
No Gabinete do Deputado Adão Villaverde é possível ver,ainda hoje, afixado Cartaz de propaganda de Marcos Klassmann, a época candidato a Vereador
Do Selvino Heck no seu Facebook
Em 15 de fevereiro de 1977, o então vereador de Porto Alegre, Marcos Klassmann, foi cassado, por defender o vereador Glênio Peres, cassado dias antes pela ditadura e para que o MDB perdesse a maioria que tinha conseguido eleger, com apoio e voto de muitos de nós, em 1976 (o prefeito indireto/biônico era Guilherme Socias Villeta). Dia 16 de fevereiro, saiu o Decreto oficial da cassação do Marcão. Comoção geral!!! Fui descobrir/relembrar tudo isso pelo Almanaque Gaúcho de hoje da Zero, onde o Cadão teve a dignidade de noticiar este fato histórico. Como estou remexendo meus guardados de textos/poemas/artigos/estudos/diários daqueles tempos – e de bem antes! – aproveitando minha aposentadoria, não política, nuns dias em Floripa, redescobri um poema que fiz pro Marcos no dia 15 de fevereiro de 1977, devidamente lido e entregue a ele! Mais adiante, nos atribulados tempos em que fui professor do Anchieta, 1979/80 -, onde fui acusado de ‘fazer a cabeça da gurizada’ de classe média e alta, e de onde, pra variar, depois de pressões de D. Vicente e Igreja – o caso chegou no Vaticano – pressões do governo militar, SNI e Cia Ltda (tenho todos os documentos a respeito vindos diretamente do Arquivo Nacional) fui demitido, o Marcão, já de volta à Câmara com a Anistia. foi dos que mais me defendeu. Viva o companheiro Marcão, Marcos Klassmann:
AO MARCOS
Ao Marcos Klassmann, no dia de sua cassação
Calaram o canto
do meu irmão,
canto de amor,
canto do continente.
Fecharam sua voz,
impuseram o pranto,
o silêncio é total.
Já não é tempo
de liberdade.
Estamos presos,
temos o corpo
contra o muro,
cada dia mais
cerram as cortinas,
põem grades nas janelas.
lama nos ouvidos,
algemas nos pulsos.
A voz não é nossa,
meu irmão.
Bradamos roucos
nas esquinas.
Quem nos ouve,
quem ainda respira?
Meu irmão está mudo
por dez anos.
Nós estamos casados
com o medo
e a mentira,
somos caçados
por todos os lados,
cassaram-nos as frestas
e a esperança
Quem se preocupa
com nossa escravidão?
Quem olha
nosso coração
que não consegue balbuciar
a palavra de libertação?
Mas existe no nosso centro,
por dentro de nós,
Um frêmito
que ninguém tira,
um ardor
que não nos roubam:
o sopro da revolução.
Não te abandonamos,
meu irmão,
no desespero
e na escuridão.
Cantaremos por ti.
Emprestaremos nossa voz
a teu canto
e à tua esperança.
Contigo abriremos
o mundo à ternura,
o continente à vida.
Calaram o canto,
mas não calam a idéia.
Calaram o canto,
mas não calam o pensamento,
meu irmão.
Selvino Heck
Em quinze de fevereiro de mil novecentos e setenta e sete
