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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

A notícia por trás da notícia do erro do médico cubano

22 de Novembro de 2013, 11:59, por Desconhecido


Nesta sexta-feira, 22, o Estadão estampou em uma de suas chamadas de capa a manchete “Médico cubano é afastado por erro”. Na linha fina prossegue o jornal “Isole Gomez Molina, do Programa Mais Médicos, é acusado de prescrever dose quatro vezes maior de dipirona a bebê”.

Na notícia, o repórter teve o cuidado de ouvir o depoimento da mãe, que afirmou ter recebido do médico a orientação correta de como ministrar o medicamento – 1 gota por quilo do bebê, portanto 4 gotas. Mas, na receita, o médico prescreveu a quantidade como 40 gotas. A mãe, orientada corretamente, ministrou no filho a dosagem certa. Como a febre não baixara, procurou novamente atendimento médico e levou a receita. A médica que a atendeu pela segunda vez, fez a denúncia à Secretaria de Saúde. O profissional foi levado à sindicância para apuração e afastado por este período. Para ler a notícia completa clique aqui.

Em primeiro lugar, tanto a postura da mãe, quanto a dos órgãos competentes estão corretas. A médica que fez a denúncia também agiu corretamente, mas talvez pelas motivações erradas, as mesmas que geraram o destaque deste fato que ocorreu em Feira de Santana – BA, no Estadão. Qual seja: o preconceito contra os médicos estrangeiros.

Erro médico é erro médico, uns tem consequências maiores outros menores, mas todos precisam ser apurados. O Estado brasileiro precisa aprimorar cada vez mais as condutas e orientações para que estes erros sejam evitados. A questão é quantos erros médicos ocorrem todos os dias no Brasil? E quando eles são notícias em grandes veículos de comunicação?

Geralmente ganham destaque nacional os erros que levam a morte ou a lesões importantes. Se a mídia fosse dar destaque para todos os erros que acontecem em diagnósticos, prescrições e procedimentos – com o mesmo espaço que deu para a notícia em questão – teria que dedicar páginas e páginas para isso.

O que está por trás desta notícia não é o erro em si, mas a tentativa de desqualificar a atuação dos profissionais estrangeiros – particularmente os cubanos – que participam do programa Mais Médicos. Outro objetivo é desqualificar o programa em si, o ministro Alexandre Padilha e o governo como um todo.

A reação das entidades médicas brasileiras, de parte da categoria e de setores conservadores da sociedade ao programa Mais Médicos tem sido virulenta e xenófoba. Nascem do preconceito social, racial e político. Crescem a partir do sentimento corporativista, de reserva de mercado, como se a saúde das pessoas fosse um mercado consumidor a ser disputado. Essas motivações desencadearam uma campanha agressiva e que ignora o interesse público e a carência de milhões de pessoas que não têm atendimento médico adequado. Parte da mídia nacional assumiu e conduziu essa campanha de difamação, com objetivos políticos bem claros, contudo não transparentes.

Esta é a triste notícia que se lê nas entrelinhas da matéria publicada no Estadão: Se o mesmo erro, tivesse sido cometido por um médico brasileiro, talvez e muito provavelmente sua colega nem teria feito a denúncia, a secretaria de Saúde não teria instalado sindicância e o médico continuaria atuando. E, mesmo que a denúncia tivesse sido feita e o médico afastado, ouso afirmar que este fato nunca teria ganhado destaque no jornal de circulação nacional.




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Que país é este? É a P... do Brasil!

4 de Setembro de 2013, 17:24, por Desconhecido



Que país é este? Esta pergunta ficou eternizada na música do Legião Urbana. Nos shows, bailes e em qualquer lugar que a música tocava, a moçada respondia em coro à pergunta, com a irreverência e eloquência da juventude: É a porra do Brasil!

Nestes dias de setembro de 2013 eu me faço a mesma pergunta, diante de uma sucessão de acontecimentos tão inverossímeis, que poderiam ser roteiros de um bom filme de ficção. Infelizmente, no nosso caso, ainda darão um triste documentário sobre a realidade política nacional.

