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Seis dias de trabalho e um de exaustão: a escala 6×1, o modelo que está adoecendo o Brasil (Por Halley Lino) #FimdaEscala6x1

14 de Outubro de 2025, 11:03 , por Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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Seis dias de trabalho e um de exaustão: a escala 6×1, o modelo que está adoecendo o Brasil (Artigo: por Halley Lino)

A escala 6×1, que obriga o trabalhador a cumprir seis dias consecutivos de trabalho para usufruir de apenas um dia de descanso, é uma herança de um modelo produtivista ultrapassado, que ignora os avanços sociais, tecnológicos e científicos sobre saúde e bem-estar. É um sistema que trata o trabalhador como máquina, e não como ser humano.

Segundo estudo conjunto da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), trabalhar 55 horas ou mais por semana aumenta em 35% o risco de acidente vascular cerebral e em 17% o risco de morte por doenças cardíacas, em comparação com jornadas de 35 a 40 horas semanais. Esses números não são apenas estatísticas, pois representam vidas ceifadas, famílias desestruturadas e trabalhadores adoecidos por um sistema que insiste em ignorar os limites humanos. A escala 6×1 é um dos pilares dessa lógica perversa.

Ela compromete o descanso, o convívio familiar, o lazer e o autocuidado. Ela transforma o tempo em mercadoria e o corpo em instrumento de lucro. É preciso romper com essa estrutura que normaliza o sofrimento e a exaustão.

A experiência internacional mostra que é possível fazer diferente. Países como Bélgica, Austrália, Islândia, Alemanha e França já adotaram jornadas reduzidas com resultados positivos em produtividade, saúde e qualidade de vida. No Brasil, empresas que testaram a jornada 4×3 relataram aumento de eficiência, redução do absenteísmo e melhora significativa na saúde mental dos colaboradores. A PEC 08/2025 não é uma ameaça à economia, mas sim uma oportunidade de reconstruí-la com base na valorização do capital humano.
Como parlamentar comprometido com a dignidade do trabalho, manifesto meu apoio a PEC Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 148/2015 do Senador Paulo Paim e a PEC 08/2025, de autoria da deputada federal Erika Hilton, que propõe a substituição da escala 6×1 por uma jornada semanal de quatro dias de trabalho e três de descanso. Essa proposta é mais do que necessária, ela é urgente.

Nesse sentido, no âmbito da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, por meio da Comissão Especial sobre Saúde Mental que será instalada nos próximos dias, pretendo pautar os impactos da escala 6×1 na saúde dos trabalhadores, especialmente sua relação com a fadiga crônica e os distúrbios do sono enfrentados por milhões de brasileiros. A sobrecarga diária sucessiva e a ausência de pausas adequadas têm provocado esgotamento psicológico, estresse, insônia, ansiedade e depressão.

Um único dia de folga por semana não é suficiente para restaurar plenamente as energias do corpo e da mente, resultando em um ciclo contínuo e crescente de desgaste. É hora de repensar esse modelo e avançar em direção a uma organização do trabalho mais humana e sustentável.

Por isso, reforço meu compromisso com essa pauta e me somo aos esforços para que a PEC avance no Congresso Nacional. O fim da escala 6×1 é um passo decisivo para um Brasil mais justo, saudável e equilibrado. Não podemos mais aceitar que o trabalho seja sinônimo de adoecimento. É hora de garantir que exista vida além do trabalho e que essa vida seja plena, digna e respeitada.

* Deputado estadual do PT/RS e Advogado Trabalhista
Foto: Nathan Oliveira

Original publicado em PT ASSEMBLÉIA RS

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Fonte: https://luizmuller.com/2025/10/14/seis-dias-de-trabalho-e-um-de-exaustao-a-escala-6x1-o-modelo-que-esta-adoecendo-o-brasil-por-halley-lino-fimdaescala6x1/

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