam as florestas “para vender carbono”, demonstram desconhecer o conceito e os seus mecanismos em sua profundidade.

O Gestor Nacional de Carbono dos projetos da Envirotrade, o engenheiro florestal Aristides Muhate, justifica este fato nos seguintes termos: “há diferentes níveis de informação. Não temos porque perder tempo explicando esses conceitos complicados para os camponeses”. Aristides faz a declaração baseando-se nos baixos níveis de escolarização que a maioria da população de Nhambita e arredores possui.

No entanto, isso pode ser considerado uma violação do direito à informação prévia e ao consentimento livre antes do início das atividades em sua terra. “Sabemos que o rendimento de plantar árvores vem do carbono. No fundo eu não sei mais nada sobre isso”, confessou Elias Manesa, da comunidade de Mutabamba, que mostrou não compreender o que é carbono.

O não fornecimento de toda informação sobre o negócio de carbono da Envirotrade com os recursos da comunidade coloca em xeque os níveis de transparência no processo. A fraca ou inexistente compreensão dos conceitos ligados à REDD+ e aos mercados de carbono por parte dos camponeses faz com que eles disponibilizem os seus recursos e se envolvam em um negócio sem saber as suas implicações: permitir que poluidores do norte continuem com as emissões de carbono na atmosfera, o que coloca em risco o bem estar dos mesmos camponeses, se levar em conta que essas emissões trarão impactos negativos em Moçambique, como a seca e inundações.

Uma mulher camponesa que não tem contrato pessoal com a Envirotrade, mas plantou e cuida das árvores porque seu parceiro decidiu por ambos fazê-lo, também mostra desconhecer a finalidade da atividade.“Só sei que meu marido recebe dinheiro [anualmente] por causa das árvores que plantamos. Não sei de mais detalhes”, contou. De fato, mais da metade dos contratados pela Envirotrade são do sexo masculino. Poucas mulheres detêm posse de terra em Moçambique, embora seja a camada que mais esforço empreende na atividade de produção alimentar e em outros trabalhos com a terra.

 Eminente conflito social

Começam a se instalar sinais de conflitos sociais relacionados com os Pagamentos dos Serviços Ambientais (PSA) entre os membros da comunidade de Nhambita. No futuro o cenário poderá vir a piorar.

Camponeses que não estão contemplados nos PSA manifestam uma espécie de ressentimento por não receber o dinheiro da Envirotrade.

Em outros projetos REDD, em países como Indonésia, os pagamentos por serviços ambientais criam desigualdades devido à diferença na renda e isso tende a criar divisões na comunidade e a comprometer a unidade organizativa, social e cultural.

Por exemplo, o jornal francês Le Monde Diplomatique publicou recentemente um caso de expulsão de camponeses devido à implementação de REDD no México.

Jossias Jairosse é recém-chegado em Nhambita e trabalha na carpintaria comunitária na sua localidade. Quando se instalou na comunidade, a Envirotrade tinha parado com as contratações. Sente-se ressentido e inferior em relação aos demais vizinhos, uma vez que possuem uma renda anual que ele não tem nenhuma possibilidade de obter.

 Território moçambicano cobiçado por outros para REDD+ 

Cerca de 15 milhões de hectares [19% do território nacional] estão sendo pretendidos por uma companhia de capital britânico para REDD+. Os casos de usurpação de terras relacionados com a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal poderão acrescer esta cifra se incluirmos produção de agrocombustíveis e plantações de monoculturas diversas, porque podem converter-se também em REDD+, já que inclui cultivos e solos para os bônus de carbono, e não somente florestas. Segundo o inventário florestal nacional de 2008, cerca de 70% do país (54,8 milhões de hectares) é predominantemente coberto de florestas e outras formações lenhosas. Essas áreas correm o risco de ser usadas para a captura de carbono.

Moçambique encontra-se em posição de privilégio entre os países mais “cobiçados” para a implementação dos chamados projetos de desenvolvimento, com investimento estrangeiro, na África. Por exemplo, o Banco Mundial considera Moçambique como um destino certo para projetos de REDD, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e Agricultura Industrial.

Empresas do norte têm adquirido terras em Moçambique para a produção, exportação, agrocombustíveis e, agora, REDD+. Atualmente, até os chamados países emergentes, a Índia e o Brasil, estão adquirindo terra para o agronegócio e extração mineral.