Vamos aos acontecimentos, não necessariamente na ordem cronológica:

-- Desaparecimento das ossadas de desaparecidos políticos na Guerrilha do Araguaia.

-- Editorial do jornal O Globo assume que as “organizações Marinho” apoiaram a ditadura que perseguiu, torturou, matou e sumiu com corpos de brasileiros que lutaram pela democracia e liberdade. Mas, aparentemente, isso não incomodou ninguém e a “confissão” vai acabar em pizza.

-- Câmara Municipal de São Paulo homenageia a Rota, destacamento mais violento da Polícia Militar Paulista, que não só na ditadura, mas também e ainda hoje, viola direitos humanos cotidianamente e de forma impune. Pior, laureada com a mais alta distinção do legislativo municipal – que deveria ser a Casa do Povo paulistano – a Salva de Prata.

-- O Supremo Tribunal Federal condena e está na eminência de decretar a prisão de um dos sobreviventes da luta contra a ditadura no Brasil. José Dirceu, por mais que possa ser uma figura polêmica da vida política nacional, está às vésperas de ser o mais novo preso político brasileiro. E não me venham dizer que ele está pagando pelo crime de corrupção, porque corrupção maior fizeram FHC, Covas, Serra, Aécio Neves e Cia, e estes nem sequer foram julgados, continuam soltos por ai.

Enquanto isso, continuam gozando da vida na mais plena liberdade – e provavelmente rindo muito da nossa cara – os muitos torturadores e assassinos que mataram Oswaldão, Dina, Helenira, Honestino, Herzog, Amarildo, os vende-pátria que leiloaram o Brasil a preço de Banana como FHC e sua trupe, e os que colaboraram e colaboram para que o país continue passando por acontecimentos como estes, gente que está à frente dos grandes meios de comunicação como O Globo, Folha de S.Paulo, Estadão....

Que país é esse? Pois é, é a Porra do Brasil!
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Mais médicos, uma reivindicação da sociedade

27 de Agosto de 2013, 11:26, por Desconhecido


Uma reclamação geral da população brasileira é a falta de médicos. Em uma roda de conversa na família, com amigos, no trabalho, nas filas de espera de hospitais públicos e privados, em reportagens de televisão, nos debates eleitorais, enfim, a demanda pelo médico é generalizada.

O debate sobre a carência deste profissional vai muito além das estatísticas. É um problema sentido na pele de quem precisa de tratamento. Não basta fazer uma conta mostrando quantos médicos por pessoa há formados no país, é preciso ver aonde este profissional está e como a população está sendo atendida. É fato que nas unidades básicas de saúde pública das periferias das grandes cidades e no interior do país faltam profissionais.

Diante deste cenário, qual a responsabilidade do Estado brasileiro, uma vez que a Saúde é um direito de todos previsto na Constituição? Tomar medidas para suprir a carência destes profissionais.

É disso que se trata o Programa Mais Médicos: buscar profissionais estrangeiros para assumir vagas que não foram ocupadas por médicos brasileiros. A medida não é invenção do Brasil. Outros países já praticam políticas de atração de médicos estrangeiros e o governo foi estudar estas experiências para elaborar o Programa, como a Inglaterra que tem 37% dos médicos formados fora, Austrália 22%, Canadá 17%, entre vários outros.

“Esse é um programa para levar médicos aonde a população mais precisa para atuar na atenção básica e não para disputar mercado com os médicos brasileiros”, explicou o Ministro Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa dada a blogueiros na capital paulista no último sábado (24).

“Nós precisamos mudar a visão das pessoas de que a saúde se dá no hospital ou com equipamentos, é preciso reforçar a ideia de que a saúde começa na atenção básica”, afirmou Padilha.

Em mais de 3 horas de entrevista, Padilha respondeu a inúmeras perguntas sobre a segurança jurídica do Programa, esclareceu dúvidas sobre como será o preparo dos médicos para atuarem no país, criticou firmemente a postura de parte das entidades médicas que se colocam contra o Programa e ameaçam a sua implantação.

