Tue, 30 Jul 2013 23:21:09 +0000
30 de Julho de 2013, 17:21 - sem comentários aindaSenadora ruralista Katia Abreu perde processo para o Greenpeace
- Estados do Brasil:
Decisão do Tribunal de Justiça do DF foi unânime e assegura liberdade de expressão
30/07/2013
da Redação
Em decisão unânime, os desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), decidiram contra o pedido de indenização por danos morais requerido pela senadora e presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária no Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO), ao Greenpeace Brasil.
Em 2009, a congressista entrou contra a entidade na Justiça alegando danos morais após ter sido chamada de “miss desmatamento” e “rainha do desmatamento” por três ativistas no Congresso Nacional durante protesto contra a atuação dela na aprovação da Medida Provisória 458, conhecida como “MP da grilagem”, por permitir a legalização da invasão de terras na Amazônia.
Na decisão publicada na segunda-feira passada (22), os desembargadores Waldir Leônio Lopes Júnior, J.J. Costa Carvalho e Sérgio Rocha concluíram que “não houve, no caso vertente [por parte dos manifestantes do Greepence], exercício abusivo da liberdade de manifestação, do pensamento e de expressão motivo pelo qual inexiste conduta ilícita”.
“A decisão da Justiça é marcante e versa sobre algo muito mais amplo do que liberdade de manifestação. O que os desembargadores entenderam é que, como senadora, Kátia Abreu necessita dar satisfação de sua atuação pública e pode ser questionada por isso”, disse Fernando Furriela, advogado do Greenpeace Brasil, em nota publicada no site do Greenpeace Brasil.
Foto: Greenpeace
Filed under: Sem categoria Tagged: ARCAICO
Tue, 30 Jul 2013 23:19:52 +0000
30 de Julho de 2013, 17:19 - sem comentários aindaFeridas em ‘confronto policial’, 95% das vítimas transportadas pela polícia morrem
ONG Human Rights Watch alerta que “os esforços legítimos para inibir a criminalidade foram prejudicados por policiais que forjavam ‘resistências seguidas de morte’
29/07/2013
Camila Maciel
Quase a totalidade (95%) das pessoas feridas em confronto com a polícia paulista e que foram transportadas por policiais civis ou militares, entre 2 de janeiro e 31 de dezembro de 2012, morreram no trajeto ou no hospital. Das 379 pessoas removidas, segundo os registros do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), 360 morreram. A análise foi feita pela organização não governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) e expressa a preocupação da entidade sobre a responsabilização de policiais que cometem execuções extrajudiciais. A HRW envia hoje (29) uma carta sobre o assunto às autoridades de segurança pública do estado.
A organização alerta que “os esforços legítimos para inibir a criminalidade foram prejudicados por policiais que forjavam ‘resistências seguidas de morte’ e alteravam as cenas dos crimes para minar o trabalho de perícia”, assinala o documento. Para o levantamento, foram analisados casos de mortes causadas por ação policial e foram entrevistadas autoridades policiais, promotores de Justiça, agentes, especialistas no tema, representantes da sociedade civil e parentes de vítimas.
Apesar da redução de aproximadamente 34% das mortes causadas por ação policial durante os seis primeiros meses de 2013, na comparação com o mesmo período do ano passado, a média de mortes, na avaliação da organização, permanece elevada, com seis mortes por semana. “Falsos registros de ocorrências policiais e outras formas de acobertamento são problemas sérios no estado”, alerta a entidade.
A HRW analisou 22 casos de morte em decorrência de intervenção policial, ocorridos entre os anos de 2010 e 2012. “As provas disponíveis lançam sérias dúvidas sobre o uso legítimo da força letal”, aponta. De acordo com a carta, as mortes causadas pelo Batalhão da Tropa de Choque, Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) despertam particular preocupação, tendo em vista que 247 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas em casos registrados como resistência seguida de morte ou de lesão corporal. Em contrapartida, nenhum soldado do batalhão foi morto nesses episódios.
Em um dos casos, um policial da Rota disse ter atirado em Caio Bruno Paiva em uma ocorrência de resistência no bairro Itaim Paulista, extremo leste da capital, em novembro de 2011. Uma testemunha declarou, em depoimento formal à Ouvidoria da Polícia, que o policial atirou em Paiva à queima-roupa enquanto ele declarava sua inocência. A HRW destaca também que relatos feitos por testemunhas à imprensa dão conta de que o policial atirou no ar enquanto chamava o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom). Para a entidade, as evidências sugerem que um policial teria forjado um tiroteio.
