Em um comunicado emocionante divulgado neste domingo, 5 de outubro, o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Aplicativos do Rio Grande do Sul (SIMTRAPLIRS) expressou profundo pesar pelo falecimento de Everaldo D’Angelo, um motorista de aplicativo de 54 anos que atuava há mais de cinco anos na cidade de Guaíba.

A nota, marcada por solidariedade e um chamado à ação, destaca as circunstâncias trágicas da morte e aponta para problemas sistêmicos que afetam milhares de profissionais do setor de plataformas digitais no Brasil.

O Falecimento de Everaldo: Uma Tragédia AnunciadaDe acordo com o sindicato, Everaldo foi vítima de uma depressão profunda, agravada por um contexto de endividamento e sobrecarga laboral. Esses fatores, infelizmente, não são isolados.

O SIMTRAPLIRS enfatiza que a instabilidade inerente ao trabalho por aplicativos – caracterizado por jornadas extenuantes, ausência de garantias trabalhistas e pressão constante por desempenho – tem levado muitos trabalhadores a situações extremas de sofrimento emocional e adoecimento físico e mental.

Everaldo, como tantos outros, enfrentava diariamente os desafios de um modelo de trabalho que prioriza a flexibilidade em detrimento da segurança.

Sem benefícios como seguro-saúde, férias remuneradas ou proteção contra acidentes, os motoristas de aplicativos frequentemente acumulam dívidas para manter veículos e equipamentos, enquanto lidam com tarifas flutuantes e concorrência acirrada.

Essa realidade, segundo o sindicato, contribui para um ciclo vicioso de exaustão e desespero, que pode culminar em tragédias como essa.Solidariedade e Compromisso com a LutaNo momento de dor, o SIMTRAPLIRS estendeu sua solidariedade à família, amigos e colegas de Everaldo.

“Neste momento de dor, o SIMTRAPLIRS se solidariza com a família, amigos e colegas de trabalho de Everaldo, reafirmando nosso compromisso na luta por condições dignas de trabalho, proteção social e saúde mental para todos os trabalhadores e trabalhadoras de plataformas digitais”, afirma a nota.

O sindicato transforma o luto em um apelo por mudança, sugerindo que a partida de Everaldo sirva como alerta e impulso para a defesa da vida, da dignidade e dos direitos.

A história de Everaldo reflete uma crise mais ampla no setor de economia gig no Brasil. Milhares de motoristas, entregadores e outros trabalhadores de plataformas digitais enfrentam diariamente jornadas que podem exceder 12 horas, sem rede de proteção social adequada.

Estudos e relatos indicam um aumento alarmante nos casos de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, entre esses profissionais. Fatores como a precarização do emprego, a falta de regulação governamental e a dependência de algoritmos opacos agravam o problema.

Organizações como o SIMTRAPLIRS têm sido ativas na advocacia por reformas, incluindo a implementação de leis que garantam direitos básicos, como piso salarial, limites de jornada e acesso a programas de saúde mental. Iniciativas semelhantes em outros estados e no âmbito federal buscam endereçar essas questões, mas o progresso tem sido lento, deixando muitos trabalhadores vulneráveis.

A nota de pesar do SIMTRAPLIRS não é apenas um tributo a Everaldo, mas um lembrete urgente para a sociedade, empresas de aplicativos e autoridades públicas. É essencial priorizar a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores que sustentam serviços essenciais como transporte e entregas.

Medidas como campanhas de conscientização, suporte psicológico gratuito e regulamentações mais rigorosas poderiam prevenir futuras perdas.

Que a memória de Everaldo D’Angelo inspire ações concretas para um futuro mais justo e humano para todos os envolvidos na economia digital.

O SIMTRAPLIRS continua na linha de frente dessa luta, convidando a todos a se unirem pela defesa dos direitos trabalhistas.