Alexandre Padilha foi muito taxativo ao desconstruir a ideia de que os médicos estrangeiros irão tirar o emprego dos médicos brasileiros. “Esse não é um programa que tira empregos de médicos no Brasil, pelo contrário, ele gera oportunidade de empregos para os médicos brasileiros”, ressaltou. Padilha explicou que o Programa priorizou a inscrição dos médicos brasileiros, e que os médicos estrangeiros que estão chegando irão ocupar as vagas não preenchidas. Os profissionais de outros países não terão autorização para trabalhar em hospitais e na iniciativa privada, de forma a que não haverá concorrência entre brasileiros e estrangeiros.

O ministro não acredita que os médicos serão hostilizados. Ao ser questionado sobre a possibilidade de haver ameaças à integridade física e psicológica a estes profissionais, como ocorreu por exemplo na Venezuela, que os médicos locais chegaram a atacar os profissionais cubanos que foram atuar no País, Padilha não disse acreditar nessa possibilidade. “O povo brasileiro vai acolher calorosamente estes profissionais”.

“Um médico ao lado do paciente junto da comunidade faz a diferença para o brasileiro e brasileira. Agora quem vier falar que o Programa resolve todos os problemas de saúde no país eu digo não resolve. Mas a presença desse profissional é essencial, porque há locais que não tem sequer um médico”, disse Padilha.

Assista a entrevista na íntegra


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Internet ameaçada. Querem acabar com a liberdade na rede

8 de Agosto de 2013, 10:56, por Desconhecido

Nesta quarta-feira, 07/08, uma audiência pública da Comissão de Ciência, Tecnologia,Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados debateu por quase seis horas o projeto de Lei 2126/2011, que estabelece princípios, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, conhecido como o Marco Civil da Internet.


Fui uma entre outros 10 participantes que expuseram seus pontos de vista acerca da importância deste projeto para o Brasil, nem sempre a partir de visões convergentes sobre aspectos centrais da proposta que está em debate – o relatório do deputado Alessandro Molon de 20 de novembro de 2012.


Mas é disso que se trata o processo democrático: permitir a discussão exaustiva sobre assuntos polêmicos para construir posicionamentos e tomar decisões com base na apresentação dos mais variados argumentos.

Contudo, uma posição apresentada por alguns parlamentares que acompanharam atentamente o debate me surpreendeu: a de que não seria necessária a existência de uma lei para definir os princípios que devem balizar o uso da internet.

Sob o argumento de que a internet já é livre e de que criar qualquer lei ou regra para o seu uso seria, isso sim, limitar a sua liberdade, alguns deputados se colocaram contrários a existência do Marco Civil. Se a Internet nasceu livre e efetivamente é um ambiente de liberdades, para que então criar uma lei que reafirme isso? Este argumento – sustentado principalmente pelo deputado Miro Teixeira, mas também por outros presentes – me parece representar a visão extremada de que o mercado é suficientemente eficiente para definir as suas regras de atuação. Outra defesa que vai no mesmo sentido é a da autoregulamentação, que na prática é deixar nas mãos do livre mercado a adoção das regras para o uso da internet. Nestes dois cenários, o usuário e a liberdade na rede ficam reféns das empresas.

Fugindo da responsabilidade

Essas propostas, em última instância, são uma saída confortável para a Câmara dos Deputados não precisar se posicionar publicamente sobre o principal conflito de interesses em torno do Marco Civil: o das empresas de telecomunicações em contraposição ao interesse público.

Isso porque o Marco Civil, ao estabelecer as balizas para o uso da internet no país, o faz garantindo o princípio da neutralidade de rede, ou seja, obrigando que as operadoras de telecomunicações – que são as empresas responsáveis pela oferta de conexão à internet – tratem de forma isonômica os pacotes de dados que trafegam na Internet. Explicando: não importa a aplicação, o serviço ou o conteúdo que eu, usuária da internet, acesso; minha conexão com internet deve me permitir ir aonde eu quiser, sem discriminação da operadora.

