Há mais de 30 anos teve início aquilo que se pode chamar de escravidão organizacional das regionais do Serpro. Desde os dois mandatos do governo FHC, em que foram retirados todos os computadores das regionais e de tabela permutaram as superintências regionais para Brasília, - à exceção de São Paulo. Podemos constatar a partir desse ciclo governamental tucano, as regionais tem sofrido perdas se acentuando um modelo medonho -, BRASÌLIA vem se tornando cada vez mais um PREDADOR na estrutura organizacional sufocando e depredando a expertise, o conhecimento e a vida inteligente das regionais.
Na regional Rio de Janeiro, por exemplo, foi extinto o endereço Lapa/RJ, que abrigava todo o desenvolvimento de sistemas do Serpro. Como todo modelo que carrega o germe da contradição, nos governo LULA & Dilma as regionais conseguiram um interregno na sina concentradora direcionado da Sede/Regional. Apostando num modelo participativo, colaborativo, as regionais foram integradas para produzirem produtos inovadores para empresa, governo e sociedade. Por exemplo, a regional Rio de Janeiro recebeu uma representação da universidade corporativa, uma projeção financeira, um Centro de Comando, um prédio moderno no endereço do Andaraí e passou a operar uma sala cofre.
Outro exemplo, o CONSERPRO (Congresso Serpro de Tecnologia e Gestão Aplicados A Serviços Públicos) foi realizado em todas as regionais com vários trabalhadores e trabalhadoras premiados. O efeito do golpe parlamentar (impeachment) que apeou do governo - Dilma Rosseff, das novas antenas surgiram as velhas tolices do modelo de empresa concentradora, dessa vez mais voraz: se antes, Brasília operou a vinculação das superintendências, a parti das das figuras de Gloria Maria, Caio e Gileno departamentos e divisões passaram a ser a bola da vez de total ocupação candanga, consequentemente, ocorreu uma verdadeira diáspora das regionais em direção a sede/regional. Era o modelo privatista em alta velocidade, felizmente, derrotado nas urnas em 2022.
Ocorre que hoje estamos novamente diante de um governo progressista, que tem dentre suas bandeiras a redução das desigualdades, seja de qual tipo forem, e o Serpro deve estar comprometido com elas, portanto, por ocasião da nova reestruturação organizacional, a nova direção tem a missão inarredável de resgatar a dignidade das regionais, destruídas pelas gestões que pretendiam entregar a estatal para a iniciativa privada.
A matriz anexa mostra o quadro de descalabro da DIOPE/SUPOP herdado pela atual administração, que muito provavelmente se repete em todas as unidades. Nele observamos, enquanto Brasília - Sede mais Regional - possui 4(quatro) gerentes de departamento (50%) do total, as regionais Belém, Salvador, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis não têm nenhum, embora tenham empregados desempenhando as mesmas funções, quiçá com carga maior de trabalho e quantidade superior de empregados para administrar, como ocorre, por exemplo, no caso do Rio de Janeiro. Se o foco da análise for o chefe de divisão, a concentração destes cargos na capital permanece. Importa salientar que não estamos tratando aqui do enquadramento no plano de carreira - classe e referência - tampouco do tempo de serviço, variáveis que poderiam mostrar uma desigualdade ainda maior; o foco está apenas na quantidade.
Para mostrar o quão equivocado é o modelo concentrador e predador atual, vamos, novamente, tomar o Rio de Janeiro como exemplo, o estado que tem o 2º ou 3º orçamento nacional e uma quantidade de órgãos públicos superiores a Brasília. Por que a regional do Serpro naquele estado tem sido tão sucateada? Por que, no caso da SUPOP, em que responde também pelo Espírito Santo, não possui um departamento sequer, estando sob as ordens do departamento de Belo Horizonte?
Não há justificativa para esta concentração de superintendências, gerencias e chefias. Assusta aos que assistem vídeos do Serpro, transmitidos a partir de Brasília, quando procuram saber "quem é quem", porque, quase que invariavelmente, recebem como respostas: "ele é o superintendente tal"; "aquela é a gerente da ....". Ruim, injusto, desestimulador, desagregador, e, por que não, desonesto, o fato de deixarmos profissionais de competência já demonstrada nas regionais relegados a segundo plano e até ociosos, porque suas atividades foram transferidas para a capital e não raro entregues a iniciantes contratados para "encher a caixa" de um gestor.
Quando de sua criação, Brasília foi pensada para ser o centro de poder e decisão, e assim foi até meados dos anos 80, a partir do que o Serpro passou a ser polo do fazer. Considerando que o custo de vida na capital é maior, a concentração de serviços e a consequente necessidade de contratação de pessoal, naturalmente aumenta os custos de produção.
Diante desta inquestionável realidade, é inadiável a redistribuição do fazer pelas regionais e a implantação de estruturas capazes de proporcionarem a elas a capacidade para desenvolverem suas atividades, reconfigurando totalmente o modelo de organização centralizada, concentradora vigente, que foi idealizado para facilitar o desmonte da empresa.
SERPRO - A NOVA DIREÇÃO TEM O DEVER DE RESGATAR A DIGNIDADE DAS REGIONAIS