Перейти к контенту

Luiz Muller Blog

Назад в Blog
Full screen Suggest an article

11 DE SETEMBRO: 52 ANOS DO GOLPE DE ESTADO NO CHILE E ASSASSINATO DE SALVADOR ALLENDE

сентября 11, 2025 12:29 , by Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
Viewed 23 times

A grande mídia no Brasil muitas vezes se concentra nas “Torres Gêmeas” ao mencionar o 11 de setembro, ignorando o golpe militar no Chile, financiado pelos Estados Unidos.

Salvador Allende foi assassinado, e milhares foram torturados, desaparecidos e mortos nos anos seguintes.

O cantor Víctor Jara é um exemplo brutal do que uma ditadura fascista pode fazer à cultura. Preso com milhares no Estádio Nacional do Chile, o músico, cantor e violonista teve seus dedos cortados para que não pudesse mais tocar, antes de ser assassinado junto com tantos outros.

O golpe chileno, como tantos outros na América Latina, não surgiu de forma inesperada, como um ato isolado de força.

Pelo contrário, houve antecedentes decisivos que viabilizaram sua execução e garantiram seu sucesso. Salvador Allende, o primeiro presidente influenciado por ideias marxistas a ser eleito democraticamente, representava uma via pacífica para a conquista do poder e uma transição gradual ao socialismo.

Sua tentativa pioneira de um socialismo democrático foi violentamente interrompida por uma aliança de setores que promoveram e apoiaram o golpe. A morte de Allende marcou o fim da democracia chilena, dando início a uma ditadura sangrenta sob o general Augusto Pinochet, que implementou as primeiras políticas econômicas neoliberais em escala nacional.

Antes de se tornar presidente, Allende era uma liderança proeminente na política chilena há mais de quatro décadas. Em 1933, fundou o Partido Socialista Chileno e integrou o parlamento entre 1937 e 1943. Médico de profissão, ocupou o Ministério da Saúde de 1939 a 1942. Eleito senador em 1945, exerceu o cargo por 25 anos. Candidatou-se à presidência em 1952, 1958, 1964 e 1968, sem sucesso.

Em 1970, venceu as eleições apoiado pela Unidade Popular, uma coalizão formada pelos partidos Socialista, Comunista, Radical e Social-Democrata, além de movimentos sociais e organizações de esquerda não partidárias, com destaque para o MIR, liderado por Miguel Enríquez. Durante seu governo, nacionalizou as minas de cobre – a principal riqueza do país –, transferiu o controle das minas de carvão e dos serviços de telefonia para o Estado, avançou com a reforma agrária, desapropriando terras improdutivas e entregando-as aos camponeses, e aumentou a intervenção nos bancos.

O Chile possuía uma democracia estável, sem a tradição de golpes frequentes vista em vizinhos como o Brasil. Por isso, apesar da radicalização de setores extremistas contra seu governo, Allende confiava na solidez das instituições.

Um episódio ilustrativo ocorreu durante a visita de Fidel Castro ao Chile em novembro de 1971, quando o líder cubano alertou Allende sobre as Forças Armadas: elas permaneceriam neutras até que os interesses da classe dominante fossem ameaçados. “Nesse dia, tomarão posição, e será contra você.” A previsão de Fidel se confirmou.

Sem maioria no parlamento desde o início, Allende enfrentava hostilidade oposicionista que impedia reformas legislativas. As nacionalizações provocaram reações do governo norte-americano, que impôs um bloqueio econômico informal, dificultando empréstimos internacionais e pressionando os preços do cobre. Ficava claro o objetivo: sufocar a economia chilena até um levante militar encerrar a “via chilena ao socialismo”. A unidade oposicionista foi fomentada pelos EUA, no contexto da Guerra Fria, para inviabilizar o experimento socialista.

Além da oposição midiática, em setembro de 1972, uma greve de caminhoneiros financiada pela CIA e liderada por Leon Vilarín, do grupo paramilitar neofascista Patria y Libertad, paralisou o país e impediu o plantio da safra agrícola.

Com apoio de industriais chilenos, a estratégia visava o desabastecimento de bens essenciais. A tensão escalou com confrontos armados entre o MIR e o Patria y Libertad. Atos de sabotagem, como cortes de energia, aprofundaram o caos, desestabilizando o governo.

Em 29 de junho de 1973, ocorreu o “Tanquetazo”, uma tentativa fracassada de golpe envolvendo o Patria y Libertad e setores militares, descoberta pela inteligência do Exército, então comandado pelo general Carlos Prats, leal ao governo. Prats tentou impor o estado de sítio, aprovado por Allende mas rejeitado pelo Congresso, facilitando o caminho para o golpe. Recusando-se a participar, Prats renunciou após manifestações de esposas de oficiais golpistas. Allende então nomeou Augusto Pinochet, um militar que julgava confiável – um erro fatal.

Na madrugada de 11 de setembro de 1973, o golpe foi executado: aviões bombardearam o Palácio de La Moneda, onde Allende resistia. Sem condições de defesa armada, o presidente, em um ato de coragem, recusou-se a se render e cometeu suicídio com a submetralhadora presenteada por Fidel Castro.

O legado de Allende é o de uma tentativa democrática de construir o socialismo, com lições sobre potencialidades e limites. Sua visão emancipatória permanece relevante para a América Latina, onde alianças entre explorados são essenciais para a soberania, como ele afirmou: “Algún día América tendrá una voz de continente, una voz de pueblo unido.

Una voz que será respetada y oída; porque será la voz de pueblos dueños de su propio destino”. Esse episódio chileno ecoa na história brasileira, onde um golpe militar em 1964, também apoiado pelos Estados Unidos, derrubou o presidente João Goulart e instalou uma ditadura que durou até 1985.

Assim como no Chile, o regime brasileiro promoveu torturas, desaparecimentos e mortes, suprimindo liberdades e implementando políticas econômicas que aprofundaram desigualdades.

E em 8 de Janeiro de 2023, o Brasil se salvou de um novo golpe, quando extremistas invadiram as sedes dos três poderes em Brasília, em uma tentativa de subverter a democracia após as eleições de 2022.

As instituições resistiram, e os golpistas estão sendo julgados no Supremo Tribunal Federal, com processos em andamento que incluem acusações de tentativa de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados.

Dos mais de 1,4 mil presos, muitos já foram condenados, mas julgamentos continuam, reforçando a vigilância democrática.


Источник: https://luizmuller.com/2025/09/11/11-de-setembro-52-anos-do-golpe-de-estado-no-chile-e-assassinato-de-salvador-allende/

Novidades