Outro caso relatado na carta ocorreu em julho do ano passado, quando dois homens foram mortos a tiros em um caso registrado como “resistência seguida de morte”. César Dias de Oliveira e Ricardo Tavares da Silva foram levados para o Hospital Municipal Antônio Giglio, no centro de Osasco, na Grande São Paulo. Testemunhas, entretanto, disseram em depoimento que não houve troca de tiros e que Oliveira foi colocado em uma viatura policial ferido na perna e suplicando por sua vida. Ao chegar ao hospital, ele tinha sido alvejado por dois tiros no peito, segundo o laudo necroscópico.
A organização considera um avanço a resolução da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro de 2013, que estabelece um novo procedimento para ocorrência policiais relativas a homicídios. A norma determina que os policiais que primeiro atenderem a ocorrência devem acionar, imediatamente, a equipe do resgate ou serviço local de emergência e comunicar o Copom, além de preservar o local até a chegada da perícia para que nada seja alterado. Também houve mudança no termo utilizado para registrar casos com participação de policiais como “morte decorrente de intervenção policial”, em vez de “resistência seguida de morte”.
Entre as recomendações emitidas às autoridades, a organização destaca a necessidade de responsabilizar os policiais infratores. Para tanto, pede a punição dos policiais que removerem vítimas em circunstâncias não explicitamente previstas. À Polícia Judiciária, a HRW sugere que seja feita a investigação integral das suspeitas de homicídios cometidos por policiais e que haja mais agilidade na notificação desses casos ao Ministério Público. Sugere também que os promotores estaduais sejam estimulados a monitorar rigorosamente as investigações feitas pela polícia nos casos em que há morte decorrente de intervenção da própria polícia.
A Secretaria de Segurança Pública foi procurada pela Agência Brasil para comentar as críticas da organização não governamental, mas até o momento da publicação da matéria não retornou o contato.
(Foto: Zanone Fraissa / Folhapress)
Filed under: Sem categoria Tagged: POLICIA
Tue, 30 Jul 2013 23:00:17 +0000
30 de Julho de 2013, 17:00 - sem comentários aindaMÉDICOS DE 22 ESTADOS SE UNEM CONTRA ‘MAIS MÉDICOS’
Mobilização destas terça e quarta-feiras envolve marchas e a suspensão do atendimento ao público em alguns Estados; serviços de urgência e emergência serão mantidos; “Sem pressão no governo, não conseguiremos nenhum resultado. O problema é de anos e agora temos certeza de que é preciso atitude ousada”, diz o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira; médicos também protestam contra vetos da presidente Dilma à Lei do Ato Médico e preparam grande marcha a Brasília, no dia 8 de agosto
30 DE JULHO DE 2013 ÀS 19:05
247 - Profissionais de pelo menos 22 Estados participam de uma mobilização contra o programa Mais Médicos nestas terça e quarta-feiras. De acordo com a Federação Nacional dos Médicos (Fenam), que articula as ações, haverá suspensão do atendimento ao público em alguns Estados nestes dois dias, mas os serviços de urgência e emergência serão mantidos.
Na pauta dos protestos, o acréscimo de dois anos de serviço no Sistema Único de Saúde (SUS) na formação dos estudantes de medicina e o incentivo para atuação de médicos estrangeiros no País sem a revalidação dos diplomas. A categoria também reclama dos vetos da presidente Dilma Rousseff à Lei do Ato Médico, que regulamenta a profissão. A Fenam argumenta que a classe médica não foi ouvida nas negociações com o governo, o que exigiu ações “mais fortes” por parte dos profissionais.
Presidente da Fenam, Geraldo Ferreira ressaltou que a crise na saúde é antiga e que a classe médica nunca foi ouvida. “Sem pressão no governo, não conseguiremos algum resultado. O problema é de anos e agora temos certeza que é preciso atitude ousada”, disse. Quanto ao reagendamento dos atendimentos, ele disse se solidarizar com a população e explicou que “infelizmente, algum transtorno sempre existe para avanços”.