Na maioria desses casos, comunidades locais, em particular camponeses e populações indígenas, são fortemente afetados e muitos dos seus direitos são violados. Para o caso do REDD+, há um eminente risco de camponeses servirem de empregados a companhias que vão usar recursos florestais e os solos locais para recorrer aos créditos de carbono internacionalmente e maximizar seus lucros, sem necessariamente contribuir para eliminar a pobreza das comunidades.

Na Uganda, 22 mil camponeses foram desalojados de suas terras por conta de um projeto de compensação de carbono florestal em 2011.




Fonte: Brasil de Fato 
Imagem: Google



Jornais paraguaios demonstram revolta pelo ingresso da Venezuela no Mercosul

30 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Foto: Reprodução/ABC Color


Jornais paraguaios demonstram revolta com a decisão tomada por Dilma, Cristina e Mujica de permitir o ingresso da Venezuela no bloco econômico; editorialistas fazem alusão ao acordo de 1865, que se seguiu à Guerra do Paraguai

A decisão tomada ontem pelos presidentes Dilma Rousseff, Cristina Kirchner e Jose Pepe Mujica, de Brasil Argentina e Uruguai, de suspender os direitos do Paraguai e permitir o ingresso da Venezuela reacendeu feridas de uma guerra de 150 anos atrás. Todos os jornais paraguaios demonstraram indignação e fizeram alusão à Guerra do Paraguai, que devastou o país vizinho no século XIX.

Maior jornal do Paraguai, o ABC Color foi enfático. “Meteram pela janela a Venezuela”, decretou. Segundo o periódico, foi um “atropelo à dignidade, às instituições e aos direitos internacionais da República”. O jornal citou a Guerra do Paraguai ao lembrar que o argumento de que a decisão “não é contra o povo” foi o mesmo usado no Tratado de 1865, que pôs fim ao conflito.

No ABC Color, frequentemente têm sido citados como referências positivas alguns colunistas da revista Veja, como, por exemplo, Ricardo Setti. O jornal destaca, por exemplo, que Setti definiu como “golpe” a decisão que permitiu o ingresso da Venezuela no bloco. O maior vilão seria o chanceler argentino Hector Timermann, que, segundo os paraguaios, teria liderado o movimento para punir o país e beneficiar a Venezuela.




Fonte: Brasil247
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A raiva do Governo Golpista do Paraguai pelo corte no envio de petróleo feito pelo Hugo Chavez se traduz na imprensa paraguaia. 

O Parlamento do Paraguai nunca aprovou o ingresso da Venezuela no Mercosul, o mesmo Parlamento que deu o golpe no Povo Paraguaio.

Mas provavelmente em breve virá a "ajuda humanitária" do império americano em troca de bases militares, e com isso talvez o Governo Golpista do Paraguai seja convidado a ser membro da Aliança do Pacífico.

(Burgos Cãogrino)

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Relembrando - 08 de junho

Reino de Espanha:O rei caçador e a Aliança do Pacífico 

 

por Mauro Santayana 

Aliança do Pacífico,para quem não conhece, é uma organização patrocinada pelo México e pela Espanha, que nasce com o claro objetivo de se contrapor à ampliação da presença brasileira na América do Sul, e que reúne, além do México, o Chile, o Peru e a Colômbia.

Combalida política e economicamente, por uma crise que se aprofunda a cada dia, também do ponto de vista social – pela erosão de sua credibilidade internacional – a Espanha e sua diplomacia parecem não ter aprendido nada com as dolorosas lições dos últimos anos.

De passagem por Brasília, aonde vem oferecer, segundo a imprensa ibérica, onze anos depois de sua última visita ao nosso país, uma “aliança política e econômica sem precedentes”, o Rei Juan Carlos tem como destino final na América do Sul, a cidade chilena de Antofagasta, a fim de agregar-se, como “observador”, no dia 6 de junho, à cúpula presidencial da Aliança do Pacífico.

Essa, para quem não conhece, é uma organização patrocinada pelo México e pela Espanha, que nasce com o claro objetivo de se contrapor à ampliação da presença brasileira na América do Sul, e que reúne, além do México, o Chile, o Peru e a Colômbia.

Com a Aliança do Pacífico, a Espanha, que não pode participar de reuniões do Mercosul, da UNASUL e da CELAC, nem mesmo como observadora, contaria – depois do rotundo fracasso de suas cúpulas “ibero-americanas”- com novo instrumento para imiscuir-se nos assuntos do nosso continente.

