Não é apenas no flanco mais intelectualizado do ninho tucano que ocorre o cisma. Em São Paulo, Estado-chave para a legenda, o PSDB quer Aécio Neves fora do Senado.
Por Redação – de São Paulo
Ícone intelectual e um dos “pais” do Plano Real, o economista Gustavo Franco anunciou, nesta quinta-feira, que está de malas prontas para deixar o PSDB. Ele culpa, diretamente, a crise gerada pela indecisão da legenda em afastar o senador mineiro Aécio Neves. Em nova, o Partido Novo — em fase de formação — informou que o ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) passará a presidir a agremiação. No posto, será responsável por elaborar o programa de governo para a campanha de 2018.
De acordo com o estatuto da legenda, aqueles que ocupam cargos na direção não poderão se candidatar. A nova legenda espera, assim, que a economista Elena Landau tome a mesma decisão. Em agosto, ambos fizeram um apelo à direção tucana pedindo o desembarque do governo Michel Temer (PMDB).
Edmar Bacha, que também assinou o documento, ainda conversa com o fundador do Novo e provável candidato a presidente, João Amôedo. Em nota, o partido afirmou que “a vinda de uma pessoa competente, alinhada e comprometida com os valores do Novo, como o Gustavo, é mais um passo rumo à construção de um país admirado”.
Cisma em SP
Não é apenas no flanco mais intelectualizado do ninho tucano que ocorre o cisma. Em São Paulo, Estado-chave para a legenda, o PSDB quer Aécio Neves fora do Senado. E o partido o mais distante possível do governo de Michel Temer.
Filho do ex-governador Mario Covas, o presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, vereador Mario Covas Neto, afirmou, na noite passada, que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi “corajosa e independente”. E que os ministros da Corte se basearam em “evidências muito fortes”.
Covas Neto defendeu o afastamento definitivo de Aécio do comando nacional do PSDB; mas afirmou que o tucano, em princípio, não deverá ser suspenso nem expulso do partido.
Os ministros da Primeira Turma do Supremo, por 3 votos a 2, determinaram o afastamento do mandato. E, ainda, o recolhimento noturno do senador em sua residência. A prisão de Aécio Neves foi negada por todos os ministros; que não consideraram ter ocorrido flagrante de crime inafiançável.
Conselho de Ética
Um dia depois de soltar uma polêmica nota oficial contra o afastamento do senador Aécio Neves, o PT anunciou nesta quinta-feira que irá ao Conselho de Ética. Entrará com um pedido sua cassação.
Leia, adiante, a nova nota do PT:
O Partido dos Trabalhadores entra hoje no Conselho de Ética com representação contra o senador Aécio Neves por quebra de decoro parlamentar.
“O Código de Ética do Senado Federal dá poderes para a Casa tratar do assunto e afastar o Senador Aécio Neves. Por isso, nós vamos acionar os mecanismos institucionais adequados para que isso seja feito”, explica a senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do partido.
O Partido dos Trabalhadores reafirma que a decisão do STF não tem previsão constitucional. Quem tem poder de afastar temporária ou definitivamente um senador no exercício de seu mandato é o próprio Senado Federal.
O PT não tem nenhuma razão para defender Aécio Neves, mas tem todos os motivos para defender a democracia e a Constituição.
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