Grande marcha
Em São Paulo, médicos, residentes e estudantes programaram uma passeata para esta quarta-feira, às 16h. A concentração da manifestação será em frente à sede da Associação Paulista de Medicina, de onde eles seguirão pela Avenida Paulista e pela Rua da Consolação até a sede do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Segundo a Fenam, a mobilização desta semana é um preparativo para a grande marcha a Brasília, no dia 8 de agosto, quando está prevista uma audiência pública sobre o Mais Médicos no Congresso Nacional.
Filed under: Sem categoria Tagged: ARCAICO
Tue, 30 Jul 2013 17:00:34 +0000
30 de Julho de 2013, 11:00 - sem comentários aindaPRESIDENTA SAI EM DEFESA DE JOAQUIM BARBOSA – ENTÃO TÁ…-Vídeo
Blog Justiceira De Esquerda (noreply@blogger.com)
martes, julio 30, 2013, 1:54 pm
POLITICA
Filed under: Sem categoria Tagged: GOVERNO
Tue, 30 Jul 2013 16:37:53 +0000
30 de Julho de 2013, 10:37 - sem comentários aindaOnde estão os Amarildos?
DIARIO DO CENTRO DO MUNDO 30 DE JULHO DE 2013
Muita gente desaparece nas favelas pacificadas do Rio.
A família do pedreiro desaparecido
O texto abaixo foi publicado no site Unisinos. Os autores são Martha Neiva Moreira, Rogério Daflon e Camila Nobrega.
O assessor Guilherme Pimentel, da Comissão de Direitos Humanos, foi convocado no último dia 17 a ir a uma manifestação de moradores da Rocinha. Eles tinham fechado a estrada Lagoa-Barra na altura da comunidade.
O protesto vinha em forma de pergunta: Cadê o Amarildo?
O clima era de tensão e revolta. Na véspera, alertada por residentes da favela de São Conrado, a comissão já informara o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza à Polícia Civil, à Coordenação das UPPs.
- É preocupante essa história de um cidadão desaparecer, logo depois de ter sido levado para averiguação na polícia na sede da UPP da Rocinha. Isso demonstra a fragilidade da democracia em algumas áreas da cidade – disse Guilherme.
Ele informou que a família depusera, dois dias antes, na Comissão de Direitos Humanos da Alerj na presença do delegado que investiga o caso, Orlando Zaccone.
O pedreiro foi visto pela última vez na noite do dia 14 de julho, após uma operação da Polícia Militar para prender 30 pessoas da comunidade suspeitas de participação no tráfico local.
Testemunhas dizem que ele entrou na sede da UPP, mas não saiu. A entrada foi filmada, mas na saída, de acordo com a polícia, as câmeras não estavam funcionando. Para o delegado Orlando Zaccone, os protestos são legítimos.
- Eles mostram que não existe vida mais importante que outra – disse Zaccone.
O caso deve ir para a Delegacia de Homicídios nos próximos dias.
A Comissão de Direitos Humanos da Alerj, com a presença do deputado Marcelo Freixo, do PSOL, reuniu-se com cúpula de segurança pública, para fazer um pedido simples: uma resposta mais densa sobre o desaparecimento de Amarildo.
Nela, estiveram presentes o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, a chefe da Polícia Civil Martha Rocha e o major Paulo Henrique, da UPP da Rocinha. Mas até agora não houve nenhuma resposta convincente.
O primeiro caso de morte de um morador de uma favela pacificada de que se tem notícia ocorreu em 12 de junho de 2011, dia dos namorados, no Pavão-Pavãozinho.
André Ferreira, de 19 anos, saiu apressado para uma festa onde a namorada, grávida de 9 meses, o esperava. No caminho, foi abordado por policiais e, logo depois, foi encontrado nas ruas da comunidade ferido por tiros.
À época, a polícia classificou o caso como um “auto de resistência”, em menção a uma possível reação brusca do jovem à abordagem. A perícia concluiu, no entanto, que o jovem foi ferido pelas costas.
André Ferreira, 19 anos, foi para uma festa onde a namorada o esperava, mas jamais chegou ao destino
No mesmo dia, moradores que assistiram à cena foram às ruas protestar. Os policiais envolvidos ainda respondem em liberdade por processo referente ao caso.
Após o ocorrido, a mãe de André, Deise Carvalho, tornou-se uma das principais militantes contra a violência policial na comunidade.
