ELEIÇÕES SERPROS - UM ARCABOUÇO DE IRREGULARIDADES E ILEGALIDADES
Passado o sofrimento de terem na Presidência da República uma pessoa que passou quatro anos reduzindo a pó o que havia de bom no Brasil, chegando quase a privatizar o SERPRO, resta, ainda, aos trabalhadores da estatal lutarem contra a permanência na diretoria da empresa e órgãos subordinados de alguns entulhos do governo passado.
Para os empregados da patrocinadora, que são também participantes do SERPROS, a coisa ainda é pior, pois também lá no Fundo de Pensão, os dirigentes e conselheiros são oriundos da mesma cepa, fazendo da entidade um quarto escuro, com uma cascavel dentro.
O edital divulgado para escolha dos dirigentes e conselheiros do Fundo é um manual de irregularidades e ilegalidades, começando pela exigência de inscrições para um processo seletivo prévio obrigatório, entregue a uma empresa contratada (ACTING Recursos Humanos LTDA), que decidirá sobre a provação ou não dos candidatos.
Na sanha de colocar cerca na propriedade do vizinho, os "cartolas" não pouparam esforços. Tiraram dos bolsos 18(dezoito) competências e entregaram à empresa contratada para avaliar se os candidatos as atendiam.
O processo de escolha foi baseado em entrevistas feitas à distância e de forma aberta, sem perguntas diretas sobre cada uma delas como ocorre em vestibulares e concursos públicos, ou seja, foi basicamente um livre discurso sobre a formação universitária e trajetória profissional, com algumas inserções da entrevistadora.
Ocorre que os mentores, ávidos por manter o controle do SERPROS, avançaram os limites do bom senso e tornaram flagrante seus propósitos de fazer seus "amigos" vencedores. Nesta desvairada empreitada, inseriram dentre as competências para avaliação os quesitos "Moralidade Pessoal e Profissional" e "Etica e Responsabilidade Social", atributos da personalidade de cada ser humano, portanto, só passível de avaliação por quem detém conhecimento do comportamento das pessoas durante um espaço de tempo suficiente para saber de sua conduta, suas ações e reações. Mas, pasmem, a empresa contratada (ACTING) deu notas para tais quesitos.
Como se faltasse mais uma flecha para garantir a morte de São Sebastião, o edital ainda estabeleceu que para o cargo de presidente do SERPROS fosse criada uma lista, ordenada com os cinco nomes mais bem avaliados pela empresa selecionadora, para que a patrocinadora escolhesse um dentre eles, numa vergonhosa usurpação da prerrogativa da patrocinadora na livre escolha dos novos dirigentes e conselheiros, desde que atendessem os pressupostos legais.
Acreditem! Só não há nesta história a figura de um celular apreendido, mas para qualquer cidadão minimamente capaz, a tentativa de golpe está escancarada. Confiram no site do SERPROS estas afirmações (www.serpros.com.br)
Questionamentos:
-Por que a diretoria do SERPROS criou filtros para uma competência exclusiva da patrocinadora, obrigando-a a escolher um nome em lista ranqueada por uma empresa contratada (ACTING) por quem tem interesse no processo?
-Por que foi entregue a uma empresa contratada a seleção dos nomes que deverão seguir na disputa? Quem selecionou esta consultoria? Ela foi indicação de algum dirigente ou conselheiro? Foi a forma encontrada pelos organizadores para tirarem de si a pecha de estarem manipulando as escolhas? Este fubá foi mal mexido e deixou caroço no angu;
-Por que o edital exige que o candidato a presidente tenha "Conhecimento e experiência comprovada do mercado de previdência complementar, suas normas regulatórias e legislação previdenciária e tributária", se por outro lado também define que os candidatos sejam participantes ou assistidos, todos atuais e ex-empregados do Serpro, uma empresa de tecnologia? Aqui impera um gritante nonsense;
-Por que a Comissão Eleitoral tem um representante da ASPAS e nenhum da representação dos trabalhadores do SERPRO?
-Por que só os candidatos da ASPAS têm acesso ao seu cadastro de aposentados? Que eleição viciada é esta?
-Se os votos serão apurados eletronicamente por uma empresa contratada para o desenvolvimento do sistema de votação; se o processo de votação e apuração dos votos será validado por uma auditoria "independente", a ser contratada também, e se estas informações irão para a Comissão Eleitoral, cuja composição foi definida pelos mesmos organizadores de todo o processo, estamos diante de um círculo fechado de interessados - diretoria do SERPROS e conselheiros deliberativos, num flagrante desrespeito a tudo que conhecemos como lisura nos pleitos, isenção, imparcialidade, igualdade de oportunidades etc. Por que não é aberta aos interessados - participantes e candidatos - uma auditoria sobre o sistema de votação e apuração dos votos, como ocorre nas eleições no Brasil?
-Por que impedir que conselheiros e dirigentes de entidades sindicais sejam candidatos, uma declarada inconstitucionalidade?
-Por que permitir que o presidente do conselho deliberativo e um de seus membros possam concorrer nas eleições, se é este conselho que supervisiona todo o processo e estes dois participaram das definições das regras? Colocaram cadeados nas portas para os estranhos não entrarem e deixaram-nas escancaradas para os "amigos"?
Diante das gravidades expostas, cabe aos participantes cobrarem dos gestores do SERPROS uma revisão do edital para eliminar as irregularidades/legalidades e conferir isenção ao processo.
fraudeleicoes (fonte: sindbast)