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Cultura

августа 30, 2016 13:39 , by Blogoosfero - | No one following this article yet.

Um banquinho, uma voz, um violão, e a nossa suprema vergonha

ноября 16, 2017 11:10, by segundo clichê
 
Carlos Motta


Escuto muita música. Desde os meus 12, 13 anos, ou seja, há mais de meio século.

Ouço quase tudo com quase nenhum preconceito - está bem, axé é demais, esse tal de sertanejo universitário é de lascar, aquele batidão que dizem que é funk, então é dose, e até fico sem palavras para expressar o que sinto pelo "rock" nacional da década de 80 e por essas cantoras de hoje com voz de menininhas de 7 anos ...

Minha discoteca tem lá uns 1.500 LPs - alguém sabe o que é um "Long Play"? -, a maioria comprada no fim da década de 60 e na seguinte na saudosa Casa Carlos Gomes, em Jundiaí, onde o Paulinho Copelli me dizia, todo mês, "quanto você quer pagar agora", quando eu largava uma pilha de discos em sua mesa, para depois, ao escutar a minha resposta, marcar numa santa caderneta - alguém sabe o que é isso? - o que restava de minha dívida, interminável dívida.

Eram outros tempos, nos quais a palavra inflação ainda era desconhecida por grande parte de nós - não é que ela não existisse, a palavra e o que ela significava, mas convenhamos, o aumento do custo de vida não fazia parte da propaganda do Brasil que ia para a frente moldado pelos militares.

Tenho também algumas centenas de CDs, perto de mil, calculo, espalhados pelo apartamento, numa desordem que nem eu entendo.

Me considero um entendedor nível 4, uma escala de 10, da música em geral, pelo menos daquela que é mais difundida por estas terras: além, é claro, dos nossos ritmos, vamos dizer, mais consolidados, samba e seus subgêneros, choro, baião, xote, forró, frevo, marchinhas e marchas, conheço um pouco dos ritmos alienígenas, principalmente os americanos, como o jazz e suas milhares de variações, o rock e as suas também milhares de variações, idem o blues, ibidem o country, etc etc. Música erudita, a mesma coisa: já escutei e ainda escuto desde Boccherini, Vivaldi, Mozart, os três BBBs, os românticos do século XIX, as grandes árias das grandes óperas, o teatral Wagner, até essa turma mais moderna que acha que melodia não é essencial.

Ah, e o genial Villa-Lobos - sem patriotismo.

É isso, não só sou um ouvinte meio compulsivo, como acho que a música é uma das expressões culturais mais importantes da civilização - qualquer civilização. 

Bem, lá se foram umas 400 palavras e uns 2 mil caracteres e ainda não disse o que queria dizer nesta crônica ordinária. 

Falei de música, falei da minha paixão pela música, e ainda não cheguei ao essencial, que é seguinte:

que lixo de país é este que deixa um dos maiores músicos de sua história virar notícia de jornal porque está, aos 86 anos de idade, em estado de penúria?

Que porcaria de país é este que permite que um artista reconhecido como um gênio em todo o planeta, que é, junto com alguns outros poucos brasileiros, aclamado quase como unanimidade, aqui e lá no badalado "Primeiro Mundo", lá no invejado States, virar notícia porque não tem nem onde morar?

Dá uma tristeza infinita constatar que este país - e quando digo país quero me referir a não só às autoridades, mas ao todo poderoso mercado, aos meios de comunicação, à toda a engrenagem que faz a sociedade funcionar - chegou a este ponto.

Não bastava o vexame de ter como presidente um anão moral e ético, de vermos as instituições serem usadas para perseguir os "inimigos" da classe dominante, de nos assustarmos com a onda fascista que se aproveita da ignorância - e burrice, extrema burrice - da maioria do povo para crescer e intimidar quem ainda tem cérebro...

Não, não bastava perceber que o Brasil retrocede à Idade Média e das trevas, da caça às bruxas - "lincha, lincha que ele é comunista, ele é petista" -, da Inquisição, da pré-civilização...

