Em 28 de agosto de 2025, o Brasil assistiu a uma das maiores ações contra o crime organizado já realizadas no país.
Batizada de Operação Carbono Oculto – com ramificações chamadas Quasar e Tank –, a megaoperação liderada pela Polícia Federal (PF), Receita Federal e Ministério Público de São Paulo (MPSP) expôs um esquema bilionário de lavagem de dinheiro operado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Baseado em dados públicos divulgados pelas autoridades, este artigo sintetiza os principais aspectos da investigação, cruzando estados envolvidos, setores econômicos afetados e a magnitude financeira do golpe. Vamos mergulhar nos detalhes factuais, sem especulações, para entender como o crime organizado se entrelaça com a economia formal.
Os Estados Alcançados pela Operação A ação mobilizou cerca de 1.400 agentes e cumpriu aproximadamente 350 mandados de busca e apreensão, além de bloqueios e sequestros de bens, em oito estados brasileiros: São Paulo (SP), Espírito Santo (ES), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS), Mato Grosso (MT), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Santa Catarina (SC). Embora os mandados se concentrem nesses locais, a rede de postos de combustíveis e estruturas financeiras do esquema tem efeitos nacionais, afetando vendas interestaduais, importações e logística em todo o país. Isso destaca a capilaridade do PCC, que usa rotas fronteiriças e hubs financeiros para expandir sua influência.
Setores e Ativos Econômicos Envolvidos As investigações revelaram uma infiltração profunda em diversos setores, com o PCC utilizando empresas de fachada para circular recursos ilícitos, fraudar impostos e adulterar produtos.
Aqui vai uma síntese dos principais setores citados, com exemplos de ativos e estruturas apontados:
Esses números podem variar ligeiramente entre fontes, pois somam as frentes da operação (Carbono Oculto, Quasar e Tank), todas deflagradas no mesmo dia.
Cruzamento: Estados x Setores CitadosPara visualizar melhor a extensão do esquema, cruzamos os estados com os setores envolvidos. Isso revela padrões, como o foco financeiro em SP e a ênfase em logística em estados fronteiriços:
- São Paulo (SP): Núcleo financeiro na Faria Lima (fintechs e fundos), além de postos, transportadoras, imóveis e lojas de conveniência.
- Espírito Santo (ES): Alvos ligados à cadeia de combustíveis e estruturas societárias vinculadas a fundos.
- Goiás (GO): Conexões com logística/combustíveis e fundos.
- Mato Grosso do Sul (MS): Importação/rota de combustível (fronteira), transportes e usinas em rede com fundos.
- Mato Grosso (MT): Cadeia de combustíveis e ativos agro-energéticos.
- Paraná (PR): Logística e combustíveis sob mandados.
- Rio de Janeiro (RJ): Cadeia de combustíveis e financeiro (com sobreposições a operações anteriores contra o Comando Vermelho – CV).
- Santa Catarina (SC): Postos, transportadoras e mandados conectados ao esquema.
A malha de postos, fundos e fintechs espalha efeitos para além desses estados, incluindo Bahia, Maranhão, Piauí, Tocantins e Minas Gerais, via redes interestaduais.
Quem já Foi Citado Publicamente
O PCC é o principal beneficiário da rede de lavagem, com foco na operação de 28 de agosto. Gestoras e companhias mencionadas em reportagens incluem REAG Investimentos, GPC Química, Aster, Copape e BK Bank – importante ressaltar que citar não equivale a culpabilizar; muitas delas afirmam cooperar com as autoridades.
A Magnitude Financeira do Esquema (2020–2024) Os números impressionam e ilustram a sofisticação do PCC: – R$ 46 bilhões movimentados via fintechs (uma atuando como “banco paralelo”). – R$ 30 bilhões em fundos controlados para ocultar beneficiários. – R$ 10 bilhões em importações + R$ 52 bilhões em vendas internas na cadeia de combustíveis sob suspeita. – Total somando as frentes: Reportagens apontam para R$ 140 bilhões movimentados ilicitamente. Esses valores representam não só lavagem de dinheiro do tráfico, mas também sonegação fiscal massiva, lesando os cofres públicos.
Encaixe na Matriz de Facções x Estados O PCC e o CV têm presença nacional, mas a operação focou no PCC, potencializando sua atuação via logística de combustíveis e estruturas financeiras – especialmente em SP (hub financeiro) e rotas como MS, MT, PR, SC, RJ, ES e GO.
Estados com facções locais fortes, como Amazonas (AM), Ceará (CE), Maranhão (MA), Rio Grande do Norte (RN), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC) e Bahia (BA), podem surgir em fases futuras, especialmente se o foco se voltar para o CV ou Facções e redes regionais.
Operações anteriores, como a de junho de 2025 contra o núcleo financeiro do CV no RJ, indicam possíveis conexões híbridas.
Artigo deste blogueiro com Coautoria de Eloa Kátia Coelho