O outro aliado com que contam os espanhóis nesse processo de tentar promover a divisão sul-americana, é o Paraguai, país tradicionalmente pendular em suas relações externas, que joga para beneficiar-se da ajuda ora do Brasil, ora da Argentina, ora da Espanha, dependendo do momento e das circunstâncias.

Não foi por outro motivo que o Paraguai aceitou promover a fracassada cúpula “ibero-americana” de Assunção, em novembro do ano passado, que terminou com a ausência dos países mais importantes da região, mas contou com a presença justamente do México e do Chile, co-patrocinadores da “Aliança do Pacífico”.

 É também importante registrar, nesse contexto, a posição do parlamento paraguaio que impede, há anos, a expansão do Mercosul, ao não ratificar a entrada da República da Venezuela no Tratado, já aprovada pelos outros membros do bloco.

 A diplomacia brasileira, com a chegada do Rei Juan Carlos a Brasília nesta segunda-feira – data em que ocorrerá, em Madri, reunião “técnica” para discutir a questão da expulsão de brasileiros dos aeroportos espanhóis nos últimos anos – tem excelente oportunidade para deixar claro que não concorda com a interferência externa no espaço sul-americano.

Com relação ao Paraguai, qualquer concessão do grupo, no futuro, poderia ser negociada – em todas as instâncias, incluída a parlamentar – de forma a obter rápida aprovação à entrada da República da Venezuela no Tratado do Mercosul. Enquanto isso, nada impede que o Uruguai, a Argentina e o Brasil possam negociar acordos bilaterais de livre comércio com Caracas.

É difícil, tendo em vista a formação histórica de nossos países, que a tentativa de divisionismo entre o Brasil e os países ocidentais do continente tenha êxito. O México sempre foi uma realidade à parte, menos durante o governo nacionalista de Cárdenas, quando seus atos o incluíam na mesma ordem de pensamento de Getúlio Vargas. Como se recorda, Cárdenas nacionalizou o petróleo em 1938, sem que os Estados Unidos, já em preparação para a guerra, tomasse qualquer medida de retaliação. Nos últimos trinta anos, no entanto, os governos do México têm sido fiéis vassalos dos Estados Unidos e é, sem dúvida, a serviço de Washington, que sua diplomacia atua ao lado do Chile e de Madri.

 Há razões ainda mais antigas que tornam difícil essa aliança da Costa do Pacífico. O povo peruano não se esquece, até hoje, da ocupação de Lima pelas forças chilenas, em janeiro de 1881, na Guerra do Pacífico, que lhe custou a amputação de parte de seu território (a Província de Tacna) por 50 anos, só recuperada depois de imensos sacrifícios e desgastantes negociações diplomáticas.

A Bolívia sofreu ainda mais com os chilenos: todo o litoral do Pacífico que lhe pertencia (a rica e extensa província de Antofagasta) foi anexado, e La Paz perdeu seu acesso ao oceano. Esse conflito – provocado pelos interesses ingleses e norte-americanos – não foi completamente superado, e é uma lição de como os estranhos, com suas intrigas, causam as tragédias ao fomentar as guerras entre vizinhos. 

Essa mesma interferência estrangeira – no caso, das empresas petrolíferas americanas e inglesas – provocou a carnificina da Guerra do Chaco, entre a Bolívia e o Paraguai, nos anos 30 do século passado.

 O México rompeu relações com a Espanha e dela esteve distanciado até o fim do franquismo. Hoje, apesar da submissão de sua política externa aos Estados Unidos, grande parte da opinião pública mexicana rejeita aproximação maior com Madri. 

Não há qualquer razão para que a Espanha de Juan Carlos, que vem sacrificando seu grande povo, em favor dos exploradores de sempre (hoje reunidos na globalização do neoliberalismo), venha a se meter no encontro de Antofagasta.

Isso só se explica pela desesperada busca de apoio internacional, no momento em que sua economia e suas instituições (sobretudo a monarquia) entram em acelerado declínio de credibilidade interna. 

Com suas grandes empresas e bancos endividados (só a Telefónica, que atua no Brasil com a marca Vivo, deve mais de 100 bilhões de dólares), reduz-se o prestígio internacional do governo e da monarquia espanhola. O Rei – é o que se diz na imprensa espanhola – vem nos propor “relações políticas e econômicas sem precedentes”. Em lugar de relações novas e excepcionais, os brasileiros querem apenas que sejam tratados com respeito em território espanhol, quando viajarem à Europa. 