Agora nos agarra essa vergonha, de chutarmos para o noticiário de escândalos a biografia desse que, fosse este um país não dominado pelo complexo de vira-lata, seria, há muito tempo, louvado como um gigante, um herói, o sujeito que com um violão e uma voz pouco potente, simplesmente definiu os rumos da Bossa Nova, esse gênero que é um dos mais fortes produtos brasileiros de exportação, e foi mestre indiscutível de milhares de artistas de todos os cantos da Terra.

Conheço pessoas que não gostam dele, não suportam seu jeito de cantar, porque talvez não percebam a sutileza com que ele, durante décadas, mostrou ao mundo um país de sonhos, gentil, cujos artistas, de qualquer cor, de qualquer condição social, eram respeitados justamente porque eram artistas, pessoas especiais, de sensibilidade exacerbada, capazes de tocar o coração mais empedernido.

A alma dói ainda mais quando, a poucas palavras de terminar este texto, tenho a certeza de que existem nestes 8 milhões e tantos quilômetros quadrados de solo, muitos músicos, cantores e compositores que se entregam à arte por puro amor, sem concessões a modismos, ao comércio, e ao vil metal.

Exatamente como este baiano João Gilberto. 



O chorinho, ou o que o Brasil tem de melhor

октября 16, 2017 13:59, by segundo clichê
 
Carlos Motta

O Brasil que deu certo está por toda a parte, só não vê - ou ouve - quem não quer.

Está nas ruas das cidades, nas escolas, nas praças, nos teatros, nos palcos mambembes, nos salões da elite, nos botecos pés sujos, está em qualquer lugar onde caibam algumas pessoas - em mínimos metros quadrados os representantes desse Brasil que deu certo são capazes de mostrar o seu imenso talento.

O que seria do Brasil sem a força desse povo que canta, toca, compõe, sem pensar em grandes recompensas, a não ser o prazer de espalhar a sua arte, de receber em troca dela aplausos muitas vezes entusiasmados?

A música popular brasileira é o maior tesouro que este imenso país possui.

Os americanos são bons nesse campo, não há dúvida, são os campeões mundiais de audiência, espalham com orgulho seu rock, seu country, seu blues, seu jazz, suas baladas - e a gente os admira, os respeita, porque eles merecem toda a reverência.

Mas nós, os humildes brasileiros, estamos no jogo - e não só para competir.

A bossa nova invadiu o campo adversário com suas harmonias sofisticadas, melodias comoventes e intérpretes maravilhosos.

E depois veio o samba, o pai inconteste da bossa nova, símbolo maior da união nacional - em que lugar deste enorme país não se toca, não se dança e não se canta o samba?

E os músicos do mundo todo foram se encantando com a música brasileira, descobrindo joias que aqui são tão pouco reveladas.

Caso do choro, ou chorinho, como queiram, o mais antigo gênero musical brasileiro, que teve adeptos e criadores geniais, como Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Severino Araújo, Altamiro Carrilho - e dezenas de outros mais.

O choro é hoje estudado, tocado e reverenciado na Europa, nas Américas, na Ásia, em todo o planeta.

O instrumentista brasileiro é aplaudido pelas plateias mais exigentes.

E, incrível, aqui mesmo, o país que a cada dia se torna mais e mais uma colônia do grande irmão do Norte, que recebe diariamente toneladas e toneladas do mais tóxico lixo cultural, o choro - como o samba e outros ritmos mais regionais - cresce, amplia a sua audiência, mostra caras novas, talentos indiscutíveis.

É o caso do grupo Desenhando o Choro, muito atuante na região das cidades paulistas de Amparo e Bragança Paulista, que acaba de lançar o seu segundo CD, "Nosso Momento".

O Desenhando é composto pelo flautista Fefê Corradini, violonista Rafael Schimidt, cavaquinista Jairo Ribeiro e pandeirista Paulinho Marciano.

Como no seu primeiro CD, "Desenhando!", todas as composições são de autoria ou dos componentes do grupo, principalmente de Rafael Schimidt, ou de músicos amigos.

As músicas continuam a tradição das melodias sofisticadas dos choros de antigamente, a interpretação é de alto nível, e a produção do novo disco, feita com "muito sacrifício", como diz Fefê Corradini, é simples, porém profissional e eficiente - afinal, do que mais precisa a boa música além de bons intérpretes?

