Jornalismo só deve fazer afirmações quando tiver evidências, ou indícios, sobre a afirmação. Quanto mais improvável a afirmação que o jornalista está fazendo, mais forte deve ser seu corpo de evidências e indícios.
A velha imprensa brasileira não só ignora como costuma emplacar novas afirmações, ainda mais improváveis, para explicar as antigas afirmações.
Veja o caso do recuo do recuo. Fica até difícil de entender.
Recentemente a Folha de São Paulo veio com a fantástica afirmação que Dilma recuou na questão do "sigilo eterno" de documentos. Para embasar essas afirmações a Folha veio com a afirmação da Ideli Salvati(Relações Institucionais) que o governo respeitará a decisão do congresso e uma deturpação da afirmação da Dilma: "É público e notório que eu era favor de abrir todos os documentos." Digo deturpação porquê o contexto da entrevista é totalmente diferente, Dilma estava falando em acabar com a classificação de "ultrasecreto" não do prazo estipulado para os sigilos. Isso fica claro na entrevista, mas a Folha errou na interpretação e não expôs o contexto original. Leiam, ou assistam:
Não bastasse essa "interpretação" de afirmações não colocadas em contexto, a realidade começou a divergir da versão. Dilma, ao invés de recuar do fim do sigilo eterno, orientou a base do governo a votar na forma do projeto que mantém os documentos, ao máximo, 50 anos em sigilo.
Para não ficar óbvio a dissociação entre a redação da Folha e a realidade eles vem com a seguinte manchete: "Dilma recua do recuo". Assim é fácil.
Ficam como sugestão para novas manchetes:
"Exclusivo: Dilma pensou em renunciar no café da manhã mas voltou atrás na ida ao Planalto"
"Dilma iria vender a seleção brasileira aos Estados Unidos, mas desistiu"
"Cair para cima: Lei da Gravidade seria invertida hoje, mas Folha apurou que não irá mais"
Dos recuos dos recuos e das vtórias inexistentes
2 de Julho de 2011, 21:00 - sem comentários ainda | No one following this article yet.
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