A cortesia diplomática recomenda que recebamos bem o Rei – em nome do respeito ao povo espanhol – mas os nossos interesses no mundo recomendam que não nos comprometamos com um governo que está arrochando seu povo com medidas econômicas draconianas, enquanto os ricos continuam saqueando os trabalhadores e retirando seus capitais do país.

A queda da popularidade de Piñera no Chile, a aproximação crescente do Brasil com a Colômbia, e a iminência de um governo de esquerda no México, retiram da monarquia espanhola espaço para suas manobras diplomáticas em nossa região. 

Provavelmente, o Brasil – como agiu quando da reunião anterior, no Paraguai – se ausente do próximo encontro de Chefes de Estado dos paises “ibero-americanos”, previsto para realizar-se na cidade de Cadiz, na Espanha, em novembro deste ano. Para discutir o futuro dos nossos países contamos com a UNASUL e o Conselho de Defesa Sul-americano, e, no contexto do espaço ampliado da América Latina, a CELAC. Nós, e nossos vizinhos, não temos nada a fazer do outro lado do Atlântico, assim como a elite neocolonial de nossas antigas metrópoles não têm nada a fazer, institucionalmente, do lado de cá. 


Fonte: Kaosenlared



Hino em defesa da soberania Latino Americana

29 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



Neste momento em que o continente sofre mais um golpe, depois da tentativa na Venezuela, em 2002, e o último ocorrido em Honduras, 2009, agora o Paraguai, mais do que nunca é importante cantar esta obra-prima em forma de canção, uma homenagem à América Latina.







Fonte: Vermelho
Vídeo: Youtube



O mundo sobreviverá à ambição arrogante de Washington?

28 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 


Por Paul Craig Roberts, Institute of Political Economy

 tradução Vila Vudu

Quando o presidente Reagan nomeou-me para o cargo de vice-secretário do Tesouro para Política Econômica, disse-me que tínhamos de restaurar a economia dos EUA, resgatá-la da estagnação, para voltarmos a ter economia forte, para enfrentar os soviéticos e convencê-los a negociar o fim da Guerra Fria.

Reagan disse que não havia motivo algum para continuarmos a viver sob a ameaça de uma guerra nuclear. O governo Reagan alcançou os dois objetivos.

Mas, imediatamente depois, esses dois sucessos do governo Reagan foram descartados pelos governos que vieram depois dele. Foi o próprio vice-presidente de Reagan e seu sucessor na presidência, George Herbert Walker Bush, quem primeiro violou o acordo Reagan-Gorbachev: ao incorporar à OTAN partes do Império Soviético; e ao instalar bases militares ocidentais junto à fronteira da Rússia.

O processo de cercar a Rússia com bases militares prosseguiu sem descanso ao longo de vários governos nos EUA, com inúmeras “revoluções coloridas” pagas pelo Fundo Nacional dos EUA para a Democracia [orig. US National Endowment for Democracy, NED] que, para muitos, não passa de fachada para ações clandestinas da CIA. Washington tentou ‘mudança de regime’ na Ucrânia, para instalar ali um governo controlado por Washington; e na Georgia ex-soviética, terra natal de Joseph Stalin, conseguiu.

O presidente da Georgia, país entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, é reles fantoche de Washington. Anunciou, há pouco tempo, que a Georgia ex-soviética será incorporada à OTAN, como membro pleno, em 2014.

Os mais velhos ainda lembrarão que a Organização do Tratado do Atlântico Norte, OTAN, é aliança criada entre a Europa Ocidental e os EUA, contra o perigo de o Exército Vermelho tomar toda a Europa Ocidental. O Atlântico Norte fica muito, muito longe do Mar Negro e do Mar Cáspio. Por quê a Georgia seria convertida em membro da OTAN... a menos que se trate de, assim, oferecer a Washington uma base militar no “baixo ventre macio da Rússia” [ing. russian soft underbelly, expressão criada por Churchill, no início do século 20]?

É absolutamente evidente, evidente demais, que os EUA – os dois principais partidos – já decidiram que Rússia e China são os inimigos ‘da hora’. Ainda não se sabe se o ‘projeto’ é destruir os dois países ou apenas incapacitá-los e torná-los impotentes, para que não se possam opor ao avanço imperial de Washington. Seja qual for o projeto, todos os caminhos levam à guerra nuclear.