A morte de André estarreceu moradores e também pessoas que trabalhavam na favela. Segundo relatos de pessoas que não quiseram se identificar, a comunidade tem uma relação difícil com a UPP instalada lá e já houve outros casos de abuso policial.
Embora André tenha sido o primeiro caso, não foi o único. Segundo informações da Rede contra a Violência, no morro do Fogueteiro, no Catumbi, também em junho de 2011, a comunidade delatou o assassinato do mecânico Jackson Lessa dos Santos e do adolescente Thales Pereira Ribeiro. Policiais seriam os principais suspeitos da ação.
Os moradores protestaram, mas não houve respostas. Na Fallet, ocupada pela mesma UPP do Fogueteiro, uma menina de 10 anos foi baleada na perna durante uma operação policial pouco tempo depois.
E em março de 2012 um morador de 22 anos foi alvejado por um PM que teria agido, segundo moradores, por ciúmes da namorada que mora na comunidade.
No Complexo do Alemão, o jovem Abraão Maximiano, de 15 anos, teria sido executado, sem que tenha havido investigação.
A Rede contra Violência ressalta que esses são casos que se tornaram públicos. A maior parte das famílias não chega a fazer denúncias por medo.
Não apenas conflitos com policiais terminaram em morte nas comunidades pacificadas. Um caso que se tornou conhecido entre os moradores do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, é o do comerciante, fundador e presidente da Associação Comercial dos Macacos, Flávio Duarte de Melo, de 40 anos.
Ele foi assassinado em setembro de 2012, dentro de sua padaria. Ele era considerado um colaborador da UPP e havia sido chamado, pouco tempo antes, para ser mestre de cerimônia de um casamento comunitário organizado pela unidade pacificadora.
Para moradores do local, a morte foi uma resposta do tráfico ao envolvimento de Flávio com os policiais, que não encontraram suspeitos.
Menos de 48 horas depois, Gilmar Campos, amigo de Russo, também foi executado. Os dois casos foram divulgados na imprensa, mas a investigação não solucionou nenhum dos dois.
Para além destes casos, há outras violações policiais em favelas pacificadas. Uma pessoa que trabalha em uma instituição no morro do Andaraí e preferiu não se identificar contou à reportagem que o comando da UPP no local têm ações de intolerância religiosa.
Ao proibir músicas a partir das 22h em determinada região, o objetivo principal seria coibir os rituais realizados em terreiros da favela.
- As mortes são os fatos que mais assustam, claro. Mas até que se chegue a esse extremo, há uma série de violações de diversas naturezas acontecendo nas favelas – contou a fonte.
No Santa Marta, uma das principais reivindicações dos moradores que foram às ruas em passeata realizada no início deste mês foi a liberação do uso da quadra da própria comunidade. A UPP coordena o uso do local e coibiu eventos realizados pelos moradores. Em outras comunidades há denúncias de que policiais entram em casas de moradores para acabar com festas, proibindo sons de funk e outras músicas.
Antes que haja agressões, há princípios da dignidade humana feridos. Por mais que se saiba da dificuldade de coibir a violência nas comunidades cariocas e a atividade dos traficantes, não há justificativa para tais ações frente aos moradores.
Em visita ao Complexo de Manguinhos, no Rio, o papa Francisco disse que o esforço de pacificação tem que ser acompanhado de justiça social.
Em visita à favela de Manguinhos, Francisco falou em justiça social, mas os moradores não sabem o que é isso
No entanto, para os moradores da região esta realidade parece não existir nem em sonho. Há três meses a equipe do Fórum Social de Manguinhos se reúne com grupos do complexo de favelas para saber, entre outras informações, como eles imaginam que seja uma comunidade segura. Mas não consegue extrair qualquer impressão.
Segundo Fransérgio Goulart, uma das lideranças dali, por falta de parâmetros, a população local sequer vislumbra este cenário.
Os anos de opressão e insegurança, explica ele, embaçam a visão de quem nunca teve paz. A violação de direitos, traduzida pela truculência policial e abandono por parte do poder público, naturalizou uma situação de exceção em Manguinhos, que se reproduz em outras favelas da cidade, mesmo depois da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
- Nos debates com moradores que estamos realizando para produzir uma cartilha reunindo os direitos do cidadão que mora em favela, não conseguimos ter uma resposta deles de como seria uma favela segura. Simplesmente não conseguem vislumbrar sequer que uma rua iluminada possa trazer segurança. Nem em sonho parece possível imaginar uma favela mais segura – disse Fransérgio.