Esse princípio, que pode parecer natural para todos os que usamos a internet hoje, está sendo questionado pelas empresas de telecomunicações. Elas querem alterar a lógica da relação que nós temos com a internet a partir do desenvolvimento de novos modelos de negócios que lhes serão mais rentáveis e, ainda por cima, lhes permitirão continuar atuando no limite da capacidade instalada de infraestrutura, sem a necessidade de fazer maiores investimentos. Por isso, a urgência da aprovação do Marco Civil, para impedir esta prática predatória das empresas.

No lugar de velocidade, vamos contratar destinos

Hoje nós contratamos um pacote de dados disponível no mercado que oferta velocidades diferenciadas de navegação – 1 megabit, 10 megabits etc. Quem tem mais recurso para pagar mais, poderá ter uma conexão em maior velocidade para acessar os conteúdos, aplicações e serviços da internet. Quem navega numa conexão de 1 mega terá mais dificuldade para assistir a um vídeo, por exemplo, enquanto alguém que tenha condições de pagar um pacote de 50 megabits poderá fazê-lo sem interrupções, com mais nitidez.

Mas isso não é suficiente para as Teles, que querem montar pacotes para vender serviços e aplicações, não velocidade. Eles ofertariam “para a livre escolha do usuário, como gostam de frisar”, pacotes básicos para acesso a e-mail e alguma rede social, pacotes intermediários que permitam ao usuário fazer, por exemplo, transações financeiras e econômicas, pacotes plus para quem tiver interesse em assistir vídeos e assim por diante.

Esse modelo de negócios, que cria um pedágio na rede, violenta o direito do usuário na internet e acaba com a liberdade na rede, porque destrói o princípio da neutralidade. É como se na rede elétrica, as operadoras criassem pacotes diferenciados de acordo com o uso da eletricidade: pacotes básicos para iluminação, pacotes intermediários para equipamentos eletrodomésticos como lavadoras e secadoras de roupa e pacotes plus para quem quiser ter um aquecedor, por exemplo.

Interesse público ou privado??? E agora Câmara?

Esse conflito de interesses – o das empresas de telecomunicações e o direito do usuário – é irreconciliável. A discussão em torno dele se prolonga há anos e não parece haver denominador comum que resolva a questão. Os argumentos estão explicitados e muito bem compreendidos por todos.

O Marco Civil da Internet talvez seja a lei mais amplamente discutida no país. Seu processo de criação e amadurecimento é um exemplo de exercício da democracia participativa, que envolveu os mais variados setores sociais. Dizer, nesta altura do campeonato, que no âmbito do parlamento e do governo ainda há dúvidas sobre a necessidade de o Brasil ter uma lei que se posicione sobre esse conflito é, no mínimo, tergiversação.

Se o Marco Civil ainda não foi votado, infelizmente, não é porque existem dúvidas sobre a sua necessidade, nem porque a polêmica central esteja mal esclarecida. Pelo contrário. Ele não foi votado justamente porque uma parte dos deputados, mas principalmente o Ministério das Comunicações, se renderam ao interesse das Teles e estão trabalhando nos bastidores para alterar o artigo 9º do Marco Civil, justamente o que trata da neutralidade.

Inclusive, é revelador o fato de o Ministério não ter comparecido à audiência pública na Câmara. Em eventos aqui e acolá, o ministro Paulo Bernardo tem dado declarações vagas sobre a neutralidade, sempre dizendo que ela não seria a solução para os problemas na internet, que precisaria ser flexibilizada etc. Contudo, quando o ministério é questionado sobre efetivamente qual sua posição sobre o tema em debate no Marco Civil eles se esquivam, desconversam. Como admitir publicamente que o governo está operando para fazer valer o interesse comercial das empresas de Telecom?

O movimento social permanece alerta e na luta em defesa da neutralidade da rede. Qualquer tentativa de alterar este princípio no texto do Marco Civil contará com a nossa oposição. A hora é de mobilização. Este é um assunto de interesse de toda a sociedade. Fiquemos alertas!