A prostituída imprensa-empresa norte-americana [orig, presstitute American press] insiste em que um diabólico governo Sírio ‘do mal’ estaria assassinando civis inocentes, que só ansiariam por democracia; que se a ONU não intervier militarmente, os EUA terão de agir, em nome da defesa de direitos humanos. Rússia e China são pintadas como demônios-assessores do demônio mor sírio, até por altos funcionários do governo dos EUA, porque se opõem ativamente à ideia ensandecida de que a OTAN ‘deve’ atacar a Síria.

Os fatos são muito diferentes e absolutamente não aparecem na prostituída imprensa-empresa norte-americana e nas ‘declarações’ de altos funcionários do governo dos EUA. Os ‘rebeldes’ sírios estão armados com armamento militar. Os ‘rebeldes’ estão lutando contra o exército sírio. Os ‘rebeldes’ massacram civis. Os mesmos ‘rebeldes’, em seguida, ‘informam’ às mídias prostituídas que lhes prestam o sujo serviço de distribuir propaganda no ocidente, que os massacres seriam obra do governo sírio. E subprostitutas da subimprensa-empresa de repetição repetem para todo o ocidente a mesma propaganda.

Dado que as armas que se veem nas mãos dos ‘rebeldes’ não estão à venda nos mercados sírios nem em banca de frutas, é óbvio que alguém está armando os ‘rebeldes’. Os melhores analistas e observadores do mundo têm repetido que aquelas armas são fornecidas aos ‘rebeldes’ pelos EUA ou por subalternos aos quais os EUA atribuem a tarefa (local) de armar ‘rebeldes’ (locais), em vários pontos do mundo.

Assim sendo, já não é segredo que Washington provocou uma guerra civil na Síria, exatamente como fez na Líbia. Apenas que, dessa vez, russos e chineses perceberam a tempo e absolutamente não permitirão que se aprove, no Conselho de Segurança da ONU, resolução-golpe semelhante à que o ocidente conseguiu arrancar do CS e usou contra Gaddafi.

Para contornar esse impedimento, peguem aí um avião Phantom velho, dos anos 1960s, da Guerra do Vietnã, e mandem a Turquia mandar o Phantom voar para dentro das fronteiras sírias. Os sírios derrubarão o jato velho e, então, a Turquia apelará aos seus aliados na ONU, para que acorram em seu socorro contra a Síria. Fracassada a opção ONU, Washington poderá invocar algum neo ‘dever-de-atacar’, nos termos do tratado que criou a OTAN, para defender aliado membro da OTAN... contra a Síria já eficazmente demonizada.

A mentira neoconservadora que continua a ser usada como justificativa por trás das chamada ‘guerras de hegemonia’ de Washington é a mentira de que os EUA estariam levando democracia aos países que invade, ocupa e destrói com bombardeios. Mal parafraseando Mao, “a democracia nasce do cano do fuzil”. Contudo, pouca democracia há à disposição da Primavera Árabe; menos ainda, no Iraque e no Afeganistão, dois países que foram “libertados” na invasão-ocupação-bombardeio democráticos dos EUA.

Os EUA estão distribuindo guerras civis e países estilhaçados, pelo mundo. Exatamente o que o presidente Bill Clinton distribuiu na ex-Iugoslávia. Quanto maior o número de países desmontados, reduzidos a cacos e dilacerados por guerras entre grupos locais rivais... maior o poder de Washington.

A Rússia de Putin entende claramente que a própria Rússia está sob ameaças, não só porque Washington paga para criar uma “oposição russa”, mas, também, porque Washington trabalha para criar guerras entre facções islamistas, também em estados seculares de população muçulmana, como o Iraque e a Síria. Essas cisões respingam também sobre a Rússia e fazem despertar questões russas, como o terrorismo checheno.

Quando um estado secular é derrubado, as facções islamistas ficam liberadas para saltar, umas ao pescoço das outras. A guerra interna paralisa o país, torna-o impotente. Como já escrevi outras vezes, o ocidente sempre conseguiu controlar o oriente porque as facções islamistas odeiam-se umas as outras mais do que odeiam o conquistador ocidental. Assim, quando Washington destrói governos seculares não islamistas, como destruiu o Iraque e, agora, tenta destruir a Síria, os islamistas emergem e põem-se a disputar a supremacia entre eles mesmos. Nada melhor, do ponto de vista de Israel e Washington, que esses estados que perdem as condições de agir como adversário resistente coerente.