Por isso mesmo o sumiço recente do pedreiro Amarildo na Rocinha não causou espanto a Fransergio nem há outras lideranças de favelas que a equipe do Canal Ibase ouviu. Pelo contrário, eles reafirmaram que viver em território pacificado hoje é sinônimo de ter que lidar, diariamente, com violação de direitos por parte da polícia.
- Não me causou espanto – e acho que a ninguém que mora em favela – a história do Amarildo. Este não foi o primeiro caso suspeito em comunidades com UPP. Logo que foi implantada no Borel (2010), um rapaz foi parado em uma blitz dos policiais da UPP e ninguém mais soube dele. Foi visto pela última vez com os policiais. O Estado garantiu que os policiais de UPP seriam diferentes, mas o que vemos é que o treinamento é o mesmo de sempre. A polícia não mudou – contou Mônica Francisco, da Rede de Mulheres do Borel e do grupo Arteiras.
No Borel, como ela explica, a polícia parece não ter uma norma de conduta pois até crianças estão sendo revistadas, ferindo o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que estabelece que “é dever de todos zelar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório e constrangedor”.
Já cedo, por volta das sete da manhã, os moradores que estão levando filhos para a escola ou descendo para o trabalho se deparam com revistas de policiais. Nem idosos costumam ser poupados.
- É uma rotina de desrespeito com os moradores que o comportamento da polícia impõe. Outro dia, meu marido e filho estavam descendo do ônibus no ponto em frente à favela. Logo que saíram, tinha um policial fazendo revista de todos, de forma truculenta – observou Mônica.
A lista de arbitrariedades no Borel não para por aí. No morro, é a UPP que tem o controle do mototáxi. Os moradores se perguntam por que o transporte tem que ser controlado pela força policial.
Em Manguinhos a realidade não é diferente. Segundo Fransérgio Goulart, na favela persiste o toque de recolher não-oficial, às 23h, todos os dias, indicando que a presença de policiais da UPP ainda não deu tranquilidade à população para transformar uma rotina imposta durante anos pelo tráfico.
Para fazer qualquer atividade cultural, é preciso pedir autorização do comandante da UPP.
A juventude é que mais sofre com as revistas arbitrárias e achaques em Manguinhos. Tanto é que passaram a só andar em grupo pelas ruas da comunidade como medida de proteção. Não faltam casos, segundo Fransérgio, de garotos que perderam seus CD players porque estavam ouvindo funk e policiais desligaram na marra e levaram o aparelho. Ele contou que o abuso é tamanho que policiais entram arbitrariamente na casa das pessoas sem pedir licença.
- Outro dia, próximo da minha casa, um grupo de policiais entrou na residência de uma vizinha porque queria saber o que o filho dela, que dormia, fazia da vida. O rapaz acordou e mostrou a carteira profissional. Era soldado do Exército. A polícia foi embora. Mas e se ele não fosse soldado ou não tivesse carteira de trabalho? O que aconteceria com este rapaz, arbitrariamente escolhido para uma revista pelos policiais?
Os anos de opressão do tráfico e agora a vivência de situações desrespeitosas geram, na população das favelas cariocas, a sensação de medo.
Nas últimas semanas, os debates sobre o assunto se tornaram ainda mais acalorados nas favelas cariocas, em função dos protestos que tomaram as ruas do Rio de Janeiro.
Pela primeira vez, moradores estão encontrando apoio para denunciar a situação de opressão imposta pelas UPPs. Um twitaço realizado esta semana deixou a pergunta “cadê o amarildo” entre os trending topics – os tópicos mais recorrentes, segundo lista do próprio Twitter – no Brasil.
O caso teve repercussão no país inteiro e ganhou adeptos pelo mundo. Pela internet, a pergunta pelo paradeiro do morador já apareceu em pelo menos outras seis linguas.
Amarildo se tornou um símbolo de um cotidiano onde os amarildos proliferam. Onde estão todos eles? E para onde o Rio de Janeiro caminha nessa ótica de pacificação – sim, e com seus benefícios -, mas calcada na repressão?
É o que milhares de pessoas perguntam há mais de um mês nas ruas.
Sem resposta.
Sobre o autor: Diario do Centro do Mundo
Filed under: Sem categoria Tagged: ARTIGO