E os músicos do Desenhando são ótimos, tão bons que um deles, o violonista Rafael Schimidt, vai aos poucos consolidando uma carreira solo que já chamou a atenção de bambas do instrumento, como o hoje internacional Yamandu Costa, com quem ele já dividiu o palco.

Rafael tem um trunfo a mais na sua curta, mas profícua carreira: é um compositor de mão cheia, autor de mais de 80 músicas.

Neste último CD do grupo, ele assina 9 das 10 faixas, algumas em parceria com Rafael Beck, um jovem flautista já considerado um fenômeno da música brasileira, e com o consagrado violonista Douglas Lora.

Num país de economia arrasada, crise política sem precedentes e instituições em farrapos, é alentador saber que ao menos a sua música não só resiste, mas amplia sua influência na cultura, agregando cada vez mais talentos indiscutíveis de uma geração que não se acomoda em fórmulas antigas e bem-sucedidas, mas que busca sempre se aperfeiçoar tecnicamente e experimentar novos enfoques, novos caminhos.

O novo trabalho do Desenhando reflete essa alegria de se fazer bem algo de que se gosta. Seu título, "Nosso Momento", diz tudo. 



Chorinho, parte do Brasil que deu certo, ganha o mundo

октября 9, 2017 9:21, by segundo clichê
 
Marieta Cazarré
(Agência Brasil, de Lisboa)


O choro, ou chorinho, como é conhecido o tradicional gênero musical brasileiro, tem ganhado espaço e reconhecimento não apenas na Europa, mas em muitos países mundo afora. Esta semana, o grupo brasiliense Reco do Bandolim e Choro Livre está em Portugal, fazendo apresentações com um repertório que inclui compositores clássicos como Ary Barroso e Pixinguinha.

Reco do Bandolim, bandolinista e fundador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, em Brasília, disse que foi recebido com emoção e entusiasmo pelo público português.

“Eu fiquei impressionado com a reação explosiva das pessoas quando ouvem o choro. A identidade é indiscutível. A sensação que temos é que isso está um pouquinho no DNA deles [dos portugueses] também. Há uma troca, uma sinergia fantástica. Na verdade, o choro começa como uma maneira de tocar os gêneros que vinham da Europa. Os xotes, a mazurca. Aos poucos, os grandes compositores brasileiros, Henrique Alves Mesquita, Joaquim Antônio da Silva Calado, Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazaré e Pixinguinha, finalmente, foi quem deram forma ao choro”, disse.

Reco do Bandolim, que também participou da criação do Clube do Choro em Brasília, em 1978, ressalta que a influência da música portuguesa no Brasil, principalmente do fado, “deixou na nossa alma um traço de certa melancolia, de nostalgia, que está muito presente no choro, no choro mais romântico, chorado, como a gente fala”.

O músico avalia que, com a mistura de influências negras, europeias e indígenas no Brasil, o choro conseguiu encontrar seu caminho genuíno e se fixar como um “gênero brasileiríssimo”.

“Tem a coisa da nostalgia [portuguesa], mas tem sobretudo a coisa da alegria, da sensualidade, da alegria do nosso povo. Tem similaridades, mas tem todas as suas diferenças. Aliás, eu acho que diante dessa globalização que a gente vive no mundo, que democratiza a informação e a cultura, nós precisamos delimitar nosso território cultural. Assim como se tem o fado em Portugal, no Brasil a gente tem o choro que é gênero brasileiríssimo, que fala muito do nosso perfil, da nossa alma profunda”, afirma Reco.

Integrante do Choro Livre, Henrique Neto afirma que o repertório escolhido para os shows no exterior sempre privilegiam compositores que falem do Brasil e buscam fazer um painel geral dos ritmos e estilos. “A gente toca forró, choro, samba choro, valsa, frevo. Procuramos dar uma noção bem ampla do Brasil, com músicas tocadas na linguagem do choro. Tocamos Aquarela do Brasil, Brasileirinho... alguns choros mais conhecidos e outros nem tão conhecidos, para mostrar que a música está viva e se renovando sempre.”

Filho de Reco, o jovem violonista, de 31 anos, veio a Portugal para fazer um mestrado na cidade de Aveiro e seguirá na Europa pelos próximos meses. Ele conta que, entre os projetos atuais, está o lançamento de um manual de choro, feito sob coordenação dele, e que se propõe a ensinar a linguagem do estilo musical para profissionais e amadores.