A Rússia é hoje vulnerável, porque Putin é demonizado pela mídia nos EUA em geral e por Washington em especial, e porque a oposição a Putin, dentro da Rússia é financiada por Washington e trabalha a favor dos interesses dos EUA, não dos russos. O inferno que Washington está construindo e espalhando pelos estados muçulmanos respinga sobre as populações muçulmanas dentro da Rússia.

Já se sabe que é mais difícil para Washington interferir nos assuntos internos da China, embora já haja sinais de que a semeadura de discórdia já começa a brotar em algumas províncias. Espera-se que, dentro de alguns anos, a economia chinesa suplante, em valores, a economia dos EUA; pela primeira vez na história, uma potência asiática aparecerá à frente das demais economias mundiais e à frente das mais poderosas economias ocidentais .

Essa possibilidade já bem real abala profundamente Washington. Washington, que se deixou derrotar e é hoje governada por Wall Street e outros grupos de negócios específicos, é absolutamente impotente para deter o continuado declínio da economia norte-americana.

Os especialistas que vivem da jogatina em Wall Street, aos quais só interessam os ganhos de curtíssimo prazo; o complexo militar/segurança, que lucra com a guerra; e as empresas que exportaram, com a produção de bens e serviços, também os postos de trabalho dos norte-americanos, e que hoje lucram com isso são as forças que elegem representantes e nomeiam autoridades em Washington. E assim, enquanto a economia norte-americana naufraga, a economia chinesa prospera.

A resposta de Washington a essa situação? Militarizar o Pacífico. A secretária de Estado Hillary Clinton “área de interesse nacional dos EUA”, o Mar do Sul da China. Os EUA estão chantageando o governo das Filipinas, usando lá a “carta chinesa” (a ameaça viria da China) e trabalhando para conseguir que a Marinha dos EUA seja convidada a voltar para a base naval que ocupou, há tempos, na Baía Subic. Recentemente, houve manobras conjuntas entre exércitos e marinhas dos EUA e das Filipinas: treinamento para enfrentar “a ameaça chinesa”.

A Marinha dos EUA está deslocando navios para o Pacífico e construindo nova base naval numa ilha da Coreia do Sul. Os Marines dos EUA já estão baseados na Austrália e estão sendo realocados, do Japão, para outros países asiáticos. Os chineses nada têm de idiotas. Sabem perfeitamente que Washington está tentando encurralar a China.

Para um país incapaz de ocupar o Iraque depois de oito anos de guerra; e incapaz de ocupar o Afeganistão depois de 11 anos de guerra... imaginar-se capaz de tomar e ocupar simultaneamente duas potências nucleares é, simplesmente, ato de insanidade.

A húbris, a arrogância enlouquecida, alimentada diariamente em Washington por doidos neoconservadores que ainda não viram, até hoje, o extraordinário fracasso dos EUA no Iraque e no Afeganistão, meteram-se, agora, a provocar duas potências gigantes – Rússia e China. A história do mundo, em todos os tempos, jamais, antes, assistiu a tamanha imbecilidade.

Psicopatas, sociopatas, doidos varridos e idiotas ‘normais’ que mandam em Washington estão arrastando os EUA e o mundo, para vastíssima desgraça. Os governos que se sucedem em Washington – tanto faz que sejam governos Democratas ou Republicanos – , e independente de quem venha a ser o próximo presidente dos EUA são, hoje, a mais grave ameaça à vida nesse planeta, que jamais houve, em todos os tempos. Como se não bastasse, os criminosos de Washington contam com a cumplicidade incondicional da empresa-imprensa.

Em próxima coluna, examinarei a chance que talvez ainda haja de os criminosos de guerra que comandam Washington e sua empresa-imprensa de repetição conseguirem levar a termo o total colapso da economia dos EUA, antes de que os mesmos criminosos de guerra consigam por fogo no mundo.

