Pobres em guetos, escondidos por muros, que inclusive impedem as crianças chegarem a escola. É em Porto Alegre da gestão tucana de Marchezan. E olha que a a mtéria que publicarei a seguir é da Zero Hora, que não é nenhum blog de esquerda. Esta é a mesma cidade onde escolas estaduais e municipais foram fechadas no 1º semestre, por que segundo o governo “é preciso reduzir gastos”. Pobres escondidos atrás de muros e seus filhos impedidos de chegar a escola é só uma parte da triste história que assola o povo pobre de Porto Alegre e do Brasil inteiro desde o golpe contra democracia. E aí os argumentos chegam ao absurdo de dizer que impedir as crianças de passarem pelo muro, ´para “a segurança das crianças”. Entendi. A gente dificulta a vida das pessoas e põe dificuldades para que crianças cheguem a escola, para “segurança” delas.
Leia a matéria da Zero Hora:
Mães dizem ter sido algemadas após furar muro de obras no Salgado Filho para crianças irem à escola
Sem a passagem que dava acesso ao local, crianças não vão à aula desde terça-feira
Desde terça-feira (7), 15 crianças moradoras da Vila Dique não vão à aula. Isso porque o acesso à Escola Municipal de Educação Infantil Vila Floresta, que fica a apenas dois quilômetros da comunidade, está bloqueado pelo muro erguido para a realização das obras da ampliação do Aeroporto Salgado Filho. Um buraco feito pelos moradores há mais de um ano para que as crianças passassem foi fechado no começo da semana, e a tentativa de abrir um novo teria terminado com cinco mães algemadas pela Brigada Militar na noite de segunda-feira (6).
— Agora, olhando assim, parece o muro da Faixa de Gaza — observa a líder comunitária Scheila Motta ao mirar as duas passagens interrompidas.
Avó de cinco crianças que frequentam a escola, a mais próxima da vila com maternal, Scheila conta que o primeiro buraco, aberto há mais de um ano, foi a única solução encontrada pelas mães para garantir que os filhos, com idades entre zero e cinco anos, pudessem ir à escola diariamente. Sem a passagem, o jeito é levar os alunos de ônibus, o que acarreta um gasto diário de mais de R$ 17 — valor alto para as condições financeiras de boa parte dos moradores da comunidade —, além de aumentar o trajeto de cerca de 15 minutos, que, de coletivo, leva quase uma hora.
A passagem improvisada parecia ter resolvido o problema até a tarde de segunda-feira, quando um grupo de mães deu de cara com o buraco murado quando pretendiam buscar as crianças. Não tiveram dúvidas: com a ajuda de alguns homens da comunidade munidos de marretas, cinco mulheres voltaram ao local à noite para abrir uma nova passagem. Foi quando, de acordo com os moradores, seis viaturas da Brigada Militar teriam estacionado no local.
Enquanto os homens conseguiram fugir, as mulheres teriam sido detidas, algemadas e obrigadas a dar explicações aos policiais, que as teriam liberaram cerca de um hora mais tarde. Procurada pela reportagem, a BM disse não ter registro de ocorrência no local na noite de segunda-feira. Na manhã de terça-feira, lideranças comunitárias tentaram interceder junto à Fraport, que administra o aeroporto, e teriam sido orientadas a procurar a administração da companhia no Aeroporto Salgado Filho.
— A gente foi até lá, procurou por eles e não encontrou ninguém. Fechar (o buraco), é como fechar uma escola. Desde o começo da semana, as crianças não estão indo na aula — diz Vera Lúcia Fernandes, avó de um menino de três anos que frequenta a escola.
Na tarde de terça-feira, o novo buraco já havia sido murado. Para evitar novas transposições, foram colocados rolos de arame farpado sobre a estrutura.
A comunidade acionou a Defensoria Pública, que buscou a Procuradoria-Geral do Município (PGM), e, nos próximos dias, pretende denunciar ao Ministério Público a dificuldade de acesso das crianças à escola. Por meio de sua assessoria de imprensa, a PGM disse que “entende que não é possível manter a circulação de pessoas da comunidade em área de obra, sob pena de risco da própria segurança dessas pessoas”.