“A gente tem viajado muito com o grupo Choro Livre e agora com o manual, que é um material super importante para divulgar essa música, para facilitar o aprendizado, e é bilíngue. Vem um CD de áudio, com 134 áudios, que vai possibilitar uma maior propagação da música”, afirma.

Para Henrique, o choro tem conquistado um grande espaço nos últimos anos devido ao trabalho e à qualidade dos músicos brasileiros. Ele conta que há um interesse crescente em relação ao estilo porque é uma música nova “que ainda não foi descoberta pelo mundo”.

“Ela traz um frescor para os outros estilos. A gente vê que existe esse interesse por músicos de várias vertentes, tanto do jazz quanto do clássico. Na Espanha, por exemplo, também tem clube do choro, em Madri. E os músicos flamencos se interessam bastante. Acho que é um momento importante para a gente propagar o choro e estamos buscando fazer isso”, diz Henrique.

Choro e jazz

Reco do Bandolin explica que, apesar da comparação entre choro e jazz, o movimento musical brasileiro é anterior ao norte-americano.

“Há pessoas que, no passado, faziam a comparação do choro com o jazz, como se o choro fosse o jazz para os brasileiros e vice-versa. Mas há diferenças muito grandes. No jazz, os temas são curtos e os tocadores se notabilizaram pela capacidade de improvisação. Eles expõem um pequeno tema e saem improvisando. O choro é uma música mais complexa, que tem frequentemente três partes com harmonias que não são tão simples. Muitas pessoas acham que tem uma influência de um sobre o outro. Mas o choro antecede o jazz em algumas décadas. No Brasil, começou em 1850. O jazz começa a aparecer em 1910, 1920”, explica.

O grupo Choro Livre, um dos mais tradicionais do Brasil, já teve diversas formações. Há oito anos é composto por Reco do Bandolim (bandolim), Henrique Neto (violão 7 cordas), George Costa (violão 6 cordas), Marcio Marinho (cavaquinho) e Valério Xavier (pandeiro). Os músicos já dividiram palco com grandes nomes da música brasileira, como Nelson Cavaquinho, Clementina de Jesus, Moraes Moreira, Armandinho, Waldir Azevedo, Paulinho da Viola, Hermeto Paschoal, João Donato e Sivuca.



O Jovem Marx – Algumas observações sobre o filme

октября 7, 2017 16:10, by Jornal Correio do Brasil

Há uma grande fidelidade do filme aos fatos, personagens e suas falas, para não falar das semelhanças dos atores com Marx, Engels e Proudhon.

 

Por Val Carvalho – do Rio de Janeiro

 

Vale muito a pena vermos o filme O Jovem Marx, por três motivos no mínimo. O primeiro, porque é a primeira vez que um filme sobre Marx é passado nas telonas e telinhas. O sistema capitalista, que domina também a produção, distribuição e projeção de filmes, não tem o menor interesse nisso.

O Jovem Marx é uma produção que rompe com velhos paradigmas

O Jovem Marx é uma produção que rompe com velhos paradigmas

O segundo motivo, é a grande fidelidade do filme aos fatos, personagens e suas falas, para não falar das semelhanças dos atores com Marx, Engels e Proudhon. Além disso, interpretar um Marx criticamente mordaz e ao mesmo tempo convincente, e também um Engels colaborador, mas com ideias próprias, não é algo fácil.

O filme foi muito feliz em mostrar uma Jenny crítica, participante e revolucionária como o marido Marx. A burguesia tenta sempre mostrar um Marx machista e Jenny apenas como uma mulher sofredora.

Marx e O Capital

O filme soube mostrar também a difícil relação de Marx com Proudhon e, junto com Engels, a sua complicada luta teórica contra as ideias utópicas da Liga dos Justos, que frequentemente descambava para embates pessoais. Mas foi isso, como mostra o filme de forma realista, o que transformou uma Liga utópica em Liga Comunista, principalmente com a publicação de seu Manifesto pouco depois, expondo o que seria cada vez mais o socialismo científico.

Um detalhe pitoresco, mas que deixava Engels, a Liga e posteriormente os editores de O Capital à beira de um ataque de nervos, é o seu preciosismo; de nunca considerar seu texto finalizado, e assim furar todos os prazos para a entrega.