 

 

Fonte: Vermelho

Imagem: Google 



América do Sul pode sofrer com era de instabilidade

27 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

À medida que a queda de Fernando Lugo vai ficando para trás, os presidentes que permanecem em seus cargos na América do Sul passam a botar em questão o próprio futuro. Ou o de seus sucessores. Embasada pela lei paraguaia, a deposição do presidente tem potencial para contaminar toda a região, na avaliação do Palácio do Planalto. Bastaria que os mandatários fossem encurralados pela maioria de seus Congressos, como ocorreu com Lugo, e conseguissem um pretexto para a deposição -- no caso paraguaio, foi a morte de 17 pessoas em conflito agrário. 

 

É a partir desse raciocínio que os membros do Mercosul e da Unasul trabalham para dar uma resposta dura à decisão dos parlamentares do Paraguai, já que, instalado o clima de instabilidade, ninguém estaria seguro, independente da posição política. No curto prazo, quem estaria em posição mais vulnerável é o boliviano Evo Morales, que, a exemplo de Lugo, é mais atencioso em seu governo com uma parte específica da população – assim como Evo, Lugo era próximo dos movimentos sociais do campo e foi acusado de não reprimir corretamente seus abusos.


Há o temor também, contudo, de que, caso escolhido nas eleições deste ano, o venezuelano Henrique Capriles, grande oposicionista do presidente Hugo Chávez, se transforme em vítima desse clima de instabilidade. Quem também não está nada seguro no cargo é o presidente colombiano Juan Manuel Santos, que se posicionou claramente contra a deposição de Lugo. Ele sofre forte oposição do seu antecessor, Álvaro Uribe, que quer se candidatar de novo.

A Argentina de Cristina Kirchner não passa lá também pelo seu momento mais tranquilo -- a presidente teve inclusive de voltar mais cedo da Rio+20, para lidar com uma greve de caminhoneiros que ameaçava parar o país. O Equador, onde o presidente Rafael Correa chegou a se dizer vítima de golpe em 2010, é outro país extremamente vulnerável a tensões políticas.

Com ambiente de menor tensão, Brasil, Chile e Uruguai parecem os países menos expostos a reflexos internos da deposição no Paraguai, mas se os distúrbios se espalharem pelo continente, todos serão afetados. A diferença do caso paraguaio para crises nesses outros países é que a intensidade da reação popular tende a ser muito maior.

Fonte: Brasil247 

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"Embasada pela lei paraguaia, a deposição do presidente tem potencial para contaminar toda a região" 


Será isso um aviso?

 

O golpe no Paraguai mostra a facilidade que foi deposto um governo que foi eleito pelo povo.


Começará a famosa "Primavera" na América do Sul?

 

Burgos Cãogrino

 

 

 



O Golpe no Paraguai e a tríplice fronteira

25 de Junho de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



 O golpe em Assunção e a tríplice fronteira


A moderação dos Estados Unidos, que dizem estranhar a rapidez do processo de impeachment do presidente Lugo, não deve alimentar o otimismo continental. Em plena campanha eleitoral, a equipe de Obama (mesmo a senhora Clinton) caminha com cautela, e não lhe convém tomar atitudes drásticas nestas semanas.

Esta razão os leva a deixar o assunto, neste momento, nas mãos da OEA. Na verdade, se as autoridades de Washington não ordenaram a operação relâmpago contra Lugo, não há dúvida de que o Parlamento paraguaio vem sendo, e há muito, movido pelo controle remoto do Norte.

 E é quase certo que, ao agir como agiram, os inimigos de Lugo contavam com o aval norte-americano. E ainda contam. Conforme o Wikileaks revelou, a embaixada norte-americana informava a Washington, em março de 2009, que a direita preparava um “golpe democrático” contra Lugo, mediante o Parlamento. Infelizmente, não sabemos o que a embaixada dos Estados Unidos em Assunção comunicou ao seu governo depois e durante toda a maturação do golpe: Assange e Meaning estão fora de ação.




 Não é segredo que os falcões ianques sonham com o controle da Tríplice Fronteira. Não há, no sul do Hemisfério, ponto mais estratégico do que o que une o Brasil ao Paraguai e à Argentina. É o ponto central da região mais populosa e mais industrializada da América do Sul, a pouco mais de duas horas de voo de Buenos Aires, de São Paulo e de Brasília. Isso sem falar nas cataratas do Iguaçu, no Aquífero Guarani e na Usina de Itaipu. Por isso mesmo, qualquer coisa que ocorra em Assunção e em Buenos Aires nos interessa, e de muito perto.

