Em um depoimento chocante durante a CPI do Desmonte do DMAE na Câmara Municipal de Porto Alegre, o vereador Gilvani “O Gringo” (Republicanos) confessou a existência de um esquema sistemático de propina para a liberação de pagamentos em contratos da autarquia.

A oitiva, realizada nesta segunda-feira (29), expôs detalhes de uma prática corrupta que, segundo o vereador, persistiu até 2023 e remonta ao antigo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP).

Essa revelação não apenas reforça denúncias de irregularidades no órgão, mas também aponta para uma suposta agenda de desmonte do DMAE público, enfraquecendo sua estrutura em meio a recursos disponíveis em caixa.

O Depoimento Explosivo de “O Gringo”Gilvani, convocado pela CPI devido à sua ligação societária com empresas que prestaram serviços ao DMAE, alegou ter sido coagido a pagar propinas para garantir a continuidade de contratos e o recebimento de pagamentos.

De acordo com seu relato, o esquema operava sob a lógica implacável de “só recebe se paga”, com transações realizadas principalmente em dinheiro vivo. Em alguns casos, os valores chegavam a R$ 50 mil por mês, parte em espécie e parte disfarçada por meio de contratos fictícios de consultoria.

O vereador detalhou que a prática já era comum no antigo DEP, incorporado ao DMAE em 2017, e continuou inalterada após a fusão. “Havia um esquema de propina para liberar pagamentos em contratos do DMAE, e isso seguiu acontecendo até 2023”, afirmou Gilvani durante a audiência da CPI, presidida pela vereadora Natasha Ferreira (PT).

Ele mencionou que empresas eram obrigadas a pagar para manter os serviços, revelando um padrão de corrupção que envolvia diretores e funcionários do órgão. Apesar de se apresentar como vítima de extorsão, o depoente foi confrontado com provas de sua condenação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de sua participação em contratos municipais.

A CPI, instalada para investigar denúncias de negligência, corrupção e desmonte da estrutura do DMAE, ouviu também um ex-secretário, que questionou a ausência de provas concretas em outras denúncias relacionadas. No entanto, o testemunho de Gilvani reforça as investigações em curso, que incluem acusações de desvios superiores a R$ 400 mil em esquemas semelhantes.

A Agenda de Desmonte do DMAE

Além das confissões sobre propina, o depoimento escancara uma narrativa maior: a de um desmonte deliberado do DMAE como serviço público. A autarquia, responsável pelo abastecimento de água e tratamento de esgoto em Porto Alegre, possui recursos significativos em caixa, mas tem sido enfraquecida por sucessivos escândalos de corrupção que agora começam a aparecer de forma mais organizada na CPI.

“O problema nunca foi má gestão, mas sim esquemas de corrupção e desmonte proposital”, afirmou Daiana Santos em postagem nas redes sociais, ecoando as denúncias da CPI.

Natasha Ferreira, presidenta da comissão, reforçou: “Há uma agenda de desmonte do DMAE público. A autarquia tem recursos em caixa, mas a corrupção tem servido para enfraquecer o serviço e desmontar a máquina pública”.

De fato, investigações apontam para boicotes da base governista do prefeito Sebastião Melo (MDB), que encaminhou propostas de privatização do DMAE um ano após a enchente de 2024, agravando a crise no setor.

Ex-diretores ouvidos na CPI defenderam privatização de partes lucrativas do DMAE como “um caminho sem volta”, mas críticos argumentam que isso beneficia interesses privados em detrimento da população. A comissão tem sido marcada por acusações de obstrução, com convocações sem respostas e tentativas de minimizar as irregularidades.

Implicações e Próximos Passos

O escândalo no DMAE não é isolado. Denúncias ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) e ao Ministério Público remontam a 2015, envolvendo vereadores e ex-funcionários em esquemas de propina.

Com a CPI em andamento, espera-se que mais testemunhas sejam ouvidas, potencialmente expondo uma rede maior de corrupção que compromete o serviço essencial para milhões de porto-alegrenses.

Enquanto isso os Porto Alegrenses clamam por transparência e pela manutenção do DMAE como patrimônio público. “Nós queremos o DMAE público para o povo e sem corrupção”, resumiu Natasha Ferreira.

A continuidade das investigações pode definir o futuro da autarquia, em meio a um debate acirrado sobre privatização versus gestão pública eficiente.

É uma barbaridade o que fizeram com o DMAE nestes últimos anos e este Blog tem mostrado aqui, como neste artigo a seguir, que tudo faz parte de um grande esquema para Privatizar pelo menos a parte lucrativa do DMAE. A coisa é tão escandalosa, que este Vereador, interessado na prestação de Serviços, vai lá, denuncia e confessa envolvimento em propinas no DMAE. Teria tido um rompante de Verdade, ou só apostando em ganhos maiores futuros, com a privatização?

por que não deixarão de haver os argumentos de que: “Viu? É público e tem corrupção. “Privatiza que melhora”. Só que não, como diz a Tag #SQN nas Redes sociais.