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Publicidade oficial: eficiência não é contraditório com diversidade

8 de Julho de 2013, 14:28, por Desconhecido



O debate sobre a distribuição das verbas publicitárias do governo federal gira em torno de algumas falsas polêmicas, entre elas a de que incluir critérios de promoção da diversidade e pluralidade informativas na alocação destes recursos seria contraditório ao princípio do uso eficiente destes recursos para que as mensagens do governo cheguem a um público amplo.

A Secom afirma que o critério de audiência dos veículos é o mais eficaz para promover os objetivos de comunicação do governo. Como explicitou em artigo recente o secretário executivo da Secom, Roberto Messias: “É necessário explicitar, quantas vezes forem necessárias, os critérios técnicos de mídia da SECOM. Se a publicidade de governo tem como objetivo primordial fazer chegar sua mensagem ao maior número possível de brasileiros e de brasileiras, a audiência de cada veículo tem que ser o balizador de negociação e de distribuição de investimentos. A programação de recursos deve ser proporcional ao tamanho e ao perfil da audiência de cada veículo”.

Ao que parece, o governo continua preso às amarras do mercado e à lógica monopolística que dita as regras da comunicação no Brasil. Não percebeu que a sociedade mudou seus hábitos de “consumo de mídia” a partir das novas tecnologias e que balizas estatísticas de audiência não são suficientes para se medir o sucesso do alcance de uma mensagem.

O peso da internet

É o que mostra, por exemplo, o estudo Brasil Conectado – Hábitos de Consumo de Mídia 2013. Apesar de o rádio e a TV serem as mídias mais consumidas se olhado o conjunto da população brasileira – já que ainda patinam as políticas de ampliação do acesso à internet – a pesquisa recentemente divulgada pelo comScore e o Interactive Advertising Bureau no país (IAB Brasil) mostra que a internet é considerada a mídia mais importante para 88% do público brasileiro, à frente da televisão, jornais e revistas. Entre os mais de 2 mil pesquisados, 40% passam ao menos duas horas conectados, contra apenas 27% dos que gastam o mesmo tempo assistindo TV.

Se olharmos a fatia de recursos que a Secom destina para a publicidade na internet a subrepresentação deste meio fica patente. Em 2012, foram aplicados míseros 5, 32% de todos os recursos de publicidade na internet. Antes, aparecem a TV, jornal, rádio e revistas.

Pesquisas de hábitos de consumo de mídia indicam que as principais fontes de informação das pessoas são, nesta ordem: TV, rádio, internet, jornal e revistas. Em alguns segmentos a internet já passou a frente da TV e rádio. Se ela já supera em muito os meios impressos e em alguns nichos até os meios eletrônicos, então como explicar que a internet esteja atrás destes todos no quesito receita de publicidade?

Concentração é mais eficiente que dispersão?

Além disso, por mais que seja óbvio entender que uma fatia maior dos recursos vá para a televisão, é eficiente imaginar que 62,63% de todo o recurso de publicidade se concentre neste meio? E que destes, 44% sejam destinados a uma única emissora de televisão?

Utilizando o conceito de eficiência perseguido pela Secom, não me parece que num país que possui mais de 5 mil municípios, do total de 1 bilhão e 800 milhões de reais gastos pelo governo em publicidade no ano de 2012, quase 500 milhões vá para a Rede Globo, cuja audiência medida está baseada em aparelhos ligados na grande São Paulo, Grande Rio de Janeiro, Grande Belo Horizonte, Grande Curitiba, Grande Porto Alegre, Grande Florianópolis, Campinas, Grande Vitória, Grande Goiânia, Grande Salvador, Grande Recife, Grande Fortaleza, Grande Belém e Distrito Federal, e que, segundo o próprio IBOPE, essa amostragem “não tem a intenção de representar um país heterogêneo como o Brasil”.