 Não procede a afirmação de Julio Sanguinetti, o ex-presidente uruguaio, de que estamos intervindo em assuntos internos do Paraguai. É provável que o ex-presidente — que teve um desempenho neoliberal durante seu mandato — esteja, além de ao Brasil e à Argentina, dirigindo suas críticas também a José Mujica, lutador contra a ditadura militar, que o manteve durante 14 anos prisioneiro, e que vem exercendo um governo exemplar de esquerda no Uruguai.

 Não houve intervenção nos assuntos internos do Paraguai, mas a reação normal de dois organismos internacionais que se regem por tratados de defesa do estado de direito no continente, o Mercosul e a Unasul — isso sem se falar na OEA, cujo presidente condenou, ad referendum da assembleia, o golpe parlamentar de Assunção.

 É da norma das relações internacionais a manifestação de desagrado contra decisões de outros países, mediante medidas diplomáticas. Essas medidas podem evoluir, conforme a situação, até a ruptura de relações, sem que haja intervenção nos assuntos internos, nem violação aos princípios da autodeterminação dos povos.

 A prudência — mesmo quando os atos internos não ameacem os países vizinhos — manda não reconhecer, de afogadilho, um governo que surge ex-abrupto, em manobra parlamentar de poucas horas. E se trata de sadia providência expressar, de imediato, o desconforto pelo processo de deposição, sem que tenha havido investigação minuciosa dos fatos alegados, e amplo direito de defesa do presidente.

 Registre-se o açodamento nada cristão do núncio apostólico em hipotecar solidariedade ao sucessor de Lugo, a ponto de celebrar missa de regozijo no dia de sua posse. O Vaticano, ao ser o primeiro a reconhecer o novo governo, não agiu como Estado, mas, sim, como sede de uma seita religiosa como outra qualquer.

 O bispo é um pecador, é verdade, mas menos pecador do que muitos outros prelados da Igreja. Ele, ao gerar filhos, agiu como um homem comum. Outros foram muito mais adiante nos pecados da carne — sem falar em outros deslizes, da mesma gravidade — e têm sido “compreendidos” e protegidos pela alta hierarquia da Igreja. O maior pecado de Lugo é o de defender os pobres, de retornar aos postulados da Teologia da Libertação.

 Lugo parece decidido a recuperar o seu mandato — que duraria, constitucionalmente, até agosto do próximo ano. Não parece que isso seja fácil, embora não seja improvável. Na realidade, Lugo não conta com a maior parcela da classe média paraguaia, e possivelmente enfrente a hostilidade das forças militares. Os chamados poderes de fato — a começar pela Igreja Católica, que tem um estatuto de privilégios no Paraguai — não assimilaram o bispo e as suas ideias. Em política, no entanto, não convém subestimar os imprevistos.

 Os fazendeiros brasileiros que se aproveitaram dos preços relativamente baixos das terras paraguaias, e lá se fixaram, não podem colocar os seus interesses econômicos acima dos interesses permanentes da nação. É natural que aspirem a boas relações entre os dois países e que, até mesmo, peçam a Dilma que reconheça o governo. Mas o governo brasileiro não parece disposto a curvar-se diante dessa demanda corporativa dos “brasiguaios”.

 No Paraguai se repete uma endemia política continental, sob o regime presidencialista. O povo vota em quem se dispõe a lutar contra as desigualdades e em assegurar a todos a educação, a saúde e a segurança, mediante a força do Estado. Os parlamentos são eleitos por feudos eleitorais dominados por oligarcas, que pretendem, isso sim, manter seus privilégios de fortuna, de classe, de relações familiares.

 Nós sofremos isso com a rebelião parlamentar, empresarial e militar (com apoio estrangeiro) contra Getulio, em 1954, que o levou ao suicídio; contra Juscelino, mesmo antes de sua posse, e, em duas ocasiões, durante seu mandato. Todas foram debeladas. A conspiração se repetiu com Jânio, e com Jango — deposto pela aliança golpista civil e militar, patrocinada por Washington, em 1964.

 A decisão dos países do Mercosul de suspender o Paraguai de sua filiação ao tratado, e a da Unasul de só reconhecer o governo paraguaio que nasça das novas eleições marcadas para abril, não ferem a soberania do Paraguai, mas expressam um direito de evitar que as duas alianças continentais sejam cúmplices de um golpe contra o estado democrático de direito no país vizinho.


  


Fonte: JB Online, Vermelho
Imagem: Google