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Na mesma hora em que começava a homenagem na praça, foram disparados, simultaneamente em Havana e Santiago de Cuba, 21 tiros de canhão em homenagem a Fidel
Desde as primeiras horas do dia, o afluxo de gente é crescente e constante. A variedade é grande: idosos, jovens e crianças, com as mais diversas formações e atividades profissionais. As pessoas estão tranquilas, falam abertamente do momento histórico e fazem questão de reforçar: Fidel se foi, mas o caminho deve seguir o mesmo.
Camilo Toscano / Opera Mundi
Fila para se despedir de Fidel Castro em Havana
“Não se pode prever o futuro, mas Fidel já não estava à frente do governo. Não vai acontecer nada de diferente”, diz Michel Carles, 46, médico ortopedista, que faz questão de dizer que a liberação do trabalho para poder prestar a homenagem não foi impositiva. “Ninguém está aqui hoje por obrigação, se não por vontade própria”, conta.
A papiloscopista militar aposentada Yolanda Carrera, 86, que conheceu Fidel em uma oportunidade e esteve por duas vezes em missões em Moçambique nos anos 1980, corrobora a avaliação. “Agora é Raul que comanda o país. Depois, o povo vai eleger quem vai ser o presidente, mas tem muitas pessoas com capacidade para isso, que se prepararam para isso”, afirma.
Há forte esquema de segurança, mas nenhum registro de tumulto ou problemas até o momento. A reportagem não conseguiu confirmar o número de funcionários que dão suporte médico aos que, com o sol intenso, sentem algum mal-estar. Muitos trouxeram guarda-sol e podem contar com distribuição de água depois que cruzam a grade inicial que fecha a avenida. Além dos caramelos, dados especialmente aos mais novos.
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Multidão se reúne para prestar homenagem a Fidel Castro em Havana
“Para o bem e para o mal, Cuba é um país distinto. Não passamos fome, apesar das dificuldades. Isso por causa do que Fidel fez pelo país”, diz Rosa Viene, 60, que trabalha na aviação civil e veio acompanhada de duas colegas de trabalho. “O povo cubano está nas ruas para dizer que cabe a cada um de nós seguir este caminho”, conclui.
As homenagens a Fidel Castro fazem parte das atividades dos nove dias de luto nacional. As cubanas e os cubanos de Havana terão até as 22h desta segunda-feira (28/11) e amanhã das 9h às 12h para darem seu último adeus ao comandante. A partir da quarta-feira (30/11), uma caravana fúnebre com as cinzas de Fidel parte da capital até a Província de Santiago, no extremo leste da ilha, onde Fidel nasceu. O trajeto relembra a Caravana da Liberdade, de 1959, que marcou a ascensão ao poder do movimento revolucionário. O ato final acontece no próximo domingo (4/12).