O critério audiência é frágil não só pela sua amostragem restrita, mas pelo fato de que medir se um aparelho está ligado, não significa automaticamente que esteja ocorrendo uma “audiência”. Novamente, é preciso recorrer às pesquisas de comportamento e consumo de mídia, que indicam que a audiência da TV é difusa, concentrada em nichos de programação e sujeita a inúmeras interferências externas. Várias pesquisa mostram que cresce o número de pessoas que fazem o consumo simultâneo de mídias.

Segundo dados do Brasil Conectado 2013, 73% do público online no Brasil usa a internet em diferentes canais enquanto assiste TV. Entre os entrevistados que navegam pela internet com notebooks enquanto assistem TV, 56% realizam atividades não relacionadas aos programas que estão assistindo. Quando a navegação é feita por smartphone esse número cai para 48% e para 47% quando é feita via tablet.

A pesquisa Debate Digital 2013 – Emergência do consumidor digital multitarefas, realizada internacionalmente pela KPMG, aponta que entre os brasileiros “multitarefa” (que veem TV e interagem com outros dispositivos, simultaneamente), a atividade mais realizada (57% dos entrevistados) é ver TV e acessar a internet por meio de um PC ou laptop e por motivos que excetuam navegar nas redes sociais.

Portanto, o critério estatístico de audiência – aparelho de TV ligado em determinada emissora – não pressupõe que esteja ocorrendo uma audiência: pessoa(s) assistindo à emissora.

Não quero dizer, com essa análise, que a TV não tem papel de grande difusor de informação, ao contrário – reconheço que este ainda é o principal meio de comunicação de massa da sociedade. Contudo, seu peso deve ser mais bem relativizado com relação aos outros meios quando se trata de discutir o alcance de uma mensagem publicitária do governo e sua eficiência.

Diversidade e pluralidade podem ser, SIM, sinônimos de eficiência

Neste contexto, entra o debate da diversidade e pluralidade e do perfil dos meios e de seus veículos na promoção da mensagem do governo, que não vende camas, nem televisores e nem carros; mas políticas públicas e cidadania. Muitas vezes, mensagens como estas podem ter um alcance mais eficiente se veiculados em mídias comunitárias do que no meio de um break comercial junto com cigarros, brinquedos e cerveja.

Na internet, então, o alcance de mensagens direcionadas de acordo com o perfil de cada site/blog pode ter muito mais eficácia do que uma página de publicidade na revista líder de tiragem e, portanto, líder em captação de verbas publicitárias do governo.

E, neste caso em particular, é impossível tapar os olhos ao perfil majoritário dos leitores da revista Veja – publicação explicitamente de caráter conservador, cujo público principal é composto de pessoas não simpáticas às políticas desenvolvidas pelo atual governo. Vale ressaltar, para não dar margem à dupla interpretação, que não estou defendendo que a seleção do destino das verbas seja feita a partir de um critério político, no sentido de – este veículo recebe porque é simpático ou não ao governo. O meu ponto é discutir que, se o objetivo é buscar eficiência na publicidade das ações do governo, nem sempre o critério de quanto maior o veículo, então maiores os recursos a ele destinados, é o mais eficiente do ponto de vista do resultado da mensagem a ser transmitida.

Neste sentido, redistribuir as verbas de publicidade a partir de critérios transparentes e pré-estabelecidos para contemplar um maior número de veículos em todos os meios e promover um equilíbrio maior da porcentagem de recursos entre os vários meios é fundamental para fomentar a diversidade e a pluralidade dos meios de comunicação, efetivando a comunicação como um direito de todos e inclusive aumentar a eficiência dos gastos do governo com publicidade.

A maior dispersão dos recursos, em comunicação, não significa de maneira alguma pulverização no sentido negativo de perda de eficiência, ao contrário, ela representa maior possibilidade de alcance real dos conteúdos.

Talvez, quando o governo compreender que não há dicotomia entre promover diversidade e garantir eficiência, consigamos dar um passo no sentido de democratizar o acesso de mais meios e veículos às verbas de publicidade do governo, abrindo o caminho para construir uma política pública democrática para a distribuição das verbas publicitárias.
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