Por último, gostaria de falar aqui de um ponto nem sempre visível, mas que foi essencial para transformar Marx em “marxista”. Até 1844, Marx não ia muito além de um filósofo hegeliano que tinha se tornado materialista, mas, ao contrário de Feuerbach, não abandonou o método dialético herdado de Hegel.

Essencial

Nesse momento a intervenção de Engels foi essencial para fazer Marx dar um salto de qualidade em seus estudos. Como ele já tinha lido e gostado de seu livro A situação da classe trabalhadora na Inglaterra, Engels insistiu muito para ele começar a estudar economia política, sobretudo Adam Smith e David Ricardo, os melhores. Além disso, Engels pagou uma viagem providencial do companheiro à Inglaterra, onde o mesmo pode ver toda a riqueza e miséria produzidas ao mesmo tempo pelo capitalismo mais desenvolvido de então.

A partir dessa visita, sua tendência teórica de buscar a razão concreta, econômica, dos problemas sociais e políticos, de ver a “sociedade civil” como causa do Estado, e não o contrário, como pensava Hegel e todos os filósofos da época, se consolidou definitivamente. Para sorte nossa o filme mostra esse momento de iluminação mental na cabeça de um gênio.

Marx nunca mais deixou de priorizar o estudo de economia política e de buscar na base econômica a razão última da evolução da sociedade. Podemos dizer que a partir de 1844, a preocupação central do pai do comunismo era compreender o movimento do capital; as relações de produção do capitalismo. Era escrever o livro fundamental do marxismo, O Capital. Como efeito colateral, continuou a infernizar a vida dos editores e de Engels por sempre adiar, por preciosismo, a entrega de seus livros.

Val Carvalho é articulista do Correio do Brasil.

O post O Jovem Marx – Algumas observações sobre o filme apareceu primeiro em Jornal Correio do Brasil.



O Sol e os Peixes

сентября 22, 2017 18:20, by Redação ParanáBlogs - 0no comments yet

Postal o sol e os peixes

“…Pois um cenário só sobrevive na estranha poça em que depositamos nossas memórias se tiver a boa sorte de se juntar a alguma outra emoção pela qual é preservada.”

Caiçara, sempre tive pela criatura peixe um afeto e admiração desde a infância. Deparo-me com o texto de VW., citado e nada é mais belo e identificador. Partilho-o com vcs. Tradução: Tomaz Tadeu, editora Autêntica. 2015

“…O tumulto do mundo desceu sobre nós como uma nuvem esfarelada. Aquários recortados na uniforme escuridão encerram regiões de imortalidade, mundos de luz solar constante onde não há chuva nem nuvens. Seus habitantes fazem, sem parar, evoluções cuja complexidade, por não ter nenhuma razão, parece ainda mais sublime. Exércitos azuis e prateados, mantendo uma distância perfeita apesar de serem rápidos como flecha, disparam primeiro para um lado, depois para o outro. A disciplina é perfeita, o controle absoluto; a razão, nenhuma. A mais majestosa das evoluções humanas parece fraca e incerta comparada com a dos peixes.”

“…Os próprios peixes parecem ter sido moldados deliberadamente e ter escapulido para o mundo apenas para serem eles mesmos. Não trabalham nem choram. Na sua forma está sua razão. Pois para ue outro propósito, a não ser o suficiente de uma perfeita existência, podem eles ter sido assim feitos, alguns tão redondos, outros tão finos, alguns com barbatanas radiantes no dorso, alguns blindados por uma carapaça azul, alguns dotados de garras prodigiosas, alguns escandalosamente orlados cm bigodes enormes? Empregou-se mais cuidado com uma meia dúzia de peixes do que com as raças da humanidade”

Obs. A capa do livro O sol e o peixe – prosas poéticas, traz imagens. As aqui publicadas (de 38) as desenhei para um livro infantil inédito e exposição em plotters que deve acontecer nas ruas da cidade de Curitiba ainda em 2017 com haikais de poetas paranaenses mais os japoneses clássicos Sissa e Bashô que tem o peixe como tema na sua produção.

Sônia Gutierrez

Sônia Gutierrez é artista plástica e membro da Comissão que organizou o #2ParanaBlogs



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